Já falei nisto em comentários, por mail, mas nunca aqui e ainda não é hoje que vou falar como um dia falarei. Agora ainda não consigo. Tive uma cadela, que eu nunca referia como cadela mas como cãzinha, que nos acompanhou durante treze anos. Era a nossa menina querida, a nossa companhia, a nossa grande e incondicional amiga.
Antes eu tinha medo de cães. Era capaz de mudar de passeio se via um cão. Mas cá em casa todos queriam um cão e um dia vi-a, ainda bebé, dois meses cor de mel, brincalhona, uma gracinha. Não resisti. Depois tornámo-nos quase inseparáveis. Eu abraçava-a, enchia-a de beijinhos e ela a mim. Fez-se grande, forte. Era uma boxer. Passei a não ter medo de cães, nenhum medo. Agora faço festas mesmo a cães que não conheço, e os cães chegam-se, dão ao rabo, reconhecem-me como amiga.
Passei a gostar muito de cães. Depois da nossa amiguinha se ter ido, faz já algum tempo, nunca mais voltámos a colocar a hipótese de ter outro cão. Não temos condições para poder dar a vida ao ar livre de que necessitam e, sobretudo, não queremos voltar a passar pelo grande desgosto que tivemos.
De gatos nunca gostei no sentido em que se gosta de um cão. Sempre vi os gatos como bichos pouco afectuosos, bichos livres, bichos que podemos observar, que podemos gostar de ver mas que nunca se afeiçoarão a nós como um cão.
Além disso, sempre pensei nos gatos como bichos temperamentais, que se eriçam, que ficam assanhados, perigosos.
Quando o meu filho era solteiro, em casa da namorada havia um gato e ele contava-me que o gato, que era terrível, às vezes se atirava a ele, era traiçoeiro, imprevistamente saltava-lhe para cima, ameaçador. Eu ficava aterrorizada, imaginava o susto, tinha medo que o gato lhe fizesse mal.
Como é sabido, gosto de passear à beira do rio e, frequentemente passeio no Ginjal, local muito frequentado por gatos.
E sabem como gosto de os ver, animais livres que por ali andam, sem dono, vagueando pelas ruínas, pelas rochas da beira de água, pelos muros, pelas árvores, olhando o rio, pensativos. São lindos, têm uns olhos fantásticos. Por vezes fogem mas, outras, deixam-se estar. Eu aproximo-me e eles deixam-se estar, deixam-se fotografar, tolerantes, superiores.
Hoje o tempo estava mau, um pouco chuvoso, vento, frio. Com o tempo assim, passear por ali não é fácil. Mas estes dias à beira Tejo são, para mim, uma tentação. O Ginjal quase deserto, apenas um único pescador, nenhuns turistas, nada de namorados. Um local mágico à disposição do meu olhar.
Farto-me de fotografar. Milhares de fotografias já eu fiz por aquelas paragens.
À ida para lá, na direcção do jardim, cruzei-me com o gato preto que já tantas vezes fotografei. Seduz-me este gato.
Lá ia ele, negro, lustroso, belo e indiferente à magnífica cidade do outro lado do rio. Lisboa, vista dali, é lindíssima.
O colorido das casas, a forma como se sobrepõem à nossa vista, acompanhando a elevação das colinas, a forma como o sol ilumina esta cidade, tudo me encanta em Lisboa, a Bela.
O céu tapava-se e chovia, outras vezes descobria e iluminava partes da cidade como se, naquele bocado, estivesse bom tempo. Mais além, já se envolvia em névoa.
E depois um arco-íris veio enfeitar de cor a zona, já de si colorida, dos contentores.
Fico presa a esta beleza. Respirar a maresia, estar no meio da névoa, num espaço quase deserto, que sensação tão boa de liberdade.
No silêncio elevou-se, então, uma gaivota soltando grandes gritos de liberdade enquanto voava, branca, fantástica, sobre o rio.
E eu ali a fotografar, tão feliz por poder desfrutar toda esta beleza. Lisboa quase difusa, envolta em neblina, os veleiros difusos na paisagem, e a gaivota voando e gritando sobre as águas.
