quinta-feira, julho 21, 2016

O que poderia ser um passeio para fazer com tempo


Sintra


Gosto muito de passear. Quando penso em ir, não me ocorre muito ir de avião, muito menos de barco, mas, sim, de carro. Ou seja, o que me parece natural é ter comigo o meu próprio meio de locomoção.

O meu marido em tempos tinha a ideia de ter um daqueles carros-caravana. Um primo nosso tinha um, com beliches, cozinha, uma salinha, casa de banho. Gostavam daquilo, eles. No entanto, isso a mim nunca me atraíu muito pois limitar-nos-ia a ter que procurar parques de campismo. Uma colega minha aluga uma coisa dessas e vai com o marido e com os filhos e diz que, por vezes, ficam mesmo nas cidades. Mas não sei. 

Parece-me que ir num carro normal e ir dormir a hotéis é mais tranquilo e nos dá mais liberdade.

Torre em Belchite, Espanha, destruída durante a Guerra Civil


Também gosto de andar de comboio, gosto até muito, mas acho que o comboio é bom para viagens ponto a ponto. É que, se o percurso pretendido é variado, a rede nem sempre nos leva onde queremos ou implica muitas mudanças. Ou seja, quando estou no ir é em ir de carro que penso. O problema é que sendo as férias curtas, ir de carro tem a limitação do tempo. Ou seja, só limitações, umas por razões profissionais, outras por razões familiares.

Dantes viajávamos bastante. Agora, desde o AVC do meu pai, faz-me impressão ir para longe e, por isso, poucos passeios temos feito. Fazemos cá em Portugal e bastante que gosto deles, o nosso país é lindo. Contudo, sinto a falta de me pôr ao largo.

Hotel del Salto, Colômbia


Para me animar, penso, então, que um dia que estejamos de férias todo o ano, haveremos de fazer os passeios que quisermos.

Um que eu gostaria de fazer, seria ir visitar belos lugares abandonados. Fascinam-me esses edifícios que, um dia, foram imaginados para serem vividos em felicidade e que, fruto das circunstâncias, se viram sem ninguém e que, apesar disso, apesar das inclemências do tempo ou da força da natureza, resistem, mostrando ainda vestígios da sua antiga beleza.

Claro que isto sou eu a sonhar porque, se lá fosse, a esses lugares misteriosos e decadentes, haveria de ter medo de lá entrar, medo que as paredes ou os tectos ruíssem, medo que aparecessem monstros, espíritos, gente fora do mundo, tigres azuis, vozes sem corpo, assustadoras respirações.

Uma solitária e esquecida igreja em Frnça

Um dos locais que, ao ver as fotografias, me inquietam e, ao mesmo tempo, mais despertam a minha curiosidade, é a infinita escada para o paraíso. Na origem da sua construção estiveram motivos bem prosaicos e, na prática, o que se pode dizer é que terá sido um projecto falhado. De manutenção difícil e muito perigoso, há formas mais expeditas e seguras de chegar ao cimo do monte. Mas, abstraindo-nos desse lado mais pragmático, é uma constução maravilhosa com quase 4.000 degraus.

Stairway to Heaven’, Oahu, Hawaii
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Talvez um sonho. Talvez uma impossibilidade eu ir um dia ver sítios assim. Talvez nunca passe disto, de ver as fotografias destes lugares solitários, belos, que resistem à decadência que o impiedoso devir do tempo lhes reservou. Não faz mal. Também gosto de imaginar e de ir viajando pela internet, vendo fotografias, descobrindo lugares mágicos que talvez um dia recuperem a vida que conheceram em dias felizes. Ou que vão acabando aos poucos, dust to dust.

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Edifice


Dirigido, editado e filmado por Rogerio Silva
Coreografado e interpretado por Carmine De Amicis e Harriet Waghorn 
Música de  Alaskan Tapes "Then Suddenly, Everything Changed"

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E queiram, por favor, descer para uma paródia encenada para gozar com a confirmação do clown Trump para canditado conservador à presidência dos EUA. Parece anedota. Parece mesmo.

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4 comentários:

Pôr do Sol disse...

Cara Jeitinho,

Se tem a curiosidade de visitar casas e lugares misteriosos com historia e, se por acaso ainda não o fez, tem aqui perto algo digno de um filme de terror. Permita-me que sugira uma visita à Quinta da Regaleira em Sintra.

Visitei-a há uns anos e fiquei sem vontade de lá voltar. Impressionou-me as raízes e troncos das arvores de tão estranhas, o facto de não haver uma formiga, um passaro, uma lagartixa, nem uma flor, nem um simples trevo. As arvores e arbustos não axalavam qualquer odor. Ali não havia nada vivo. Para isto, não achei que fosse suficiente a sua relação com a Maçonaria.

Bom fim de semana, bons passeios, de preferencia em sitios bonitos.

bea disse...

Há lugares muito bonitos; essa igreja em França tem uma beleza solene, mas nem pagando bem alguém me levava a subir alguns degraus dessa escadaria em direcção ao céu. Também tenho mania de casas antigas, lugares com marca de gente; se forem bonitos, tanto melhor.

Pôr do Sol disse...

BolaS!
Não sei como perdi o comentário.
Mas dizia eu que, se se interessa por sitios e casas estranhas e com historia, puderá aqui perto visitar, se é que já não o fez, a Quinta da Regaleira em Sintra.

Visitei aquele lugar há poucos anos e fiquei sem vontade de lá voltar, embora passe ao portão muitas vezes.

Impressionou-me as raizes e troncos das arvores, muito estranhas. Não vi uma formiga, um passaro, uma borboleta ou uma lagartixa. Não havia uma flor nem simplesmente um trevo. As arvores e arbustos não exalavam o mais leve odor. Não havia nada vivo naquele lugar.

Fiquei a pensar se a sua ligação à Maçonaria seria justificação para tal cenario, digno de filmes de horror.

Boa noite. Bom fim de semana com bons passeios por sitios bonitos, que lavam a alma.

bea disse...

Pôr do sol eu fui lá picada por uma data de mosquitos. Dos outros bichos e insectos não sei e nem me lembro. Acho-a um espanto de boniteza e tem aquele fascínio de secretismo que, embora desvendado, mantém a aura. Penso que já a utilizaram em alguns filmes, o cenário condiz, sim.