sábado, setembro 10, 2022

Os meus dias complicados --- e Hanna Naude e a sabedoria de não saber

 


Não foi hoje, foi já noutro dia. Estive num lugar muito especial não apenas pelo simbolismo mas também pelas pessoas que ali de vez em quando se reúnem. Mas a própria decoração e todo o ambiente são únicos. Tive lá uma reunião que marca um passo importante na minha vida. Se eu pudesse falar, teria matéria para vários posts. Mas não posso. Portanto fica apenas o tópico, talvez para que num improvável dia em que por aqui passe encontre este registo.

Esta semana foi complexa, tive muito trabalho, enfrentei situações complicadas, prenhes de conflitos, por vezes com ameaças ou chantagens veladas não sobre mim directamente mas em relação a circunstâncias sobre as quais me cabe decidir. E foi uma semana com aquela particularidade que me deixa francamente cansada: tudo consecutivo, quase sem tempo para descansar a cabeça, para respirar. Num dos dias o meu almoço foi metade de uma daquelas espécies de pudim com proteínas. Umas colheradas apressadas na esperança que encobrissem a fome até às quatro e tal que logo tentaria comer mais qualquer coisa. Mas, afinal, as coisas atrasaram-se, há sempre solicitações inesperadas, pessoas que sentem necessidade de ser ouvidas, problemas que se enredam uns nos outros. Regressei a casa perto das cinco e já estava a receber telefonemas de que já estavam à minha espera para começar outra reunião, esta remota. Por isso, só às sete e tal, já começava a querer escurecer, ao fim da segunda reunião (da segunda depois das cinco, leia-se), é que consegui ir à cozinha buscar uma maçã e sair para ir fazer uma rápida caminhada.

Nada disto interessará a quem me lê e, na verdade, nem a mim interessa. Mas a verdade é que semanas assim passam tão a correr que nem dou por elas e isso é um bocado aflitivo pois sei bem que o tempo não espera por mim. 

Esta sexta-feira, que tinha pensado que talvez fosse um dia mais tranquilo, foi outro dia complicado. Para já, começou demasiado cedo. Por duas vezes esta semana fui acordada por telefonemas complicados. Gosto de me levantar ao meu ritmo. E não estou a conseguir. Pensei que, para compensar, ia tentar despachar-me cedo. Pensei que gostaria de, ao fim da tarde, me ir sentar debaixo do manto de jasmim amarelo tentando retomar o imbróglio em que me meti na minha escrita. Não consegui. Recebi chamadas até depois das sete e, no fim, ainda tive que ir fazer um mail também complicado. Fomos, então, caminhar aqui à volta. Os pássaros grandes e pretos que não sei se são gralhas, corvos ou melros grasnavam no topo dos grandes pinheiros. Deve ser a forma que têm de se despedir dos dias. Quando chegámos a casa eram oito e tal. E era quase de noite. E isto ainda a hora não mudou. Quando mudar, lá para fim de outubro, já é noite cerrada por volta das sete, ou antes. Detesto mergulhar no breu quando o meu dia de trabalho acaba e estou disponível para começar o 'meu' dia.

À hora de almoço, comi a correr e fui atender uma chamada lá fora. Ouvi o toc-toc de um pica-pau. Queria olhar com atenção para ver se o descobria. Mas logo tive que ver uma coisa no computador. E só agora voltei a lembrar-me desse pássaro tão lindo que é o pica-pau, bicho colorido, todo festivo.

Muitas vezes me pergunto se é problema meu não saber repelir o trabalho. Não sou capaz de me furtar às minhas responsabilidades mesmo quando sinto que não são apenas minhas ou não são, de todo, minhas. Mas sou incapaz de, perante alguém que me relata um problema e me pede ajuda, dizer: 'O que é que tenho a ver com isso? Desampare!'. Não sou capaz.

E, com esta minha estupidez intrínseca (provavelmente nasci mesmo para burra de carga), estou a deixar passar o verão, daqui a nada o outono entra já com o pano a baixar, prenunciando o inverno, e não consigo dizer o que tem andado a consumir o meu tempo para assim me impedir de viver fazendo minimamente o que me apetece.

E com isto não me sobra tempo para equacionar aspectos que podem ser decisivos numa etapa da minha vida que se avizinha. Mas, pronto, é sexta-feira e as sextas-feiras são para ser festejadas: thanks god, it's friday..

Aliás, pensando bem, vi agora as oras e já é sábado. 

No outro dia apeteceu-me falar sobre as medidas do Governo para atenuar os efeitos da inflação mas ainda não tive disponibilidade, sobretudo mental, para isso. A ver se um dia destes falo. Estava também à espera de saber as medidas para poupança de energia pois, em alguns pontos, poderiam intersectar-se. Afinal não. Posso contudo adiantar que fiquei decepcionada e, mesmo, algo apreensiva, em especial no que se refere aos pensionistas. 

Mas agora já chega de maçadas. 


Por isso, permitam que me despeça com um daqueles vídeos da Green Renaissance que sempre gosto de ver. Tudo gente boa onda, zen, tudo peace and love, natureza, sabedoria, convívio com animais e com tudo o que é simples nesta vida. Gente que vive vidas tão diferentes da minha...

The wisdom of not knowing

Why are we so obsessed with knowing everything? While there's nothing wrong with knowledge and understanding, our insatiable desire to know and control all aspects of our lives often gets in our way of trying new things.  

There is no shame in not knowing, there is only freedom.  An uncertain mind is an open mind. It is a mind which is curious and interested.  It allows us to be creative and willing to live in a state of wonder and possibility, like children do.  

When we meet life with a genuine sense of uncertainty, we cease to project that which we think we know, and we instead begin to see life for what it truly is.  It is life itself, unfolding before our eyes.

Filmed in Montagu, South Africa. Featuring Hanna Naude.
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As fotografias são algumas das que podem ser vistas em Bird photographer of the year – the winning pictures

Mariam Batsashvili interpreta Franck: Prélude, Fugue et Variation, Op. 18: I. Andantino
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Desejo-vos um dia bom
Saúde. Tranquilidade. Paz.

1 comentário:

Monteiro disse...

E o típico trabalho da insegurança social que dá naquilo que não devia dar.