Depois, um pouco mais à frente, o céu limpava-se e o azul de Santa Apolónia, com o véu da Vasco da Gama por detrás, misturavam-se e a imagem, ali, era de uma harmonia suave. Tão bonita, Lisboa, tão bonita.
E eu, encantada. E eu absorta a fotografar. E, então, senti que alguma coisa se colava às minhas pernas. Um corpo macio e quente enrolava-se nas minhas pernas.
Não me assustei. Olhei para baixo, com cuidado, não queria eu causar nenhum susto, não queria estragar o momento.
Era o gato preto. Veio encostar-se a mim. Encostava-se nas minhas pernas. Abraçava-me.
Fiquei até um pouco comovida. Falei com ele, bichinho, bichinho.
Depois queria vir comigo, miava, chamava-me.
E eu, bichinho, não posso ficar contigo, bichinho, não te posso levar... mas ele vinha atrás a chamar-me.
Adoçou-me o coração, que contente fiquei, que surpresa tão boa, quem havia de dizer?, sempre tão indiferente e hoje veio abraçar-se assim. A ver se para a próxima vez lhe levo comida. Cativou-me. Como diria a raposa de Saint Exupéry, agora fiquei responsável por ele. Claro que, sei também, depois corro o risco de um dia vir a chorar por ele. Mas, até lá, não vou pensar nisso.
Depois, já de longe, fiquei a vê-lo. Desistiu de esperar que eu voltasse atrás e entrou no seu reino mágico, entrando pela parede adentro.
A esta hora deve estar a dormir. Será que os gatos, afinal, também reconhecem as pessoas? Será que este gosta de mim? Será que também se afeiçoam? Também são capazes de demonstrar afecto?
*
E, daqui, eu, gata branca numa noite escura, dedico este bailado ao meu amigo vadio, o gato preto do Ginjal: Victoria, the White Cat, Feathery Wings.
*
Tenham, meus Caros Leitores, um belo domingo.
Desejo-vos também que saibam, a cada momento, procurar a beleza.
30 comentários:
Amiga:
Sempre gostei muito de cães. Quando vivíamos em Tomar, havia na casa dos meus pais, uma luta renhida. De um lado, eu e meu pai, que queríamos um cão. Do outro, minha mãe e os meus irmãos, que queriam um gato. Por uma questão democrática, venceram sempre.
A minha mãe, tentava explicar que não havendo quintal, não dava para ter cão. E lá vinham os gatinhos. Até me afeiçoei a alguns.
No Porto, as casas onde vivemos, tinham quintal. Conseguimos ter o 1º cão. Um serra da Estrela de Pêlo curto, lindo. Só eu e o meu pai, tínhamos mão nele. Era completamente maluco. Tivemos uma Perdigueira meiguinha e, por fim, o meu pai deu-me um rafeiro pequenino, que criei a biberon. Morreu na véspera do nascimento da minha filha. Jurei não querer mais cães, e a jura acabou, quando vi o meu Nabão. Não consigo falar dele, ainda. Passaram 5 meses e a dor continua.
O gato preto do Ginjal gosta mesmo de si. Mas gosta que o vá visitar, no lugar dele. Os gatos afeiçoam-se aos lugares. As pessoas, são meros acessórios do local.
Gostei da história.
Abraço
Mary
Olá jeitinho,
Faz agora um ano em Dezembro que
morreu o meu Maxi, que foi prenda
de casamento e foi um grande
companheiro, tenho muitas
saudades. Era um husky, os cães desta raça são meio gatos, muito independentes e o meu até leite bebia, se lhe deixavamos o portão aberto lá ia ele, e nós tinhamos que ir atrás dele, senão corriamos o risco de não o voltar a ver.
Dos gatos tenho a mesma opinião da jeitinho, mas os meus filhos adoram-nos e eu lá lhes vou dizendo que por causa das minhas alergias não podemos ter, o que é verdade, mas também não me sinto confortavel com eles.
