Da noite ao silêncio
(para nos acompanhar, por favor)
Bernardo Sassetti
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No emprego, precisavam que ficasse até mais tarde, era preciso alterar umas coisas que têm que entrar em vigor em breve, um trabalho ainda de alguma complexidade. Lídia sentiu aquele aperto no peito que sempre sente. Como? E a mãe? A medo disse que levava o trabalho para fazer em casa mas ao chefe não lhe pareceu boa ideia, tinham que ficar quatro pessoas a trabalhar em conjunto e ele queria ir validando ou tirando dúvidas, porque haveria dúvidas de certeza e ele próprio, à medida que se fosse avançando, ia percebendo a melhor forma de as resolver. Insistiu, veja lá se arranja maneira. Lídia tentou sorrir numa tentativa de esconder a preocupação.
Como? Pedir ajuda a quem? A D. Fátima tem a sua vida, pode lá ir de noite. E a mãe iria ficar inquieta. Sente que está quase a desfazer-se em lágrimas mas evita, ninguém iria perceber que por uma coisa de nada, pedirem-lhe para ficar até mais tarde, desatasse a chorar. Vai para a casa de banho e ali fica, encostada à porta, sem saber o que fazer. E logo hoje que também tenho que ir ao Centro, tinha é que pedir para sair mais cedo, valha-me deus.
Se pudesse desabafar ou pedir ajuda a alguém. Mas não quer nem sabe a quem, tudo complicado, não quer ouvir mais conselhos, queria era poder dividir com alguém o fardo que é a sua vida.
Depois pensa que vai é pedir para sair mais cedo, passa pelo Centro, pode ser que seja rápido, vai a casa, trata a mãe, mete-a na cama e depois vem trabalhar de novo.
Quando vai pedir isto ao chefe, sente que vai a tremer, que a voz lhe treme, as lágrimas enrolam-se na língua. Sempre esta angústia, sempre este medo, medo de não cumprir, medo de não ser capaz, medo que tudo lhe falte de repente, tanto medo, apesar de já ser tão pouco o que tem, parece que está sempre com medo de perder tudo. O chefe olha-a apreensivo, percebe a ansiedade dela, é uma mulher muito nervosa, pensa, e diz-lhe que sim. Quando ela sai do seu gabinete sente pena, fica a pensar, tem falta de homem.
As colegas vieram de férias bronzeadas, alegres, falam alto, riem. Mas a ela, no seu canto, tudo lhe chega de longe, é um outro mundo. Já combinam pedir pizzas, já estão na maior animação, as mais novas já falam em irem beber um copo à saída, já estão a avisar os maridos ou namorados. Ela não tem quem avisar. E para ela tudo é sempre tão complicado.
O dia decorre normal, telefonemas, trabalho, cabeça enfiada no computador. Almoça na copa do escritório com uma colega de outro departamento, uma que tem problemas de tiróide, rinite e outras coisas e que só fala de doenças e de tratamentos que resultam e outros de que lhe falaram, e médicos e dietas e muita conversa de pensamento positivo à mistura. Lídia ouve-a com atenção mas, por dentro, está desligada. Nada daquilo lhe interessa mas, de facto, não há nada que a interesse. A colega, às vezes, pergunta-lhe porque não põe a mãe num lar. Não pode, lá se ia o ordenado todo, a pensão da mãe mal dá para os medicamentos e para as fraldas, resguardos, pomadas, e agora com este novo rombo que o Passos e o Gaspar, esses malvados, anunciaram, nem sabe como vai ser, já se alimentam tão mal, cada vez o dinheiro chega para menos. Além disso, pôr a mãe no lar? Morria logo. Não, nem pensar. A colega alvitra, então porque não metes uma mulher lá em casa, dia e noite, interna? Ela pensa, talvez saísse mais em conta, talvez o dinheiro ainda chegasse para isso, embora muito à justa, se bem que era também mais uma boca a alimentar. Mas e onde se deitava a outra? Na sala? E ficava sem sala, com uma estranha a dormir lá em casa? Seria a sua vida a ser ainda mais devassada, mais esvaziada, sem um tostão para si, nem pintar o cabelo poderia. Por isso, nem quer falar no assunto, pensar nisso deprime-a ainda mais, não há solução a não ser esta, a de ir vivendo um dia de cada vez, dias sem história e sem futuro, dias tristes.
