domingo, junho 15, 2014

Noite de S. João antes do tempo e pic-nic numa tarde que mais parecia tempo de férias. Dias felizes.


No post abaixo já vos mostrei um iate muito enigmático que ancorou no Tejo. Talvez as perguntas que aí faço tenham respostas muito simples mas eu, não sei bem porquê, palpita-me que nunca saberei quem é que ali está nem ao que vem (mas que não é qualquer insignificante cidadão, lá isso parece-me óbvio que não). 

Mas adiante que isso é mais abaixo.





Bem. Estou aqui ainda um bocado sem saber como vou orientar esta minha empreitada nocturna. Não faço outra coisa que não bocejar e ainda nem onze da noite são. A noite de sábado para domingo foi a verdadeira noite de S. João. Praticamente não me deixaram pregar olho. Dizia eu que ia ficar a dormir no sofá da sala para um just in case. Está bem, está. Nem dormi, nem consegui aguentar-me deitada no sofá e o just in case durou toda a noite. Uma tossia, coitadinha, toda a santa noite tossiu, outro tinha comichão, coçava-se que fazia impressão, tem manifestações de pele atópica, o calor faz-lhe comichão, remexia-se, coitado, incomodado, atravessavam-se na cama, mudaram de sítio, outro não se calava, às tantas até me dava vontade de rir - 'Tá... acho que isto já está tudo descontrolado, já não é o meu irmão que está ao meu lado...' - e tinham sede, e perguntavam pela mãe, e, sem querer, rebolavam para cima dos outros, acordando-se mutuamente. No meio disto, quem se portou como gente crescida foi o bebé. Dormiu a noite toda apesar de o terem atirado ao chão nem sei quantas vezes, e outras tantas ter ele rebolado para lá. E eu, meio às escuras, tentando resolver o problema de um, depois de outro de outro lado, repescando o bebé, pelo meio tropeçava nos copos de água que tinham ficado à 'cabeceira', o chão cheio de água. Os lençóis todos enrolados. Acabei por me deitar ao lado deles, sempre ficava mais perto do lugar da confusão. 

Depois, ainda mal o sol raiava, já o mais crescido perguntava se não seriam horas de acordar. E eu mandava-o calar e dormir, depois que não conseguia dormir, depois acordou a prima, que acordou a rir, e depois já estava tudo a pé, a caminho da cozinha e eu atrás, sem perceber que energia formidável é a destas crianças. E os quatro à mesa, tudo desalmado de fome e eu a aviar pequenos almoços. Por essa altura o meu marido, apesar de tudo mais fresco que eu já que ouviu à distância aquele reboliço, tinha ido fazer a sua caminhada matinal e os pais das crianças ainda dormiam ou tentavam dormir (a meio da noite fui mesmo entregar o ex-bebé à mãe porque fazia tal barulho que menos probabilidades os outros tinham de ferrar no sono).

Depois dos pequenos almoços e de fazer uma máquina com lençóis e toalhas foi a preparação para o pic-nic e à uma lá fomos, toalhas e cobertas para colocar no relvado, debaixo de uma bela sombra e com uma vista maravilhosa, carregados como sempre, caixas e caixinhas com os comes e os bebes, e mais os termo-acumuladores que pesam toneladas.

E as crianças felizes, a saltarem, a brincarem, frescas como se tivessem tido uma noite descansada.

Nós a querermos que se aguentassem à sombra, o sol abrasador, e eles só de um lado para o outro. Às tantas a minha filha ainda lhes improvisou umas coisas para a cabeça que os cobrisse, porque os chapéus caem ou eles os tiram, é uma coisa..., mas tudo serve é para se divertirem ainda mais.

Não dá para acreditar. Ninguém diria a noite de S. João que tinha sido.

Ficámos lá até ao lanche, após o que recolhemos os restos, dobrámos as toalhas e nos preparámos para o regresso. 

Mais uma máquina de roupa e mais roupa para estender e agora aqui estou, a bocejar, e o meu marido que estava à espera do jogo que começava às onze, já ali a dormir no sofá como se não dormisse há vinte anos.

Mas que importam as canseiras? A gente esquece-se logo disso. O que fica é outra coisa. A alegria das crianças, o estar assim junto da minha prole, ver como se dão tão bem uns com os outros, o ambiente de férias que parece que sempre vivemos quando estamos todos juntos, tudo isso vale por mil estafas. Isso é o que fica.

Entretanto, o meu marido, antes de cair ferrado no sono, já me perguntou se me ia deitar a horas normais para ver se descanso ou se me vou deixar ficar por aqui a a escrever como se não houvesse amanhã. Mas a verdade é que não sei. Ainda não sei sobre o que é que hoje hei-de escrever.

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A música é de Brahms, Lullaby, numa interpretação de Anne-Sophie Mutter.
(Se eu soubesse tocar violino, talvez tocando isto, a noite tivesse corrido melhor).

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Relembro: se alguém souber que iate misterioso, de que não se consegue divisar nem nome nem bandeira, ali no post abaixo que me diga. Não é por nada. Só curiosidade mesmo.


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