Acordei a meio da noite e custei a readormecer. Já a luz do dia entrava pela janela quando voltei a apagar. Acontece que, de manhã, o meu marido fez a gracinha de me acordar uns dez minutos antes do despertador, Como sempre, desculpa-se, diz que teme que eu não acorde a horas e que depois tenhamos 'que andar a correr'. Detesto que ele faça isso mas ele não se importa e passa a vida a fazer. Acha que isso de eu ficar possuída por ele sacrificar dez míseros minutos do meu sono é frescura. Mas não é, os meus minutos são contados e determinantes.
São aspectos que as más línguas apelidarão de frioleiras mas que, asseguro, são fracturantes na nossa relação. Acontece que ele tem a sorte de eu ter miolo mole pois, mal me levanto, esqueço-me de estar chateada. Ainda por cima, tenho coração de manteiga, sempre derretido. Tem sorte, muita sorte, ele.
Mas estou a contar isto para dizer que, na altura em que ele me sonegou os dez últimos preciosos minutos de sono, estava a ter um sonho muito real. Sonhava que tinha a casa cheia de gente, na maior parte gente desconhecida, gente de todas as idades, tudo em festa, tudo confraternizando, uns dançando, uns conversando, indo à cozinha servir-se, tudo na maior. Às tantas eu queria ir à casa de banho e estava sempre ocupada, num entra e sai de desconhecidos. Então, quando saiu um, um homem que eu não estava a perceber se era um adulto com ar de jovem ou um adolescente com ar vivido, perguntei: 'Você está aqui da parte de quem?'. E ele, no maior dos à vontades: 'Da parte do X, o dono da casa'. Não disse X, disse um nome. Acontece que aqui em casa esse é o nome do meu marido, o nome do meu filho e o nome de dois dos meus netos (na família há mais uma mão cheia deles com esse nome mas, enfim, desses não se poderia dizer que eram os donos da casa). Então fiquei naquela: 'Será amigo do meu filho? Será amigo do meu neto mais velho? Do meu marido não deve ser senão eu conheceria'. E, ao mesmo tempo, pensava que uma festa assim, para cada um trazer quem quiser, dava nisto, malta que ninguém sabia bem a convite de quem ali estava.
Fui acordada, o sonho interrompido e, portanto, continuo sem saber quem era aquele personagem em concreto.
De facto, tive cá este sábado em casa a maltinha toda, cada vez maiores, eu cada vez mais pequenina, no meio deles até parece que estou a encolher. Mas vieram só eles, não trouxeram amigos e adjacentes.
Ah e, antes de almoço, houve banho da fera. A minha filha, expert em técnicas de relaxamento caninas, consegue manter o urso sob controle e, com os filhos como assistentes, aplicou-lhe o shampoo (versão 2 em 1, shampoo e acondicionador, para cabelos longos -- e não estou a ironizar, foi mesmo), ensaboou, enxaguou, limpou -- e tudo sob controlo. Claro que entretanto já se rebolou na terra, já se envolveu em folhas outonais, já andou à procura da bolinha no meio dos arbustos e, portanto, já deve estar a precisar de outro banho (refiro-me ao urso, não à minha filha). Mas enfim.
Ao fim do dia, antes de irmos levar a minha mãe a casa, já só nós, fomos fazer uma caminhada com ela para a beira da praia, naturalmente em versão mais soft e um pouco mais curta que o habitual. Ainda assim, nada mal.
Já de volta a casa, noite cerrada, mais de a meio do caminho, deu-me uma pancada de sono mas daquelas de tipo Boa-Noite Cinderela. Sono profundo. Acordei perto de chegarmos. Portanto, devo ter dormido uns dez a quinze minutos. Mas foi sono total. Quando acordei parecia que estava a acordar de uma anestesia.
