sexta-feira, setembro 14, 2012

Passos Coelho e Paulo Portas, um desagradável casamento de fachada? Ou não? Dos dois, qual é o menos confiável? Que credibilidade tem ainda este Governo? Passos Coelho em entrevista na RTP 1 mostra que não aprendeu nada, que não percebeu nada e mostra que vai prosseguir na mesma senda e, se achar que são precisos mais sacrifícios, infligi-los-á, ora pois (e 'Bardamerda e caladinhos!' *). Pacheco Pereira na Quadratura do Círculo diz que 'todos os poderosos deste país que lá puseram Passos Coelho, já perceberam que é um incompetente e já o abandonaram à sua sorte'. Face ao fim de ciclo que já se sente no ar, o que se vai passar? ... Avanço com algumas hipóteses.


Vi e ouvi Passos Coelho na entrevista concedida à RTP 1, agastado com a confrontação, a boca num esgar, aqueles olhinhos em viés que não revelam qualquer clarividência, contradizendo-se a torto e a direito face ao que anunciara em tempos eleitorais ou início de governação, revelando o amadorismo e a ligeireza com que encara todas as medidas, mostrando que, tudo o que faz, o faz em cima do joelho, mostrando que não é inteligente (e não me refiro apenas à inteligência racional, refiro-me também à inteligência emocional).




Tudo isto seria irrelevante se ele fosse estafeta numa empresa do Ângelo Correia. Mas, sendo Primeiro Ministro no meu País, é muito preocupante.

Aposta numa economia de salários baixos, não percebe as relações de causa e feito entre o que decide e as consequências que daí derivam, nem sequer percebe que a receita fiscal também é da responsabilidade do Governo - e nem acrescento muitos mais aspectos para tudo isto não ficar demasiado deprimente e  fastidioso de ler. Mas constatar como funciona a cabeça daquele homem é preocupante, é aflitivo. 

E voltou a mostrar que não sabe o mínimo dos mínimos a nível de aritmética. Diz ele que, uma vez que Belmiro de Azevedo vai baixar em 5 e tal por cento os custos de pessoal (por via da redução na TSU das empresas), pode baixar os preços, compensando assim o corte de 7% nos ordenados dos trabalhadores. Ouço isto e fico a pensar:  Passos Coelho ou é um demagogo encartado ou devia voltar ao ensino básico.




Conforme já aqui o disse, os custos de pessoal são uma pequena parcela nos custos totais das empresas. Na grande distribuição deve ser uma parcela pequena já que a principal parcela deve corresponder aos custos dos produtos em si. E há ainda outros custos como os das instalações, dos transportes, do marketing, etc. Mas, por simplificação, vou supor que a parcela correspondente aos custos com pessoal será da ordem dos 20%. Como a taxa da TSU das empresas baixa cerca de 5 e tal por cento, teremos (multiplicando os dois factores) um abaixamento de custos totais de cerca de 1 e picos por cento. Mesmo que Belmiro de Azevedo resolva baixar os preços em 1%, onde é que isso compensa os 7% que as pessoas recebem a menos?! Onde, senhores?!

E agora vem ainda dizer que este corte vai ser modelado, poupando quem ganhe salário mínimo e sobrecarregando mais quem mais ganhar. Ou seja, se em média vai cortar 7% e uns não pagam ou pagam menos, significa isto que, quem ganhar mais (quanto? acima de 1.000 ou 1.500€/mês), sofrerá um corte de quê? 10%? 14%? Inenarrável. Escandaloso. Impossível. E só não digo aqui um palavrão 'à maneira' porque, enfim, não sou mulher do norte. Mas é o que este indivíduo está a pedir. 

Não me vou alongar mais sobre a entrevista (estiveram bem, os entrevistadores), apenas referir que, pelo meio, Passos Coelho ainda arranjou maneira de entalar Paulo Portas perante o seu eleitorado.