Boa semana beijinho Ana
Olá novamente jeitinho,
Esqueci-me de lhe dizer hoje estive na Casa da Cerca em Almada, conheçe? Tem uma vista maravilhosa para Lisboa. Lembrei-me da jeitinho e do seu Ginjal que penso se verá de lá, não?
Beijinho Ana
Não gosto muito de comparar cães e gatos, para não melindrar os amigos que se dividem por ambos, mas sempre vou dizendo que os cães são como nós, só que mais "humanos"...
Um abraço e votos de boa semana
Olá Amiga,
Que maravilha esses seus passeios pelo Ginjal...que vista deslumbrante sobre a nossa linda cidade de Lisboa!
Há uns meses atrás fiz esse passeio com umas amigas,depois subimos no elevador que nos levou a Almada.
Passámos por todos esses edifícios abandonados.
Como é agradável a vista do Tejo, com Lisboa ao fundo!
Que ternura o gatinho a segui-la, ele já deve conhecê-la e à sua máquina fotográfica. Quer ser sempre "vedeta" dos seus posts!
Ainda não comentei, mas gosto muito do seu novo visual.
Desejo-lhe uma semana cheia de coisas boas.
Um abraço grande.
MCP
Miguinha,
Como já lhe tenho dito eu não tenho uma gata, tenho uma "cagata".
Isto é dito por um amigo meu que face às habilidades da Riscas e ao modo como interage connosco, ele acha que ela é meio cãzinha como a sua.
Quanto à sua oferta ao seu amigo gato preto é impossível esquecer aquele musical que tantos anos esteve em cena. Eu tenho o DVD que me foi oferecido e de vez em quando delicio-me com as interpretações e com as músicas. Bom começo de semana com muita saúde. Um beijinho
Olá Mary,
Ao ver o seu nome aqui nos comentários lembrei-me do grande desgosto e ainda tão recente do seu querido Nabão. Quem passa por isto, percebe. É um afecto tão puro que nos dói muito tomar qualquer decisão, sabendo-os tão dependentes de nós, e a acreditarem tanto em nós.
Vou a casa dos meus filhos e vejo nas estantes deles, nas molduras, junto às fotografias da família, a fotografia dela, da nossa cãzinha linda.
Quanto aos gatos, achei engraçada a forma como os definiu, a afeiçoarem-se a lugares. É capaz de ser isso. Animais tão livres como aqueles não se acostumariam a ser animais domésticos, fechados num andar. Percebo muito bem isso.
Um beijinho, Mary, e desejo-lhe uma boa semana. E bons passeios a ver os patinhos!
Olá Ana,
Teve, em Dezembro, com certeza um grande desgosto. É uma falta muito grande. E, antes, quando estão já velhotes mas ainda olham para nós com compreensão, esperando que os ajudemos, quando estão doentes (e eu apanhei sustos tão grandes com a minha), é uma fase também tão difícil. A gente percebe que o fim se aproxima, começamos a ser questionados sobre se não deveríamos atenuar o sofrimento e não somos capazes. É tão difícil. Não quero ainda falar nisto, custa-me muito. Os gatos são diferentes, gostam de ser independentes. Mas têm uns olhos também tão inteligentes, tão misteriosos.
um beijinho, Ana (e a ver se estas humidades não lhe fazem alergias).
Olá Ana,
Podia ter respondido acima, mas falhou-me. Sim, da Casa da Cerca vê-se parte do Ginjal. Creio que não se consegue ver até Cacilhas, tenho ideia que se vê sobretudo a praia junto à fonte e o jardim onde vai ter o elevador panorâmico. Volta e meia vou lá. Mas hoje as minhas voltas foram outras. A ver se passos as fotografias para o computador para escolher algumas e mostrar.
Um beijinho, outra vez.
Olá jrd,
É bem o que diz e só quem teve um cão e gostou muito dele o sabe compreender. Além disso, e sem querer ofender os donos de cães de outras raças, tenho ideia que os boxers são tão inteligentes, tão meigos, tão comunicativos... talvez como poucos outros.
