Música, por favor
Ravel - Pavane pour une infante défunte
Assim os claros filhos do mar largo
atingidos no sonho mais secreto
caíram de um só golpe sobre a terra
e foram possuídos pela morte.
Num dia que quase anoitece, avião atravessa os céus. Alguém que vai chegar. Alguém que partiu. |
O sol e o dia brilham mas sem ti
Talvez não sejam mais o sol e o dia.
O sol e o dia agora
estão lá onde o teu sorriso mora
e não aqui.
Como quem colhe flores tu sereno
vais colhendo sem chorar a nossa pena
Olhas por nós sem mágoa nem saudade
e o céu azul, a luz, as Primaveras
habitam na perfeita claridade
em que nos esperas.
Hoje mais uma flor: uma rosa in heaven para a valorosa dona de um grande Coração Independente, uma corajosa mãe a quem todos muito admiramos e estimamos |
O que eu queria dizer-te nesta tarde
nada tem de comum com as gaivotas.
Pequena gaivota ensaia um primeiro voo, estuda o desconhecido mar. Porque, apesar de tudo, a vida continua. Vai-se uma parte, uma parte boa, e o meu coração de mãe acha que é natural porque os filhos não devem ir sozinhos para o grande desconhecido, mas outras partes, igualmente boas, ficarão porque há, por cá, quem também precise de amparo de mãe e avó - e há todos os outros, os que estamos aqui, pequenos pontos de luz acarinhando de longe, em silêncio, retribuindo o imenso abraço. |
6 comentários:
Amiga,
Hoje o "Coração Interdependente", deve estar vertendo sangue. Deve sentir-se dependente, das horas que faltam, para poder chorar sozinha, o filho querido.
Não sou capaz de imaginar a dor dela.
Não quero imaginar.
Sabe o que me aconteceu, há tempos. Acabou bem, mas... fiquei fragilizada, incapaz de pensar na morte de um filho.
Minha querida Helena, que dias de calvário a esperam!
O seu post, amiga, está de uma ternura, de uma sensibilidade, que me fez chorar.
Daqui, só quero deixar o meu Adeus ao Miguel do sorriso cativante, e mais um abraço enorme, para a Mãe Coragem, que é a nossa Helena.
Beijinho, amiga
Maria
Sorriso
Parte-se na morte
No espaço,
Fica-se no sorriso
No tempo …
Tempo de dor,
De amor,
De sorriso
Sempre
De um cravo!
Évora, 2012-04-28
J. Rodrigues Dias
Querida Mary,
Uma vez morreu um colega meu que era muito alegre, uma força da natureza, brincalhão. Quando fui ao velório, a igreja estava cheia pois toda a gente gostava imenso dele e estavamos todos muito tristes. Mas o pior foi o pai dele (a mãe já tinha morrido). O senhor estava inconsolável e chorava baixinho. Mas quando o padre acabou ele chorou muito alto, 'Meu querido filho! Eu é que devia ter morrido, não eras tu...'. Nunca mais me esqueci daquele grito de dor.
É que, de facto, quando morre um filho, subvertem-se as leis da natureza.
Mas olhe, Mary, há pouco pareceu-me ver a Helena na televisão e, se era ela, estava forte, corajosa, bem, bonita.
Fica com a memória do seu menino sorridente, que fechava os olhos com o sorriso contagiante.
Anime-se, Mary, não pense em coisas tristes.
Eu ontem, depois de ler o post dela fiquei tão comovida que não consegui deixar de escrever isto mas vamos sorrir porque é a melhor maneira de superarmos as dificuldades.
Um beijinho,Mary.
Caro José Rodrigues Dias,
Que poema tão bonito, tão bonito, tão sentido - e tão apropriado. Que belas palavras as suas.
Fico muito sensibilizada que tenha trazido até aqui as suas sentidas palavras. Muito obrigada.
Amiga:
Já ouvi essa mesma frase, de um pai que perdeu o filho. Realmente, é uma coisa antinatural.
Tenho visto muitas fotos do Miguel.
Quando olho para o sorriso dele, contagia-me, tenho vontade de sorrir também.
Também me fez muita impressão, o que a Helena escreveu ontem. Hoje, publicou no "Fio de Prumo", Epístola aos Coríntios, de São Paulo, que fala de amor. Tão bonito! Tão Helena!
Está a dar-nos mais uma lição de força e coragem.
É tempo de reagir e seguir em frente.
Beijinhos, minha amiga.
Mary
Pois é, Mary, é tempo de seguir em frente.
Hoje estou sem inspiração, não me apetece escrever coisas animadas mas também não quero escrever coisas tristes.
Se calhar vou colocar uma musica e mais nada ou nem isso.
Um beijinho, Mary.
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