quinta-feira, setembro 13, 2012

Depois de ouvir Manuela Ferreira Leite na TVI 24 (numa extraordinária entrevista concedida ao competentíssimo Paulo Magalhães) arrasar, mas arrasar completamente, sem papas na língua, com a frontalidade e a lucidez que se lhe conhece, o Governo do PSD e CDS, as políticas que segue, a forma como age (mostrando, de passagem, o desprezo que sente por Passos Coelho, pelo surreal e pró-soviético Vítor Gaspar e pelos outros), quase me apetecia falar disto. Agora até o etíope da Troika diz que a invenção de passar os 7% dos trabalhadores para as empresas é obra do Governo e não deles e alerta para que baixar ordenados não vai resolver nada e que Portugal não sobrevive só com medidas de austeridade. O que me apetecia falar também disto. E o João Galamba na AR, chamando irresponsável ao Gaspar? O que eu também gostava de falar disto... Mas vou resistir à tentação e vou responder a um comentário de um Leitor no post de ontem. Onde se arranja dinheiro para relançar a economia? Como re-industrializar o País?



No meu post de ontem, avancei com algumas ideias que, em minha opinião, poderiam ser postas em prática para que Portugal saísse do buraco pantanoso em que está mergulhado. 




Pergunta-me, e muito bem, o Leitor J onde se arranjaria o dinheiro necessário para esse ‘programa de festas’ (palavras minhas, agora). Para os que não leram, referia-me eu a que o que me parece indispensável é que se abandone (já!, antes que seja tarde demais) a política suicidária que tem vindo a ser posta em prática pela incompetente equipa de Passos Coelho e que se relance a economia, dirigindo o país na direcção do desenvolvimento sustentável. Enunciei uma série de medidas que me parecem de óbvia pertinência no actual estado do país.

Contudo, o leitor J duvida que se arranje financiamento para todas as medidas que elenquei.

É certo que para se fazerem omeletas se requerem ovos ou, pelo menos, substâncias obtidas a partir de ovos.

Mas pense o Caro J que, no que se refere a ovos, não tem não mais do que apenas dois e que,  com eles e mais nada, faz uma omeleta. Fá-la-á e ficará boa mas, para si, como refeição, será talvez curta. 

Pegue agora num único ovo, em leite, em batata cozida cortada aos bocadinhos, em cebola previamente alourada, em queijo, e faça a mesma omeleta. Repare na diferença de tamanho, repare na diferença de nutrientes, repare no sabor. E ainda lhe sobrou um ovo para uma próxima ocasião.




Ou seja, para se levar a cabo um projecto não basta deitar-lhe dinheiro em cima. 

Há quem o faça, gente pouco criativa, pouco inteligente, desbaratando recursos sem obter resultados que se vejam.

E há os que com pouco fazem muito. Aliás é o que a gente mais pobre faz desde sempre (uma refeição completa feita com pão duro, caldo de cozer peixe e um ovo, um cheirinho a coentros - e que bela açorda sai).

Ou seja, é errado pensar-se que tudo requer muito dinheiro. Nisso Portugal tem cometido muitos erros, esbanjando dinheiro de forma pouco inteligente.

Para ilustrar outro aspecto, conto agora uma história que, uma vez, já aqui contei.




Uma vez, num hotel, depois de fazer as contas, que eram elevadas, um cliente, ao  ir-se embora, deixou no balcão uma nota de 100 euros. O recepcionista estranhou mas admitiu que fosse generosa gorjeta.

Como estava a dever justamente 100 euros na oficina onde trocara de pneus, pegou na nota e foi a correr pagar os pneus. O homem da oficina que estava com a caixa vazia, ao receber o pagamento, foi rapidamente pagar uma dívida que tinha junto do restaurante que servia as refeições para os empregados da oficina. O restaurante ao receber o dinheiro, rapidamente pagou ao talho onde tinha dívidas pendentes. O homem do talho, mal recebeu o dinheiro, pegou nele e pagou uma verba que tinha atrasada ao colega/empregado. Esse colega ficou todo contente porque assim podia pagar um empréstimo que tinha pedido junto do seu amigo da recepção do hotel e, de imediato, foi lá a correr pagar-lhe. Passado um bocado apareceu o cliente do hotel dizendo que, sem querer, tinha lá deixado uma nota de 100 euros e que vinha buscá-la.