A minha percebia tudo, era incrível. Se lhe pedíamos o brinquedo, ela ia buscar o brinquedo, se lhe pedíamos a bolinha corria a casa toda para nos trazer a bola pequenina, não se baralhava, não trazia a bola grande, percebia tudo. E as expressões que fazia, ora traquinas, ora desafiadora, ora toda contente. Humana, sim, e tem razão: leal, generosa, carinhosa como poucos humanos.
Um abraço, jrd.
Olá MCP,
Em primeiro lugar quero dizer que espero que já ande mais animada.
O passeio de barco de Lisboa, depois fazer o percurso junto ao rio, depois subir o elevador e ver a vista lá de cima, é um passeio muito bonito. Lisboa e o Tejo, vistos destes sítios, são de grande beleza.
Eu ando tantas vezes por ali, e gosto tanto. Aquele ar fresco, aquele ar limpo, pouca gente, pouco barulho, tudo aquilo me descansa o espírito.
E o gato preto ou, de repente, deixou de ser arisco a anda a atirar-se a todas as mulheres que por ali passam, ou já me conhece e simpatiza comigo. Como, nestas coisas, sou uma convencida, prefiro achar que é ele que se anda a atirar a mim, todo angatatão (palavra que até parece que vem de 'gato'...).
Um beijinho, MCP, e uma boa semana para si, sem melancolias, só alegrias!
Olá Teresa-Teté,
A sua Riscas deve ser uma companhia, pela forma como fala dela.
Mas fala com ela e ela percebe, obedece? E brinca consigo? Ou é arisca e faz o que lhe apetece? E não há o risco de se assanhar e virar-se a si?
Nunca percebi como são os gatos mais mansos (não me refiro aos que são como era o gato da minha nora, que era um terrorista).
Quando estou quase encostada aos gatos do Ginjal a fotografá-los, penso sempre se não correrei o risco de um deles, um dia, se assanhar e se jogar a mim.
Seja como for, uma coisa é certa: gosto cada vez mais de animais. São inteligentes. Dá gosto observá-los.
Um beijinho, Teresa-Teté, e desejo-lhe uma grande semana!
Acho o gato lindo.
Nunca tive nenhum cão, nem gatos. Não gosto, em casa, porque dão muito trabalho. Mas se por algum acaso algum me viesse ter às mãos, sei que me afeiçoaria.
UMJ, queria dizer-lhe que com muita pena minha, não consegui colocar o video no blogue. Segui bem todas as instruções, até chegar ao HTML (é isso?), mas não sei como se coloca aí.
Hei-de ver se aprendo como é isso.
Um beijinho e boa semana
Olá,
Gostei muito deste post por trazer à cena estes serezinhos que nos dão tantas alegrias, grandes lições de ternura, amizade e dedicação. Sobre cães e gatos tirei o curso desde que me aposentei. Nunca imaginei que a minha vida pudesse dar uma volta tão grande por causa dos animais. Sempre gostei muito de animais, lembro-me que na escola primária a minha professora dizer que eu era capaz de criar uma aranha!... Vivia no Alentejo e tinha uma grande aproximação aos animais. Depois vim para Lisboa onde estudei, trabalhei e vivi durante muitos anos, nas férias(de um mês) seguido, viajávamos pela Europa, de carro, belos tempos esses!...mas com a aposentação resolvemos escolher o Ribatejo para descansar, e adquirimos uma casa de gaveto, com três frentes, e jardim... Um paraíso para a bicharada entrar e sair, uns muito pequeninos, tínhamos pena deles, porque eram muito queridos, dávamos-lhes comida e acabaram por se fidelizar... e já está a ver a continuação do filme... houve casamentos, nascimentos, uns desapareceram, outros adoeceram etc.etc.... resumindo e concluindo este rosário, é uma autêntica prisão porque não temos coragem de abandonar os que por aqui ficaram e as viagens grandes ficaram reduzidas, pois não tenho aqui por perto nenhum apoio familiar, mas continuo a achar que os animais fazem parte da minha vida, e que fui chamada para cumprir uma missão qualquer que não sei explicar.
Sobre animais... como não segui veterinária, como era de prever, agora tenho que pagar uma factura bem pesada.
