sábado, dezembro 21, 2013

Governo Sombra: João Miguel Tavares diz, sorrisinho matreiro, que 'a troika foi chamada para pagar aos velhinhos, tão queridos, gostamos tanto deles'


Esta sexta feira consegui sair mais cedo e, portanto, enquanto vinha de volta para casa, no trânsito, vim a ouvir o Governo Sombra. Gosto de ouvir. É um grupo de gente inteligente, divertida. 

Um grupo de três pessoas. 


E digo isto porque há um quarto elemento que deixo de fora: o João Miguel Tavares.

O sujeito podia ser de direita e ser inteligente. Mas não. Nem é que seja de direita: ia dizer que é simplesmente parvo mas isso podia ser considerado desagradável e, nesta época natalícia, não quero ser desagradável. Direi apenas que parece que é parvo. É daquelas pessoas em que as falhas culturais, as falhas de conhecimentos aritméticos básicos, as falhas nos sentimentos de respeito, compaixão, solidariedade, são notórias.

De vez em quando diz coisas acertadas, de vez em quando tem alguma graça (e neste mesmo programa teve bons momentos) - mas isso não me admira. As pessoas, tais como todos os mecanismos complexos, têm texturas múltiplas, momentos heterogéneos, perspectivas díspares. Por isso, mesmo as mais execráveis criaturas (e não acho que João Miguel Tavares o seja, não vou tão longe), apresentam, por vezes, cambiantes surpreendentes (como ser carinhosos com o cão, sorridentes para com os vizinhos).


Mas, de forma geral, não apenas João Miguel Tavares faz apreciações primárias, frequentemente revelando uma inteligência algo limitada ou sectária, como não se inibe de ostentar atitudes de desrespeito para com outros (outros que ele mostra pensar pertencerem a um género distinto do dele).

Esta sexta feira, ressabiado com o chumbo do constitucional, e sem perceber que basta que a austeridade alivie para a economia animar e o desequilíbrio se reduzir, deixando o buraco de ser tão grande (ou seja, o melhor que podia ter acontecido ao País (e ao Governo) foi este chumbo), João Miguel Tavares saíu-se com a pérola que referi em epígrafe. Podia ser apenas uma imperdoável boutade mas é mais do que isso. Raciocínios enviesados deste tipo estão na base do que se tem vindo a governação de Passos Coelho: um atentado à dignidade de quem quer que seja (com excepção para os do sector financeiro ou de outros sectores protegidos), com especial ênfase para os mais frágeis ou desfavorecidos.

Alguém deveria ser capaz de explicar a esse João Miguel Tavares que um dia ele vai envelhecer e que seria bom para ele e para os filhos dele que, então, pudesse ser autónomo, ou seja, que não tivesse que viver de esmolas. Seria bom que, fruto do que terá descontado para a Segurança Social, recebesse uma pensão proporcional ao que descontou e de acordo com as regras segundo as quais fez esses descontos.

Alguém deveria explicar a essa criatura que o sistema de pensões é um sistema distinto do orçamento de Estado e que só por oportunismo os Governos misturam conceitos.

Alguém deveria explicar a essa criatura que fala como se fosse mentecapto (não estou a dizer que o é: apenas que ele se esforça por parecê-lo) que os desequilíbrios do país resultam de termos uma economia depauperada e pouco virada para bens transaccionáveis e alguém lhe deveria explicar que isso acontece porque durante anos a União Europeia, em conjunto com governos subservientes, com os governos de Cavaco Silva à cabeça, se empenharam em destruir o tecido económico português. Colocaram os terrenos em set aside, subsidiando os agricultores para não cultivarem as suas terras, abateram a frota pesqueira, apoiaram reestruturações que mais não eram do que pretextos para a redução de instalações fabris. Tudo fizeram para que o país ficasse na situação de dependência do exterior, pouco tendo para exportar e quase tudo tendo que importar. Se a troika foi chamada foi porque a crise financeira internacional (causada pelos ultra-liberais, especuladores, vendidos) derrubou os países mais frágeis como Portugal. 

