sexta-feira, novembro 28, 2014

O Super-Alex voltou a atacar. Uma vez mais, o omnipresente Juíz Carlos Alexandre munido com 200 agentes e 14 magistrados passou 34 edifícios a pente fino. Bancos, casas, nada lhes escapou. Desta vez foi o BES mas esta semana fez o pleno. E vamos lá a ver o que é hoje.


No post abaixo homenageei alguns dos grandes do meu País que enobrecem o que nele é grande. De vez em quando há assuntos que me deixam feliz. Espero que também gostem.

Mais abaixo ainda, o espaço é de humor. Foi atar e pôr ao fumeiro: os Leitores a enviarem e eu a partilhar convosco. 


Mas isso é a seguir. Aqui, agora, a conversa é outra. É tempo de falar de Justiça, ou melhor, do nosso fantástico super-Justiceiro.

Ele está em todas. Numa mesma semana avia buscas, inquéritos, numa tarde produz um despacho de 250 páginas, sei lá: um verdadeiro Speedy Gonzalez.

Depois, a seguir, embrulha-se tudo, muitas vezes provas mal paridas, suspeições infundadas, trapalhadas, recursos, e geralmente nunca nada dá em nada. Mas isso não interessa. O super-Justiceiro deve mover-se por objectivos: revirar 50 casas por semana, fazer 100 horas de interrogatório por semana, produzir 600 páginas de despachos. Se isso vale de alguma coisa, ora abóbora, problema dos outros que ele já fez a parte dele.


E vá de Música, por favor.




Vou já avisando: não o conheço, não tenho fontes directas nem de alguma forma tenho inside information. Apenas sei o que leio nos jornais e ouço e vejo na televisão - mais nada.

Isto dito, deixa-me lá voltar à cold cow.

Não há dia que passe que o Super-Alex não dê nas vistas. Super-Mediático chama-lhe Proença de Carvalho e não o podemos negar: ele tem um comportamento super-sónico e as câmaras de televisão esperam-no para onde quer que ele vá. [Como é que as câmaras chegam lá antes dele é outro pormenor que também não interessa].


O super-Justiceiro Carlos Alexandre, o grande moralizador da sociedade portuguesa, aplica mão pesada em quem cospe no passeio ou diz palavrão, em quem dá pum, em quem esconde o bolo do primo ou apalpa o rabo da vizinha e, com um bocado de sorte, talvez se ocupe ainda de alguns criminosos a sério.

É que ele está em todas, senhores. Ora interroga o Ricardo Salgado para perceber para onde mandou ele os milhões que sumiram do BES, ora revira a Administração Pública a ver onde se escondem os malandros que aceitam garrafas de vinho a troco de favores a chinocas, ora revista farmácias e laboratórios a ver se descobre onde é que guardam as coisas que não apareceram nas primeiras buscas meses atrás, ora prende Sócrates e tenta descobrir em que gaveta da sua casa é que ele guarda as cartas que troca com a mãe ou manda revirar a garagem onde ele guarda os papéis a ver se descobrem quem o corrompeu (porque, caraças, alguém há-de ter sido), ora, alguns meses depois do alerta, volta à carga com o BES a ver se alguém deixou alguma prova esquecida - e por aí anda ele. Esta quinta feira parecia ir tudo de arrastão, casas do Salgado e de mais não sei quantos, banco, escritório de advogados, e sei lá que mais, trinta e quatro sítios revistados, uma festa. 


De cada vez que as noticias dão conta de que o Super-Alex anda pela cidade com 200 agentes à solta, a gente pensa: quem é que será que vai dentro desta vez? O que é que ainda falta passar pelo crivo do Castigador Super-Alex? Quem é que ele vai punir desta vez? E como vai ele exercer as punições: chibatadas, pimenta na língua, solitária, câmaras de televisões em tempo real apontadas à cara?

E a gente interroga-se ainda mais: mas será que são sempre os mesmos agentes ou há-os por aí aos montes, aos cachos, em resmas, paletes? É que, dia sim, dia não, a gente ouve que há nova investida, ouve que foram largados nada mais nada menos que 200 ou mais agentes e mais uma dúzia de magistrados. E, quando ouvimos isso, já sabemos: aí andam o super-Alex e o infalível Rosário Teixeira em nova surtida (aquele tal que, até hoje, ainda não acertou uma, umazinha que seja - pelo menos de entre as que se lhe conhecem). Uma dupla gira esta, Alex & Rosy.

É certo que com tanta busca, tanta prova, tantas horas de gravações, tanto material recolhido por tanta centena de agentes, tanto processo, tanto arquivo, tanta trapalhada, a coisa não poderia correr bem: cometem erros, dá ideia que se metem em tanta coisa ao mesmo tempo que depois não conseguem dar vazão, os processos arrastam-se durante anos, ensarilhando-se uns nos outros, uma seca. Ao longo de anos, chocam, chocam mas a gente nunca vê nascer nenhum pinto.