E vou ficar por aqui pois histórias, histórias, há muitas!....
Um grande beijinho
Olá Jeitinho,
Eu tive o melhor cão do Mundo. Diz a minha filha sempre que se fala de cães, e os nossos amigos concordam. Por causa dele todos os casais amigos tiveram cães,Era um cocker preto sem registo nem pedigree, mas lindo, meigo,inteligente, educado.
Levaria horas a falar dele. Tenho muita saudade da maneira como me recebia ao fim do dia, como punha aos meus pés o seu brinquedo preferido, quando me via triste. Sei o que é sofrer a perda de um amigo de quatro patas.
Para amenizar o meu marido ofereceu-me outro. Em bebé era uma ternurinha. Era ainda mais bonito, louro acobreado com madeixas, com registo, pedigree, mas fruto de ciadores incultos, soubemos depois,que não introduziam sangues novos, não acautelavan o acasalamento. Era completamente louco, instável, incapaz de estar sozinho um minuto. Desenvolveu uma doença cardiaca que nos fez gastar muito dinheiro e nem por isso evitámos que sofresse, ele e nós.
Jurei que numca mais teria cães, embora saiba que nos dão muito.
Gatos, não confio. Mas gosto dos seus, livres, independentes, boémios poetas que a recebem como igual, esses que a inspiram e são cúmplices dos seus passeios e por vezes carentes, se entregam num abraço.
Um beijinho, bons passeios.
Isabel,
quando está a escrever uma mensagem, no canto superior esquerdo da mensagem aparece 'redigir' e ao lado 'html'. Carregue em html e depois faça paste do que copiou do outro lado.
Depois passe outra vez para 'redigir'.
já lá lhe deve aparecer o filme.
quanto aos animaisem casa são uma fonte de afecto do mais puro que há. Mas são também uma prisão e uma despesa (e, nos primeiros tempos, também estragam algumas coisas). Por isso compreendo-a muito bem.
Um beijinho, Isabel.
Olá Maria Eduardo,
Deve ser um local bem bonito esse onde vive. O Ribatejo é uma região muito bonita. E percebo muito bem a prisão a que se refere pois estes serzinhos tornam-se mesmo parte da nossa vida. Eu, quando a minha estava doente, cheguei a tirar férias para ficar com ela em casa, a tratá-la. E antes do meu pai adoecer, durante a semana, depois do meu filho ter começado a trabalhar e, depois, ter saído de casa (ele levava-a à rua durante o dia), íamos deixá-la à segunda a casa dos meus pais e íamos buscá-la à sexta à tarde. era como uma neta para os meus pais. E, por causa dela, só íamos para hotéis onde aceitassem cães - e não são assim tantos como isso.
Mas tudo valia a pena porque era uma companhia muito querida.
Um beijinho, Maria Eduardo!
Olá Pôr do Sol,
Quando a nossa 'menina' se foi, muitos, vendo-nos tão tristes, sugeriram que arranjássemos outro cão. Não quis nem quero.
primeiro, agora já não tenho quem o levasse a passear à rua nem os meus pais o poderiam ter agora em casa. Depois, foi um sofrimento tão grande quando adoeceu... Sofrimento e despesa, pois o dinheiro que se gasta nestas circunstâncias... a mina foi operada por duas vezes, com internamentos, transfusões de sangue, exames, medicamentos. E oq que me custava quando ela estava internada, o sofrimento dela, coitadinha. Nem quero pensar. Não quero passar por isso, de novo.
Mas são uma companhia, isso são.
Gostei também muito de ler o que escreveu sobre os gatos. é isso mesmo. Boémios, vadios, livres.
Obrigada pelas suas palavras, gostei de as ler.
Um beijinho, Sol Nascente!
Olá,
O Alberto Raposo Pidwell Tavares era originário de uma abastada família inglesa que se instalou em Sines, na Quinta de Sta Catarina, a tal do casarão rosa, que em 79 já estava bem decadente.
Tinham também uma casa dentro da vila, pelo que vi agora era na Rua do Forte, rua que eu calcorreei muito nos meus passeios a pé, e também a caminho do melhor restaurante de Sines nessa altura, a Varanda do Oceano.
