Como em tudo na vida, há quem queira antecipar-se a problemas maiores e há os que querem ter a certeza que há desastre para, só então, agir. Há muitos anos que lido com pessoas de ambos os tipos. Como a minha natureza é a do primeiro grupo, fico sempre numa angústia quando vejo a calma com que os do segundo tipo aguardam que elas aconteçam para então reagirem.
Claro que, ao fazer-se tudo para prevenir as desgraças, se corre o risco de, a posteriori, face a elas terem sido evitadas, aparecerem uns quantos a dizer que são alarmistas os que se preocupam em prevenir acidentes para nada.
Seja. Acho que o esforço é melhor expendido a evitar desgraças do que a sará-las. Não se trata de exercer futurismo ou artes divinatórias. Tendo os modelos matemáticos como tema de afeição, não me parece difícil antever a trajectória de algo em movimento, veículo ou pandemia, quando se conhecem todos os dados para traçar as funções e as tendências e para efectuar previsões.
No caso da pandemia, com uma evolução conhecida e inequívoca, com os números a confirmarem todos os dias as piores previsões, não há que esperar muito mais. Esperar para saber o quê? Que o número de mortos vai continuar a aumentar? Que as vagas hospitalares vão continuar a escassear? Que o pessoal hospitalar está a rebentar de exaustão e a escassear porque também infectado ou em quarentena? Esperar mais o quê? Que tudo piore de uma forma ainda mais traumatizante?
O que se aguarda para proceder a inspecções à qualidade do ar nos locais onde as pessoas caem para o lado como tordos (lares, por exemplo) ou ficam infectadas aos molhos (empresas, por exemplo)? O que se aguarda para verificar se há as condições de distanciamento e/ou arejamento recomendadas em locais em que várias pessoas respiram o mesmo ar?
Por que raio de carga de água se focam nas pessoas que andam ao ar livre e nada dizem sobre as pessoas que adoecem às quarenta e cinquenta de cada vez no mesmo local?
E o que se aguarda para fechar escolas, resguardando um número muito maior de pessoas?
Caraças.
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Salve-nos a graça de Charlie Chaplin, a deliciosa matreirice do miúdo e a ternura inocente (e carente) dos enamorados
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