Já lá vou. Já falo do discurso do Marcelo, já falo do Guterres, do Medina, da reacção entusiástica do PSD e do CDS, e dessas cenas todas.
Mas agora, se me permitem, cedo à minha veia diarística e vou contar o que fiz para o almoço.
Dia feriado e, ainda por cima, um feriado renascido, é dia de celebração. Nada de alusivo que, no meio da confusão, acho que ninguém se lembrou de mencionar porque é que, a meio da semana, estávamos todos como se de um fim de semana se tratasse.
Dia de ajuntamento cá em casa. Depois de sopesadas as alternativas, a opção foi: brunch.
Claro que, para mim, brunch não é bem brunch (porque tenho dificuldade em ficar amarrada a definições, a seguir receitas, etc) mas não faz mal. Eu chamo-lhe brunch, todos vêm para o brunch e ninguém reclama do brunch. Portanto, continuemos a referir-nos ao repasto como brunch. De resto, a combinação era que não começássemos tarde, não depois da uma senão acabava por dar para muito tarde. Portanto, apesar de não ter muito a ver com um pequeno almoço, também não foi um almoço muito a sério. Brunch, portanto.
Ora, então, muito bem. Cá vamos.
Mas antes deixem que faça uma ressalva. Uma vez tinha-me eu posto nisto, a dizer o que tinha feito para o almoço ou para o jantar, já não faço ideia, quando leitora daquelas de tipo vizinha-censora aqui me apareceu a dizer que eu gostava de exibir abastança, pois referia sempre uma fartura de comida, um exagero. Claro que poderia ter-lhe chamado a atenção de que exibicionismo é algo de que não devo ser acusada porque aqui não tenho nome ou corpo, sou apenas alguém, anónimo, que escreve umas coisas e as atira para o vasto espaço sideral. Portanto, não espero que, indo eu na rua, alguém me olhe com admiração dizendo 'olha, aquela ali deve ser muito abastada porque faz comida que se farta...'. Nonsense, portanto. De resto, isso da quantidade também deve ser visto em função do número e do apetite dos comensais. Quando são muitos, uma mesa enorme cheia de gente de boa boca e melhor garfo, a quantidade tem que ser ajustada.
Sopa de tomate
Claro que a sopa de tomate também não é bem sopa de tomate. Invento enquanto faço. Conto como foi a de hoje. Numa panela, ponho azeite, uma cebola generosa cortada aos bocados. Frige ligeiramente. Junto 4 tomates bem maduros e de bom tamanho. Envolvo. Depois junto 3 batatas doces de tamanho médio, uma boa quantidade de alho francês. Junto água e sal. Quando ferve, junto 3 ovos (sem casca) para escalfarem. Quando os legumes e os ovos estão cozinhados, retiro os ovos e, com a varinha mágica, reduzo a sopa a um puré bem macio. No prato, corto os ovos aos bocados e junto-os à sopa.
Ovas de bacalhau cozidas. Como não tem nada que saber (cozer, cortar às rodelas, temperar) não entro em pormenores.
Ovos mexidos
Numa frigideira junto azeite, bacon cortado aos cubinhos minúsculos. Depois de alourarem, junto ovos e mexo.
Numa outra frigideira, junto azeite e o recheio de meia farinheira aos bocados. Aloura. Cá fora mexo ovos com leite. Junto à farinheira, envolvo, mexo ao de leve até que estejam cozinhados.
Massa de lacinhos. Nada que saber, cozer, escorrer, temperar.
Paté de atum (esmagar o atum com um garfo e misturá-lo com ketchup; fica óptimo misturado com as massinhas)
Duas pizzas big size: uma com frango, queijo de cabra e rúcula e outra com presunto e alcachofras
Uma tábua de queijos
Salmão fumado. Presunto.
Salada de alface com tomates cherry.
Pão de vários tipos.
De sobremesa: crumble de maçã (não digo como fiz porque não fiz, comprei na Padaria Portuguesa)
Depois de almoço e depois de terem brincado nem sei bem a quê (corriam, gritavam, perseguiam-se), os quatro pimentinhas formaram uma banda e cantaram para o público. O mais novo que, bebé pequeno já trinava como um passarinho e palrava sem inibição, tem uma veia teatral e uma boa voz para a cantoria que espantam. Canta canções infantis ou de natal como se fossem rock, muda a letra das canções e acelera-as, dança e salta como um rockeiro, sabe a letra inteira de canções do Agir ou dos Tais Quais. A irmã e os primos acompanham-no à guitarra, na bateria ou nas maracas -- e os adultos fazem coro e aplaudem.
Quando se retiraram, arrumámos tudo, atirámo-nos para o sofá e caímos num sono profundo. Já bem ao fim da tarde, resolvemos ir dar um passeio. Estava um calor de ananases mas a luz estava dourada, alourando o rio, o casario, os corpos que, àquela hora, ainda se estendiam junto à margem do rio.
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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma belíssima quinta-feira.
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4 comentários:
Nota às receitas da JM: possivelmente pela pressa em se despachar, disse que deita os ovos descascados na sopa. Só me lembro de descascar ovos se estão cozidos, não julgo que consiga descascá-los crus; se os quero escalfar, digo que os abro. Que é na verdade o que fazemos, abrimos os ovos e deixamo-los cair dentro do recipiente.
E agora, se me dá licença, vou ver o que escreveu mais abaixo
Caríssima UJM, boa noite
Como me alimento muito de sopas, fiquei com água na boca quando li a a sua sopa de tomates. Vou fazer.
Obrigado e uma noite tranquila
HB
E Viva a Republica !
Olá,
Coisas, tambem importantes são esses momentos de reunião de amor e humor. As crianças enchem uma casa e deixam-nos um cansaço bom.
Improvisar comidas diferentes que a todos agradem nem sempre se consegue. Gosto muito de sopa de tomate mas nunca me lembrei de juntar batata doce. Tem toda a lógica para atenuar a acidez do tomate. Fica para a próxima.
Gostei dos discursos deste 5 de Outubro. Dão-nos uma esperança de que vamos no bom caminho.
A. Guterres é de facto um Senhor, consciente do seu papel. não sei como ainda tem paciencia para actos tratados com tão pouca seriedade. Deus o ajude.
Enfim, é o nosso Portugal onde ainda há muita gente boa.
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