Isto demonstra bem como funciona a economia. Neste exemplo, muita gente honrou os seus compromissos e permitiu, por sua vez, que se fizessem novos pagamentos e tudo com uma única nota, nota essa que, na verdade e como se veio a provar, nem estava disponível.

Ou seja, se há 1.000 pessoas a precisar de 100 euros, isto não quer dizer que no conjunto se precisem de  1.000 x 100 = 100.000 €. Pode até, no limite, bastarem os primeiros 100 euros. Ou seja, o que é preciso é que haja uma primeira injecção de capital, que haja confiança, que o dinheiro comece a circular.

O que se passa em Portugal é que este Governo está a cometer erros básicos, crassos, graves: está a retirar o dinheiro de circulação (cativando-o na origem, através de impostos, e entregando-o a entidades que não o recolocam em circulação) e, ao mesmo tempo, a anular o clima de confiança. Isto é, este governo está a assassinar a economia. Como as finanças andam em paralelo com a economia, assassinando a economia, esvaziam-se as finanças. Uma desgraça.

Passo, então, agora, para o day-after, isto é, para possíveis soluções alternativas. 




Acredito que é obrigação de um Governo restaurar a confiança e pôr o motor da economia em marcha. 

Por isso, os primeiros investimentos deverão ser públicos e em áreas que permitam que o dinheiro se distribua pelo território (reabilitar edifícios públicos, reforçar pontes, etc) e que façam com que, atrás desses projectos, nasçam necessidades de outros bens e serviços, levando ao surgimento ou desenvolvimento de mais fábricas ou serviços (material de construção, mobiliário, hardware, software, manutenção de cada uma destas coisas, etc).

Havendo desenvolvimento local do que quer que seja para acorrer a estes investimentos, nascerá a necessidade de restaurantes, alojamentos, mais escolas, etc, ou seja, a economia local animar-se-á. E a economia nacional é também (mas não é só) o somatório das economias locais.

Ou seja, quando a economia começa a funcionar, começam a surgir novas necessidades, a procura começa a estimular a oferta, o dinheiro passa de uns para os outros - e o que há que garantir é que não fica retido a meio da cadeia nem há exagerada apropriação por parte de uns poucos.

Depois, como referi, há muitos fundos que a UE põe à disposição dos Estados-membros, que não estão aproveitados e relativamente aos quais já houve manifestação de disponibilidade para antecipar, até, a sua libertação.

E há a realocação de verbas. Em vez de ser o Estado assistencialista que é o de hoje, em que retira dinheiro da economia para, em parte, o dar em subsídios de desemprego, o que há é que pôr as pessoas a trabalhar, grande parte delas na iniciativa privada (construção, fábricas, comércio, serviços) que lhes pagará os ordenados, passando eles, assim, de desempregados a empregados e, em vez de serem beneficiários de verbas do Estado, passam a contribuintes.

Mas há outras fontes de financiamento. Quando os projectos são atractivos e bem suportados num consistente business plan, aparece sempre financiamento. Experimente-se ainda alterar a política fiscal, tornando atraente o investimento por parte de capitais externos e ver-se-á como aparecem investidores (no entanto, aqui acho que há também algum trabalho a  fazer. Não defendo o proteccionismo mas também não pode haver facilidades sem contrapartidas).

Não, o dinheiro não é problema. Dinheiro é o que não falta.




A re-industrialização deste País passa por tudo isto: por uma política que gere procura, por ter políticas fiscais atractivas, por ter gente com visão, intuição e perspicácia, e gente capaz para conceber produtos e métodos de gestão eficazes e competitivos.

E claro que é indispensável cortar na despesa, claro. Falei em ‘sanear’ (isto é, colocar no ‘são’) autarquias, fundações mas também empresas autárquicas e toda a espécie de organismos que receba verbas do Estado e cujo interesse para o País seja duvidoso.

E claro que se deveria equacionar se as PPP fazem sentido e claro que, se hoje, se lhes pagamos verbas muito altas, tal deveria ser renegociado.