Outra coisa, ignorância minha: ainda não percebi bem - com esta coisa da separação de poderes e esta frase que não há papagaio que não repita, à política o que é da política e à justiça o que é da justiça - se cada um depende de cada qual, quem é que articula esta tropa e gere esta barafunda toda?

Será que uns são geridos pela Loura da Cruz e outros pela Vidal de Saias ou nem isso e estão em roda livre? 

E será que as duas se coordenam entre si para ver se a coisa corre bem ou a tal da separação de poderes passa por aí? Não sei, pergunto. 

O Super Alex e o fofinho do Rosarinho pertencem a filmes diferentes que apenas se juntam na ponta final ou andam unidos a ver se tramam bem tramados os suspeitos? O segundo apura provas e o outro, imparcialmente, vê se o Rosarinho não se excedeu? Ou estão sempre em sintonia? Pergunto, e perguntar não ofende.

A questão é que me preocupo com estas coisas, é claro que me preocupo, que eu cá sou lerdinha das ideias e não percebo nada disto.

Ponho-me à varanda a pensar nestas coisas complicadas, e só ouço as sirenes lá fora a cruzar as ruas, a cidade em estado de sítio, banqueiros e reguladores, polícias e notários, ex governantes e secretários gerais, farmacêuticos, enfermeiros e analistas, toda a gente suspeita, toda a gente a ser revistada, toda a gente de pulseira electrónica.

Bem que me ponho à varanda, uma catatua no corrimão a cantar-me cantigas de amor, e eu a tentar distrair-me, a imaginar que o super-Alex me vai aparecer aqui, me vai tirar para dançar, e eu linda, formosa, XL e fogosa, e as mangas desaparecem e transformam-se em alças e o decote insinua calientes desmandos e os cabelos crescem e tornam-se louros e ele põe um chapéu e arranja tempo para me fazer rodopiar no salão. Ah, que bom seria, que bom. 

Sonho impossível, o meu? Porquê? Se ele arranja tempo para tanta coisa porque é que não há-de arranjar um tempinho para vir aqui ter comigo, dançar no salão, os 200 polícias a guardarem o nosso slowzinho gostoso, o nosso segredo, o senhor do SIS a vigiar, e nós, ternurentos, a sussurrarmos palavrinhas doces*?

_____


* Fugas de informação? Quem é que falou em fugas de informação? Eu disse palavrinhas doces e, de resto, isto sou eu a imaginar, que eu, como é sabido, sou uma moça muito imaginativa, ora essa. O Super-Alex tem lá tempo para bailaricos e outros devaneios.


________________


As imagens representam pinturas de Fernando Botero. Mas a primeira imagem, a do senhor que está lá em cima a pensar se há-de dar uma perninha de dança, é o Super do Ticão, ou seja, o Juíz Carlos Alexandre a quem eu, porque sou dada a carinhos, aqui trato por Super-Alex.

_____


Tinha ideia de falar ainda no Estado Negreiro em que este desGoverno está a transformar Portugal, pegando em desempregados e pondo-os a trabalhar por tuta e meia. A indignidade a que esta gente obriga os desprotegidos e indefesos parece não ter limites. Mas já não consigo, estou muito cansada. A ver se amanhã.
_____


Relembro: no post já a seguir, o palco é dado, muito justamente, a gente muito boa que faz coisas muito boas, coisas que são Património Imaterial da Humanidade. Mais abaixo ainda é tempo de desbunda, de gargalhada e de humor (ainda que talvez a atirar para o humor negro)

______


Tenho sono demais e não consigo reler o que escrevi. Por isso, por favor relevem barbaridades que encontrem.

Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela sexta-feira. 

...

4 comentários:

Anónimo disse...

gosto sempre de ler outros pontos de vista

http://www.ptjornal.com/politica/2014/11/26/prendem-socrates-para-nao-tocar-em-portas-e-barroso-diz-garcia-pereira.html

GG

Anónimo disse...

A não perder

OPINIÃO
A presumível inocência de Sócrates
JOÃO MIGUEL TAVARES 27/11/2014 - 01:34
Tenho todo o direito de presumir que Sócrates é culpado daquilo que o acusam – pela simples razão de que as regras do espaço público não são as regras de um tribunal.

João Lopes

Anónimo disse...

Quando a boca foge para a verdade.Zézinho,Zézinho.

http://youtu.be/JoOAqzLEqwE

Steve Wonder

FIRME disse...

Com votos de B.F.S.,e vossa autorização,passo a descrever o último comunicado da P.G.R.:Ao contrário do que vem sendo noticiado,a operação dos 200 agentes com o super juíz ,não procurava...indícios de qualquer burla mas sim junto das muitaS cinzas encontradas,qual seria a marca de charutos que a NOBRE família gastava...A operação foi um êxito total !segue assinatura: ilegível....VIDAL !