Um Tinder personalizado, dizia um dos participantes na série a propósito de se recorrer a uma casamenteira. Para dizer a verdade, podendo parecer uma coisa antiquada ou contranatura, parece-me um processo interessante.
Se uma pessoa não anda por aí com um letreiro nas costas ou na testa a dizer: 'Estou à procura de parceiro/a', como é que descobre outros que também andem? É que, se espera que ele/a lhe caia no colo, pode esperar a vida inteira.
Se um dia o acaso não me tivesse bafejado com a sorte de o meu olhar se ter cruzado com o de um desconhecido, a esta hora poderia estar casada com outra pessoa ou, o mais certo, já me teria divorciado (e, na volta, já teria tido mais uma dúzia de relações falhadas). A vida é isto mesmo: acasos que nos levam por caminhos que se encontram e desencontram. Às vezes corre bem, outras não.
E, até aí, tudo bem. Onde a coisa se estraga é quando as pessoas não prosseguem o processo com abertura mental (e realismo) para um romance e, pelo contrário, vão para os encontros como se fossem avaliar candidatos e emprego, interrogando-se mutuamente à cara podre e, por vezes, não conseguindo disfarçar expressões de tédio que desmoralizam o 'concorrente'. Noutros casos, é o oposto: estão num tal estado de carência que, de cada vez que conhecem alguém, atiram-se completamente de cabeça, acreditam que daquela vez é que é, que encontraram o amor da vida delas, e aceleram de tal maneira que a pessoa do outro lado se assusta e bate em retirada.
Esther Perel é uma psicoterapeuta que tem explorado a tensão entre a necessidade de segurança (amor, pertença e proximidade) e a necessidade de liberdade (desejo erótico, aventura e distância) nas relações humanas.
Os conselhos que ela dá --
- que não se disseque a seco (passe a redundância) a outra pessoa, que não se encoste a outra pessoa à parede bombardeando-a com perguntas de tipo curricular, que não se anule a sedução e o mistério e o tempo de namoro que é essencial para que as pessoas se revelem
e que, pelo contrário,
- se interaja com a outra pessoa em ambiente descontraído, em situações normais, entre amigos, em família, dando tempo ao tempo, deixando que a descoberta mútua aconteça ao ritmo certo -
parecem-me acertadíssimos.
Dating Advice: How To Turn a Spark into a Flame
Os primeiros encontros podem ser emocionantes, exaustivos, misteriosos, chatos, fáceis ou trabalhosos. O que determina o sucesso ou a decepção de um primeiro encontro tem menos a ver com uma faísca imediata e mais com a criação das condições certas para transformar essa faísca numa chama persistente que nos deixa com vontade de experimentar mais. Quando estamos apenas a começar a conectar-nos com uma nova pessoa, é tudo uma questão de contexto, educação, sedução e conexão. Quando o namoro é difícil, pode parecer um jogo que não sabemos jogar. Mas, concentrando-se nessas quatro áreas, podemos deleitar-nos com brincadeiras não gamificadas - essa qualidade de romance, humor e facilidade que, quando combinada com uma conexão autêntica, inspira ambas as partes a ir mais fundo.
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