O Governo Passos Coelho, Paulo Portas, Miguel Relvas, Vítor Gaspar e mais uns quantos, depois de 20 horas de reunião, chegou a acordo sobre o Orçamento de Estado para 2013 e o resultado é o absurdo que se esperava. Absurdo, ridículo, e perigoso, muito, muito perigoso.
Claro que não irá avante pois é um aborto.
Mas, se por acaso os deputados se portassem como uns bananas ignorantes e amorais, se Cavaco Silva não percebesse que ser Presidente da República não é 'mandar bocas' por aí ou escrever aos amigos no facebook, então, então teríamos uma hecatombe de consequências imprevisíveis, devastadoras.
As medidas que constam do aborto OE 2013 levam ao empobrecimento generalizado e, sobretudo, ao esmagamento da classe média. Já aqui o referi várias vezes: a classe média e média alta são o motor da economia. São os seus excedentes que alimentam o comércio, a distribuição, a restauração, o turismo interno e, também, que geram a poupança que é indispensável para alimentar a liquidez bancária.
Esmagar a classe média e média alta não é aplicar justiça fiscal como os estúpidos e os demagogos ignorantes dizem: fazê-lo é levar à falência súbita toda, toda, a rede económica que vive, directa ou indirectamente, dos rendimentos da classe média e média alta. Fazê-lo é destruir rapidamente o País, fazê-lo é levar à súbita miséria a população portuguesa.
Com este Governo a estupidez anda em roda livre. É como um monstro à solta, uns monstro medonho, esfaimado, sem escrúpulos, sem moral. O monstro pode, por vezes, parecer gente normal, boa gente. Mas, por favor, não se deixem enganar, tenham cuidado com ele. É muito perigoso. O poder de destruição é brutal.
Algumas notícias ao acaso:
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Mas há que ter esperança e lutar. Lutar. Protestar. Não somos baratas que se esmaguem com o pé. Não somos descartáveis. Não somos objectos.
E a nossa razão é reconhecida por quem tem dois dedos de cabeça.
De novo, algumas notícias ao acaso para provar que há indícios de que podemos ter esperança, de que talvez Portugal volte a ser, em breve, um local acolhedor para as nossas crianças.
- Este aumento de impostos é um rombo colossal (Constança Cunha e Sá)
- Pessoas são pessoas e não são números. Hoje, as pessoas são como números (Soares dos Santos)
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Liga o braço longe a uma estrela
Prende distâncias que teus pés ignoram
as árvores cruzam desse modo os seus ramos
enquanto as multidões falam
de milagres
que não viveram
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Creio no sol, mesmo quando não o vejo
Creio no amor, mesmo quando não o abraço
Creio em Deus, mesmo quando Deus se cala.
Creio no sol, mesmo quando não o vejo
Creio no amor, mesmo quando não o abraço
Creio em Deus, mesmo quando Deus se cala.
['Peregrinação' e 'Credo' de José Tolentino Mendonça in 'Estação Central']
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Dançar com luzes para afastar os demónios
Quixotic Fusion
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E tenham, meus Caros Leitores, um bom dia.
8 comentários:
Andei para cima e para baixo mas não li aqui nada sobre os pópós que o PS considera um custo normal da Democracia, e que por isso estão contemplados no Orçamento de Estado para 2013 do PP e do PSD que paradoxalmente contesta no texto...
Com estas visões sectárias do país, exercício de verdadeira cegueira selectiva, não vamos a lado nenhum - excepto para o abismo.
Evidentemente que na história dos pópós o mais importante não são os próprios pópós. É a visão e o estado de espírito subjacentes a quem defendeu (ou omite) a mordomia.
José
Olhar para as fotos das crianças, faz-nos quase inconscientemente acreditar que ainda há esperança.
Chegamos a um ponto em que só apetece agarrar naquela gente louca e estúpida que nos desgoverna e mandá-los todos sabe-se lá para onde.
Um beijinho
Caro José,
O seu comentário merece algumas considerações e acho que até irei escrever um post sobre isso pois acho que o que tenho a dizer não cabe no espaço dos comentários.
Mas fica já aqui dito que não sou cega nem sectária. Poderia dizer que vejo até muito bem mas não estaria a dizer a verdade já que tenho uma ligeira miopia (coisa que, na Marilyn e noutras célebres míopes, conferia um certo charme). Sectária também não sou. Convivo de perto com pessoas que vão da esquerda, esquerda, à direita, direita e a todos respeito e a todos consigo detectar pontos de razão. Tendo a ser analítica nas minhas apreciações mas como a minha natureza é assim, emotiva, exprimo-me com alguma energia.
