Penso no protesto de alguns leitores que, de vez em quando, me escrevem, indignados, dizendo que só gosto de escrever sobre momentos felizes. É um facto. Quem queira ler sobre desgraças ou choradinhos pode ter a sorte de me ter acontecido alguma que me deixe tão arrasada que tenha mesmo que aqui desabafar. Mas o mais aconselhável para quem queira, de certeza, encontrar desgraças e dramas é ir até ao site do Correio da Manhã. Aí é um fartote. Tudo o que de tenebroso e cabeludo acontece no mundo está ali descrito. Não escapa nada.
Aqui é o que se sabe. Se estou aborrecida, apetece-me espantar o aborrecimento, desanuviar, falar de coisas boas. E, se estou bem disposta, nem pensar em falar de coisas que me entristecem.
Claro que, de vez em quando, tenho que ir a terreiro espadeirar contra os maraus que gostam de poluir o espaço comum, sejam eles escorpiões que picam (ou tentam picar) com o seu veneno aqueles que mais temem, seja jokers apalermados que falam sem saber do que falam, sejam despudorados vendedores de banha da cobra, sejam maledicentes papagaios avençados que não sei como não morrem envenenados todos os dias tanto o veneno que destilam. Mas, conseguindo, fujo deles.
Cada vez mais sinto necessidade de me afastar da toxidade de quem não tem coluna vertebral, honestidade e inteligência e de me deslocar até locais de serenidade e paz.
Nem sempre a solução será a evasão física, total. Quem ainda trabalha e tem responsabilidades a assumir, pode ter que se sujeitar a situações complicadas em que haja sofrimento e dor ou, mesmo, humilhação. Nesses casos, há que ter a resistência para aguentar e a esperança de que seja por pouco tempo. Não há mal que sempre dure.
Mas quem possa ter a liberdade de escolher uma vida de tranquilidade, rodeado de generosidade, de alegria e de paz é, sem dúvida, alguém bafejado pela sorte.
O meu dia hoje foi muito bom. Dia de desporto. Só eu não o pratiquei pois o desporto do dia tem muitas regras. Gosto de bater bolas mas acho que não iria conseguir decorar quem faz o serviço, se é em diagonal, se é este ou aquele, se é assim ou assado. Não dá. Além disso, não me fio muito nos meus joelhos quando sujeitos a tratos de polé.
Depois juntámo-nos aqui e a tarde estava uma maravilha e foi uma alegria. Para mim felicidade é isto. Não sonho com idas às Caraíbas, com carros topo de gama, com restaurantes de luxo, com liftings ou tratamentos ultra rejuvenescedores ou com roupas griffe. Nada disso. A gente que habita o meu coração à volta da mesma mesa, uma conversa boa, sorrisos -- é aquilo de que preciso para me sentir feliz.
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Running from pain - And when we stop, we find peace.
We are adept at the avoidance of pain and suffering - we push it away, we pretend it’s not there. And we keep ourselves busy so that we don’t have time to sit and reflect - when bored, we surf social media - when we feel down, we go shopping or watch TV. But running keeps us stuck in spiraling patterns of despair and hopelessness.
And while we may not be responsible for causing the pain, we can be responsible for ending it. And to admit to that and own up to that is a humbling thing to do. You create an opportunity for growth and expansion in your life by taking accountability. You let go of your ego’s dominance over your actions and decisions, and start listening more carefully to that intuitive voice inside.
To run from pain is to run from life itself. Because by embracing difficulty and the challenges it presents, is how we grow and improve as humans. So let’s learn to accept it as a part of life. It's this that will make us whole again.
Filmed in McGregor, South Africa.
Featuring Sung-Yee (Sy) Tchao.
2 comentários:
O título deste post é um bom poema.
Obrigada!
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