Vi de manhã, na televisão, e já a posteriori, o presidencial desfalecimento de Cavaco. Depois saí e não vi televisão durante o dia pelo que não sei o que os comentadores ou os partidos acharam do discurso ou da cerimónia. Como também apenas vi o momento do apagamento e, depois, o bocado em esperavam por ele, não sei se foi bom ou mau. No excerto que passaram depois pareceu-me que estava a falar da I Guerra. Não sei a que propósito ou se fui eu que não captei bem.
Durante o dia andei a laurear, como de costume, e, no intervalo, estive a ler. Depois saí para jantar em casa do meu filho e só agora, quase às onze da noite, estou a começar o meu turno.
Fui ver as estatísticas relativas às palavras que as pessoas colocaram hoje nos motores de busca e que as trouxeram até aqui, ao Um Jeito Manso. O que me espanta não é a curiosidade das pessoas, que é natural: o que me espanta é que o google os encaminhe para aqui pois, que me lembre, nunca falei de desmaios, reacções vagais, chiliques ou, que me lembre, nunca os associei ao Cavaco. Mas o google lá sabe e, portanto, para que quem aqui chega, não sinta que chegou totalmente em vão, vou falar de reacções vagais.
Aqui há umas semanas, a minha filha ligou-me em pânico, a chorar, quase sem voz, que não conseguia contactar o marido e que o mais pequeno não estava bem, que tinha ficado quase inconsciente, que agora estava branco, com suores, muito estranho, que tinha chamado o INEM. Perguntei-lhe se tinha caído, batido com a cabeça. Que não, que se tinha levantado de manhã, tinha ido à casa de banho com dores de barriga, e que tinha ficado assim, a desmaiar, sem dizer nada, todo sem forças. Eu estava no trabalho, larguei tudo, fui nas horas de estalar, sentindo-me exangue, apavorada, nem sei.
Agora que escrevo isto e que penso nos sustos que volta e meia apanho, lembro-me da expressão filhos criados, trabalhos dobrados. Bem verdade. Filhos e cadilhos.
Quando cheguei à rua dela, já lá estava a ambulância à porta do prédio. Larguei o carro de qualquer maneira e fui a correr, com medo que a ambulância arrancasse. Estava a minha filha sentada dentro da ambulância com ele ao colo. Sempre que me vê, ele faz uma festa, mas naquele dia não teve qualquer reacção. Falei com ele, disse-lhe que ele estava num ti-nó-ni, que sorte, que agora já sabia como era um ti-nó-ni por dentro, coisa que para ele, que vibra com carros de bombeiros e ti-nó-nis em geral, deveria ser o máximo. Branco, sem pio, não apenas não me respondeu como parecia que estava noutra. A minha filha perguntou-lhe: quem é? mas ele não disse nada, era como se nem me estivesse a ver. Que medo uma pessoa sente em momentos assim. Mas estava consciente.
Perguntei aos do INEM o que era e disseram-me que não sabiam, que me afastasse, que iam levá-lo para o hospital. A minha filha estava assustadíssima e eu também preocupada. A ambulância partiu em grande velocidade, a apitar, e eu fiquei cheia, cheia de medo.
Pois bem. Resultado? Nada de mais. Depois de exames vários para despistar alguma coisa de mais preocupante, a conclusão foi que era uma coisa normal em geral e também nas crianças, que tinha sido uma reacção vagal. À hora de almoço já estava em casa e estava como se nada se tivesse passado, a brincar, feliz e contente.
Quando contei esta peripécia a um colega meu, ele disse-me que, há tempos, em casa, estava deitado a ver televisão quando sentiu uma cãibra horrível. Quando se soergueu para agarrar o pé e tentar atenuar a dor da cãibra, começou a ver tudo a andar à roda, faltaram-lhe as forças, suores frios, sentiu-se a ficar inconsciente. A mulher ficou para morrer, pensou que lhe tinha dado uma coisinha má. Quando veio a ele, estava frio, branco, com suores, admirado e, depois, assustado com o que se teria passado. Foi ao hospital a pensar que tinha tido mesmo alguma coisa de coração mas, depois de exames, o mesmo veredicto: reacção vagal.
Ou seja, às tantas é mesmo coisa frequente.
Quanto a Cavaco Silva, espero que não tenha mesmo sido nada de especial. De qualquer forma, dado que já não é a primeira vez, talvez fosse boa ideia os médicos amestrarem melhor o nervo vago do Senhor Presidente para ver se não volta a passar pela sensação desagradável de voltar a ter uma reacção vagal em público. Ter uma síncope não deve ser uma coisa boa mas agora tê-la em frente de meio mundo, com as televisões presentes, deve ser mesmo muito desagradável. Não é coisa que lhe deseje nem a ele nem a ninguém.
Acho-o um péssimo presidente, acho que um presidente assim em coincidência com um governo destrambelhado é mesmo uma desgraça que Portugal não mereceria. Estou desejando de os ver pelas costas e estou certa que, quer o Cavaco quer o Passos, se ficarem na História, o ficarão pelos piores motivos. Mas uma coisa é o plano político e outro é o plano pessoal.
Como pessoa o que desejo é que, assim que possível, vá para casa e tenha saúde e uma vida feliz na companhia da sua Maria, que formam um belo casal e me parece que estão bem um para o outro. E que, terminado este mandato, nunca mais lhe passe pela cabeça intervir na vida pública do País. Já fez demais e não tem de que se gabar.
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A imagem lá de cima provém do inesgotável blogue We Have Kaos in the Garden.
3 comentários:
Cara UJM, estive o tempo suficiente no Brasil para aprender um ditado que eles tinham e que já utilizava a palavra "vagal", mas os brasileiros, surpreendem-nos, porque conservam genuínas palavras que perdemos no nosso vocabulário, Aliás, por vezes, fico admirada com a maneira como se expressam, e bem, pessoas, que vivem nas favelas, que podiam dar lições aos Ronaldos, e a muita gente, de Portugal...E o ditado brasileiro , significa qualquer coisa como, " Se és vagal, torna-te concreto". Faz-te a vida, vai trabalhar, e como acrescentaria um brasileiro... (Malandro)... Também passei por um estado vagal dum neto por volta dos seus 8 meses. Estava sozinha com ele, e ele não dava acordo de si. Medi a febre, que não tinha, mas estava como morto. Não acordava para comer., para rir, para chorar. Fui para a rua com ele para que acordasse daquele torpor, e apenas deitava a cabeça no meu ombro. Apanhei um susto de morte, era o meu dia de tomar conta dele. Telefonei 100 vezes a minha filha, ao meu marido, ao meu genro. Quando finalmente chegaram o miúdo estava normal, a rir e cheio de fome....E agora que penso nisto, eu própria, me dou ao luxo de entrar em fase vagal a maior partido tempo...
T BM
Quem sabe tudo é o António Maria Cerveira, Se ler no Blog António MARIA, FICA A SABER que o escavacado anda de mão dada com a Dona MARIA, PORQUE O parkinson JÁ LHE FAZ TREMER A MÃO ESQUERDA E OS DESMAIOS DEVEM-SE A ELE SOFRER DE HIPILEPSIA LATERAL. António Maria dixit e eu acredito. Acha que peça "um empechement" por ele não dizer ao País que está doente?
A manha,técnica,dos manhosos,tem os seus desmaios.Ciclicamente lá vem um ...Q.bem q. fica!!! Outrora valentes militares,servem agora de prévia maca de amortecimento duma queda fatal ! Dum nobre palácio,daqui a uns tempos,só restam silvas e cavacos!BÁLHA-ME 1 Deus!
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