Nem sei quantas vezes lá comi posta de cherne grelhada e camarão tigre também grelhado!
Relativamente aos Diários, o Eduardo Pitta escreveu que era inconcebível publicarem um diário sem notas de rodapé.
Eu também acho que só as pessoas muito chegadas ou do meio literário saberão de quem ele está a falar.
Eu ainda só li os anos 82 /85, em que lá estive, e a parte final. Consegui identificar alguns, poucos, de que dou alguns exemplos:
pag. 570: Morre o David (Mourão-Ferreira)
pag. 518: Manuela e Hermínio (Monteiro), da Assírio
pag. 586: Agradecer texto ao Eduardo (Será o Pitta?)
pag. 580: Tereza Coelho (directora da revista Os Meus Livros), que também já morreu, de cancro, deixando o Rui (Cardoso) Martins viúvo e com 2 filhos pequenos.
Tenho um livro dele 'Deixem passar o Homem Invisível' de que gostei bastante e tenciono comprar outro que saíu recentemente.
Em relação aos signos, eu não compro os livros do Paulo Cardoso nem acredito nessa treta dos horóscopos diários, apenas acho que algumas conjunturas planetárias podem realmente potenciar determinadas características.
Assim como acredito que a lua influencia muita coisa, a começar pelo nascimento dos bébés, sem 9 luas não nasce, excepto os prematuros, não é?
p.s. Adorei o seu passeio e a declaração de amor do Gato Preto!
Beijinho
Antonieta
(NB: Na sequência da conversa sobre livros do outro dia, e dos Diários do Al Berto)
Não entendo a razão da perda para se evitar partilharmos a vida com um bicho.
Todos morremos.
As árvores e as plantas, morrem.
Os bichos vão-se.
Tudo se desfaz em pó; então, para quê essa 'desculpa' do desgosto com a sua partida? E os nossos entes quridos, não partem? E o risco constante de perdermos até os mais jovens?
É razão para não termos filhos ou não estreitarmos laços com os seres que amamos?
Aquilo que os nossos bichos nos dão na sua caminhada junto de nós, vale milhões de vezes o desgosto da perda, quando chega o tempo.
O que se ganha de riqueza emocional pela entrega de coração a um bicho que mais não quer do que afecto e presença supera toda a dor que nos deixa.
E essa dor (que é brutal, sei bem) ameniza-se com o tempo; fica o carinho da memória, a saudade doce e tudo se renova noutros bichos, que merecem a nossa nova entrega.
Falo do que vivi e vivo, por isso posso assegurar que o melhor para um desgosto destes, passado o tempo devido do luto merecido, é adoptar outro. O mais rápido possível.
E os bichos gostam mesmo é de um canto quente, um sofá, um colo; passear é connosco, brincar na relva, correr ao nosso lado, depois, casinha é que é bom!
Por isso, um andar vale o mesmo que uma vivenda.
Vão por mim...
Muito obrigada.
Olá Jeitinho,
Acho que o 'Black' gosta mesmo de si!
Quando um gato se abraça às nossas pernas está a dizer que gosta de nós, que quer ser nosso amigo, que permite que entremos no seu mundo tão particular.
Pode fazer-lhe festinhas, levar-lhe comida, pode até levá-lo para casa, mas não acredito que ele fique lá muito tempo!
Já é muito grande, muito livre, se fosse mais pequenino, talvez.
Irá desaparecer durante dias, voltará à sua vida vadia, depois regressará a sua casa ou não, mas irá sempre gostar de si e reconhecê-la-á sempre que a vir.
Será sempre seu amigo e acredito que nunca lhe fará mal!
Os gatos podem ser muito meigos e carinhosos, se forem bem tratados, claro.
O gato da sua nora devia era estar com ciúmes de quem lhe estava a roubar a atenção da dona e, então, toca a atacar.
Tive ao longo da vida uma gatinha albina com um olho azul e outro amarelo (à David Bowie), um rafeiro amarelo torrado com olhos verdes e um siamês com uns maravilhosos olhos turqueza.