O meu marido achou por bem ainda darmos mais uma volta ao burgo pois parecia-lhe que a fera ainda não tinha feito cocó à altura do que tinha comido. Fiquei passada, que fosse ele que eu queria vir para casa. Pedrada ainda da queda no sono durante a viagem, não me achava capaz de dar passo. Mas ele lembrou-me que tinha caminhado muito menos que o habitual e que só me fazia bem. Quando estou assim, em estado quase catatónico, têm de mim o que quiserem. Fui, arrastando-me, atrás dele e do pobre cão que também só queria era vir para casa dormir.
Claro que o bicho não defecou mais nada e claro que reentrámos em casa tarde e más horas. Não jantei, só bebi um chá. Não sei se comi demais ao almoço ou se foi da fatia de bolo que comi a meio da tarde, mas a a verdade é que estava sem fome. Agora que o dia já dobrou e já virou domingo é que me está a dar uma fome das danadas. Mas não vou a esta hora aquecer bolonhesa ou qualquer outro resto do almoço. Saco.
Se calhar ainda vou é comer um dióspiro, quiçá acompanhado por uma fatia de queijo de cabra. Isto só visto. Bem quero fazer dieta e até estava a pensar que pular o jantar só me fazia era bem. Afinal estou aqui esgalgada de fome, prestes a marimbar-me para o açúcar do dióspiro e para a gordura do queijinho, isto estando prestes a ir para a cama. Caneco.
Escuso de dizer que não vi televisão, não sei de nada que se tenha passado no mundo. Também não me apeteceu ir à cata de notícias. O dia foi bom, bom, bom, feliz, morninho com o calorzinho do dourado sol de outubro, não estou para estragá-lo com pepineiras ou, pior ainda, com putinices ou vendavais e dilúvios. Hoje estou noutra.
Parti direto para o Youtube e, aí, o meu amigo presenteou-me com mais uma boa galhofada. Coisa boa, a gente rir.
Não há nada mais divertido do que os exageros e os trejeitos bem dispostos de uma bicha assumida. Ora vejam.
4 comentários:
Olá UJM
Cá em casa o meu marido também tem esse péssimo hábito de me acordar antes do despertador, fico possessa e levo uns minutos a refilar.
E também temos o mesmo nome para o meu sogro, o meu marido e o meu neto. Só escapou o meu filho que não que eu não goste donone mas já eram muitos, pois também há um prino e um afilhado. Falta de imaginação.
Manuela Sousa
Maridão chato hein!. Um fato é verdadeiro. Os homens não prestam para nada e por isso, muito jovem, decidi para meu bem, casar com uma mulher, lol
Da bicha não comento, embora diga que: Seja feliz
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Um domingo feliz.
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Olá Manuela,
Engraçado...!
Quanto a nomes, um dos tios do meu marido também tina esse nome tal como o avô. E esse tio tem um filho, primo direito do meu marido que também tem o mesmo nome tal como deu o esse nome ao filho.
Quando o meu filho nasceu não sabíamos qual o sexo. Se fosse menina já tínhamos nome mas, para menino, não. Eu tinha uma premissa: qualquer nome menos esse. Já chegava. Chamava-se um, respondiam meia dúzia. Mas depois não atinávamos com nenhum outro nome. Foi registado no dia limite pois andámos até lá a ensaiar nomes. Durante uma semana foi Manel. Depois foi Francisco. Também tentámos Diogo. Mas depois a minha mãe perguntava-me pelo Manelinho e Manelinho não me soava bem. O meu cunhado chegava para ver o sobrinho e perguntava pelo Francisco Pinto Balsemão. Outras vezes pelo Diogo Freitas do Amaral. Pensei em Gonçalo. A minha mãe, que na altura era professora no activo, dizia que tinha a sala cheia de Gonçalos. Pronto, acabou por ter o mesmo nome do pai.
Portanto, está a ver a confusão quando a família está toda junta...
Falta de imaginação, de facto!
Um abraço, Manuela.
- R y k @ r d o -
Escolheu uma forma criativa de escrever o seu nome!
O maridão não é sempre chato, calma aí. Só de vez em quando, em especial quando antecipa o meu despertar.
Uma boa semana!
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