Estou a ver um maravilhoso programa de culinária no 24Kitchen com Silvia Colloca que fala de comida italiana. Cozinha ao pé dos convidados numa bela varanda rodeada de natureza. Conversa, envolve a conversa, a comida e o ambiente com sorrisos. Há ali leveza, boa disposição. A partilha de experiências e de memórias ao ar livre e em volta de uma panela de onde se evolam os belos cheiros dos cozinhados é uma coisa boa.
E ao ouvir falar de iguarias italianas lembrei-me de quando fui ter uma reunião numa empresa em Milão. Para começar, fui à vontadinha pensando que se poderia ter as reuniões em italiano pois tinha a ilusão de que, mais coisa menos coisa, as parecenças entre o português e o italiano seriam suficientes para nos entendermos. Ilusão. Nem pouco mais ou menos. Há palavras tão diferentes que bloqueiam o entendimento de toda a frase. Acabámos por ter que usar o inglês o que me deu muita pena pois adoro o italiano.
Os comensais em todas as mesas conversavam animadamente. Lembro-me de virem grandes taças de comida e era comida apaladada, com molhos suculentos. E nós ali no meio do campo, no mais inesperado restaurante. Parecia uma animada reunião de família.
Andei à procura na net mas não descobri. Pode até já não existir. O mais parecido que encontrei foi este aqui acima.
Outra coisa de que me lembrei ao ver o programa (na parte do gelado de morango) foi de quando, em pequena, ia apanhar morangos com o meu avô. A casa dele era geminada de um dos lados. À frente e do outro lado tinha um jardim que era mais o pelouro da minha avó. Nas traseiras, num terreno que ia em socalcos por ali acima, o meu avô tinha a sua horta. Plantava batatas e cebolas e isso ocupava a zona maior. Depois tinha feijão verde que trepava por umas canas cruzadas e que eu gostava imenso de ir apanhar.
O tomate alongado também trepava por canas. O meu avô apanhava-os com as ramas e entrançava-as, guardando suspensos na casinha que avia no quintal e onde cebolas e tomates suspensos pelas respectivas ramas aguentavam o ano inteiro.
Outros tomateiros eram menos atrevidos, cresciam mais modestamente, sem se arrebitarem tanto.
Tinha também alhos, alfaces, couves, salsa, coentros. E tinha árvores de fruto. E depois, num canteiro elevado, havia morangos. Eram miudinhos mas carnudos, macios, muito docinhos.
Ainda hoje tenho esses cuidados apesar de, se calhar, os morangos que compro no supermercado nem saberem o que é terra.
Também tenho uns chocos que congelei fresquinhos, por amanhar, sujos da sua tinta. Tenho que fazê-los cozidos, com as suas entranhas. Só é preciso tirar, antes de servir, a saqueta da tinta que está em baixo e que tem matéria áspera. Cortados aos bocadinhos, a gomosidade dos interiores, azeite, cebola crua às lasquinhas, salsa. Bom demais.
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E é isto. Por ora, nada mais me apraz dizer.
Deixo-vos apenas com um vídeo que mostra Silvia Colloca para quem ainda não a conhece.
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