De tarde esteve ainda mais nervosa, o trabalho não rendia. E o sono, tantas noites sem conseguir dormir capazmente, tenho frio, tenho calor, quero água, tenho fome, que horas são, dói-me a perna, vai chamar a minha mãe, sempre, sempre, ora uma lamúria, ora gritos, ora choros, uma tortura, de hora a hora isto, sempre, há tanto tempo sem conseguir descansar a cabeça. Um cansaço extremo a pesar-lhe nas costas, nos olhos. Olhava para o relógio, estava quase na hora de sair e ela sempre com medo que pensem que se está a furtar ao trabalho. Saíu enervada, a correr. Foi ao Centro, tirou a senha, esperou pela vez para a marcação, depois esperou enervada que a atendessem. Quando chegou a casa ia transpirada, cheia de sede, a boca seca e sempre aquele mesmo medo.
A mãe dormitava em frente da televisão, não deu pela sua chegada. Lídia correu à cozinha, preparou um Nestum e fez um batido de banana, levou à mãe, cobriu-a com um pano a ver se não se sujava toda.
Não quero, apetece-me uma sopa de peixe, a minha filha fazia sopa de peixe, vai fazer uma sopa de peixe.
Lídia, paciente, enervada, vá lá, mãe, coma lá, está bom este batido, a mãe gosta, prove lá… Mas a mãe manteve-se de boca fechada. Estiveram aí uns a perguntar pela minha filha mas eu disse que ela nunca mais apareceu, disseram-me que se mudou com os filhos para outra terra.
Lídia não diz nada. Podia ir-se embora e vir outra mulher na sua vez que a mãe não daria pela sua falta. Fala como se não a conhecesse. Filhos da filha? Onde foi ela buscar essa ideia? Só invenções, credo.
Vá lá mãe, vá lá que é para depois ir para a cama, vá lá, coma lá. E tenta forçar a abertura da boca com a colher. A mãe dá-lhe um grito, levanta a mão para lhe bater, que é isso? queres apanhar? Experimenta fazer isso outra vez, que já te mostro o que acontece, experimenta.
Lídia senta-se, arrasada. As lágrimas correm de novo. Vai até á casa de banho, vê-se ao espelho. Todos os dias envelhece um pouco mais. Repara nos braços, flácidos, brancos, já enrugados junto às axilas, que horror, o que é isto que me está a acontecer? Qualquer dia pareço mais velha que ela, que desgraça a minha.
Sente-se transpirada, usada, gasta. Mete-se na banheira, toma um duche. Depois, mais refrescada, vai até à cozinha, devia comer qualquer coisa mas nem sabe o quê. Senta-se por um segundo, exausta, mas logo se levanta e come um iogurte, uma maçã já velha, come uma barra de cereais. Volta à sala. Vá mãe, agora já pode ser? Vá lá, beba um bocadinho, é batido, está fresquinho, a mãe gosta tanto. Coloca uma palhinha e leva-a à boca da mãe. A mãe começa então a sugar o líquido. Depois tenta o Nestum. Nada. Papas de aveia?! Que porcaria é esta? E ela, enervada, o tempo a passar, oh mãe é Nestum, a mãe gosta. A mãe encolhe os ombros como se não quisesse saber.
O tempo a passar. Lídia enervada, vá lá mãe, vá lá. Depois a custo levanta-a, doem-lhe as costas, a custo lá a leva para o quarto, limpa-a, muda-lhe a fralda, a mãe diz que não tem sono, que ainda é de dia, não quer ir para a cama, quer todos os dias mas logo hoje não quer. Lídia sente-se a tremer, vá lá mãe.
