Uma Judite de Sousa vestida de menina sedutora com botas de Dartacão ouviu da boca do 'catavento de opiniões erráticas' Marcelo Rebelo de Sousa que este não vai ser candidato a Belém já que Passos Coelho não vai com a cara dele nem se deu, sequer, ao trabalho de agarrar no telefone para o avisar que está de tal dispensado. O PSD no seu melhor. E Judite na forma do costume.

Conforme vos contei no post abaixo, depois de garimpar a casa à cata de brinquedos perdidos, canetas e peças soltas, neste domingo à noite encostei-me no meu cantinho a tentar ler o Expresso e a lutar contra o sono.

Se, conforme conto abaixo, pensei que estava a ter uma visão quando vim a mim e dei com o Paulinho a brincar às bandeirinhas, antes disso ouvi o meu marido (que já tinha sucumbido há um bom bocado e estava estendido no sofá a ver televisão) a chamar por mim.

Um bocado contrariada lá lhe fiz a vontade e interrompi a monda para ir à sala ver o que se passava. Olha lá para ela, vê o vestido. Não é que o meu marido seja de apreciar modas mas, sabendo ele a graça que eu acho aos modelitos da Judite, resolveu proporcionar-me um momento de júbilo.

Claro que, quando vi o espectáculo, agarrei logo na máquina fotográfica.

A coisa estava digna de um editorial de uma revista do disparate.

Apresentava-se ela de vestidinho curto, rodado, fecho éclair de alto a baixo provocantemente aberto à altura do seio, decote generoso, manguinha curta, todo ele encarnado vibrante (pelo menos desde o José Régio que é sabido como são perigosas as mulheres que se vestem com vestidos cor de fogo - mas, dada a infantilidade do modelito, a Judite, assim preparada, não inspirava medo a ninguém. Só sorrisos.)

Rematava a vestimenta com umas botas altas pretas brilhantes à altura do joelho. Inenarrável.

Um verdadeiro dartacão de loura melena. Só lhe faltava o chapéu de aba larga com farto penacho de um dos lados.

Não sei quem a aconselha ou se é ela que escolhe estas toilettes. Se isto numa miúda nova ainda poderia passar despercebido, numa mulher com mais de cinquenta anos parece-me um preparo francamente disparatado. Mas é que nem é só a idade, é mesmo a coisa em si. Aquelas botas, então, senhores, que nonsense.

Mas adiante que, daquele mato, acho que há ainda muito coelho para sair. Um dia destes ainda nos aparece de shorts esfiapados, barriga ao léu, piercing no umbigo.

Mas a história não acaba aqui. Na altura não ouvi, estava na minha faxina pós-pimentinhas. Só há pouco ouvi a repetição na TVI24.

Um telespectador perguntou ao Professor Marcelo, eterno putativo candidato a Presidente da República, sobre o tiranço de tapete que Passos Coelho lhe tinha pregado. 

Transcrevo: Na sua moção de estratégia global, o líder do PSD defende que «o Presidente deve comportar-se mais como um árbitro ou moderador» e evitar «tornar-se numa espécie de protagonista catalisador de qualquer conjunto de contrapoderes ou num cata-vento de opiniões erráticas em função da mera mediatização gerada em torno do fenómeno político». 

Claro que a isto nem se pode chamar uma indirecta para Marcelo. Directíssima.

Tenho que confessar que, pessoalmente, me dá uma certa pena. Marcelo Rebelo de Sousa é daquelas pessoas que respira política (uma política feita de tacticismos, intrigas, jogadas de bastidores, encenações - é certo mas, ainda assim, política) e que, toda a vida, tem visto o comboio do poder a passar-lhe ao lado. Ele prepara-se, põe-se a jeito, espera que a coisa lhe caia no colo mas depois, por um qualquer bambúrrio de pouca sorte, a oportunidade dissipa-se e acaba sempre por ficar no cais a ver o comboio passar levando outros que não ele.

Pois bem. Perante isto, com as televisões e os jornais todos a dizerem, alto e bom som, que o Passos não queria Marcelo como presidente, que poderia o homem fazer? Nada, não é? Engoliu em seco, deve ter ficado estas noites sem dormir, a digerir mais uma do Passos e, claro, não lhe restou outra hipótese senão dizer que ainda não é desta, que se o Passos não quer, não será ele a avançar.

O vexame público de ter sido posto porta fora ainda não tinha ele, sequer, entrado, esse ninguém lho tira. Além disso foi achincalhado (catavento, opiniões erráticas, etc - não são palavras agradáveis de se ouvir). 

Mas, sobretudo, imagino o frio no estômago que sentiu quando soube disto sem ser pela boca do próprio Passos Coelho. 

Marcelo Rebelo de Sousa pode ser tudo isso, e é, mas foi líder do PSD e merecia um tratamento mais respeitador por parte de Passos Coelho até porque não tem feito outra coisa senão andar com ele ao colo mesmo quando, certamente, teria vontade de dizer publicamente que o PSD não merecia tamanho atraso de vida à sua frente. 

Mas não é de admirar: Passos Coelho gosta mesmo de se portar assim, de forma vingativa, mal educada e cobarde.

Continuo a transcrever:

«Claramente eu acho que Passos Coelho quis excluir-me como candidato, o que é perfeitamente legítimo», afirmou, adiantando ainda que o líder do PSD «não pegou no telefone» para o informar da sua decisão.

«Se o líder do partido fundamental da área da direita diz que a candidatura é indesejável, uma pessoa de bom senso não vai dividir o eleitorado, dando a vitória ao outro lado», continuou, referindo que não quer «fazer de Manuel Alegre».

Para o comentador, o perfil que Passos escolheu torna Durão Barroso «uma hipótese forte». «Se houver hipótese de Durão Barroso sobrar de lugares internacionais e puder recuperar em termos de sondagens, é uma hipótese forte a encarar no quadro do Presidente que ele encara», acrescentou.

E, portanto, era mesmo só o que nos faltava se o cherne, essa nulidade, esse joguete nas mãos de quem calha, por falta de qualquer outro tacho, ainda resolvesse vir para cá chatear-nos outra vez. É que a este nem a Goldman Sachs lhe pega. 

***

Relembro: sobre a brincadeira das bandeirinhas que os do Expresso noticiam (who else?) e que assinala o aumento da exportação de cães e gatos para todo o mundo (e, portanto, poderia lá o Paulo Portas perder uma oportunidade destas para aparecer?) falo já aqui a seguir. É ver para crer.

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E, por agora, nada mais a não ser desejar-vos, meus Caros Leitores, uma bela semana a começar já por esta segunda feira. 

E é verdade, por falar em bandeirinhas: os meus Caros já usam uma ao peito? 

Se não usam, não acham que já está mais que na altura de começarem a usar? 

Bem...