domingo, outubro 05, 2014

Tarde de sol de outono com os pimentinhas, com jazz e com muita paz - e fim de dia com os meus pais


No post abaixo já vos mostrei uma noiva majestosa no seu glorioso vestido, encantada com um noivo que se encantava também com ela.

Foi este sábado à tarde. Nós estávamos lá, no Parque da Paz.



Mas vamos com música,  com The Childhood Dream 



Esbjörn Svensson Trio





Tínhamos sabido que havia música, jazz, coisa sempre agradável de se ouvir ao ar livre, e o lugar é maravilhoso, espaços amplos, bom para os miúdos, aprazível para nós.

A tarde esteve suave, um calor ameno, um sol bom de deixar pousar na pele.

O mais crescido já não liga muito a ver os patinhos, especialmente quando tem uma bola e o tio por perto.

Aliás, nem tinha bola pois, de cada vez que se compra uma, quer levá-la para casa dele, para jogar à bola no pátio ou para fazer colecção, sei lá.
Por isso, lá teve que se ir outra vez 'ao chinês' que, claro está, nunca fecha e tem tudo o que se possa querer. 

Mas os mais pequenos, vão logo a correr para a beira do lago, a água é um fascínio, reflecte o sol, o céu, o verde da paisagem, o voo das gaivotas que dali gostam de fazer poiso acidental. 

Os patos e os cisnes habitam o lago, são muitos, e há uma frescura idílica neste lugar.

Foi por aqui perto que vi o casal de que falo mais abaixo. No meio de crianças a brincarem, de adultos a apanhar sol, de gente que lê tranquilamente, ali andava aquele enamorado casal, sendo fotografado. A diversidade e o inesperado encantam-me.

Ao mano velho juntou-se depois o mano mais novo, o ex-bebé, em animada jogatana com os restantes homens da família. Bem, nem todos já que o bebé prefere andar a roubar óculos, telemóveis ou outras coisas que consiga descobrir à mão de semear. A mãe diz que ele é da família dos macaquinhos de Gibraltar que, mal as pessoas se distraem, já eles estão a meter-lhes a mão ao bolso e a roubar alguma coisa.

Mas já não é bem um bebé, já está um rapazinho. Atrevido, brincalhão, destemido, fala pelos cotovelos. Às vezes a gente ouve e nem acredita que aquilo saíu da boca de uma coisa tão pequena.

Gosta imenso de falar ao telemóvel.

Todas as noites, excepto quando estou com eles, falo com o meu filho. Muitas vezes quem está do lado de lá é o bebé. Tão explicado é que, às vezes, penso que é o meu filho a disfarçar a voz para me enganar e parecer que é o filho. 

A mana adora estar nestes ajuntamentos familiares mas do que ela gosta mesmo é de brincar ao faz de conta, em especial com a tia. Invariavelmente ela é a mãe da tia. Mas a tia não se importa, já que, muitas vezes, arranja maneira de pôr a 'mãe' a pôr-lhe creme ou a fingir que põe, a mexer-lhe no cabelo ou coisa do género. Hoje, ainda em minha casa, estava a tia, refastelada na chaise longue com a 'mãe' a tratar dela, quando sentiu que a sua cara estava a ser limpa com uma toalhita. Deu um salto: que toalhita é esta? não é que foi usada para limpar o rabo do teu irmão, não...?!

Mas ela sossegou a 'filha', que não, que tinha ido buscar uma limpa. Vá lá.

No parque tiro-lhe imensas fotografias sem ela dar por isso. Faz umas poses e umas expressões mesmo femininas e apanha florzinhas, pauzinhos, muito elegante nos movimentos e na expressão. Está altinha, muito ágil e cada vez mais bonita. Os olhos são azuis acinzentados e tem uma boca a la Angelina Jolie. Um charme.

No entanto, também faz das suas, especialmente se vê os outros a fazerem. 

Hoje era trepar os muros. Quis subir um e eu fui com ela. Trepei atrás dela e a coisa estava sob controlo. 

O pior foi que o primo mais novo veio também, rápido como um comando, em duas penadas se pôs também lá em cima. Fiquei em maus lençóis pois se tivesse que agarrar num, não podia agarrar o outro. O que vale é que veio uma mãe reforçar o resgate.

Claro que o mais crescido já não precisa de ajuda, sobe e desce muros na maior limpeza.

Aliás, parece que já está na fase pré-adolescência, refilão, aventureiro, quase a tender para a desobediência. Dá ideia que a ida para a primária, para uma escola nova, lhe deu um certo sentimento de independência. Começa cedo.

Está com o cabelo enorme, cresce-lhe o cabelo com uma força e a uma velocidade que só visto. A mãe anda a dizer que eu tenho que lhe cortar o cabelo mas não tem calhado. Quando era pequeno, tinha imensos caracóis mas agora tem o cabelo liso e forte, ao fim de pouco tempo parece que fica com um capacete.

De manhã foi a uma aula experimental de futebol numa escolinha do Sporting e agora deve começar a ir mesmo todas as semanas. Adora jogar à bola.

Ainda não se sabe é se o irmão também pode ir pois a regra é que apenas comecem aos 4 anos e o ex-bebé ainda tem três e meio. Contudo, como é grande e tem muita destreza, pode ser que o aceitem. Era bom, senão fica triste a ver o irmão a jogar à bola e ele cá fora.

