Mais uma semana e quase mais um mês. O tempo desaparece-me das mãos. esta sexta-feira foi de tal maneira que, quando chegou ao fim e me meti no carro para ir tratar de umas coisas, mal me lembrava de tudo o que se tinha passado. Um pouco inquietante. Por muito que tente deixar intervalos entre reuniões, não estou a conseguir. Mal consigo respirar. Tenho uma coisa que não sei se é só minha se é comum a toda a gente: preciso de não fazer nada a seguir a algumas situações para que elas assentem. Pode ser uns cinco minutos. Chega. Ora, como não estou a conseguir, sinto que, por vezes, as próprias situações se evolam, pelo menos do meu radar.
De que serve sentir-me mal com isso se não é voluntário, se tenho consciência de que isto acontece porque sou humana, tenho os meus limites? Mas, para as outras pessoas, cumpridoras, responsáveis, como é que é entendido eu não andar em cima? Provavelmente pensam ser desinteresse. E não é, é apenas excesso de trabalho.
Depois, já de noite, ia no carro e ouvia os mails a chegarem. E pedidos para mais reuniões.
Há uns meses, decidi: vou mudar completamente de vida. Fixei um prazo limite. Não iria prosseguir neste ritmo. Mas estou a chegar a esse limite e o limite voltou a deslizar. Não sei como evitá-lo.
O pior é que me arranha com as suas unhinhas afiadas e os seus dentinhos sem noção. Agarra-se a mim, quer brincar. Digo-lhe: só beijinhos, com a língua. Mas acho que é vocabulário que ainda não conhece. Espero que lá chegue para ver se deixo de andar toda marcada nas mãos e nas pernas.
Agora aqui no sofá, ensonada, só a adormecer, abri o youtube e apareceram-me vídeos que me fizeram lembrar as festinhas de natal de quando os meus filhos eram pequenos. Eram sessões que duravam longas horas. Geralmente estava muito calor, estava muita gente. O ginásio transformado em sala de espectáculos. Aguardava pacientemente ao princípio mas, por fim, já muito impacientemente. O meu marido geralmente também ia. Mas ele, em situações destas, não é apenas impaciente: fica verdadeiramente desesperado, incapaz de estar quieto. Mexe-se, bufa, pragueja em voz baixa, ameaça ir-se embora. Fica em estado de absoluto sofrimento. Mas nem pensar sairmos nem que fosse apenas para apanhar ar. E se chegasse a vez de um dos nossos actuar? Então, aguentávamos estoicamente. Com a minha filha havia também os saraus musicais. Ela andava no piano e, por esta altura, cada menino da escola tinha o seu momento de glória. Horas. Uns era flauta, outros piano, outros violino. Um suplício.
Mas depois, quando actuava qualquer deles, passava-me toda a impaciência. Adorava.
Fosse como fosse, nunca falhei uma única festa da escola. Por muito pincel que fosse aguentar a longa duração daquilo e o calor abafado que me fazia baixar a pressão, sempre lá estive para aplaudir e para me encantar com eles.
Também já fui a algumas festinhas na escola dos meus netos. O meu marido acho que só foi duas vezes. É que uma coisa é uma pessoa sair mais cedo para ir à festa de Natal do filho ou da filha. Outra é uma pessoa baldar-se cinco vezes para ir à festinha de cada neto. E, no entanto, como eles ficam contentes quando nós vamos.
Agora, com esta porcaria do corona, já nem devem fazer aqueles ajuntamentos em ambientes fechados, verdadeiras incubadoras de vírus.
Mas, ao ver alguns dos vídeos que o meu amigo algoritmo tinha para me mostrar, já me fartei de rir e de me enternecer. Só aqui partilho dois mas o Youtube tem vários, presumo que por upload por parte dos pais orgulhosos.
1 comentário:
Riqueza,
Bela aguarela desta caminhada para o Natal.
Ouça o Dr. e comece a por travão nas cargas pesadas.
Um belo fim de semana.
Enviar um comentário