quinta-feira, fevereiro 04, 2016

Nossa Senhora de Fátima vai ter um perfil no Facebook?
E a investigação do Caso Marquês já vai no Jumbo? E na Fnac?
Ai... na volta já estou a ser escutada... (comprei o livro do Sócrates numa Fnac... que medo)
O melhor mesmo é eu entrar numa catedral. Na Sagrada Família. Entrem comigo, por favor


Bem, agora que já falei da inesperada prisão de José Eduardo Martins na sequência de eu me ter insurgido aqui com o seu desempenho nos debates na SIC, já posso virar-me para a religião.

Cá vou eu.



Bem, antes disso, para que não se gere para aí algum boato, rectifico: claro que não foi por eu me ter zangado com ele: aquilo foi mesmo uma pegadinha de carnaval. Claro. Quiseram que ele pensasse que tinha alguma coisa a ver com o Caso Marquês, até o puseram na mesma cela onde já esteve Sócrates e tudo. 
Ah, agora a propósito: mais outra piadola. Li, juro que li, que a grande investigação ao Sócrates levada a cabo por esse super-crânio que dá pelo nome de Rosário Teixeira já descambou de vez em pura anedota. Imagine-se onde é que os agentes da justiça agora têm andado a fazer buscas? A sério. Quem não leu a notícia, feche os olhos e imagine onde pode ter sido. Ok, eu digo. Agora andam no Jumbo, no El Corte Inglês, na Fnac, na Bertrand. Querem ver as listas de vendas de 1.500 livros de Sócrates porque acham que isso são vendas a mais, que esses hits costumam estar reservados ao José Rodrigues dos Santos. Já lhes explicaram que a amiga ou o amigo compraram alguns para oferecer a outros amigos e familiares ou para enviar para militantes socialistas que pediram. Mas não. O Rosarinho não vai nessa, ó Vanessa. Não, o Rosy quer saber os detalhes: no Jumbo, quem comprou, porque é que comprou, como pagou, onde arranjou o dinheiro para pagar?
Um dia destes ainda aqui me aparecem dois paisanas, armados em maus, pistola em punho, ui que medo, para eu ir, algemada?, prestar declarações. 
Pois daqui eu confesso: comprei um livro do Sócrates numa Fnac. Paguei com cartão. Pago o cartão com o meu ordenado. O meu ordenado é legal e sobre ele pago impostos. Não tenho nenhuma casa em Vale de Lobos. Não sou prima do presidente da Venezuela. Não sou uma das cinco mulheres de Sócrates. Não é o amigo de Sócrates que paga a minha conta da luz nem que paga ao meu patrão para ele me pagar a mim. 
Só estou para ver se, no fim disto tudo, a mega-operação Marquês tem é a ver com a concorrência que o Sócrates fez ao José Rodrigues dos Santos

Bem, onde é que eu ia? Ah, ia no José Eduardo Martins. Mas sobre isso falo no post abaixo, não aqui.

Aqui agora quero falar numa coisa. Estávamos nós a jantar, conversando, espreitando a televisão, quando reparamos que está um padre a falar das obras na Igreja (penso que na Basílica) e o senhor padre fala nas aparições e nas peregrinações e mostram as obras mas, ao entrevistarem os fiéis que por lá andam, as pessoas não sabem bem o que foi, uma diz que está igual mas mais branca, outras pessoas andam à procura dos pastorinhos, depois ouvimos dizer que os túmulos dos pastorinhos estão lá num corredor e mais qualquer coisa e, nós sem prestarmos muita atenção, e, então, aparece uma jovem, toda moderna, nada de freiras nem de padres, uma Relações Públicas completamente à civil, toda moderna, falando das comemorações, concertos e o escambau e até que vão estar ou já estão nas redes sociais. O meu marido que se tinha distraído, exclamou: 'É pá, mas o que é isto?'.

Fui agora à procura e encontrei uma notícia sobre as Comemorações do Centenário (Cento e cinquenta iniciativas assinalam centenário das aparições em Fátima) e leio que, de facto, há uma assessora executiva da Comissão do Centenário, Carla Abreu Vaz. Acho que é esta menina bonita aqui ao lado.

Repare-se que, ao escrever isto, não estou a criticar. Isto é mesmo espanto. Como não frequentamos estes meios, ainda estamos naquela de, em Fátima, aquilo ser organizado e gerido por padres ou freiras; e isto de nos aparecer assim uma moçoila, toda fashion, qual Roberta Medina a anunciar as novidades do Rock in Fátima, deixa-nos de boca aberta. 