Estão na fase em que as brincadeiras acabam muitas vezes à tareia e nem é que estejam zangados, parece que gostam de andar à pancada. Mas claro que o mais crescido rapidamente imobiliza o irmão e lhe dá à vontade.

O que vale é que o outro já está habituado e não se assusta ou leva a mal. Pelo contrário, se vê que alguém se zanga com o irmão, sai logo em sua defesa. 

São amicíssimos e, perante terceiros, defendem-se mutuamente.



E estivemos sentados na relva, à conversa, a lanchar, a ouvir música.

O ambiente estava absolutamente cool, a esplanada cheia, e gente nos muros de pedra à volta ou na relva.

Não sei o nome do rapaz mas tem boa pinta e toca muito bem. Tentei saber o nome dele mas também não achei. Tenho pena pois gostaria de aqui deixar um elogio e assim fica sem destinatário nomeado.

Estivemos lá até por volta das seis e meia, ainda se estava bem mas já começava a esfriar um pouco.

Quando agora estive a passar as fotografias para o computador, reparei como estão sempre todos com ar feliz, sorridente, todos cheios de movimento e luz. 
Raramente apareço porque sou a fotógrafa mas, quando calha algum pegar na máquina para me apanhar, estou sempre a rir. Por mais que tente pôr um ar composto para a posterioridade, fico sempre com ar desmanchado, a rir. Basta que me digam para tirar o cabelo dos olhos ou para olhar para a câmara, mais eu me sinto ridícula a fazer-me ao boneco e ainda mais vontade me dá de rir. No outro dia, na Gulbenkian, a minha filha quis tirar uma fotografia a mim e ao pai. Ele detesta essas cenas mas põe-se indiferente, não lhe dá vontade nenhuma de rir e eu, ao vê-lo assim, desato logo a rir, 'feita parva' diz ele, mas quanto mais me disserem mais eu rio, nada a fazer. Por isso, está ele muito bem, sério, normal, e eu a rir toda maluca.

Do parque ainda fui com o meu marido a casa dos meus pais. A minha mãe sempre na boa. Trouxe umas tacinhas de marmelada que fez com os marmelos que levei na semana passada. Amanhã distribuo-a pelos meus filhos e fico com uma tigelinha para mim. Tem um cheirinho bom que me tenta. Só me apetece pegar numa colher e comê-la à bruta, à colherada, ou então intercalando com queijo. Mas controlo-me. Trouxe também figos torrados, dos que sequei lá in heaven.

Mas diz que agora não tem nada que fazer, que tem que começar algum trabalho pois não gosta de estar assim (diz isto como se não tivesse a lida da casa e o meu pai a cargo dela e como se não tivesse já 81 anos). Diz que está capaz de fazer uma manta às cores, muito bonita, como viu numa telenovela brasileira, para a cama da bisneta.

O meu pai, como de costume, muito sem graça, muito desanimado, que só lhe apetece estar na cama. Lá fiz a prelecção do costume, que nem pensar, se quer ficar com feridas no corpo?, que tem que estar levantado, dar umas voltas (voltas que são ir da sala, pelo corredor, até à casa de banho e vice-versa), que devia fazer bicicleta todos os dias e não apenas quando a fisioterapeuta lá vai (chamamos bicicleta mas é uma pedaleira), que devia sentar-se apanhar sol todos os dias - mas ele protesta, que não é fácil pedalar naquela cadeira, e que não quer ir para a varanda porque está frio, ou está vento. Desculpas que ele arranja. Mas temos que combater esse desinteresse para ver se não fica acamado de vez. 

O que vale é que a minha mãe não se cansa de conviver com o estado de espírito depressivo do meu pai ou, quando se cansa, rapidamente ultrapassa isso. 

Hoje esteve a contar os sustos que apanhava e a ralação que era quando ia com os alunos às visitas de estudo, sempre com medo que algum se perdesse ou magoasse. Ia uma professora e uma auxiliar para vinte e tal ou trinta alunos. Ainda me lembro desses dias, o meu pai ia buscá-la à escola sempre tarde e ela chegava a casa arrasada, Uma vez uma avó de um miúdo foi buscar o neto, já era de noite quando chegaram não sei de onde, e aquilo era uma sobressalto porque os pais agarravam nos filhos e era difícil controlar, tanto mais que, de noite, se via mal. Passado um bocado apareceu o pai a buscar o mesmo miúdo. No meio daquela confusão, a minha mãe teve uma branca e não se lembrava que a avó já o tinha levado. Apanhou um susto de morte pois não sabia que era feito do miúdo, tinha medo que o miúdo se tivesse escapado da camioneta. Lembro-me de estar em casa sozinha, de noite, eles nunca mais chegavam (e não havia telemóvel) e, quando chegaram, a minha mãe vinha feita num oito.


Bem. Estou para aqui na palheta há séculos, a dar-vos uma seca das antigas. Calo-me já. E, cheia de sono como estou, não consigo, uma vez mais, reler o que para aqui desfiei.


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Relembro que, no post já a seguir, poderão ver um casal de noivos muito in love. Ofereci-lhes o Ave Maria e o Lago dos Cisnes e, se me permitem, gostava que se juntassem à festa.


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Desejo-vos, meus Caros Leitores, um belo domingo.

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