E há muito mais a fazer. Seria fastidioso pormenorizar aqui. Mas dou um exemplo: parece-me indispensável gerir articuladamente as empresas públicas de transporte que operam num mesmo espaço. Não me faz sentido que, por exemplo, se invista num metro, aumentando o número de pessoas transportadas por essa via, sem que seja levado a cabo um ajustamento nos autocarros. Aqui é uma área em que ferramentas como a investigação operacional devem ser postas em prática para racionalizar recursos.




Há uma outra área que me parece injusta e iniquamente sorvedora de recursos – e aqui sei que vou ser impopular. Os trabalhadores de empresas privadas descontam pesadamente para o IRS e para a Contribuição para a Segurança Social. E, no entanto, se quiserem ir ao médico ou fazer exames, ou vão aos hospitais ou Centros de Saúde públicos ou pagam a peso de ouro os médicos e os exames privados. No entanto, os trabalhadores ou reformados de Estado podem, à sua vontade, ir aos médicos privados ou fazer exames, que estes são comparticipados. Ou seja, têm regalias que se traduzem em elevados custos para o Estado, regalias estas que não estão à disposição dos que sempre descontaram arduamente para esse saco.

Dou um exemplo. No outro dia, a empregada de uma amiga minha dizia-me que, tendo um problema clínico que requer cirurgia, já foi a um monte de médicos para ir obtendo opiniões e que já fez não sei quantos exames, alguns dos quais se fazem apenas no privado, custando, cada um, centenas de euros. Talvez por ter percebido a minha admiração, acrescentou, com manifesto orgulho: ‘o meu marido é reformado das Forças Armadas e eu não pago nada, posso ir onde quiser, posso gastar à vontade’.

Ora, parecer-me-ia mais justo investir essas verbas em melhores hospitais públicos acessíveis a toda a gente. Ou seja, verbas há-as, o que devem é ser melhor realocadas.

Claro que num espaço como este, estou, forçosamente, a ser simplista. Há que desenvolver um pensamento integrado, ver as várias vertentes dos assuntos, construir cenários, fazer contas, ver vantagens e desvantagens, e projectar as iniciativas no futuro, tentando prever os impactos a médio e longo prazo.




Por exemplo, uma das áreas que me parece prioritária é a do ensino. Essa seria, naturalmente, uma das minhas mais fortes apostas. Eu gostava que cada escola deste País, fosse uma escola aberta, livre, com projectos abertos à comunidade, projectos que os professores e alunos sintam como seus, escolas dotadas de equipas de profissionais do ensino e de psicólogos que consigam motivar e acompanhar os intervenientes (professores e alunos). Claro que isto, de início, talvez significasse mais custos públicos mas, a prazo, estou convencida que seria auto-sustentável e, mais importante, rapidamente daria frutos. Jovens bem formados, com boas bases, com hábitos de aprendizagem, com hábitos de abertura à diversidade, rapidamente começariam a mostrar a diferença que isso faz quando integrados no mercado de trabalho.




Não me vou alongar mais, não quero tornar-se excessivamente maçadora mas gostaria de deixar uma última ideia. Querer uma coisa é o mais importante.

Veja-se o que este Governo anda a fazer. Querem empobrecer o país e não há nada que os demova. Colocaram as pessoas ao dispor do Estado, pobres cobaias e pobres vítimas indefesas. São determinados e isso ninguém lhes pode negar. Estão cá com o propósito de arrasar Portugal e, contra ventos e marés, pedra após pedra, todas vão removendo, e no final (se os deixarem) ficará um País de gente miserável com chineses, angolanos, brasileiros, colombianos explorando a barata mão de obra nacional. Uma terra queimada.

O que defendo é uma determinação de sentido oposto. O que eu desejo é que o Estado esteja ao serviço das pessoas. O que eu defendo é que todos os raciocínios partam desse pressuposto, sem demagogias, sem dogmas, sem populismos, com profissionalismo, com gente sábia e competente envolvida na construção da solução - e que, determinadamente, se persista na obtenção dos almejados resultados.

**

Não sei se o que escrevi dá para transmitir a minha ideia ou se o texto ficou chato para além de comprido. Mas é difícil resumir muito, quando há tanto para dizer (e fazer...)

Penso que está na altura de unirmos esforços, de darmos ideias, de nos mobilizarmos efectivamente para irmos em frente. Nós, cidadãos, temos que deixar o comodismo da passividade. O futuro deverá passar por nós.

