Passou por aqui uma antipática e controversa criatura que opina sempre com enervante sobranceria. Estava a falar dos mercados, pareceu-me. O meu marido, que é quem estava com o comando, tirou-a logo da nossa sala. Mas disse que ela era capaz era de ter jeito para filmes pornográficos. Dei-lhe razão. Uma impiedosa dominatrix. Não consigo perceber qual o racional que justifica que alguém contrate tal pessoa para falar em televisão. É má, antipática, tendenciosa e, receio bem, algo perversa. Poderia dizer 'parva' mas não digo, estou em dia bom.
Estou é com muito sono. Levantámo-nos cedo para irmos com a fera à sua aula. De quinze em quinze dias vai mostrar os progressos que fez e aprender novas técnicas. As aulas são mais para nós que para ele. Ele aprende logo. Nós é que nem tanto.
Depois de ter começado, no primeiro dia, por querer atacar e, à bruta, fazer de tudo para afugentar o instrutor, pessoa com pós graduação em comportamento canino (coisa que desconhecia que existisse), agora está amicíssimo dele. A gente queixa-se que é um urso, implacável com estranhos, e... ele derretido e aos beijinhos ao homem. A gente diz que ele é um teimoso e um maluco e... ele obedece a todas as ordens e porta-se como um fofo. Só visto. Contado não se acredita.
A seguir demos um passeio pelo parque, grande parte do tempo debaixo de água. Bonito mas molhado, o passeio.
Dali seguimos para casa da minha filha para ajudarmos em tarefas de arrumações e decorações. Os rapazes crescem, precisam do seu espaço, têm as suas coisas que já não são de criança.
Viemos de lá à tarde e eu achei que estava merecedora de um gelado, daqueles maravilhosos. Ocorreu-me, até, que poderíamos ir passear ali perto, para a Guerra Junqueiro, lugar de que muito gosto e que, em tempos, esteve elencado para lá arranjarmos casa.
Não descobrimos, na altura, mas descobrimos ali perto, na Avenida da Igreja, muito perto do jardim. Era um apartamento com seis assoalhadas, grandes, e que tinha até um logradouro, transformado num jardinzinho simpático. Entusiasmados, apalavrámos. Nós dois na maior alegria. O pior era em casa. Enfrentámos uma resistência tão forte por parte dos nossos filhos, uma frente unida, que não tivemos outro remédio senão desistirmos. Eu e o meu marido achávamos que viver ali, numa zona tão simpática e tão perto dos nossos trabalhos era o máximo. Eles, conservadores, não quiseram mudar de sítio. Ela já namorava e nem pensar em deixar de morar ao pé do namorado. Ele praticava um desporto cujo pavilhão era perto de casa e da escola e recusava-se a mudar. Cedemos. Pouco tempo depois ela mudou de namorado e ele fartou-se daquele desporto. É no que dá irmos na conversa dos filhos...
Mas dizia eu que me tinha ocorrido ir até à Guerra Junqueiro. Afinal desatou a chover que deus a dava. Ainda comi o gelado. Duas bolonas: gianduja e cheesecake. Se era para a desgraça, que fosse das valentes. Bom, de morrer a chorar por mais. Quanto ao passeio, desistimos. Voltámos para casa, fui ao supermercado e, depois das coisas arrumadas, fizemos o passeio do costume, por aqui mesmo.
Quando regressámos era de noite. O dia inteiro fora de casa. E um sono...
Outra coisa. Chega o mau tempo e a gente que anda o ano quase todo de manga curta, fica com vontade de aconchego.
A minha mãe, por exemplo, anda com alguma vontade de fazer um casaco de malha para ela.
Escolheu um modelo que nos mostrou e que não mereceu o nosso apoio. A minha filha disse que era um casaco à velha. Eu também achei, sobretudo pelo cor de castanho acinzentado escuro, coisa deprimente. Está a caminhos dos noventa mas não a vemos, e não queremos ver, como velha. Ontem disse que viu um, numa loja, que era bonito. Pensa aquilo que eu pensei quando me desmotivei de fazer camisolas e casacos de malha: há tanta coisa à venda a bons preços que, na volta, não faz muito sentido gastar-se dinheiro em lãs ou gastar tempo a fazê-los. E já falava era de fazer-me mais um poncho. Não me desagrada a ideia pois gosto imenso de ponchos. Mas há casacos de malha tão bonitos que resolvi fazer uma pesquisa e enviei-lhe uns quantos por mail. Casacos elegantes, modernos, com cores de gente que gosta de viver e de confecção pouco complexa. Gostou. A ver se a convenço a fazer um que é lindo.
Só que, ao pesquisar casacos e ponchos, também eu fiquei com uma vontade danada de pegar em lãs e desatar a improvisar, a fazer peças originais, com modelos coloridos, com um toque macio. Que vontade... Há quanto tempo... Até uma manta macia, linda, com um mescla de cores fluida. Que vontade de fazer.
Um bom dia de domingo
Saúde. Tudo de bom. Paz.
8 comentários:
Um bom domingo UJM.
Sempre com tantos planos na cabeça, que dinamismo tem !