Não quer dizer que tem que sair a seguir para não a enervar, vai sair pé ente pé mas preferia deixá-la a dormir. Lídia chora, aflita, o tempo a passar, a esta hora estão lá todos a trabalhar e eu ainda aqui, valha-me deus, que vida a minha.
Vai mas é dar-lhe mais umas gotas a ver se ela adormece mais rapidamente mas não gosta nada de fazer isso. Mas fazer o quê? Devia ter alguém a quem perguntar se faz mal, a partir de quanto é que há risco, com quem dividir a responsabilidade. Só lhe apetece fugir e nunca mais voltar. Mas logo se arrepende. Vá lá mãe, vá lá, ajude um bocadinho, mãe, vá lá.
Lá consegue dar-lhe os comprimidos e, em vez das dez gotas para dormir, as que já toma em cima de tudo o resto, dá-lhe catorze, não há-de fazer mal, são só quatro gotas a mais, podia até ser um pequeno engano. Mas as mãos tremem-lhe, as lágrimas correm, o medo quase a paralisa.
Vê as horas. Tardíssimo, que vergonha aparecer lá tão tarde.
Já não consegue esperar que a mãe adormeça. Pega na carteira, calça-se, pega num casaco e sai a correr, o coração disparado, a transpirar de novo, se o autocarro não passar ainda vai é a correr até lá abaixo a ver se apanha um táxi.
Passado um bocado, já ia a correr rua abaixo, o autocarro. Voltou a correr para trás. Entrou no autocarro quase sem conseguir respirar, deixou-se cair pesadamente num assento, quase morta.
Acordou com o motorista a bater-lhe no ombro, rindo ‘Bom dia!’. Lídia não percebeu. Onde estava? Não foi capaz de dizer nada, já assustada de novo. O motorista explicou ‘Chegámos ao fim da linha. Só agora reparei que estava a dormir.’. Lídia nem queria acreditar, o coração quase a saltar. Olhou o relógio. Tinha saído de casa há cerca de uma hora, aquele autocarro é dos que vai de uma cidade para outra, atravessando Lisboa pelo meio. Noite cerrada. Aflita, pergunta ao motorista e a voz e apenas um fio muito frágil, mas agora vai de volta, não é? Ele explica que só daí por uma hora, no período da noite são mais espaçados. Aflita, descontrolada, mete a mão na carteira tentando encontrar o telemóvel para avisar o chefe. Nada. Desatinada, quase a chorar, começa a tirar as coisas da mala, a pô-las no banco ao lado, o motorista ri, as malas das senhoras são todas iguais. Mas tenha calma, ele há-de estar aí. Mas não estava. Com a pressa deve ter ficado esquecido em casa. Em casa ou no escritório. Pega no porta-moedas, vai de táxi. Mas repara, então, que o porta-moedas está vazio, só uns trocos de nada. Lembra-se que no Pingo Doce na véspera não aceitavam cartão, pagou com o que tinha na carteira. Volta a meter tudo, a eito, dentro da mala e sai. Uma velha atarantada. Ainda nem cinquenta anos tem mas quem a visse diria que era uma velha, uma pobre demente, cabeça baixa, curvada, e doem-lhe as costas e sente um formigueiro nos braços. O motorista ainda lhe pergunta se quer ajuda. Diz que não. E sem saber para onde vai, começa a caminhar, perdida na noite, as lágrimas correndo.
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Num dia como o de hoje, talvez não fosse a melhor ideia pôr-me para aqui com estas tristezas. Mas andava com esta história dentro de mim, não consegui resistir a escrevê-la. Mas vocês, Caros Leitores, não liguem que o dia é de festa, não de lágrimas.
As imagens são ainda de Lucian Freud.
Caso pretendam ler esta história de seguida (do último post para o primeiro), queiram, por favor, pesquisar aí do lado direito, mais para baixo, a etiqueta 'Lídia - a mulher muito triste'.
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E tenham, meus Caros, um belo sábado.
Hoje é dia de ir para a rua, não vos parece?