E, por surreal, agora um honroso surrealista. As imagens são pinturas de René Magritte, pintor belga, surrealista (1898-1967).

**

E desejo-vos, Caros leitores, um belo dia. 
E, entretanto, vamos todos pensando se no dia 15 não deveríamos ir todos para a rua.

15 comentários:

jrd disse...

«Les choses visibles peuvent toujours cacher d'autres choses visibles».
René Magritte


Um quadro de Magritte não pode ser simplesmente visto, é necessário pensá-lo; não é para ser admirado, deve ser objecto de reflexão e ponderação, porque o sentido está muitas vezes escondido e é alvo de segundas e terceiras interpretações.
As obras que escolheu para enquadrar este seu excelente texto são a prova do que atrás escrevi e que tem origem num poste antigo do bth.

Este é mesmo um país surreal.

Abraço

Bartolomeu disse...

;))))
Querida Amiga, UJM; essa estória dos €100,00 é umperfeito truque de ilusionismo de que nem o Luis de Matos ou o seu aprendiz, o David Campo de Cobre, alguma vez se lembraram.
É que, depois de completar o círculo, quem "ficou a arder" com os €100,00, foi o desgraçado do empregado do hotel. Mas é bem feito, porque "contou com o ovo, e ele ainda estava no cu da galinha".
Mas, saltando para o exemplo das omeletas, devo dizer-te que concordo inteiramente com o teu ponto de vista. A partir de certa altura, os empresários portugueses habituaram-se a investir num dia, com o dinheiro dos bancos (em generosas quantidades) e a esperar lucros fabulosos no dia seguinte. Esse foi também um dos motivos porque as empresas menos estructuradas, "deram o berro".
Agora o esforço económico, laboral, contratual e de conquista de mercado, vai ter de ser titânico, até que a economia do país readquira uma posição estável e sobretudo, sustentável.
Mas, como dizes, e em minha opinião, com toda a sabedoria, vai ser necessário reunir diferentes ingredientes e uni-los com o ovo, para ser possível obter a tão necessária, soculenta e alimentar omeleta.
Quanto à entrevista da Sôtora Manela... concordo com a leitura que fazes, mas em minha opinião, seria desnecessário fazer vir ao de cima o latente espírito ditatorial quando diz que as manif populares só são toleráveis se forem pacíficas e, assim, podem revestir-se de alguma utilidade por fazerem notar o descontentamento popular, pelas medidas que o governo pretende adoptar, mas que os deputados devem estar unidos para votar o orçamento... Então vamos lá ver; se a Senhora reconhece que as medidas são prejudiciais ao país, os deputados devem votar o orçamento?
E ainda, quando diz que não compete ao Presidente da República, chamar os deputados e "lavar-lhes as consciências"... MAU!!! isso cheira-me a práticas que eram usadas na antiga União Soviética. É que, se o Presidente "caísse dessa a baixo, acho que estaria a fazer lavagem cerebral, ou então a ultrapassar os limites da sua competência magistratural de influência.
Bom... seja como for, no essencial concordo contigo. Assim, é que isto não pode continuar, desde que Cavaco Silva, enquanto Primeiro Ministro, distribuiu "guito" aos armadores para deixarem de pescar e aos agricultores para deixarem de cultivar, o país começou uma descida para a qual não encontrou travões eficazes... por isso, agora está quase a "estampar-se" de encontro ao muro que está lá ao fundo. (isto; para não entrar no pantanal das fraudes e dos gamanços de milhares de milhões que se retornassem ao sítio onde estavam antes de terem levantado voo, já teríamos uma bela ovada, que nos permitiria fazer uma omeleta capaz de entrar para o Guiness-Book of Record's)
;))

rosaamarela disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Alice Alfazema disse...

Olá, UJM!
Gostei muito de ler este seu artigo.
UM abraço.

rosaamarela disse...

Parece-me que perdeu demasiado do seu tempo a comentar o que é obvio, todos já perceberam, até os economistas (papagaios) de varanda.

Enfim, eu preferia que tivesse comentado os acontecimentos de ontem.

Anónimo disse...

Gostei. Ah valente jeitinho!!!
Beijinho Ana

Anónimo disse...

