O ar denso, amarelo. Uma mistura de pólens, nomeadamente o dos pinheiros, e de poeiras do deserto. Isso e o que parece ser humidade. Não gosto. Sinto a garganta ligeiramente arranhada, por vezes uma comichão que me dá tosse. Se calhar é disto. De noite, tenho tido ataques de tosse. Esta noite já não dormimos de janela aberta (ie, vidros abertos) e, por acaso, tossi um pouco menos.
A ver se a chuva que aí vem lava o ar pois isto, certamente, não é lá muito saudável.
Sábado foi dia de família, de alegria, de animação.
Domingo dia de lazer. Aproveitei para lavagem de roupas e para cozinhar.
Fiz sopa de legumes e arroz de cabrito. Vou dizer como fiz cada coisa.
Sopa de legumes
Numa panela, coloquei água, duas cebolas, um alho francês, uma fatia de abóbora, uma courgette, um nabo, quatro cenouras médias, sal. Tapei. Depois de levantar fervura, baixei e ficou a cozinhar até ver que os ingredientes estavam quase macios.
Num tacho à parte, com um pouco de água, coloquei o conteúdo quase todo de um pacote de sopa portuguesa embalada (cenoura fatiada, couve ripada, alho francês fatiado) e uma mão cheia de feijão-verde fatiado. Ficou a cozinhar, tapado, até as couves estarem macias.
Quando os legumes da panela ficaram cozinhados, desliguei o fogão, juntei um fio de azeite e triturei. Depois misturei os legumes cozinhados à parte e envolvi.
Arroz de cabrito
Primeiro retirei a gordura dos bocados de cabrito. Não tirei absolutamente toda mas, pelo menos, tudo o que é gordura densa saiu. Lavei bem.
Num tacho coloquei um pouco de azeite. Cortei duas cebolas grandes lá para dentro e foi frigindo. Por cima coloquei os bocados de cabrito. Por cima deles, um pouco de sal, salsa e coentros em quantidade razoável, meio alho francês aos bocados e o resto do conteúdo da embalagem de sopa portuguesa. Juntei água até quase cobrir. Juntei ainda um pouco de pimentão-doce em pó, um pouco, muito pouco, de curcuma e, ainda, um pouco de alho também em pó. Por sugestão do meu marido, juntei um bocadinho (bem pequeno) de chouriço de carne, só para dar alguma graça.
Depois de ferver, baixei, sempre com o tacho tapado. Ficou a cozinhar. Talvez uma hora, não sei bem. Vou espreitando até ver que a carne começa a despegar-se dos ossos. Juntei, então, três cenouras às fatias e uma boa quantidade de feijão-verde, creio que uns dezoito feijões grandes, também aos bocados, desta vez largos. De cada vez que junto alguma coisa, levanto o lume para que o caldo volte a levantar fervura. Nessa altura, baixo de novo.
Pouco depois, juntei três bolas de folhas de espinafres congeladas e duas maçãs de alcobaça cortadas aos cubinhos (isto para cortar um pouco aquele sabor que pode ser intenso do cabrito). Quando se come, fica com um suave doce que corta o que ainda remanesça de sabor gordo a animal que o cabrito parece que sempre tem.
Depois de ferver de novo, juntei um copo de arroz basmati. Antes tinha validado (a olho...) que o caldo presente no tacho seria sensivelmente o dobro. Envolvi tudo.
Quando o arroz estava cozinhado, o caldo absorvido, juntei um bocado de vinagre. Envolvi.
Ficou bom.
Tirando isso fiz várias coisas como arrumações, apanhar nêsperas, limões, etc. Por exemplo, há pouco vi um vídeo com a Fran Lebowitz que gosto sempre de ouvir. É desabrida, é educada, é divertida, é lúcida, é inteligente... e é democrata.
Podem colocar-se legendas em português mas creio que só daquelas em que a tradução é automática (que, como se sabe, por vezes é manhosa...). Mas, vão por mim, vale muito a pena. Também ela se insurge contra os estúpidos, os ignorantes, que andam a dar cabo das democracias.
Nem todas as mentes são suficientemente abertas para ouvirem os alertas ou algumas sugestões que servem sobretudo para lançar o tema, para fomentar a discussão. Há ainda muita gente que se acha mais esperta que os outros e podem os populistas estar a minar a democracia, regredindo nos direitos e nas liberdades, infectando todo o sistema legislativo e a fazer porcaria por todos os lados, que continuarão enfeudados nos seus redutozinhos de intelectualidade reaccionária e míope. Por eles, bem podem os populistas, os ditadores, os maiores energúmenos avançar sobre nós que não mexerão um dedo, entretidos a 'mandar bocas' aos que tentam resistir.
Enfim, é o que é.
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