O tempo está bom e é melhor falar e gritar e protestar em sítios em que nos ouçam do que no entre quatro paredes em que ninguém nos ouve.
10 comentários:
Amiga:
A escritora M.R.P., tem um livro intitulado: "Não há coincidências", que nunca li. Não concordo com o titulo.
Antes de vir aqui, postei uma história verdadeira, de uma mulher da minha família. A minha Amiga deu-nos a continuação da história de Lídia.
As mulheres, sempre as mulheres. Cidadãs de 2ª, pobres seres que sofrem, umas de uma forma, outras de outra.
Não vou à manifestação. Tenho pena.
Os problemas particulares continuam. O Vasco está com problemas na coluna e, estou tão em baixo, que não tenho forças para gritar: Fora a Troyka, fora o Passos.
Fico aqui a torcer, para que tudo corra bem.
Abraço grande da
Mary
Olá,
Hoje antes de abrir o PC pensei, deve ser hoje que UJM vai dar continuidade à história da Lídia, como manifestou ser essa a sua vontade, talvez seja hoje para se descontrair um pouco, e eis que ao abrir o PC a primeira palavra que li foi "Lídia". Fiquei um pouco arrepiada de emoção, pela coincidência. Todas nós nos identificamos um pouco com as "Lídias", que infelizmente há muitas espalhadas por todo o mundo, mas quanto às nossas Lídias sabemos que são Mulheres sofredoras, exploradas por patrões insensíveis que só pensam nos seus lucros, e no seu bem estar esquecendo-se que os seus empregados têm familiares dependentes de si e que precisam de cuidados, já que não há a nível da segurança social essa sensibilidade.
Todas as empresas deviam de ter apoio a nível sociológico, ou serem visitadas por órgãos competentes para avaliarem o estado social de cada cidadão. Pobres Lídias, que passam por tantas situações idênticas, isto não é viver, é sofrer, sofrer desmedidamente porque desgasta qualquer ser humano, os dependentes e os seus familiares que se sentem impotentes, defraudados ingloriamente porque não conseguem cumprir sozinhas o seu dever de filhas, como os seus antecessores o fizeram. Tempos diferentes, tempos modernos, para pior...
Esta história da "Lídia" foi escrito com tanta sensibilidade e realismo que entrou nas nossas veias , nas nossas vidas e nas nossas casas.
Obrigada, gostei muito.
Um beijinho
Estou a gostar imenso da história e espero que a continue. Que vai acontecer a Lídia? Sente-se o seu desespero.
As imagens são muito bonitas. Muito expressivas.
Um beijinho
(são lindas as fotos dos seus meninos, no outro post.)
Olá Mary,
Já li a história (ou o melhor o aperitivo que nos serviu para nos abrir o apetite) da sua familiar. Gostei.
De vez em quando aparecem-me a mim personagens que ganham um espaço dentro de mim. Ontem achei que não era mesmo nada oportuno estar a escrever isto, em véspera de grande manifestação. mas não resisti, parece que a Lídia precisava de comunicar. E o pior é que quando acabo de escrever isto fico triste, com o coração num aperto que nem imagina. Mas esta mulher é tão real, há tantos casos assim.
Um beijinho, Mary!
Olá Maria Eduardo,
Se ler a minha resposta acima verá que tentei não escrever. Parece que as pessoas já têm os sues problemas, não haverão de querer ler coisas tristes. Além disso, andamos mobilizados contra esta situação política degradada. Mas dou por mim a querer falar como se fosse a Lídia. Sei, não por ser eu mas por ser um familiar muito próximo, o que é viver uma vida a tomar conta de um familiar doente. Sei também porque tenho amigos e colegas que passam por isto. Sei o que isso é. O que não sei explicar é porque é que esta mulher, a Lídia, apareceu dentro da minha cabeça e me faz ter vontade de escrever como se eu fosse ela.