Grande Ferreira Leite! Depois do que ela disse ali com toda a frontalidade e coragem, o que aliás é uma imagem de marca dela na Política – é uma política honesta – resta-me esperar o que irão fazer os deputados do Grupo Parlamentar do PSD. É seguramente o melhor que este PSD tem.
E quanto ao CDS? Também há gente ali capaz de pensar pela sua própria cabeça e ver o que vai mal neste país surreal.
Quanto a João Galama, o seu discurso teve entre outros um efeito positivo na minha desiludida pessoa, que é a de que, afinal, ainda há gente capaz, corajosa, articulada neste PS do Tó Zé, coisa que julgava de todo perdida.
Assim sendo, com o número de vozes dissonantes, e não só da Oposição, a aumentar dia a dia, resta-nos esperar uma de duas coisas: ou o Governo recua nesta austeridade anunciada – o que me parece difícil, seria perder a face (embora não concorde e subscreva o que Bagão Felix, sempre lúcido, disse: que é melhor corrigir um erro do que persistir nele, em Política), ou cai. Para o que bastava que muitos deputados do PSD e até do CDS votassem contra o orçamento, ou saissem da sala por ocasião da votação (no caso do PSD, seguindo a sugestão de MFL). Aqui, restaria ao PR demitir o governo, ou este apresentar a sua demissão. O que não teria, necessariamente, de implicar novas eleições. Bastaria um novo governo, com novas propostas e ideias. Enfim, aguardemos. Mas que o caldo começa a entornar, quer-me cá parecer.
Tudo isto começa a ser na verdade surreal. A diferença é que os surrealistas eram homens e mulheres inteligentes, ousados, até divertidos, intelectualmente interessantes, artistas e músicos brilhantes, etc. Um total contraste com quem está na origem deste nosso surrealismo político!
O tema do Surrealismo é muito interessante, by the way! Mas não é para hoje.
Ah – gostei das suas propostas, neste seu Post.
P.Rufino
PS. UJM você é uma mulher e peras, "valente" como diz e bem uma comentadora


Um Jeito Manso disse...

Olá jrd,

Gosto muito de coisas pouco óbvias. A essa frase de Magritte, junto esta outra 'Les plus grands secrets se cachent dans la lumière'.

Gosto do surrealismo 'de verdade', aquele que vai para além do óbvio, para além da lógica, para além do razoável, até para além do humano.

Gostava de ver o post em que aquela frase figura.

Fiquei contente que tivesse apreciado as obras que escolhi. Faço tudo sem rede e um bocado à pressa pois não tenho tempo para mais (...e, quando estive em casa, com tempo, também não o conseguia usar durante o dia) mas este aspecto da escolha das imagens é um dos que me leva mais tempo e que mais gozo me dá. Fico mesmo contente que tenha reparado e gostado.

Um abraço, jrd!

Um Jeito Manso disse...

Olá Bartolomeu,

Já me ri com esse espírito revolucionário, isso é que é ter sangue na guelra. E é assim com convicção e energia que todos temos que nos mostrar. Atentos para não deixar medidas gravosas e estúpidas, disponíveis para adoptar ou participar em iniciativas boas para o País.

Quanto à Drª Manuela não fiz essa leitura e até acho que ela fez um desafio vigoroso e corajoso aos deputados do PSD. O que ela disse é que eles devem agir segundo a sua consciência e que seria esse gesto que fundamentaria a atitude de Cavaco Silva.

Ou seja, ela desafiou-os a votarem contra o orçamento (ou pelo menos a não o deixarem passar). E se isso acontecer, se os deputados mostrarem que o Governo já nem conta sequer com o apoio do próprio partido, não haja dúvida que o Governo ia abaixo. Ou seja, aí Cavaco Silva teria legitimidade mais do que óbvia para agir.

Estamos a atravessar momentos de turbulência, com o país cada vez pior em termos económicos e financeiros e entregues a um bando de gente muito incapaz. Só que as alternativas que se perfilam não são famosas. Mas há sempre alternativa e pode ser certamente melhor do que o que existe. Haja inteligência.

O País tem que voltar a ser viável e a governação tem que ser em prol da população; não pode ser, como é hoje, contra a população (e a favor de uns quantos que nem se sabe bem quem são).

Não está fácil mas não me cansarei de defender aquilo em que acredito. E fico muito contente quanto vejo que o País em peso está a dar um sonoro murro na mesa.