Diz ele que obviamente todas estas medidas têm sido discutidas e trabalhadas com Paulo Portas, como não podia deixar de ser. Também acho. Seria desleal e esquisito se cometesse todos estes desmandos sem conseguir a cumplicidade do seu Ministro de Estado. Mas isto faz de Paulo Portas um de dois: ou é um banana a mando do Massamá Man, um banana que entra a defender uma coisa e sai de fininho a fazer tudo o que o outro quer, ou é um mentiroso que promete uma coisa aos seus eleitores e aos seus deputados e, no conforto dos gabinetes do Governo, faz exactamente o contrário.  


Mas hoje foi também o dia em que António José Seguro, formal, institucional, apareceu nas televisões a dizer que vai votar contra o Orçamento. Não é que eu estivesse à espera de muito mais mas, caraças!, aquele homem não consegue elevar um pouco mais a voz, transmitir um pouco de paixão? Mostrar que vai conseguir um governante todo-o-terreno? 

Mas ele é assim, paciência. Vai votar contra e fará muito bem. E se apresentar uma moção de censura também fará bem. Estamos a falar de serviços mínimos mas, enfim, ao menos isso.

*


Durante algum tempo, em público, falavam as vozes de quem, falando, tinha alguma coisa a perder. Os destemidos ou os malucos.

No entanto, a pouca vergonha foi tanta, o despautério foi de tal forma levado ao extremo que, aos poucos, uma a uma, as vozes dos que já não têm nada a perder, se fazem ouvir alto e bom som.

E a seguir falarão os que antes se acobardavam ou os que só falam quando o coro vai alto ou os que gostam de cavalgar a onda.

Desde há algum tempo que se vinha percebendo que esta gente que nos governa não representa nenhuma elite, nem a elite do saber, nem a da inteligência, nem a da nobreza de carácter. Começou a ser claro que esta gente se representa apenas a si própria ou, talvez,também investidores chineses, angolanos, ou os amigos da Ongoing ou outras organizações do género, talvez os amigos do Relvas.




Vítor Gaspar falhava todas as metas mas, usando linguagem hermética ou vagarosa, uns por não perceberem, outros por não terem paciência para acompanhar conversas em câmara lenta, foi passando despercebido. Era apenas um boneco fácil de imitar.

O Álvaro, coitado, andava sempre ao lado, e foi sendo ultrapassado pelo Relvas, pelo ministro clandestino Borges, por quem quer que fosse, até que desapareceu e as pessoas esqueceram-se dele. Era apenas um boneco fácil de parodiar.

O Crato revelava uma hipocrisia e um desconhecimento propício à balbúrdia mas, pela voz doce e pelo sorriso afável, foi sendo desculpabilizado especialmente pelo sector feminino da classe. Era apenas uma decepção que as professoras lamentavam, num suspiro.

O Portas apostou em andar longe da piolheira, fazendo-se passar por caixeiro viajante, sorriso espertalhão, verbo fácil e lá fora, onde sempre está, indo dizendo que, lá fora, não fala sobre o que se passa cá dentro. Ladino. Era apenas alguém de quem se fala quando a suspeição dos submarinos volta à ribalta.

E isto foi acontecendo, durante algum tempo, com todos os ministros a irem mostrando a sua incompetência mas ainda gozando da boa vontade dos portugueses. Apesar do descalabro evidente, as sondagens mostravam que o descrédito ainda não era total e ainda havia alguns, para além do inefável Carlos Abreu Amorim, que o defendiam.

O desemprego aumentando, o roubo descarado por parte do Governo aumentando, a dívida aumentando, e todos os dias mais impostos, e menos subsídios, e todos a ficarem mais pobres.  Mas tudo sendo tolerado, os portugueses são assim, míopes, macios – até ao dia em que se sentem ofendidos. Foi o que aconteceu. 