Três grandes amigos, com quem passei momentos inesquecíveis.
Chorei muito quando partiram e jurei sempre que não queria ter mais nenhum.
Também gosto de cães.
Quando estava em Sines costumava fazer 'dogsitting' a um cocker spaniel absolutamente louco, sempre que a dona ia passar o fim de semana a Lisboa.
Corríamos (ele puxava por mim) pela praia que nem uns maluquinhos!
Durante muitos anos foi a minha 'marca' de cão favorita, juntamente com os Husky e os Serra da Estrela.
Nunca tive medo de cães, mas ultimamente tenho apanhado uns valentes sustos com os cães dos rebanhos que, garanto, podem ser bem assustadores!
Resumindo, talvez por ser gato na astrologia oriental, confesso que gosto mais de gatos!
Beijinho,
Antonieta
p.s. A Nicky do Eugénio era preta, o António Manuel Pina tinha um gato preto e a Hélia Correia (que eu adoro), tem vários gatos, entre eles uma gatinha preta chamada Violeta.
Será que a Jeitinho também vai ter um gato preto?
A propósito, gosto muito da Loja do Gato Preto!
Olá Antonieta,
O seu saber sobre a vida à volta dos livros é imenso e já aprendi imensas coisas consigo.
Eu, ao ler aquelas últimas páginas do diário do Al Berto, também pensei que poderia haver ali alguns esclarecimentos. Mas depois pensei que se calhar não. É um diário. Quem sabe, sabe, quem não sabe, se calhar não tem que saber.
Não sabia que o Rui Cardoso Martins tinha sido casado com a Tereza Coelho. Nem nunca li nada dele. Por acaso reparei que saíu um livro dele.
Quanto às luas não sei bem mas, ainda agora quando o bebé mais novo da família nasceu (já lá vão 3 meses e meio!), estávamos à espera que a lua o fosse buscar e foi mesmo.
Como já aqui contei, quando estava na cama à espera que me fossem chamar para me levar para o bloco operatório, estive a ler a Caras. E qual não é o meu espanto quando lá dizia que ia resolver um problema ortopédico. E ia mesmo. Fartei-me de rir.
Um beijinho, Antonieta.
Olá Margarida, sempre tão encalorada na defesa dos animais,
Li com ternura as suas palavras. Gosta mesmo, mesmo, mesmo de animais e isso vê-se mesmo; as suas cãzinhas são, com certeza, umas bichinhas meigas e felizes.
Sei que o afecto dos animais é muito puro, muito autêntico. Com a minha 'menina' passei a perceber e a gostar ainda mais de animais.
Mas acho que ter um animal não pode ser só uma coisa gratificante para nós. Temos que respeitar a sua dignidade e o seu bem estar. Um cão viver num andar pode ser idêntico a viver numa moradia se houver quem o leve a passear durante o dia. Agora ter que sujeitar um animal a estar 12 horas ou mais fechado em casa, sozinho, sem poder fazer as suas necessidades, é muito violento. Não me parece bem. Durante o período a que tivemos que sujeitar a nossa a isso custou-me muito.
Para se ter um animal tem que haver uma grande disponibilidade ou, então, tem que ter uma retaguarda que lhe permita assegurar o acompanhamento do animal em caso de falta ou dificuldade. Quem não a tenha não deverá meter-se nisso para não sacrificar os animais. eu, quando tinha os meus filhos em casa, não tinha qualquer dificuldade. depois passei a ter que recorrer aos meus pais. Depois nem isso.
Se agora temos dias de chegar a casa já bem tarde pois, a seguir ao trabalho, passamos pelos filhos, seria cruel deixar um animal nessa clausura durante tanto tempo.
E, depois, claro, há também o aspecto de não se querer passar pelo sofrimento de os ver agonizar. Claro que há algum egoísmo nisso. Claro que sim. Mas não é comparável com o que se passa com pais e filhos. Os pais já cá estão quando aparecemos, não é uma opção nossa. os filhos, aí, é outra conversa, é querermos prolongar a nossa existência, é instinto, é tudo isso que vem da sobrevivência da espécie. Não se explica. Quase que também não é opção.