É mais do que tempo de podermos voltar a sonhar, mesmo que seja voar com voos em que mais ninguém acredita.

Bons voos Bartolomeu!



Um Jeito Manso disse...

Olá Alice rodeada de Alfazema,

Obrigada pelas suas palavras de compreensão.

O que é rezar, pergunta lá no seu jardim.

Não serei a melhor pessoa para responder pelo que não me arrisco a responder lá. Mas, ainda que com algum cuidado, respondo: é pensar no que temos feito, é pensar no que poderíamos ter feito, é pensar naquilo que gostaríamos de fazer, é pensar nos que amamos, é pedir por eles, é imaginar que alguém nos poderá ajudar, é estarmos disponíveis para acreditar.

Obrigada, Alice.

Um Jeito Manso disse...

Olá Rosa Amarela,

Pois é, percebo-a. Por estes dias há sempre tantos assuntos para comentar. A ver se consigo fazê-lo hoje.

Mas achei importante responder às questões levantadas pelo Leitor J. pois a ideia de que não há dinheiro, nada se pode fazer, não há alternativa, leva muita a gente a ficar tolhida, a não ter vontade de lutar por uma vida melhor.

E eu acho que é sempre possível encontrar alternativas. Foi por isso que quis focar estes aspectos.

Obrigada pela dica, Rosita!

Um Jeito Manso disse...

Olá Ana,

Fico contente que me ache valente. Sou muito de dizer o que penso sem antes me pôr a pensar se devo ou não, se devo dizer isto ou aquilo. Quer quando falo, quer quando escrevo, vou direita ao ponto e digo o que me ocorre, sem recear consequências.

Se as houver, cá estarei para lidar com elas.

Sou tida pelos que me são próximos como um bocado bruta quando defendo os meus pontos de vista contra aqueles com que não concordo. Mas o que sou é apaixonada na defesa das minhas palavras (e talvez, também, um bocado destemida, sim).

Os meus filhos, quando vinham alguns amigos cá a casa, antes, avisavam-me sempre para não lhes dizer algumas coisas, para ter cuidado com o que dizia e lembro-me de, por vezes, me tentarem 'educar', dizendo-me 'oh mãe, não é preciso dizer sempre a verdade...' pois temiam as minhas afirmações frontais. Mas claro que não sou maluca, pelo que nunca os envergonhei (acho eu).

Um beijinho, Ana!

Um Jeito Manso disse...

Olá P. Rufino,

Muito obrigada. Coincidimos muito nas análises que fazemos. Concordo com o que diz e se não surgirem novos acontecimentos esta noite, estou capaz de desenvolver as alternativas de que fala face ao que me parece ser uma impossibilidade quase material deste Governo se manter em funções.

O discurso do Galamba foi um murro na mesa que deu gosto ver. Espero que o Gaspar-não-acerta-uma o tenha sentido como um murro no estômago. Se não sentiu então é porque não é boa gente porque quem não se sente...

E o quase monólogo da Ferreira Leite (amparado com a amabilidade atenta do Paulo Magalhães) deu mais cabo do Passos de Massamá do que um ano inteiro de conversa do Tozé.

Acabei de ouvir a conferência dele e vá lá que vai em frente com o chumbo do orçamento mas é tão institucional que se perde no meio de um comportamento tão asséptico e burocrático. Devia lá estar o António Costa que outro galo cantaria.

Obrigada pelas suas palavras, P. Rufino. Tomara que eu consiga sempre merecê-las.

jrd disse...

Olá,
Aqui vão dois links com a frase em questão:

http://bonstemposhein-jrd.blogspot.pt/2008/02/aujourdhui.html

http://bonstemposhein-jrd.blogspot.pt/2010/12/2011.html

Se me permite, sugiro que dê uma mirada na etiqueta "Magritte" do bth.

Abraço

Um Jeito Manso disse...

Boa noite jrd,

Muito obrigada. Daqui a nada já vou ver. Agora vou ver se durmo um bocado (já passa das 2 da manhã...).

Já lá estive a ler as suas impressões sobre o ar do tempo. E, claro, tive que louvar o seu extraordinário poder de síntese. Eu sou o contrário, credo: até estou com os olhos em bico, com tanto que escrevo. Já nem consigo ir ver as vírgulas. Tomara que não haja muitas gralhas.

Até mais logo!