Até ao dia em que este Governo passou da conta. Até ao dia em que se soube que Relvas tinha feito a licenciatura através de um expediente que lhe permitiu obter um diploma fazendo 4 cadeiras, as quais nem tão pouco parece ter frequentado. Até ao dia em que foi público que já ninguém o respeitava e que foi vaiado em público, quase sendo impedido de prosseguir o discurso, com as televisões a mostrarem-no, sorriso amarelo e humilhado.

Sobretudo, até ao dia em que Passos apareceu a dizer que iam roubar 7% aos trabalhadores para darem 5 e tal aos patrões, indo o resto para os cofres do estado. Até aparecer na net uma fotografia de Passos, saído da conferência em que fez este anúncio, num espectáculo musical, a rir e a cantar ao lado da mulher, igualmente galhofeira.




Até ao dia em que escreveu no facebook a desculpar-se, feito fedelho parvo. Até ao dia em que, a seguir, apareceu o Gaspar a dizer que isso e mais uma subida de IRS e mais um corte nas reformas e mais despedimentos e mais não sei o quê.

Até ao dia em que a net foi inundada por gente a tratar Passos Coelho por cobardolas, reles, ordinário, merdolas, gatuno e outras expressões que me abstenho de transcrever. 




E aí percebeu-se que, de repente, todo o respeito também por ele se tinha esgotado. E aí percebeu-se que os seus dias como Primeiro Ministro estão a chegar ao fim.

Antes de ontem de tarde foi João Galamba (e que bela figura ele tem...!) que, num discurso inflamado, quase agarrou Vítor Gaspar pelos colarinhos, chamando-lhe irresponsável. E as televisões mostraram um jovem aguerrido, peito feito, a defender o povo - e um ministro fraco, desligado da realidade, fora de jogo.

E, de noite, foi Manuela Ferreira Leite que desmontou, trucidou, pisou e cuspiu em cima de toda a política económico-financeira-social deste Governo. Depois de tudo o que ela disse, sendo ex-líder do PSD, ex-ministra das Finanças, amiga pessoal do Presidente da República, nunca mais ninguém deste Governo vai ser ouvido com respeito. 

De manhã foi também Rui Machete, também ex-líder do PSD, que disse na TSF que as medidas são desproporcionadas e que o Governo tem que arrepiar caminho. À hora de almoço ouvi José Eduardo Martins, ex-deputado, ex membro de um anterior governo,  dizer que se fosse deputado e o Governo prosseguisse nesta senda, resignaria e que votar este Orçamento é para os deputados do PSD uma questão de consciência.

E as televisões de repente encheram-se de gente que mostra o mais profundo desprezo por este elenco governativo. Veja-se, por exemplo Jorge Rebelo de Almeida, da Conferação de Turismo e presidente do Grupo Vila Galé, durante o programa de José Gomes Ferreira, "Negócios da Semana", na SIC Notícias. Por favor, queiram ver o vídeo aqui e perceberão o asterisco que aparece no título.

E hoje, ao ouvir os debates que se seguiram à entrevista de Passos Coelho, alguns já falavam no passado. Este Governo já era.

As pessoas perguntam-se: o que acontecerá a seguir?




Já aqui o tenho dito: não acredito que este governo se aguente muito tempo. Pela lei natural da vida, espécimes incapazes têm dificuldade em sobreviver. 

Agora... e como é que cai?

Cá para mim,

1. Ou Paulo Portas ganha vergonha e, em nome do respeito que deve aos seus eleitores,  rompe a coligação,

2. ou os próprios deputados do PSD ameaçam chumbar o orçamento e Passos Coelho reconhece que não tem qualquer condição para prosseguir com a destruição do País, e demite-se,

3. ou todas as forças políticas e sociais em conjunto com a opinião pública e com a rua mostram que o Governo não tem quem o apoie

e Cavaco não tem como manter-se feito esfinge e parte para a acção.




E, uma vez o Governo demitido, o que fará Cavaco a seguir?

