Depois de no post abaixo ter deixado aberto à votação um Referendo sobre o Aborto, um Aborto especial diga-se de passagem, aqui, agora, passo para coisas ainda mais sérias. Hoje não estou para brincadeiras.
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Grayson Perry, quase a fazer 54 anos, é um artista ingês polifacetado - quase poderia ser um Manuel João Vieira.
É ceramista, trabalha em tapeçarias, desenho, tecelagem, etc.
Recebeu o Turner Prize em 2003.
Algumas das suas obras de cerâmica podem parecer clássicas embora coloridas, exuberantes, mas são frequentemente provocadoras, irónicas, muitas vezes com 'cenas' sexuais explícitas.
Dificilmente se pode ficar indiferente perante as suas obras, sejam elas potes ou as suas grandes tapeçarias.
Muitas vezes parecem cartoons ou rábulas, ou simplesmente uma paródia.
Contudo, por vezes, é mais do que isso. Por vezes há ali reminiscências autobiográficas, não apenas na actualidade em que se auto-retrata, como em criança. O pai saíu de casa na sequência de adultério por parte da mulher e isso foi trágico para o pequeno Grayson, então com sete anos. Ficou a viver com a mãe e com um padrasto violento. Grayson escondia-se dele e inventava vidas fictícias em que um ursinho era a figura parental de quem sentia falta. Esse teddy bear aparece frequentemente nos seus trabalhos.
Tapeçaria |
A semana passada Grayson Perry foi condecorado pelos seus bons serviços relacionados com a arte contemporânea; é agora Comandante da Ordem do Império Britânico - a Coroa Britânica mostra assim que a modernidade e a diferença são aceites e acarinhadas no Reino de Sua Majestade.
Grayson, que é casado e tem uma filha, tem uma outra particularidade. Volta e meia aparece vestido de Claire, o seu alter ego feminino. Desde sempre gosta de se vestir de mulher ou de menina irrequieta. É até frequentemente convidado para falar de travestismo e vários documentários têm sido feitos sobre isso.
Quando se soube que ia ser condecorado, os amigos e os admiradores desafiaram-no logo: não és capaz de ir vestido de Claire.
Quando se soube que ia ser condecorado, os amigos e os admiradores desafiaram-no logo: não és capaz de ir vestido de Claire.
Calou-se caladinho e eis que, no tão esperado dia da cerimónia, surpreendeu todos, mesmo os que já se habituaram às suas excentricidades: compareceu na cerimónia não de Claire mas de Camilla, fazendo com que o Príncipe Carlos se fartasse de rir. Respeitador, Grayson disse que não, ora essa, qual Camilla, que ia apenas de mãe de uma noiva italiana.
Acho o máximo. Quando é que, por cá, temos um acto assim, de graça, de humor, de boa disposição desempoeirada?
Sempre gostava de ver o Cavaco a condecorar o Manuel João ou qualquer outro artista não convencional, a reconhecer o mérito de alguém capaz de romper barreiras, convenções, preconceitos, géneros. E, se um fenómeno desses tivesse lugar, sempre haveria de ver o Cavaco com fair play para agraciar um qualquer Manuel João que lhe aparecesse vestido de D. Cavaca ou coisa do género.
E, agora, eis então o filme do grande momento:
No final da cerimónia, Grayson, já comandante, tirou as normais fotografias de família: ele, a mulher Philippa Perry que é psicoterapeuta e a filha, Florence, que tem 21 anos.
E, agora, eis então o filme do grande momento:
O eterno putativo rei - o sexagenário Prince Charles - e o novo comandante Grayson Perry
Love, love it...!
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Relembro: Para votarem no acima referido Referendo, é descerem, por favor, até ao post seguinte
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E, por hoje, fico-me por aqui.
Estive a responder a mails (e não a todos... sorry) e a comentários e quase fiquei sem mais tempo para a minha empreitada diária.
(Verdade seja dita que também comecei tarde e más horas. Hoje comprámos um sofá no IKEA. Aquele a partir de onde o meu marido fazia zapping e invectivava o Passos Coelho, o inefável deputado Abreu Amorim, o insuportável José Gomes Ferreira e outros emplastros, já tinha conhecido melhores dias. Por isso, foi de vela e veio este novo que teve que ser montado. Desta vez a coisa correu bem e já ali está todo bonitinho mas, com estas manobras todas, apanhei o meu turno da noite quase a meio. )
Desejo-vos, meus Caros leitores, uma bela quarta feira.
E hoje, para a gente se andar a rir o dia todo, proponho que os homens vão para a rua vestidos de Judite Dartacão e as mulheres vestidas de Manuel Luís Goucha.
Um país inteiro vestido do avesso.
Boa?
Boa?
2 comentários:
Divertidíssimo! Aqueles ingleses são o máximo! Que "fair play" ! Que humor! Têm um jogo de cintura fenomenal! Uma malta porreiríssima! Os meus filhos, que lá viveram uns anos, têm igualmente boas recordações deles.
Mas, este caso é realmente de escaqueirar a rir!
P.Rufino
Todos os regimes têm os seus artistas, Salazar tinha o ANTÓNIO BOTO, o ALFORRECA E O MANEQUIM DA RUAS DOS FANQUEIROS têm a Joana Vasconcelos, a quem a pirosa 1ª dama deu 300.000 Euros do seu orçamento para ela levar um cacilheiro ornamentado a Veneza. O marido tem o Ronaldo a quem condecorou recentemente. Estou a pensar comprar um batel muito velho, pintar umas coisas, colocar sapatos velhos do Velho e da velha. para ver se tenho um subsidio. Quando a Joana apresentou uma colecção no Casino Estoril telefonou-me a convidar pata ir à inauguração. Apareceu lá a Dona MARIA, que tinha estado em poisio mais o Aníbal pelo menos 45 dias, tempo para lá ir o quirófano por-lhes BOTOX a ela nas bochechas. a ele nos vincos da boca. A Maria parecia ter dois tomates na cara. Aproximou-se de mim, como se fosse uma Lady: Olá já nos conhecemos? Sim, sim Dona MARIA, tomámos chá em casa da sua filha Patricia, quando casou e os Padrinhos de casamento José e Yolanda,(Oliveira e Costa) lhe ofereceram como prenda de casamento o andar na Rua Ferreira Lapa. Ela embasbacou e eu perguntei: Então a Senhora DONA YOLANDA encontra-se bem? Não sei de quem está a falar e fugiu de mim como se tivesse peste. Foi uma risota com as tias, mas não com a Vasconcelos, que ficou fula, era o seu mealheiro a voar
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