No post abaixo já vos presenteei com a minha douta opinião sobre a humilhante goleada de 4-0 da Alemanha sobre Portugal. Talvez agora a infantil euforia que parecia ter tomado conta dos media esfrie um bocado e deixe a equipa concentrar-se no que tem que fazer dentro das quatro linhas (como sói dizer-se). Alguma maturidade e capacidade de reflexão não fazem mal a ninguém.
Admirados com esta minha ousada incursão...?
Se o Professor Marcelo pode estar meia hora a dissertar sobre futebol em horário nobre na TVI, disputando o lugar aos comentadores encartados, porque não hei-de eu, que também sou especialista em generalidades, dizer o que me vem à cabeça, ora essa?
Não sou de andar a enviar piu-pius pelo espaço galáctico nem selfies enternecedoras pelo facebook ou blogosfera, nem a distribuir likes e outros fogachitos por amigos e afins mas, enfim, não sou de ferro: também tenho os meus momentos de fraqueza. E é assim que, não resistindo a cavalgar a onda, me permito pôr-me para aqui a opinar sobre o 1º jogo da selecção neste Mundial.
Não sou dada a pressentimentos, a nada disso, mas qualquer coisa me andava a dizer que isto tinha tudo para ser um flop. Não ouço vozes do além (credo, vade retro) mas, no meio dos meus voos planados, acho que consigo captar a fragrância do ar do tempo, juntar um e um e, por vezes, até intuir que a coisa é bem capaz de dar dois. E, se não der dois, dá onze que é quase a mesma coisa.
Mas isso é no post a seguir. Aqui, agora, a conversa fia mais fino.
_ _ _
Andava a prometer-vos isto há que séculos mas queria traduzir e ainda não tinha conseguido tempo para isso. É hoje. Mas agora, para o conseguir acabar, vou confessar: tive que fazer batota. Substituí uns dois ou três parágrafos, ou quatro, nem sei, por uns pontinhos entre parêntesis - caso contrário ainda não seria hoje e já me sentia uma vendedora de banha da cobra. De qualquer maneira, no final, vou deixar-vos o link para o artigo original (até para que, quem se entenda razoavelmente bem com a língua inglesa, possa ler exactamente o que o autor escreveu já que eu, inadvertidamente ou por nabice, posso ter subvertido alguma parte do texto ao traduzi-lo apressadamente).
Os links que aparecem no texto são da minha responsabilidade. Usei graffitis do grande Banksy, de quem tantas coisas já aqui publiquei, respeitando o espírito do artigo original que apresenta um recorte de um graffiti que lhe é atribuído. Usei também duas outras imagens que são de artistas de rua inspirados nele (e que encontrei num livro que aqui tenho e que se chama Planet Banksy - The man, his work and the movement he inspired). E usei duas fotografias que encontrei via google para ilustrar a GCHC e a máquina usada para decifrar as mensagens nazis.
Mad Rush para nos acompanhar, por favor
[Philip Glass]
_ _ _
Depois de uma hora a secar com dois oficiais de comunicação, o acesso a Doughnut – o maior edifício de serviços secretos construído fora dos Estados Unidos e onde trabalham 4.000 empregados – foi assegurado.
Os telemóveis são confiscados e cartões de acesso e respectivos códigos de acesso são emitidos.
Imediatamente à nossa frente, encontramos na parede o emblema da Sede de Comunicações do Governo (GCHQ), que está sedeado em Cheltenham, Gloucestershire em Inglaterra. Depois de subirmos por uma escada mal iluminada, estreita e em espiral, chegamos ao que se chama 'A Rua' (‘The Street’) no 2º andar. The Street, ocupada por agentes, é como que um caminho largo e comprido, mais de 500 metros de comprimento, decorada com palmeiras e sofás e cadeiras confortáveis, circundando o interior do edifício.
A primeira paragem é o Museu de Criptografia, onde se encontra a famosa máquina Enigma, para lembrar como uma anterior versão da GCHQ descobriu os códigos nazis na II Guerra mundial. É também uma recordação de como o mandato do CGHQ se ampliou e de como a tecnologia se desenvolveu.
Escondidos em pisos bunckerizados nos pisos imediatamente abaixo estão os muito criticados super-computadores que podem coligir e armazenar 21 petabytes de dados por dia (192 vezes o conteúdo de toda a British Library).