Isso de fazer tricots, casacos, camisolas para nós já me desiludiu há muito, sabe? É que as lãs são caras e muitas vezes desiludem, ficam feias com as lavagens e com o uso.
Na verdade ,mais vale comprar e não se tem tanto trabalho.
Eu só faço coisas pequenas, meias, camisolas para os netos que, num abrir e fechar de olhos ficam prontas.
...e não nos deixe ficar sem a companhia do seu blog, não nos troque pelas malhinhas, não?!
Aproveite o dia de hoje, mesmo com chuva . Maria
regra geral os filhos nunca agradecem o esforço dos pais.
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Saudações cordiais … domingo feliz
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Há já muito tempo que não faço camisolas nestes últimos anos vou fazendo alguns cachecóis para oferecer. Não deixe de escrever aqui que gostamosdas suas histórias.
Manuela Sousa
Boa noite UJM,
Faço coro com os demais leitores.
Gostamos das suas historias, das suas análises da actualidade, de "vermos" os seus pimentinhas crescerem, das traquinices do vosso cãopanheiro. Gostamos do que escreve.
Compreendo a necessidade de fazer nascer uma obra, dar-lhe cor e forma. Tambem me acontece mas cedo perco o interesse por uma renda, já ninguem usa, uma toalha bordada para o jantar de Natal, há estampados tão modernos.
Até aqui ficava-me pelas camisolas e casacos para a pequenita, agora com os seus espevitados cinco anos só quer os de compra e com capuz.
Pois e pintar de noite é dificil, não é?
Um abraço e até amanhã.
Olá Maria,
Sempre gostei muito de trabalhos manuais: bordados, tapete de arraiolos (tenho várias carpetes e tapetes feitos por mim), crochet, tricot, pintura. Mas sempre fiz isto à noite. Trabalhava de dia, fazia o gosto ao dedo à noite. Mas com isto do blog, tive que pôr isso de lado, senão não dormia. Mas sinto falta.
E a verdade é que não fazia mesmo sentido fazer obras que não têm grande préstimo quando há tanta coisa boa e a bom preço (camisolas, casacos, toalhas de mesa de crochet, individuais bordados, etc). E já não tinha onde pôr as carpetes. Nem os quadros.
Mas sinto falta, sinto mesmo.
Penso que um dia que me reforme vou ter tempo para tudo. A minha mãe bem me avisa: vais ver, não vais é ter tempo para nada...
Obrigada pelas palavras simpáticas, Maria. E o dia foi calmo, bom. Espero que o seu também tenha sido bom.
Uma boa semana!
- R y k @ r d o -
Por acaso não penso isso. Creio que os meus filhos sempre reconheceram o esforço dos pais. Não me queixo disso (nem de nada). Simplesmente as circunstâncias mudam, eles mudam, as prioridades mudam (tal como as nossas). E na adolescência tudo é urgente e importante. Para eles, naquela altura, era fundamental ficarem a morar no mesmo sítio exactamente pois toda a sua vida girava em torno das suas experiências da altura.
Pouco depois, pensavam já outra coisa. É o processo de crescimento, é normal.
Uma boa semana!
Olá Manuela,
Essa de fazer cachecóis é uma boa ideia. É rápido e dá para haver alguma criatividade. Tem é que se acertar na lã para não picar, não desfear, não ganhar borbotos, para ser levezinha. Vou pensar nisso. Gostei da ideia.
Obrigada, Manuela. Uma boa semana!
Olá Pôr do Sol,
Os meus mais crescidos até já ligam a marcas. Os rapazes gostam de coisas com um toque desportivo. E a minha menina, já crescida, gosta de ser ela a escolher as suas toilettes. Mas, por exemplo, a minha fez-lhe um poncho de crochet às cores e ela gostou imenso. Se calhar, se eu lhe fizesse uma peça bem bonita, talvez ela gostasse.
E as minhas pinturas... pintava, sem conseguir parar, até tarde. Ao fim de semana, então, ficava até às três ou mais da manhã. O meu marido passava-se com o cheiro das tintas (embora eu achasse que os acrílicos quase nem tinham cheiro). Mas gostava de fixar com verniz e o verniz cheirava que se fartava. Mas tem razão: tinha que ter as luzes todas acesas. Não dava jeito, mesmo. Para matizar as cores nada melhor que ter a luz do dia para conferir.
Escrever, para mim, é também, de certa forma, fazer trabalhos manuais. Os dedos voam e dançam no teclado. Mas são palavras soltas no vento, voam de mim. E tem razão: gosto de ver nascer o trabalho das minhas mãos. Por exemplo, o prazer de fazer tapetes de arraiolos. Trabalha-se horas e horas, dias e dias, meses e meses, mas depois nascem as carpetes que duram uma vida. Eu hei-de morrer e os meus tapetes cá hão-de continuar. E gosto dessa ideia...
Mas, enfim, até que saiba encontrar uma boa alternativa, aqui vou continuando nesta empreitada, escrevendo, escrevendo...
Beijinhos, Sol Nascente. Uma semana feliz!
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