No post abaixo falei-vos de um amigo silencioso que agora aparece por aqui, do lado de fora, a espiar-me com ar circunspecto, e de uma inovação no transporte de caruma e folhas secas.
Aqui, agora, continuo mais ou menos no mesmo comprimento de onda. Tenho andado em limpezas. Hoje foi dia de aplicar restaurador nos móveis de madeiras. Aplico em grandes quantidades para as madeiras absorvem e ficarem hidratadas, com ar feliz. Claro que, nos primeiros momentos, fica tudo húmido, molhado mesmo, reluzente. Mas, depois, a madeira bebe o líquido e fica macia, bonita.
Numa vez em que um senhor da aldeia me arranjou uns móveis, pôs-lhes cera de abelha e as madeiras ficaram lindas mas eu aqui não a tenho e, de qualquer maneira, deve ser mais difícil aplicar cera do que este produto. Gosto imenso de fazer este género de coisas, gosto de ver tudo com ar de novo, limpinho, cheiroso. Amanhã vou aplicar cera líquida nas tijoleiras do chão. Tenho é que escolher uma altura em que tenha a certeza de que o meu marido não vai entrar pois é certo e sabido que, mal acabo de lavar o chão ou encerar, ele há-de aparecer e, se não o intercepto a tempo, fica-me o chão todo espezinhado. É uma luta que travo há anos. Ele diz que é porque eu demoro tempo demais e que, inevitavelmente, a meio, ele há-de precisar de alguma coisa cá de casa. Não sei, o que sei é que não se ensaia nada para pisar o chão molhado; e depois diz que nem reparou.
Mas andava eu nas minhas limpezas interiores, antes de me deslocar para os trabalhos no exterior, quando me lembrei de fotografar algumas coisas para mostrar às Leitoras Rosa Pinto e GG. É capaz de parecer presunção da minha parte isto de achar que vão gostar de ver até porque já antes tenho mostrado imagens cá de casa, mas, enfim, é como se as estivesse a convidar para entrarem, virem ver, virem cá lanchar comigo.
Mas sei que não é nada de especial, é apenas a minha casa - e eu não tenho pretensões a ser grande decoradora mas, enfim, sinto-me bem aqui e as pessoas que cá vêm também costumam gostar. Tem muita luz, muita cor e umas peças antigas que herdámos ou recebemos de presente e de que gosto muito.
Na fotografia abaixo, em primeiro plano, está a mesa depois de lhe ter aplicado o dito produto. Ao fundo, no aparador, debaixo do espelho grande, ao meio, está uma balança das antigas, de pratos (de latão?), com pesos, que era do avós do meu marido e que, dos avós, passou para umas tias e das tias para o meu sogro e, do meu sogro, para nós.
As louças são do Espaço Fortuna, de Azeitão, oferecidas pela minha mãe. A taça grande ao meio da mesa foi comprada por mim em Sagres
Abaixo mostro parte da lareira. Na parede por cima, tenho um quadro que não é um quadro, é um tabuleiro antigo a que foram retiradas as pegas, em que entre a madeira do fundo e o vidro, tem uma seda bordada com desenho e ponto das colchas de Castelo Branco, uma peça muito antiga, feita pela mãe de uma senhora amiga. Essa senhora minha amiga é da idade da minha mãe e a mãe dela fez isto quando era nova, ainda solteira. Por isso, imagine-se quantos anos tem isto. Por tudo e pela sua beleza própria, é das peças cá de casa de que muito gosto.
Na madeira da lareira podem ver-se três peças de artesanato. Uma menina pernalta, peça de artesanato urbano, um Santo António e um copo de barro alentejano, ambos de artesanato mais tradicional. O copo faz parte de um conjunto de jarro e meia dúzia de copos e meia dúzia de pratos que o meu avô, quando eu era miúda, me ofereceu uma vez que fomos passear ao Alentejo. Lembro-me dele, nesse passeio, me querer oferecer alguma coisa e, para surpresa de todos, eu ter escolhido isto. Entretanto, já se partiram alguns pratos e copos. Mas ainda subsistem alguns, memória do gosto que o meu avô fez em me oferecer uma coisa que eu, há tantos anos, já achei tão bonita.
Os livros, como se vê, estão a transbordar da prateleira de tijoleira que ladeia a lareira. Terão que sofrer uma intervenção arrumadora, também eles. Talvez faça um banquinho como aquele que a GG mostrou no outro dia, num comentário que deixou lá mais abaixo.
Aqui em baixo, um conjunto de peças (tralha, diria o meu marido) que tenho mesmo aqui à minha frente, neste momento. Estão no móvel onde está a televisão e o leitor de DVDs. Eu agora estou sentada no sofá em frente, enquanto vejo a RTP 2.
Há uma mulher (ou uma santa?) em madeira, uma galinha, um xilofone, uma ovelha que é uma vela e um buda e ainda há um cubo aberto, dourado, que tem uma vela lá dentro e que praticamente não se vê na fotografia. Na parede por cima tenho um painel de azulejos. Nada disto tem muito a ver uma coisa com a outra mas acho que há nas cores e nesta aleatoriedade algo que tem muito a ver comigo.
Não parece mesmo que o badocha gordalhufo está no gozo a olhar para a galinha que se pôs ali a tirar o protagonismo à santa? Acho o máximo. Vou variando o que está na sua mira porque me dá vontade de rir a expressão de gozo dele.
Enfim. Maluqueiras minhas.
...
Tinha em mente ainda transcrever uns textos divertidos sobre João César Monteiro, um louco encartado, mas acho que por hoje já chega, não vos maço mais.
....
Relembro que, abaixo, poderão saber quem é o agente secreto cujo olhar parece ter vindo do frio e que anda a espiar as minhas andanças campestres.
....
Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela sexta-feira.
Divirtam-se, descansem, sejam felizes - está bem?
...
2 comentários:
Bom dia.
Sorriso nos lábios quando vejo o seu post, uma delícia.
As fotos estão muito boas.
Gosto da decoração e desse tal restaurador, que deixa um cheirinho agradável. Casa acolhedora e a UJM uma ternura.
O seu jeito simpático faz com que o meu iogurte da manhã tenha outro sabor.
O seu companheiro de arrumações é muito bonito. A cor do pelo e os olhos. Faça-lhe uma festa por mim.
Adorei do café!!!!
* Adorei a ideia do café!!!
Enviar um comentário