segunda-feira, abril 16, 2018

Lisboa, a bela, com espelhos, árvores, gentes e pássaros





À noite afasto-me de guerras encenadas sobre cidades destruídas. A minha capacidade de ouvir comentadores falando sobre meias-verdades ou sobre suposições mal fundamentadas está no limite. Expliquei no post abaixo porque não falo nestes ataques dos 'aliados' sobre a Síria. Mas não falo só porque não sei mas porque há nisto muito ruído e eu não gosto de juntar a minha voz desinformada ao ruído de tanta gente que opina sobre tudo e sobre nada. Muito menos consigo ouvir falar de futebol. Um horror, isto, tantos homens maçadores a falarem de futebol, um enjoo, uma saturação. Ou sobre disputas verbais com pés de barro desenvolvidas apenas para eleitor ver, também não consigo. Catarina Martins, Mariana Mortágua, Daniel Oliveira ou outros que tais parecem-me, agora, quase infantis na defesa acrítica de argumentos atirados para a praça pública pela imprensa desqualificada ou por uma oposição anémica. Nisto, o PCP tem mais noção do rigor mas, deus meu, continua preso a uma agenda sindicalista enraizada num tempo que já era. Passo. E, no meio da encenação que por aí vai com os que estão à esquerda do PS a tentarem arranjar casos para fazerem ouvir a sua voz a fim de conseguirem mobilizar a malta para o 25 de Abril que aí está, aparece-me o Marcelo -- que vai tentando alisar o tom das pseudo-discussões -- e, de cada vez, de seu sítio. Ora fala a partir de França, ora do Egipto, ora a partir de Madrid. Uma loucura.


Como falei no post ainda mais abaixo, de tarde estive em casa dos meus pais com parte da descendência, entre lanchinhos bons, flores e limões. Tarde boa. 

Mas, antes, a manhã foi de passeio. Passear sem propósito, deambular, flâner

Lisboa, a bela, belíssima. 

E eu sempre fotografando, sempre olhando a perspectiva florida (e colorida) das coisas. Engraçado como, perante um qualquer espaço, o meu olhar é sempre primeiramente atraído para o que se sobrepõe, para as camadas de vida e de realidade, contrastes, perspectivas pouco óbvias -- e, nesse permanente espírito de rêverie, passo, por vezes, ao lado da realidade mais banal.
Acontece-me andar nisto e ficar, depois, surpreendida quando me chamam a atenção para 'coisas' incontornáveis que toda a gente viu (menos eu).
É que o que eu vejo é aquilo para que os meus olhos são atraídos. Beleza, leveza, intemporalidade. 


Podem ser árvores que parecem filigrana branca, outras floridas, graciosas, em frente de um edifício moderno, espelhado. A elegância da natureza em harmonia com a elegância da arquitectura moderna.


Pode ser a leveza da água saltitando sobre os degraus forrados a azulejo de um fontanário moderno conjugada com a leveza dos ramos de uma árvore grande e muito bela.


Podem ser os verdes e os cinzas de árvores quase etéreas flutuando no espaço em frente do alto edifício feito de transparências azuis. 

Tudo isso me atrai, me encanta, me emociona. Quero gravar na memória o que os meus olhos vêem. Ando devagar, olhando em volta, descobrindo o que já vi mil vezes. Tudo novo, lindo como nunca antes vira. Tenho talvez cinco anos, talvez dez, e estou a descobrir um mundo maravilhoso. Vou de mão dada, olhando para cima, para o vasto e belo mundo que me rodeia. 

Depois vou para a beira do rio. Olhar as águas sereníssimas, olhar com vagar, com deleite. Olhar e pensar em coisas boas, olhar, apenas olhar e sentir.

Um olhar de bicho. 

Olhar como o pássaro que medita e respira a plenos pulmões no meio das águas, penas ao vento, coração ao alto.


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