É até lapaliciano dizer mas acho que das duas, uma. Ou convoca eleições antecipadas ou forma um governo de união nacional que tenha o apoio de uma maioria estável. Penso que ele, na cabeça dele, se inclina para esta segunda hipótese: escolher figuras de mérito e experiência incontestável que mereçam acordo generalizado.

A hipótese de marcar eleições parece-me a mim que não seria muito oportuna neste meio tempo. Além disso, com uma destas, a liderança do PSD vai automaticamente à vida, pelo que o PSD teria que ir, internamente, a votos. Por outro lado, é sabido que António José Seguro está longe de ser consensual dentro do PS. Quanto ao CDS, se Paulo Portas não sair do Governo pelo seu próprio pé, dificilmente se aguentará como líder do CDS.

Não me refiro ao PCP e ao BE pois, nos tempos que correm, não são partidos de poder. O BE, para além disso, também está a atravessar um período de mudança de liderança. 

Ou seja, penso que todos os partidos, de uma maneira ou de outra, preferirão que alguém tome conta do pedaço até que tenham tempo para se reorganizarem e aparecerem com caras novas numas próximas eleições, talvez no fim do contrato com a troika.

Seja. Não é difícil governar melhor do que este Governo o faz.

Quem sabe se a mudança para outros tempos, melhores tempos, não está a chegar?


*

Quero ainda deixar uma palavra sobre a manifestação de dia 15. Trata-se de uma manifestação convocada sob o lema ‘Que se lixe a troika’. Ora parece-me um tiro ao lado. Não há, de momento, hipótese de viver sem apoio externo. O acordo deverá ser revisto, isso sim, e a troika não iria contra isso. Mas a troika também já deixou bem claro que as políticas para se atingirem as metas são da responsabilidade do Governo. O que está mal neste País é a governação a que temos estado sujeitos, uma governação má em tudo, até no facto de não ser capaz de negociar com a troika, coisa que é imprecindível fazer. Quem tem que ser corrido é este Governo, não a troika (pelo menos, não já).

Por isso, hesito na minha participação. É certo que provavelmente ninguém atenta bem ao lema e as pessoas irão manifestar-se contra o actual estado de coisas e não, em particular, contra a troika. Mas eu sou dada a rigores e custa-me alinhar numa manifestação cujas palavras de ordem talvez não mereçam o meu total acordo. No entanto, penso que seria importante que as ruas ficassem cheias para mostrar o desagrado geral. E é isso que me faz balançar. Tenho ainda que pensar bem no que farei.

*

As pinturas são excertos de quadros de Hieronymus Bosh, pintor holandês (1450-1516).

A fotografia (que circula na net e cuja autoria desconheço) mostra o Primeiro Ministro feliz da vida depois de anunciar o corte de 7% aos rendimentos de trabalho.

*

Para quem se interesse pelos destinos do País e ainda o não tenha lido, permito-me recomendar a leitura do texto de um Leitor de Um Jeito Manso, J., já aqui abaixo. É um texto deveras interessante.

*

E é isto, meus Caros. Desejo-vos uma sexta feira muito feliz.

17 comentários:

jrd disse...

Boa noite,
Grande grande é a análise do que aconteceu e excelente a abordagem à intervenção dos personagens.

O meu registo é, como já terá constatado, mais superficial e normalmente satírico.
Faço o que posso e como posso.

Além do mais, não consigo deixar de responsabilizar o cidadão-eleitor por todo este fatalismo (quase) histórico:

http://bonstemposhein-jrd.blogspot.pt/2009/09/o-cidadaoxxiii.html

Um abraço

jrd disse...

Volto para sublinhar que apesar de Bosch nos ter dado muitas criaturas e cenas horrorosas, a foto do casal Coelho é que mais assusta e constitui um detalhe de uma grande subtileza.
Parabéns.
:)

Rui Dantas disse...

Dois comentários:

Quem ganha um pouco mais que o SM já vai perder 10% ou mais líquidos.

Não me parece que Portas seja um banana (das duas uma, portanto).

