Espero bem que, a esta altura do campeonato, já não exista vivalma que não saiba que este não é lugar que se recomende. E, se há dias em que ainda tento disfarçar, outros há em que simplesmente deixo correr. E hoje é um desses dias. Quem tiver juízo, estrelinhas de bom comportamento na caderneta, comenda ou título académico emoldurado, anel de curso com a pedra a condizer e outras boas qualidades, deve retirar-se o quanto antes. É que, vou já avisando, hoje baixou em mim o espírito do serviço público, educação gratuita para toda a gente. E, junto, desceu também o espírito da suprema curiosidade. O que há por aí? Para que serve? Como se usa? Porque, sabeis bem, quanto mais avanço na idade mais inguinorante me vou fazendo. Parece que o mundo roda numa direcção e eu, ao lado, rodo noutra. Mas, volta e meia, cá para mim quando os eixos se alinham, ocorre-me que, se não me instruo, chegará o dia em que me sentirei totalmente estrangeira. Temo não saber falar a mesma língua, não ter as skills, quiçá as soft skills, para me enturmar. E, então, faço por me educar. E, como gosto de partilhar tudo o que sei, aqui estou.
E, quando me refiro às soft skills, não me refiro a saber fazer aquele indispensável small talk que, esse, eu, em querendo, já domino na perfeição. O tempo, se fizemos ou não boa viagem, se já ali tínhamos estado, se conhecemos o conferencista. Banalidades dessas tiro de letra. Não. Refiro-me a temáticas mais especializadas. Por exemplo, sobre futebol não arrisco uma dica. Fico caladinha ou, se quero dar ar da minha graça, ainda arrisco: 'Eu sobre isso só tenho a dizer que acho uma obscenidade o que essa gente ganha'. Geralmente faz-se algum silêncio porque não vem nada a propósito. Acrescento, então: 'Será que o fisco lhes segue os movimentos bancários, as compras, o património?' Talvez porque algum dos presentes, nessa matéria, poderá ter algum little rabito levemente preso, fazem que sim-sim com a cabeça, na base do: 'Faz-se de conta que tá bem mas bora lá mas é desviar-lhe a atenção' e continuam na deles. E eu, esgotadas as minhas fracas munições de diversão, volto a ficar calada. Mas também pode um deles, o espertalhaço de serviço, desatar a falar dos milhares de livros que tem, quer em papel, quer no iCoiso, e querer fazer de conta que já leu tudo e que sabe tudo. Só que, a cada coisa que refere, eu faço uma cara sorridente e digo que nunca ouvi falar. Como sou tida por também ter bué, fica estranho para toda a gente: qual dos dois não diz a verdade? ou qual dos dois só lê porcaria? E eu curto essa dúvida, alimento até.
Mas há ainda outro small talk que tem a ver com as viagens. Tudo o que é cão e gato conhece todo o mundo.
Dantes diziam à boca cheia que tinham posto o pé em cada rincão do planeta a convite de tudo o que era grande fornecedor. Sentiam-se importantes por terem sido convidados para andarem de rabo alçado a conhecerem países e bons hotéis. Toda a gente queria ver referências no estrangeiro ou queria ver laboratório de pesquisa, ou feira ou treta. Tudo de cu tremido a fazer papel de grã-fino papa milhas. Agora, tá bem abelha, já não se fala nessas borlas. Agora que as empresas desataram a fazer manuais de ética e o escambau toda a gente meteu a viola no saco e fala de outras coisas, coisas mais na base na cultura, teatro em Londres, Museu em Florença. Aí gosto de destemperar: 'Ah, boa. E, olhem, os passadiços do Paiva?'. Zero. Ninguém conhece. 'E Vila do Conde? Tão linda..'. Bola. Não sabem bem onde é que pára a Princesa mas também não querem dar parte de fracos. E vou perguntando por outros lugares abençoados. Nada. E concluo com ar saudoso-bucólico: 'Tão lindo o nosso país... não acham?'. Sorrisinho amarelo. Não diziam mas pensavam: 'Praiazinha fluvial, serrazinha de meia-altura...? Esta tem a mania que é eco-outsider e gosta de se armar em pobrezinha... coisa mais patética, na volta é daquela mania de dizer que o coração lhe bate à esquerda'. Isto, claro, antes do corona. Aposto que, agora, se voltar a haver cenas destas, presencialmente falando, a converseta já vai ser outra. Resta saber é quando é que isso vai ser.
Mas hoje o meu amigo algoritmo resolveu presentear-me com dois vídeos que despertaram aquele meu lado erótico-soft que, segundo o APS, apimenta os meus dias. E gostosamente o faz, tem razão.
E eu, que gosto de ser desafiada, que gosto de me instruir e, sobretudo, que gosto de me divertir, não me fiz rogada. Confesso que não fiquei entusiasmada em, a seguir, ir em busca de aulas práticas mas que a teoria adquirida pode vir a ser-me útil como ice breaker ou para compor algum small talk mais árido, ah, lá isso parece-me que vai. Por exemplo: 'E, mudando para um assunto mais interessante, qual dos colegas e amigos já usou bolas chinesas?. Já estou a vê-los ruborizados: 'Ups... falou em bolas chinesas...? Mas usá-las...? Como...? O que quer dizer... desculpe...?' E eu. maliciosa: 'Mas quê...? Pensavam que era coisa só para mulheres... Olhem que não, olhem que não...' e faria de conta que estava a disfarçar e que não tinha olhado para um deles... e logo para o suposto macho alfa do grupo. Depois diria baixinho, para o lado: 'Mi engana qui eu gosto...'
Bem. Agora muito a sério. Num registo confessional posso ainda acrescentar que, de alguns apetrechos, até fiquei com medo (por exemplo, se me aparecia um parceiro armado em cão ou a enfiar uma espécie de lâminas pelo énis acima, acho que desatava a fugir a sete pés). E reparem como consigo fazer um post destes sem uma palavrinha sexual que seja; até porque, que eu saiba, énis sem p não encaixa na categoria dos objectos sexuais. Mas achei graça ao rabo de raposa. Ah, sim, lindo, macio... Acho que me ficaria bem. Teria era que arranjar outra forma de encaixe. Mas não digo mais senão ainda dizem que, para além de não sei o quê ainda sou uma spoiler do caraças.
E, finalmente, aqui vai disto: objectos sexuais para todos os gostos. É escolher, minha gente.
E saúde, sorte na escolha, e um bom dia com alegria.
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