Björn Andrésen tinha catorze anos, chamava-se Tadsio em 'A morte em Veneza' e nunca se tinha visto beleza tão inocente, tão perfeita... tão tentadora. As mulheres enlevavam-se. Os homens sentiam-se atraídos. Não sei se todos, se apenas alguns. Nem sei se todos o confessariam. A beleza do rapaz era talvez andrógina, talvez etérea. Um anjo atrevido, ambíguo.
Mas os anos passaram. Björn Andrésen tem agora sessenta e sete anos e é avô. O lugar de rapaz mais belo do mundo ficou em aberto.
E nem Brad Pitt, que se apresentou jovem e descarado e nos desinquietou em Thelma & Louise, conseguiu destroná-lo.
O lugar tem estado livre.
Mas já não está.
Nos filmes em que o vi sempre me espantei com a intensidade, com a leveza, com a graça, com a agilidade elegante.
Acresce que há nele qualquer coisa que faz com que possa vestir qualquer coisa. Apesar de um pouco desengonçado, tudo nele assenta bem. Pode ser um smoking, pode ser um casual, pode ser uma loucura qualquer. Fica lindo, insolentemente lindo de qualquer maneira.
Na Mostra de Veneza arrojou de vez, uma coisa nunca antes vista. Os fotógrafos ficaram malucos e não o largaram. E eu, se lá estivesse, faria o mesmo.
2 comentários:
vaidades... prefiro o ideal másculo na beleza masculina.
esse filme do Visconti tem muito que se lhe diga. não é um músico em busca da perfeição. ele próprio sabe que não a encontrará, rodeado por saltimbancos, figuras de pesadelo-Lynch, caricaturas.
à superfície gosto daquela "confusão", daquele tumulto interior, que o faz procurar de que doença padece: se está no espírito ou naquela Veneza maldita. tem também a cena final, que é quasi-bíblica, de dimensão e gosto.
Aqui a futilidade tem espaço.
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