Anónimo disse...

Jeitinho acho que devemos todos ir para demonstrar a nossa indignação.
Beijinhos Ana

Pôr do Sol disse...

Jeitinho,
Andamos todos muito indignados com tamanha desfaçatez e falta de escrupulos de PCoelho.

Já nem os do seu partido concordam com ele e dizem-se dispostos a não prosseguir. Parece-me um louco em fuga para a frente.

Penso que ultrapassa a incapacidade
já só me parece maldade.Mas com que fim?

Satisfazer a ansia de vingança dum Retornado vingativo- Relvas?

Quer ele destruir e trocar Portugal por uma Angola de onde numca devia ter saído?

Sou talvez demasiado crente, mas creio que Paulo Portas, ao contrário do que PCoelho disse, não foi consultado.É mais uma mentira. Assim como Seguro diz que só ao fim da tarde de 6ª.feira foi informado da comunicação. È um traidor que se move nas costas dos outros e faz-se crer democrata.

Acredito ainda que não chegará ao Natal.

Um beijinho e vamos serenar um pouco no fim de semana.

Anónimo disse...

Nenhum deles é confiável. Um, Passos, porque é teimoso, arrogante e incompetente, outro, Portas, porque nunca o foi. Basta olhar para o que diz e depois não faz. Basta ver como tem gerido a sua presença neste Governo. De forma cínica. Está lá, mas não está (onde está então?). É de quem é caculista, não se importa de tirar o tapete, devargarzinho, ao parceiro de coligação, de se travestir de imaculado e nada ter a ver com o que se vai passando no País (quando sabia e apoiou tudo isto), graças ás medidas desastrosas de carácter socio-economico-financeiro que têm vindo a ser tomadas. E, como se não bastasse, acabo de ler no Público on-line, que “poderá estar de saída do governo...depois da aprovação do orçamento”! Capaz disso seria ele. Mas a concretizar-se, o que ele poderá justificar como de “patriotismo necessário e lealdade ao parceiro/PSD de coligação”, só revelaria, afinal de contas - o seu carácter. Será possível tal procedimento? Sair, mas sem a coragem de bater com a porta e ser contra estas absurdas, injustas e irracionais medidas de austeridade? Sinceramente, não me surpreenderia, vindo de PP. Convém igualmente recuar no tempo e recordarmo-nos do apoio que então PP deu à mafiosa Administração de George W. Bush (na companhia de Barroso, Blair e Aznar). Quanto à entrevista de Passos à RTP 1 foi a confirmação do que ele é e aqui neste magnífico Blogue se disse e muito bem sobre ele, não precisando de acrescentar nada mais. E Tó Zé? É isso, como diz. Julgo que esta crise política e a sua extensão poderá ter algumas consequências positivas (nem tudo poderá ser mau), como podermos vir a assistir à queda deste Governo, à substituição de Passos como líder do PSD, mas também...de Portas do CDS (têm ali gente melhor). “And last but not least”, de, quem sabe, podermos igualmente ver chegar à liderança do próprio PS outros mais afeitos, mais capazes, mais corajosos e mais articulados, como, por exemplo, João Galamba – que dava, quem sabe, um excelente SG. Gostei bastante do que escreveu neste seu Post. Ajuda a esclarecer muita coisa. Aquela foto do casal de Massamá depois do anúncio do injusto, a bater palmas e a divertir-se na festarola, até me deu náuseas! Quanto aos cenários que traça, é bem possível que um deles venha a suceder. A verdade é que este governo como diz, “já era”. Entre as várias hipóteses e se se conseguir evitar eleições nesta fase complicada, porque não o PR escolher alguém (MFL?) que conseguisse congregar o maior consenso político possível (PSD,PS, CDS, com alguns acordos de entendimento parlamentar á esquerda, o que não é dificil – relativamente à EDP, GALP, PPP, IRS, TSU, etc), com a exclusão, naturalmente de TODOS (incluindo Portas) os actuais Ministros e S.E? Caso contrário, vai-se para eleições. Mas...e depois? Por fim, também ainda me interrogo sobre a minha presença na tal “manif”. Vejo isso mais como um acto de indignação contra o que se está a passar e sobre o “aí vem de mais austeridade injusta”. Quanto à Troika, impõe-se negociar juros inferiores (creio que MFL ou outrém referiu de algum modo isso) ao que nos cobram, por exemplo de 1% e não os 4% (isso sim seria Ajudar) e não vir agora cortar com ela. Tem que haver um misto de bom senso e de muita coragem – com soluções claras, objectivas e realistas. Prá frente é que é o caminho e nada de pessimismos, não é assim UJM?
P.Rufino