Querer ter um animal, aí, sim, é mesmo uma opção. E deve ser tomada em consciência, tendo a certeza da disponibilidade a todos os títulos (emocional, física, económica, etc).
Acho que se, durante a semana, eu vivesse numa moradia talvez tivesse - acho que teria, sim - um ou mais cães e gatos e o que por lá aparecesse. Seriam livres e teriam qualidade de vida.
Sortudas as suas cãzinhas por terem uma dona tão amiga e que tão ferreamente defende os indefesos bichinhos.
um beijinho, Margarida!
Olá Antonieta, de novo,
Gostei muito de ler o que escreveu. De saber os amigos que teve e que tantas saudades lhe deixaram. Achei engraçado a descrição dos seus passeios na praia com um cão corredor (os cães adoram praia. Gostei de ler o que descreveu do temperamento e da personalidade dos gatos.)
Gostei de saber sobre os gatos dos poetas e, uma vez mais, fico admirada com o seu fantástico conhecimento sobre a vida dos escritores. Como é tema que a mim me desperta sempre muito interesse, leio-a de gosto.
Eu, na astrologia oriental, sou macaco. Sou uma carangueja macaca. Dá para imaginar um bicho assim?! Só podia mesmo dar no que deu.
PS: Também gosto muito do Gato Preto. Uma tentação.
Obrigada pelas suas amáveis palavras!
Ainda bem que gosta das minhas 'divagações' literárias e cinéfilas.
Às vezes penso que posso estar a ser maçadora com tanto palavreado...
Ontem, imperdoavelmente, esqueci-me de mencionar o Prof. Agostinho da Silva, sempre rodeado de gatos, aos quais não dava nomes:
"Não sei o nome deles, eles nunca mo disseram, mas se eu chamar Gato ou Gatinha, eles sabem logo com quem estou a falar."
Tenho vários livros dele e gosto particularmente da seguinte máxima:
- Se a vida te der limões, faz limonada!
E tenho tentado aplicá-la sempre que a vida corre menos bem.
Eu até gosto de limonada.
Fresquinha e sem açucar!
Beijinho,
Antonieta
Olá Antonieta,
Sabe que eu, durante muitos anos, bebia todas as tardes uma grande limonada, fresca, sem açúcar. Gosto muito. Era uma mordomia que tinha no antigo escritório. Agora neste não há disso, só café e chá. Agora bebo chás e infusões mas nada que se compare com as limonadas sem açúcar de que eu tanto gostava.
Sobre gatos, hoje no Ginjal lá voltei a colocar mais uma fotografia de mais um gatinho. Foi uma das muitas fotografias do sábado passado. Têm uma expressão estes gatos. Sinto-me da mesma espécie deles.
Não sabia que havia tantos escritores com gatos. Tem graça. Será que também se identifica(va)m com os gatos?
E pode ir escrevendo sobre livros, sobre escritores, sobre gatos, cães, recordações, o que quiser que eu gosto imenso e os outros leitores também devem gostar.
Um beijinho, Antonieta.
Apenas para lhe dizer que muitas vezes dou por mim a chamar o Sacha e só depois é que percebo que ele não pode vir...
Tendo uma cadela, por isso, também sou mais virada para os cães. Mas sei que também os gatos se afeiçoam às pessoas e lhes são fiéis. Sei de gatos que desistiram de viver com a morte da sua pessoa de referência. E, mesmo que outras pessoas à sua volta gostem deles e lhes façam carinhos, eles desistem de viver, de comer, e encontram a sua paz, enfim, junto da sua pessoa querida.
Li, há tempos, uma história assim, num blogue, que tanto me perturbou. Vou ver se ainda a encontro para lhe deixar o link.
Encontrei, aqui:
https://camalees.wordpress.com/2014/01/24/balada-da-emigracao-para-o-meu-pai/
Leia também os comentários, onde a autora do blogue revela mais pormenores do gato Cenoura.
Só agora reparei que este post já é antigo. Vim aqui parar através de um link no Xaile de Seda :)
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