Por isso, se sublevo o caso dos carros da bancada do PS neste contexto é porque sei situar a escala. Num caso estamos a falar de amendoins sem grande impacto negativo na vida de ninguém - e quem adora amendoins são os macacos. Nos casos que refiro (esmagamento fiscal, destruição da economia, etc) estamos a falar numa hecatombe que destrói a vida de muita gente, que retira a esperança no futuro a milhões e, ainda, na perda de dignidade e, até, de soberania de um País. Parece-lhe comparável?
Mas, se me der para isso, escreverei um post sobre o tema que elege como tão importante.
Cumprimentos, José, e comente sempre que eu gosto de quem dá luta.
Isabel, olá,
Se todos nos manifestarmos quer na blogosfera, quer na rua, quer no nosso dia a dia, conseguiremos fazer ouvir a nossa voz.
Não nos podemos esquecer que nós somos muitos e eles são muito menos.
Obrigo-me a mim própria a ter esperança no futuro. As crianças merecem que lutemos por elas.
Um beijinho, Isabel1
Ouvi Bagão Felix, António Costa, Pacheco Pereira e até Lobo Xavier, antes Marques Mendes e António Capucho, antes ainda Ferreira Leite - e muita gente lúcida e ponderada da Oposição (BE, PCP e PS) , e vários outras personalidades sobre a hecatombe fiscal e económica que nos está a cair em cima. Gente responsável, empenhada, que não se deixa atrelar ao discurso oficial, do bando “Relvas-Gaspar-Passos-Portas (estes 2 últimos vêm pela ordem de influência no Governo). A verdade é que nenhuma dessas personalidades tem qualquer confiança na actual coligação e não hesitam em lhe dar a extrema-unção, para breve. Mas, o que mais os une, neste coro de críticas ao assalto fiscal e destruição da nossa economia e ataque aos mais desfavorecidos (Bagão apelou mesmo a uma maior humanização das medidas) foi sobretudo o facto deste governo ser profundamente injusto, cego nas medidas que toma, incapaz de ver pessoas, optando por números num papel e que, a continuar assim, tem o seu destino traçado e para breve. E todos, de uma forma outra outra, mais ou menos súbtil, chamam à atenção para o papel – e dever! – do PR de intervir, mais dia menos dia. Igualmente (todos), que o Sr. Paulo Portas está sem crédito e diminuído (olhar para a figura na A.R mete pena, pior, desprezo, com aquele ar encolhido, de quem não quer, mas aceita, por “mor” do palco). O que deu para perceber quanto ao IRS é inqualificável. O mesmo quanto ás pensões. E subsídio de desemprego. E a barbárie do IMI. Como UJM diz e bem, falgela-se a classe média, os mais desfavorecidos, os pensionistas e vende-se um logro aos funcionários públicos (uma desonestidade como de algum modo assim classificou Bagão Felix). O que me espanta, sinceramente, é este contínuo caminhar para o abismo, acreditando que é o caminho correcto. Repescando uma vez mais Bagão, a receita vai levar a mais um desastre colossal economico-financeiro no final de 2013. E, sem consumo capaz de revitalizar uma economia (em frangalhos), empresas agredidas pelo fisco e sem apoio da Banca e, pior ainda, sem receita fiscal para pagar o que devemos avizinham-se tempos muito, mas muito, maus. E com Belém a olhar para o lado. Espantoso! O descrédito da população contribuinte é total. Uma coisa este famigerado governo conseguiu: nunca houve um governo tão impopular em tão pouco tempo! E nunca se afundou o país em tão curto espaço de tempo! Parabéns aos “moços”: Passos, Portas, Gaspar, Relvas, Moedas, etc. Um governo de “moços, impreparados, irresponsáveie e incompetentes” – “Os Moços dos 3 Is”. Deixo um desejo: que as crianças que aqui coloca no seu Post (netos?) possam ter um dia um Futuro. Como o meu neto. No caso deles, como sou optimista e lutador por natureza, acredito que as coisas irão mudar. Mas, temo, já não será para a minha geração. Esta cambada destrui-nos o futuro próximo. Não tinham o direito de o fazer, mas fizeram-no. A frio. Pensadamente. Olhando para nós como (como disse e bem) descartáveis. E até sem qualquer considerção pelos vindouros. Tenho a sensação de que de cada vez que alguém morre na nossa facha etária, o Gaspar sorri contente (e por solidariedade o Passos e o Portas – o Relvas já nasceu a sorrir velhacamente). Menos uma pensão a pagar, mais uns euros poupados. Estamos a chegar a uma situação que me atreveria classificar de “estado de putrefacção sócio-politica-económica”. Isto já começa a cheirar mal. Para quando a limpeza?