Isabel disse...

Gostei muito de ler esta sua análise.

Estou cansada de dar um voto de confiança aos políticos. São todos iguais.

Um beijinho e bom fim-de-semana

ERA UMA VEZ disse...

Querida Jeitinho

Desde Timor que não vou para a rua.
Amanhã VOLTO.
Vem de dentro de mim e vou sentir-me
bem.

Antes não fosse.Juro que preferia.
Dei-lhes todos os "estados de graça" que aguentei.

Abraço.

Um Jeito Manso disse...

Olá jrd,

Tem razão, é de facto o Tuga que vota e escolhe assim. Mas o Tuga somos nós, nós os que nos deixamos enfeitiçar com vozes suaves, nós que não nos informamos e nos deixamos enganar, nós os que não temos instrução, nós os que nos desabituámos de pensar, nós os que percorremos o País atrás do Toni Carreira, nós os que consumimos José Rodrigues dos Santos e por aí fora. Dir-me-á: Alto aí! Nós, não!

Seja. Haverá uns quantos que pensam, que sabem analisar números, que sabem descobrir as mentiras. Mas, ou por falta de bases, ou porque a democracia ainda é coisa recente, ou porque a qualidade das elites foi coisa que vem desandando, a verdade é que a maioria é facilmente manipulável. A questão está em como se consegue incutir discernimento na mente de quem escolhe, para que escolha em plena consciência?

Este governo é uma anedota e é verdade que foram os portuguesas que o quiseram.

Mas, enfim, tentemos agora provar o erro terrível que foi cometido e tentemos, através da nossa opinião, acrescentar alguns dados para análise.

É o que faço e é, també, o que o meu Caro jrd também faz e que eu tanto aprecio.

Gostei que tivesse reparado no apontamento deliberado de colocar o casal feliz depois do anúncio do saque no meio das criaturas de Bosh. Fica, desta forma, o post ilustrado por criaturas sinistras.

A excepção é a antepenúltima e a última. A antepenúltima já antecipa alguma esperança e a última já indicia um futuro mais limpo de pecados, já estaremos no Éden,pois espero que um dia se consiga limpar a lixarada e que consigamos sentir-nos bem no nosso País.

Um abraço, jrd e um belo sábado!

Um Jeito Manso disse...

Olá Caro Rui Dantas,

Tem razão. O roubo, que já vinha em crescendo, com esta medida supera o que a decência recomenda (porque, imagino eu, até nos roubos deve vigorar uma certa decência). Este governo tem transformado o Estado num temível buraco negro, daqueles que suga a massa à sua volta (e leia-se 'massa' com o duplo sentido, o da física e o do que temos na carteira).

Quanto ao Paulo Portas, talvez não seja um banana mas também não estou certa de que seja um mentiroso, pelo menos, um mentiroso daqueles vulgares. Acho-o, isso sim, um artista ou um pretenso artista. Gosta de encenar situações, de dramatizar, de interpretar. Contudo, não sei se esses são os requisitos mais indicados para um ministro de estado.

Obrigada pela sua visita e pelas suas palavras. Volte sempre Rui Dantas!

Um Jeito Manso disse...

