No post abaixo já vos dei notícia dos riscos na utilização de detector de mentiras. Isto da franqueza absoluta às vezes pode dar mau resultado - que o diga o casal envolvido na experiência descrita ou o candidato a emprego cujo entrevistador se entusiasmou com um certo detalhe revelado na conversa.
Mas isso é a seguir. Aqui, agora, a conversa é outra. Arrábida, sempre.
A maravilhosa Serra da Arrábida (foto obtida aqui) |
Na sequência do vídeo sobre a Serra da Arrábida que aqui vos mostrei no outro dia, um Leitor presenteou-me com um outro que mostra a Arrábida segundo uma perspectiva, um pouco diferente mas igualmente bela.
O vídeo Arrábida, da Serra ao Mar é da autoria de Luís Quinta e Ricardo Guerreiro,
com narração de Eduardo Rêgo, com patrocínio da AMRS.
___
E porque, quando falo da Serra da Arrábida, inevitavelmente me vem à ideia o Poeta que tanto a exaltou, Sebastião da Gama, não resisto a incluir aqui um seu poema (in 'Cabo da Boa Esperança') que, infelizmente, ainda não perdeu a oportunidade.
Meu país desgraçado!…
E no entanto há Sol a cada canto
e não há Mar tão lindo noutro lado.
Nem há Céu mais alegre do que o nosso,
nem pássaros, nem águas…
Meu país desgraçado!…
Porque fatal engano?
Que malévolos crimes
teus direitos de berço violaram?
Meu Povo
de cabeça pendida, mãos caídas,
de olhos sem fé
— busca, dentro de ti, fora de ti, aonde
a causa da miséria se te esconde.
E em nome dos direitos
que te deram a terra, o Sol, o Mar,
fere-a sem dó
com o lume do teu antigo olhar.
Alevanta-te, Povo!
Ah!, visses tu, nos olhos das mulheres,
a calada censura
que te reclama filhos mais robustos!
Povo anémico e triste,
meu Pedro Sem sem forças, sem haveres!
— olha a censura muda das mulheres!
Vai-te de novo ao Mar!
Reganha tuas barcas, tuas forças
e o direito de amar e fecundar
as que só por Amor te não desprezam!
--
SERRA MÃE
te chamou o Poeta
(eu não me atrevo)
Só ele te deu
em vida
essa ternura
de quem sabe a morte prematura
Arrábida
caminho
tantas vezes percorrido
abuso de verde que não cansa
Arrábida
Esse teu ar agreste e doce
me encanta e me fascina
se tu és MÂE
não contes a ninguém
os meus velhos sonhos de menina
Poema da Leitora Era uma Vez publicado numa Colectânea de Poetas, antigos e contemporâneos, que escreveram sobre a Arrábida, iniciativa do Centro de Estudos Bocageanos com o nome "A Serra da Arrábida na Poesia Portuguesa", (2002)
___
Para saberem os cuidados a ter junto de um detector de mentiras, desçam, por favor, até ao post já a seguir.
-
3 comentários:
Foi lá que passei o meu dia...
Entre braços e beijos e pulseirinhas de elásticos, com vista para o mar de um lado e para o convento do outro.
Foi lá que o nosso amor começou lá atrás no tempo, tempo que nos foge e atordoa, lembramos as mãos dadas escondidas na areia quando o segredo ainda era só nosso E o mar era mar ou era a lago?apenas o cheiro a sal esclareci. Quando a luz da lua beijava a água...
Foi lá que, grávida de termo, esperei a primeira filha e jantava serenamente na pousada da Família Gama
É aqui que venho hoje lembrar um pequeno poema meu publicado numa Colectânea de Poetas, antigos e contemporâneos que escreveram sobre a Arrábida, iniciativa do Centro de Estudos Bocageanos com o nome "A Serra da Arrábida na Poesia Portuguesa"
SERRA MÃE
te chamou o Poeta
(eu não me atrevo)
Só ele te deu
em vida
essa ternura
de quem sabe a morte prematura
Arrábida
caminho
tantas vezes percorrido
abuso de verde que não cansa
Arrábida
Esse teu ar agreste e doce
me encanta e me fascina
se tu és MÂE
não contes a ninguém
os meus velhos sonhos de menina
(2002)
Olá Erinha,
A moda das pulseirinhas de elásticos também já bateu às vossas portas? As suas patanisquitas já andam com pulseirinhas de todas as cores? À minha casa também já chegou. Até eu já fui ao chinês comprar caixinhas de elásticos para fazerem à vontade quando cá estão.
Quanto à Arrábida, ultimamente não tenho ido lá, tem-me feito impressão só de pensar nisso (os meus tios que morreram recentemente quiseram que as suas cinzas fossem lá espalhadas) mas, só de de me lembrar e rever as imagens, já me deu umas saudades...!
Vou puxar o seu poema lá para cima, para ficar ao pé do de Sebastião da Gama.
Ainda no sábado estive a falar de si. Espero que, pelo menos, esteja menos mal.
Beijinhos!
Uau! Belo filme! E muito profissional, com nomes científicos e tudo... Obrigado.
Achei graça ao facto de no filme só terem mostrado a impressionante escarpa marinha da Serra do Risco, dezenas e dezenas de metros a pique sobre o mar. Não se atreveram a mostrar as horrorosas pedreiras do lado norte da mesma serra... Tão grandes e tão horrorosas são essas pedreiras que até de Lisboa se veem, e de que maneira!
Podemos dizer que a Ponte Vasco da Gama é um pedaço da Arrábida transposto para o Mar da Palha. O cimento veio do Outão e a brita veio do Risco. Inadmissível! Um autêntico crime!
Desconhecia completamente a existência da gruta que mostram no filme, cheia de estalactites e estalagmites. Que maravilha! Consta que existe uma outra gruta na Mata do Solitário, mas não a conheço porque esta mata é Reserva Integral. Só conheço a Lapa de Santa Margarida, junto ao mar entre Alpertuche e o Portinho. O acesso faz-se por umas escadas que descem para o mar nas proximidades da Casa do Gaiato.
Também já vi uma raposa na Serra da Arrábida. Estava parada na berma da estrada que liga os Capuchos a Setúbal pela crista da serra. Estava tão habituada ao trânsito que nem se mexeu quando passei de carro a um metro dela!
Enviar um comentário