E eu interrogo-me: Nossa Senhora irá twitar? Mandará fotos para o Instagram? Gostará que lhe ponham muitos likes no Face? Haverá bué de people a querer amigar-se com ela?

E, uma vez mais, isto não é crítica ou gozo: é que isto me deixa mesmo pasma. Sou de uma outra era. Uma vez, teria eu uns 16 ou 17 anos, não sei, os meus pais lembraram-se de ir conhecer o Santuário de Fátima. Acho que tínhamos ido ver umas grutas lindas ali perto, cheias de estalactites e estalagmites, e o meu pai todo prosa com explicações à volta do calcário e de depósitos sedimentares e tal. Lembro-me que eu tinha uns calções justos e curtinhos, uns little shorts avant la lettre, e uma blusinha de alcinhas, decotada atrás e à frente. Por essa altura usava o cabelo bem comprido mas, enfim, não servia de véu. Acho que fomos com amigos. Nem sei se não fomos até com uma das minhas avós. Mas cada um andou para seu lado, aquilo era enorme. Por todo o lado eu via cenas que despertavam a minha curiosidade: pessoas a andar ajoelhadas, com panos nos joelhos já em ferida, velas com formatos de pernas e braços, sei lá. Às tantas, vi que os meus pais iam a entrar para a Basílica e resolvi ir também espreitar. Mas, nessa altura, quando eu ia a entrar, veio um padre ter connosco a dizer que eu não podia entrar assim: tinha que cobrir o corpo e pôr um véu ou não podia entrar. E a minha mãe também um véu. O meu pai passou-se. Todo ele anti-beatice, aquilo pareceu-lhe uma afronta. A minha mãe ficou também indignada mas não queria que ele se pusesse para ali a discutir com o padre, e, por isso, disse que eu também não precisava de entrar e que ela também não. Alguém sugeriu que eu arranjasse um casaco comprido e que alguém me haveria de emprestar um véu mas eu também já não quis. Achei aquilo verdadeiramente ofensivo, não me deixarem entrar na igreja. Nunca mais me esqueci disso, eu, uma miúda, a ser barrada à porta da igreja.

E agora aparece uma moça, leiguíssima, a falar de festividades religiosas na maior ligeireza, públicos de todas as idades, concertos, sei lá, e com redes sociais à mistura... Estou a ficar pré-histórica. Desapareceram as irmãzinhas da caridade? E padres? Também já são uma raridade? Fátima já estará nas mãos do Luís Montez? Ou já terá caído nas mãos de algum fundo chinês? Ai...

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O vídeo lá em cima é Enra, "pleiades" numa interpretação e coreografia de Saya Watatani e Maki Yokoyama com música de Nobuyuki Hanabusa.

As fotografias são da autoria de Mark Leeming (excepto, acho eu mas não garanto) a da Carla Abreu Vaz.

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Bem. Ainda não é hoje que falo do lobo. Mas, para não darem o vosso tempo por perdido, deixem que vos convide a ver o vídeo abaixo sobre a fantástica Sagrada Familia em Barcelona que, mais do que uma catedral, é um sonho de um homem, uma epopeia em pedra, uma inexplicável utopia que se fez obra, uma casa próxima do paraíso, um castelo, um abrigo, uma desmedida loucura. Vejam, por favor, até ao final para verem como se espera que esteja quando estiver pronta, o que talvez aconteça em 2026.


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E, pronto, agora a seguir é que vem o José Eduardo Martins e a sua extraordinária aventura na prisão.

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2 comentários:

Anónimo disse...

Obrigada. Já não me ria tanto desde quando aquele senhor que ainda mora em Belém caiu nos braços do general....

Anónimo disse...

Ouvi um padre a falar sobre essas obras, o que me chamou a atenção foi ele dizer que iriam ou foram de uma valor avultado. Não devem dar matemática nos seminários


Sei que a igreja nova custou quarenta e tal milhões sem recorrer à banca.

Uma vez perguntei ao um professor de macro, porque é que não se colocava máquinas de esmolas, para as contabilizar e assim o fisco ía ali buscar uma pipa de massa.

Parece que está ao nível de outras "actividades" não taxadas

Bob Marley