Olá Ana,

Pois é. Eu preferiria protestar contra este governo e não é esse o lema. De qualquer forma, acho que mais que isso, é uma manifestação de protesto e, por isso, estou mesmo a pensar ir, eu e mais um grupinho entre os quais os meus filhos. Espero conseguir andar pois o meu estado ainda não está para longas caminhadas mas, mesmo que atalhe, acho que lá estarei.

E, pelos comentários, acho que poderei falar no plural: talvez lá nos encontremos.

Um beijinho, Ana e um belo sábado!

Um Jeito Manso disse...

Olá Pôr do Sol,

Não me lembro de ver, num tão curto espaço de tempo, uma tão grande e espontânea onda de indignação. Não há quem os apoie.

O que eu sei, no meio profissional em que me movo (e que é o de grandes empresas), é que desde os empregados de categorias profissionais mais baixas até aos das mais altas, passando pelos directores todos, e os próprios administradores, estão todos contra tudo isto, incluindo as próprias alterações ao código laboral. E, inclusivamente, está-se a estudar como se hão-de compensar os trabalhadores do que vão perder com a entrada em vigor das reduções nas horas extraordinárias. E os accionistas estão incomodados com isto de se ir tirar dinheiro aos trabalhadores para lhes dar a eles. Não querem. Se forem obrigados a isso, o que não acreditam, tudo farão para o restituir de outra forma.

Ora face a isto, diga-me: para agradar a quem é que o Passos e o Gaspar estão a fazer isto? Eu acho que é para agradar aos chineses e angolanos que querem ficar com as empresas baratas, com gente a ganhar tuta e meia. Só pode ser. Porque aos de cá não é de certeza.

E quanto às reformas, acho que é falta de decência querer tirar o dinheiro a que as pessoas têm direito. É imoral.

Isto é mesmo uma gente desqualificada. O período é mau para os tirar de lá mas concordo consigo. Não estarão lá muito mais tempo porque são maus demais.

Um beijinho, Sol Nascente e um bom fim de semana!

Maria Eduardo disse...

Olá,
Escrevi um comentário às suas magníficas análises-financeiro-sociais, e aos seus comentários às entrevistas recentes, mas não sei o que aconteceu, com o meu rato ou o PC que perdi o texto e já não o consegui publicar. Aproveito para lhe dizer que gostei imenso de todas as suas sugestões, críticas etc. e alinho plenamente com todas elas. Força e vamos em frente, pois somos valentes, acreditamos e queremos muito que isto mude rápido!... vamos pôr a força da atracção à prova e em marcha!
Um beijinho e bom sábado... e um bom fim-de-semana na companhia dos seus pequeninos.

Um Jeito Manso disse...

Olá P. Rufino,

Continuo na linha de pensamento em que estava no post anterior. Como já disse, conheço o meio empresarial, conheço empresas que exportam, conheço empresas que operam internacionalmente. E o testemunho que posso transmitir é que não encontro uma única pessoa que apoie as medidas deste governo. Mesmo os meus colegas mais conservadores e liberais, votantes PSD e CDS, estão todos contra isto. O coro de revolta perante tudo o que se vê vai engrossando.

Ninguém dos meios em que me movo pediu nada disto (e quando falo em ninguém, posso afirmar mesmo que é ninguém) e, perante, a perspectiva de alguma destas coisas ir adiante, tentar-se-á ver como compensar as pessoas, tal como se está a ver como se compensa a perda de rendimentos derivados do trabalho suplementar.

Tudo isto anda a perturbar as pessoas porque toda a gente reconhece que estas políticas estão perigosamente erradas.

Concordo com tudo o que diz. A classe política decaíu muito. Os partidos ficaram na mão dos aparelhos e os aparelhos afastaram as pessoas que não eram dadas a clientelismos. Sobrou o rebotalho. Os chicos-espertos que distribuem lugares aqui e ali.

