domingo, abril 04, 2021

Uma Páscoa suculenta

 


Não me importaria de ter vários dias assim. Uma tranquilidade envolta em canto de passarinhos, olhando as flores, varrendo, cozinhando, lendo. 

Não dormi bem na noite anterior. Como já percebi que acontece quando ando com muito trabalho, muita pressão de decisão difíceis a toda a hora, reuniões de sol a sol, o meu corpo dá de si mostrando que estou a puxá-lo ao limite. Pelo menos, assim interpreto. Do nada, apareceu-me uma tendinite num ombro. Que me lembre não fiz esforço nem dei mau jeito. E, no entanto, o ombro está dorido, o movimento bastante limitado. Então, de noite, sem poder deitar-me de lado ou doendo-me ao mínimo movimento, a coisa não esteve fácil.

Durante o dia, sempre que estive parada, coloquei um daqueles sacos de gel congelado. O gelo ajuda bastante. Espero que, assim como apareceu, assim desapareça. 

Apesar de estar assim, consegui ter um dia quase normal. Mantenho o braço junto ao corpo, contendo os movimentos, e a coisa vai dando. Pior movimentos que envolvam alguma torção ou levantar o braço. Abotoar o soutien atrás é para esquecer. 

Mas um efeito colateral foi que, por ter dormido pouco de noite, passei o dia a querer adormecer de cada vez que me sentei sossegada. Agora à noite, aqui no sofá, não tem conta as vezes em que caí no sono.

Mas foi um dia bom. Estive muito tempo no jardim e na horta. Gosto tanto. Aqui, sossegada, não há ruído, poluição. Aqui tudo é paz e natureza.

A anterior proprietária da casa vendo o meu gosto por árvores, flores e arbustos aconselha sempre que eu me inscreva nos cursos de jardinagem de agronomia, ali na Tapada da Ajuda. Digo-lhe sempre que ainda não dá, não consigo ter tempo. Mas reconheço que a minha ignorância é muita. Penso sempre que a minha intuição me leva onde for preciso mas, claro, sei bem que era bom, era, que isso fosse sempre verdade. Mas não é.

Hoje, o comentário do Amofinado levou-me até aos ensinamentos da Carol Costa. Diz ele que eu, se estivesse a ensinar jardinagem, deveria ser assim. Acho que tem razão. Ela ensina tudo com cuidado, vai ao pormenor, quer mesmo ensinar. Gosto dessa maneira de ensinar. E é divertida. E fala com carinho das plantas. Já vi vários vídeos dela. Como sempre acontece quando aprendo matérias muito novas para mim fico com muita vontade de experimentar. 

Andámos a ver, no jardim, se há algum lugar pouco intrusivo onde se possa colocar uma pequena greenhouse. Digo assim, com sotaque british pois os vídeos que andei a ver são britânicos, gardens, romantic gardens. Pensei num sítio, fiz marcações, pareceu-me perfeito. Chegou o meu marido, achou mal. Aborreci-me, achei que estava a contrariar-me gratuitamente. Mas pouco depois já estava a dar-lhe razão e, então, andámos os dois a ensaiar, a espetar paus no chão, eu a ver de longe, ele a dar sugestões, eu a dar-lhe razão. O trabalho em equipa é sempre mais proveitoso.

Agora estou a ver o Dr. House. No outro dia vi e voltei a ficar viciada. Sempre achei graça a bad boys. São os que valem a pena. Os outros tendem a ser uma maçada. Mas já é tarde. Tenho que ir. A minha mãe bem me diz que eu aproveite estes três dias para descansar, para dormir. Se vivesse num outro tempo, se fossem outras as minhas circunstâncias, haveria de ter uma vida boémia, tendencialmente desregrada. Assim, limito-me a ter horários impróprios para dormir. No outro dia estava a dizer à minha mãe que ela passar umas duas semanas numas termas era capaz de ser uma boa coisa. Volta e meia parece que fica com um bocado de bronquite. Ela concordou que era capaz de ser boa ideia. Depois disse que, se calhar, também para mim, para relaxar músculos e afins. Fiquei a pensar nisso. Capaz de ser boa ideia, sim. Vou pensar nisso. Mas quando é que as termas voltarão a estar abertas? Uma seca isto da porcaria da covid.

Bem.

Já é domingo de Páscoa. Não me lembro como foi a Páscoa do ano passado. Mas também não me lembro como foi a Páscoa nos outros anos. Tanto faz.

Quero é que venha o bom tempo para podermos estar na rua. O que me chateia é a perspectiva de, mesmo ao ar livre, termos que andar de máscara. E a perspectiva de não poder agarrar-me aos meus meninos. Que saudades de lhes dar abraços a sério sempre que me apeteça, sem medo de ser contagiada, sem que o meu marido me recorde que devo ser mais cuidadosa. Domingo de Páscoa, na prática, é apenas mais um domingo. Estamos em Abril, o mês da esperança. E eu gostava que pudesse ser o mês da liberdade. Infelizmente ainda não descobriram o tratamento milagroso para nos libertarmos desse corona de uma figa. E essa é que é essa.


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Pensavam que a Páscoa suculenta tinha a ver com gastronomia, não...? Lamento, não tem. Se o anho me correr bem, à noite logo conto como fiz. Agora, antes de o fazer, não faço ideia de como vai ser. 

Por isso, a suculência tem a ver com a jardinagem de suculentas, essa coisa que, como li, anda a deixar a mulherada ao rubro. Pudera: florzinhas tão bonitas e gordinhas inspiram o lado maternal que há em nós. Hoje vou partilhar um dos muitos vídeos que há a explicar como se podem fazer coisas que vão para além de deixá-las em vasos a serem fofas como são.

Arranjos de Páscoa com suculentas

Se passar em um supermercado, esqueça a prateleira de ovinhos de páscoa e corra direto pra gôndola de suculentas. Nossa jardineira Carol Costa ensina neste vídeo como fazer arranjos de páscoa lindos usando mini cestinhas e suculentas. Sim, aquelas plantinhas gordinhas que você encontra em hipermercados, pet shops, home centers e, claro, gardens centers.

Pra que seu arranjo tenha bastante estilo e seja gracioso, não precisa de uma quantidade enorme de plantas. Nossa louca das plantas sugere três espécies de suculentas, a que tiver à mão, mas elas precisam ser diferentes entre si, tanto na altura, quanto nas cores e no formato. 

Como materiais pro arranjo, cestinhas de vime servirão de recipiente pra plantar as suculentas e ainda dão aquela cara de utensílio onde o coelhinho da Páscoa carrega os ovinhos. Mas, a proposta é usar o que tem à mão: serve caminhõezinhos de brinquedo, taças, xícaras ou alguma tigelinha interessante. Pra proteger a cestinha e segurar o substrato, Carol a reveste com um pedaço de saco plástico.


E um belo dia de domingo a todos

1 comentário:

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Uma rica Páscoa para minha riqueza UJM.

(Ando baldas,muito trabalhinho, muito trabalhinho, do bom, claro)

Aquele abraço!