Edward Snowden é um tópico inevitável. O antigo contratado da National Security Agency (NSA) e, depois, delator frustrou e encolerizou muita gente em Doughnut. O antigo director Sir David Omand, actualmente professor de segurança nacional e contra-terrorismo em Kings College London, está frustrado com a deficiente interpretação que a comunicação social fez a partir das revelações de Snowden sobre a forma como se trabalha na GCHQ.
by Dr. D |
Neste momento, um analista GCHQ apenas pode ver o endereço IP do dispositivo suspeito ou do endereço de email do utilizador, quando e a partir de onde a informação teve origem e a identificação do servidor acedido. O analista pode descobrir que o suspeito fez pesquisas no Google mas não vê as palavras que ele usou para pesquisar, que ele acedeu ao site da Amazon mas não ao que ele comprou; o endereço de email para o qual um email foi enviado mas não o título da mensagem nem a mensagem em si.
Se um analista quiser ver o conteúdo de um mail ou mensagem, terá que ter um mandato assinado pelo Home or Foreign Secretary.
by Banksy |
É um edifício impressionante. Não há lugares fixos, sentam-se onde há lugar livre e vão para onde a missão atribuída determinar, guardando os pertences pessoais num pequeno armário (pequeno até à altura dos joelhos); todos os gadgets são plug-and-play. E não é fácil arranjar-se lá emprego.
A selecção de novos empregados é um processo personalizado que leva cerca de nove meses e envolve testes para garantir que não usou drogas no passado. Os cozinheiros, os empregados dos bares e os empregados da limpeza são escrutinadados ao mesmo nível dos agentes e o pessoal admitido é sujeito a pesquisas aleatórias conduzidas por oficiais de segurança.
by Banksy |
Um número significativo de funcionários da GCHQ tem uma pontuação elevada no espectro do autismo.
Os gestores tentam encaixar pedidos inusuais como foi o caso de um pedido para organizar a mobília segundo um determinado padrão geométrico.
Das centenas de empregados que se vêem em The Street, dois não são brancos, cerca de meia dúzia são mulheres e apenas uma mão cheia tem mais de quarenta anos. Os restantes são homens, nos vinte e poucos, aspecto nervoso (uma velha piada interna na GCHQ é: um extrovertido é alguém que olha para os teus sapatos quando estás a falar com ele) e cerca de 5 por cento usam t-shirts (muitas com motivos Marvel ou super-heróis da DC).
by Banksy |
Monsegur foi poupado a uma longa sentença pela sua extraordinária cooperação e foi libertado no dia 28 de Maio depois de um ano sob supervisão.
Sabemos, graças a documentos divulgados por Snowden, que Davis era visado pelos GCHQ, através dos antes secretos Human Science Operations Cell (HSOC), que combatem o fogo com o fogo, disfarçando agentes como hackers, infiltrando grupos online, distribuindo ataques de (DDoS), armadilhas e vírus de forma a tomar conta dos seus alvos.
by Banksy |
Para apanhar o mau da fita, até onde se pode ir? Podem inocentes ser apanhados uma operação da GCHQ HSOC?
E o que acontece quando a GCHQ se engana?
De acordo com os relatórios Interception of Communications Commissioner, o orgão que inspecciona o trabalho do GCHQ, o GCHQ comete poucos enganos quando acede a dados pessoais – um total de oito em 2011-12, o que é menos do que uma taxa de erro de 0.2 por cento.
(…)
by Banksy |
Também há um centro de bem estar e uma sala de recreio com matraquilhos, televisão, jornais, dominós e cartas.
Há um placard com um anúncio de um grupo de empregados gays e um outro anúncio de um Internet Café onde é permitido o acesso ao Facebook e ao Twitter.
Tudo razoavelmente normal – num extraordinário edifício de escritórios em Cheltenham.
__ ___ __
O artigo completo da NEWSWEEK, intitulado Inside England’s NSA e da autoria de Kris Hollington, pode ser lido aqui.
__ ___ __
Relembro: sobre os 4 baldes de água fria em cima das estrelas do Reality Show Selecção Nacional com Rinaldo incluído, é favor descerem até ao post seguinte.
E já cá volto com a descodificação do enigma de ontem
_
Sem comentários:
Enviar um comentário