A sociedade portuguesa ganhava muito se houvesse uma renovação nos partidos. O Galamba é muito bom e há lá um de quem gosto também muito, o Pedro marques, que foi secretário de Estado do Sócrates. é muito bom, muito seguro, muito aguerrido, sempre muito bem preparado. E o António Costa é muito inteligente.

E no PSD e no CDS também há gente muito boa. E no PCP e no BE também.

Acho que talvez com esta descida ao fundo do poço, a seguir haja uma limpeza e sobrevivam os melhores.

Tomara. Eu luto por isso. E o Caro P. Rufino também pois as suas palavras tão lúcidas contribuem também para ajudar a pensar.

Obrigada e um fim de semana animado.

Para a frente é que é caminho, é isso mesmo!

Um Jeito Manso disse...

Olá Isabel,

A todos nós chegou a mostarda ao nariz ao ficar provado que as políticas estão erradas e que tantos sacrifícios e tão grandes cortes nos nossos rendimentos afinal não serviram para nada. A todos nós chegou a mostrada ao nariz ao vermos que querem persistir nos mesmos erros, não se ensaiando nada de nos voltar a roubar.

E ao vermos que são mentirosos e desleais. É chegada a hora de não tolerarmos mais isto.

Compreendo-a muito bem e estou como a Isabel.

Um beijinho, Isabel, e tenha um belo fim de semana!

Um Jeito Manso disse...

Olá Erinha,

Pois eu não sou nada a manifestações. Há mil anos atrás, uma vez havia uma manifestação com a qual me identificava. Fui para lá mas, quando chegou a altura de me incorporar no rebanho, não fui capaz. Fiquei de lado a ver pois achei que a minha presença bastava. Mas todos gritavam e eu não era capaz de gritar em coro. Sou assim, que quer?

Uma outra vez, também há mil anos atrás, havia uma coisa qualquer no Pavilhão Carlos Lopes e havia coros e achei que devia ser coisa gira. Mas às tantas levantaram-se e começaram a cantar a Internacional e a gritar palavras de ordem. Também não fui capaz. Não sou de coisas assim, de grupo. Para além da própria crença, acho que é o que me leva a não gostar de missas, de não ser capaz de rezar alto mesmo quando nos distribuem um papel.

Mas desta vez acho que vou mesmo. Veja bem o tamanho da minha indignação e revolta. É que agora não luto só por mim, agora luto também pelos meus filhos, pelos meus netos e pelos meus pais. Acho que é minha responsabilidade ajudar a impedir que destruam o país no qual vivemos.

Vou ver se a vejo (pode ser que esteja com os seus filhos). Se a vir vou ter consigo, pode crer.

Vamos à luta, Erinha! Um beijinho!

Um Jeito Manso disse...

Olá Maria Eduardo,

Muito obrigada. Somos valentes, claro. Mas sabe que mesmo algumas pessoas que eu sempre achei muito acomodadas, agora estão revoltadas e falam alto e bom som a sua indignação?

Verá na minha resposta acima que eu não sou de manifestações, não gosto de me ver metida num 'rebanho', faz-me impressão, não é da minha natureza. Mas desta vez acho que vou mesmo (apesar de ainda não estar grande coisa para caminhadas longas...). E tenho vontade de ir tirar fotografias.

Gostava de ter os meus netos comigo, pelo menos o mais crescido (o que fez agora 4 anos) mas a minha filha tem medo que haja alguma confusão. Eu acho que ele ia adorar e eu gostava que ele crescesse com a noção de que é preciso lutar para se ter o que se quer e que uma forma de lutar é o protesto na rua, é a união, mesmo que seja uma união com desconhecidos que se unem porque lutam pelos mesmos objectivos.

Mas, mesmo que não vá, explicar-lhe-ei isso. Os outros são ainda muito bebés para isso (a bonequinha tem 2 anos, o ex-bebé tem 17 meses e o bebé tem 1 mês e meio).

Um beijinho, Maria Eduardo e tenha um belo fim de semana!