E isso nada tem a ver com direitos devidos a quem trabalhou e que, lá pelo facto de serem velhinhos, continuam a ser seres humanos a quem devem ser reconhecidos direitos humanos.

Alguém deveria explicar a esse senhor que não foram os portugueses que trabalharam pouco: foi a classe política que foi enfraquecendo até se atingir o nível de indigência a que agora se assiste e que conduziu os destinos do país para a situação de desequilíbrio em que nos encontramos. E que, mais recentemente, foi um grupo de gente sem escrúpulos nem moral (gente essa que João Miguel Tavares apoiou empenhadamente) que conseguiu deitar abaixo o governo anterior para fazer bem pior, para governar como se estivesse no poder para não deixar pedra sobre pedra.

Poderia continuar a enunciar explicações mas acho que não vale a pena. Pessoas como João Miguel Tavares que diz treuze em vez de treze e que a ele próprio se designa, embora com arzinho irónico, ultra-mega-liberal, têm dificuldades de compreensão.

Para além do mais este João Miguel Tavares tem um problema na fala que incomoda: transforma os erres em guês. Um português para ele é um pugtuguês. 


Podia ser uma coisa mimosa se ele fosse outro. 

Agora um sujeito que gosta de paguecer cguetino e a falague desta maneiga chateia.

7 comentários:

Anónimo disse...

Magnífico Post!
Nada tenho a acrescentar. Está tudo dito. A criatura é um cabotino rasca. Quanto à substância do que aqui refere, subscrevo integralmente. Atentar contra as reformas e tratar os idosos pensionistas da forma como o Governo entende é miserável.Não pensam eles que um dia irão igualmente envelhecer?
Mas que bando!
Bom Sábado solarengo!
P.Rufino

JOAQUIM CASTILHO disse...


Olá UJM!

já tive oportunidade de comentar duas crónicas deste cabotino tabloide no Público on-line! A sua definição está perfeita! Acima de tudo ele é "parvo" e está tudo dito. Estranho contudo que o "Público" tendo já lá o José Manuel Fernandes e o José Carlos Espada como comentadores ainda albergue mais um da mesma lamentável espécie!!!

um abraço

lino disse...

E que é que esse tal João Miguel Tavares já produziu nos seus 40 anos de vida para além de umas aleivosias gatafunhadas em pasquins merdosos?
Beijinho

Um Jeito Manso disse...

Olá P. rufino,

O problema com estes cabotinos é que estão por todo o lado, aparecem nas casas das pessoas. Na rádio, na televisão, nos jornais. São os fazedores de opinião que influenciam o sentido de voto. Parecem uns palermas mas, de facto, têm um grande poder.

Uma boa semana!

Um Jeito Manso disse...

Olá Joaquim,

O que leva os órgãos de comunicação social a contratar gente assim, cabotinos (como o P. Rufino disse) que nada acrescentam e que pouco sabem do que falam? Não sei. Mas, como disse acima, acho que esta gente é um perigo.

Um abraço!

Um Jeito Manso disse...

Olá Lino,

Do que lhe conheço, fez um livro sobre a crise para crianças a que o Gaspar deu a bênção, escreve parvoíces, diz baboseiras, graçolas, tontices.

E aparece num programa de rádio e televisão de grande audiência e escreve no Público.

Podemos achar que é de somenos mas não é: tem poder para influenciar muita gente.

Um abraço, Lino!

Anónimo disse...

Veja-se ainda o blog do mesmo, em que tenta chamar a atenção com os seus textos sobre "pedagogia", usando umas imagens indizíveis para acompanhar alguns textos: http://paisdequatro.blogs.sapo.pt/197242.html
Como dão tempo de antena a uma pessoa assim??