No post abaixo já vos mostrei um iate muito enigmático que ancorou no Tejo. Talvez as perguntas que aí faço tenham respostas muito simples mas eu, não sei bem porquê, palpita-me que nunca saberei quem é que ali está nem ao que vem (mas que não é qualquer insignificante cidadão, lá isso parece-me óbvio que não).
Mas adiante que isso é mais abaixo.
Bem. Estou aqui ainda um bocado sem saber como vou orientar esta minha empreitada nocturna. Não faço outra coisa que não bocejar e ainda nem onze da noite são. A noite de sábado para domingo foi a verdadeira noite de S. João. Praticamente não me deixaram pregar olho. Dizia eu que ia ficar a dormir no sofá da sala para um just in case. Está bem, está. Nem dormi, nem consegui aguentar-me deitada no sofá e o just in case durou toda a noite. Uma tossia, coitadinha, toda a santa noite tossiu, outro tinha comichão, coçava-se que fazia impressão, tem manifestações de pele atópica, o calor faz-lhe comichão, remexia-se, coitado, incomodado, atravessavam-se na cama, mudaram de sítio, outro não se calava, às tantas até me dava vontade de rir - 'Tá... acho que isto já está tudo descontrolado, já não é o meu irmão que está ao meu lado...' - e tinham sede, e perguntavam pela mãe, e, sem querer, rebolavam para cima dos outros, acordando-se mutuamente. No meio disto, quem se portou como gente crescida foi o bebé. Dormiu a noite toda apesar de o terem atirado ao chão nem sei quantas vezes, e outras tantas ter ele rebolado para lá. E eu, meio às escuras, tentando resolver o problema de um, depois de outro de outro lado, repescando o bebé, pelo meio tropeçava nos copos de água que tinham ficado à 'cabeceira', o chão cheio de água. Os lençóis todos enrolados. Acabei por me deitar ao lado deles, sempre ficava mais perto do lugar da confusão.
Depois, ainda mal o sol raiava, já o mais crescido perguntava se não seriam horas de acordar. E eu mandava-o calar e dormir, depois que não conseguia dormir, depois acordou a prima, que acordou a rir, e depois já estava tudo a pé, a caminho da cozinha e eu atrás, sem perceber que energia formidável é a destas crianças. E os quatro à mesa, tudo desalmado de fome e eu a aviar pequenos almoços. Por essa altura o meu marido, apesar de tudo mais fresco que eu já que ouviu à distância aquele reboliço, tinha ido fazer a sua caminhada matinal e os pais das crianças ainda dormiam ou tentavam dormir (a meio da noite fui mesmo entregar o ex-bebé à mãe porque fazia tal barulho que menos probabilidades os outros tinham de ferrar no sono).
Depois dos pequenos almoços e de fazer uma máquina com lençóis e toalhas foi a preparação para o pic-nic e à uma lá fomos, toalhas e cobertas para colocar no relvado, debaixo de uma bela sombra e com uma vista maravilhosa, carregados como sempre, caixas e caixinhas com os comes e os bebes, e mais os termo-acumuladores que pesam toneladas.
E as crianças felizes, a saltarem, a brincarem, frescas como se tivessem tido uma noite descansada.
Nós a querermos que se aguentassem à sombra, o sol abrasador, e eles só de um lado para o outro. Às tantas a minha filha ainda lhes improvisou umas coisas para a cabeça que os cobrisse, porque os chapéus caem ou eles os tiram, é uma coisa..., mas tudo serve é para se divertirem ainda mais.
Nós a querermos que se aguentassem à sombra, o sol abrasador, e eles só de um lado para o outro. Às tantas a minha filha ainda lhes improvisou umas coisas para a cabeça que os cobrisse, porque os chapéus caem ou eles os tiram, é uma coisa..., mas tudo serve é para se divertirem ainda mais.
Não dá para acreditar. Ninguém diria a noite de S. João que tinha sido.
Ficámos lá até ao lanche, após o que recolhemos os restos, dobrámos as toalhas e nos preparámos para o regresso.
Mais uma máquina de roupa e mais roupa para estender e agora aqui estou, a bocejar, e o meu marido que estava à espera do jogo que começava às onze, já ali a dormir no sofá como se não dormisse há vinte anos.
Mas que importam as canseiras? A gente esquece-se logo disso. O que fica é outra coisa. A alegria das crianças, o estar assim junto da minha prole, ver como se dão tão bem uns com os outros, o ambiente de férias que parece que sempre vivemos quando estamos todos juntos, tudo isso vale por mil estafas. Isso é o que fica.
Entretanto, o meu marido, antes de cair ferrado no sono, já me perguntou se me ia deitar a horas normais para ver se descanso ou se me vou deixar ficar por aqui a a escrever como se não houvesse amanhã. Mas a verdade é que não sei. Ainda não sei sobre o que é que hoje hei-de escrever.
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A música é de Brahms, Lullaby, numa interpretação de Anne-Sophie Mutter.
(Se eu soubesse tocar violino, talvez tocando isto, a noite tivesse corrido melhor).
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Relembro: se alguém souber que iate misterioso, de que não se consegue divisar nem nome nem bandeira, ali no post abaixo que me diga. Não é por nada. Só curiosidade mesmo.
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