P.Rufino
Olá P. Rufino,
Para começar: não são os meus netos, não. São fotografias que obtive na internet. Não gosto de mostrar aqui as carinhas dos meus netos. São lindos mas não apenas por minha vontade mas também por vontade dos meus filhos, apenas os mostro de costas.
De resto, não poderia estar mais de acordo consigo. É isso mesmo. E acho também que o Relvas já deve ter nascido com aquele sorriso velhaco (fartei-me de rir porque é isso mesmo, aquele fulano tem mesmo um sorrisinho velhaco).
Gente ignorante, que nunca estudou nem trabalhou a sério é o que eles são. Só expedientes e influências. Se alguma vez tivessem trabalhado a sério não apenas davam valor ao trabalho como aos trabalhadores.
É tudo demasiado mau, tanta trapalhada fazem. Nunca vi coisa assim.
Eu faço ideia o Cavaco, deve andar de cabeça perdida. É que esta é a área dele. Orçamentos e planos sabe eles fazê-los bem. Ver esta gente às aranhas, sem mão nos malditos modelos, horas e horas a fio e sem conseguirem saber o que querem, deve dar-lhe cabo da cabeça.
É que, no meio de tanta incompetência, há ainda um sério problema de liderança, cada um faz o que lhe dá na cabeça.
Acho que mais dia, menos dia, vamos mesmo ter um governo de individualidades respeitadas: Bagão Félix, Silva Lopes, Manuela Ferreira Leite, etc. Seja o que for que façam, serão melhor sucedidos do que estes.
A ver o que vão cozinhar no fim de semana, a fazerem outra vez um orçamento definitivo. Nada de bom, certamente.
Um bom fim de semana P. Rufino!
Olá,
Estamos todos a caminhar lentamente para o abismo, carregando uma cruz alheia que não nos diz respeito. Temos que gritar alto e bom som que não aguentamos o peso desta cruz tão pesada e que ela vai cair e despedaçar-se por terra se não a tiram de cima de nós.
Se a classe média e média alta estão a ficar cada vez com menos recursos para fazer mexer a economia, as falências e os desempregados multiplicam-se, e a situação agrava-se cada vez mais e fica insustentável. E as pessoas sobrevivem de quê?...todos nós seremos afectados porque vivemos uns dos outros.
Começamos a ter receio de sair à rua porque a vagabundagem e os roubos aumentam e a nossa segurança fica ameaçada...ao ponto de nos assustarmos com a nossa própria sombra....mas afastemos este cenário tão mau, afastemos estes monstros que nos querem engolir vivos e vamos ter esperança que os rapazes tresloucados que estão a desgovernar os nossos destinos acordem a tempo de fazerem inversão de marcha para não deixarem afundar este bocadinho de terra de que tanto nos orgulhamos.
Um grande beijinho
Olá Maria Eduardo,
Em alturas de carência e desesperança os riscos aumentam, claro. E isso é tanto mais grave quanto o Gaspar anunciou que uma das áreas em que vai cortar é.... a segurança!
Agora que o próprio FMI veio reconhecer que se enganou nos modelos que usa e que é melhor acabar com a austeridade porque a recessão que induz é muito superior ao esperado, fica mais difícil ao governo explicar porque persiste ainda nesta receita.
Não creio que haja solução com este governo porque o maior problema é a tremenda impreparação e incompetência do primeiro ministro.
Também acho que não é altura para eleições. O que defendo e já aqui o referi seria Cavaco nomear um governo com figuras experientes e competentes. Falam-me já alguns nomes e parecem-me bem: Silva Lopes, Bagão Félix, Rui Rio, Manuela Ferreira Leite, Luís Amado, António Costa, etc.
Gente com tarimba e cultura dava a volta a esta situação em três tempos.
Haja esperança.
Um beijinho, Maria Eduardo.
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