É tema que já aqui veio várias vezes. É daqueles que receio sempre não saber abordar por não ser capaz sequer de imaginar o que é uma mulher viver sempre amedrontada na sua própria casa tendo que conviver com um homem que a mantém em permanente estado de alerta, sempre com medo de lhe provocar alguma reação que o deixe zangado, sempre com receio de que, a partir de uma qualquer insignificância, se gere uma situação de violência, seja ela física seja psicológica.
Como se consegue dormir e continuar a trabalhar, fingindo que se leva uma vida normal, quando a angústia é uma garra que aperta o coração e destrói a alma?
Como se consegue sobreviver quando já se ultrapassaram mil barreiras psicológicas e já se denunciou a situação e, no entanto, ninguém levou a sério nem tomou as devidas providências?
Como se consegue arranjar coragem para continuar a descobrir forças para proteger os filhos e a família, para que não sofram, para que não vivam aterrorizados? Como se consegue?
E como se consegue continuar a ter esperança quando há polícias que não agem rapidamente e juízes que desculpabilizam os agressores e ainda fazem recair sobre as mulheres-vítimas parte da responsabilidade pela violência?
O que devemos fazer para, como sociedade, não aceitarmos mais situações testas? O que devemos fazer para criar condições para que qualquer mulher que tenha sido ou receie ser agredida saiba como agir para viver em paz e sossego, livre de ameaças e maus tratos?
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As fotografias foram editadas por Alexsandro Palombo, ao que parece sem ter pedido autorização às respectivas figuras públicas. No entanto, estou em crer que não se importarão. Kate Middleton, Ursula von der Leyen, Letizia, Kamala Harris, Christine Lagarde e outras aparecem em nome de tantas mulheres anónimas de quem só se ouve falar quando são assassinadas pelos companheiros.
Esta série, 'She reported him,' não é a primeira. Já antes tinha feito uma idêntica cujas fotografias foram afixadas nas ruas para denunciar a indiferença com que deixamos que estes crimes continuem a acontecer entre portas. Angela Merkel, Brigitte Macron e outras apareciam igualmente com os rostos desfigurados.
Todos os anos várias mulheres morrem às mãos dos seus algozes. Mas as que morrem são os casos limites. Por cada mulher que morre, muitas outras sofrem em silêncio, escondendo as agressões, disfarçando os hematomas, sorrindo como se não fosse nada, apenas uma queda sem importância..
Nesta campanha Alessandro tenta chamar a atenção para que não basta incentivar as mulheres a denunciar a situação: há que garantir que o Estado as consegue proteger, amparar, dar-lhes sustento enquanto viverem sob resguardo.
Para quem esteja interessado, poderá ver o artigo no qual tomei conhecimento desta campanha: Kate Middleton défigurée par des hématomes, l’image choc d’une campagne contre les violences conjugales
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Agora que falo nisto, a quem subscreva a Netflix quero sugerir a Maid. É daquelas séries que quem vê nunca esquecerá.
É uma série curta e excepcional baseada em situações reais vividas pela autora do livro sobre o qual se fez a série. Não é uma série negra, não é escancaradamente dramática. É contida, é terna, transporta esperança e mostra como a coragem é uma coisa cheia de riscos e retrocessos mas na qual brilha, ao fundo, uma luzinha que indica o caminho de saída.
E Margaret Qualley, como Alex, a jovem mãe que foge a um companheiro violento e com problemas de alcoolismo e que, para sobreviver e pagar o seu sustento e o da filha, suporta, com brio, todas as vicissitudes de um trabalho exigente e mal pago, é verdadeiramente excepcional.
Maid
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Desejo-vos uma boa semana a começar já nesta segunda-feira
Saúde. Sorte. Boa disposição.
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