Fala dos patrões que não são condescendentes para com os empregados que passam por isso. Não sei se é bem isso. Haverá patrões que são como diz. Mas há muitos que se preocupam com os empregados. Aqui nesta história nem é o patrão, é o chefe que é ele também um empregado. O que me parece é que as pessoas que passam por isto, muitas vezes também não pedem apoio, tentam acorrer a tudo sozinhas, sem apoios. Se falassem com as chefias e explicassem e pedissem compreensão e apoio, se calhar tê-lo-iam. Se calhar sou ingénua ou estou habituada a trabalhar em empresas em que há muito respeito por toda a gente.
Do que conheço, quando as pessoas se vêem nestas situações, ficam tão cansadas, tão esgotadas, muitas vezes com sentimentos de culpa, que acabam por nem tentar arranjar soluções em que fiquem menos escravizadas.
O que lhe posso dizer é que, nestes dois dias em que escrevi a história dela, cheguei ao fim cansada, e psicologicamente esgotada. Fui à cozinha beber um copo de leite para ver se adormecia bem porque estava a sentir-me mesmo angustiada. Vá lá a gente perceber uma coisa destas.
E o pior é que continua. Ando aqui cheia de vontade de me sentar ao computador e continuar a contar a vida dela. Nem sei que faça, se ceda à tentação ou se afaste a ideia.
De qualquer forma, muito obrigada pelo seu apoio. é um incentivo.
Um beijinho, Maria Eduardo!
Olá Isabel,
Sabe que ao perguntar-me isso, me dá vontade de me pôr logo a escrever.
Só sei o que se vai seguir, quando as palavras saem, antes não sei. Mas esta mulher 'agarrou-me'. Penso muito nela, como se fosse eu que andasse nesta angústia, sinto-me como se apetecesse desabafar, já viu isto?
Hoje fui à manifestação e estive até agora a passar as fotografias (centenas!), a escolher e a fazer um post. mas acredita que, por minha vontade, estava era a escrever mais sobre a Lídia?
Eu que gosto de escrever coisas animadas, agora deu-me para isto.
Um beijinho, Isabel.
PS: Quanto aos meus meninos, são uns queridos. Gostando eu tanto de os fotografar, imagina as fotografias que lhes tiro. Aqui só ponho aquelas em que não se vêem as caras. Mas é uma pena porque eles são tão lindinhos.
Olá,
Ainda sobre a "Lídia", que também não me sai da cabeça...porque tive ocasião de presenciar ao longo da minha vida de trabalho, a vida de muitas pessoas infelizes, com ambientes familiares muito complicados e que não eram capazes de dar a volta por cima, tendo pedido ajuda. Felizmente nas empresas onde trabalhei, umas tinham Cx. de previdência própria, outras assistentes sociais e Centro Médico, e posso dizê-lo que sinto uma grande satisfação interior e muito orgulho por ter ajudado muitas destas pessoas infelizes a saírem do fosso em que estavam mergulhadas e a voltarem a sorrir para a vida.
Pode ser que a Lídia encontre uma pessoa amiga e sensível que a esteja a observar à distância e lhe estenda a mão amiga que ela precisa.
Não vou dar sugestões de um final feliz para a sua história, pois a história é sua...
Um beijinho
Maria Eduardo, olá,
Esta actividade política, agora com tanta agitação, faz-me achar que devo falar de tudo o que se passa, em vez de me pôr a escrever histórias.
Nunca sei bem se as pessoas não pensam que não regulo bem da cabeça, aparecer aqui a escrever coisas deprimentes, umas porque não conhecem estar realidade, outras porque querem +e pensar em coisas mais alegres.
Mas, enfim... Acho que irei continuar a escrever sobre esta mulher, embora hoje, com estes fanicos entre o Portas e o PSD acho que tenho mesmo que falar neles. Mas, logo que isto abrande, acho que irei voltar a falar nela.
Sei que uma pessoa que se veja assim a tratar de uma pessoa de idade, dependente, fica quase escravizada mas o amor que se tem por essa pessoa faz com que não se consiga encontrar uma solução menos penosa.
O que tenho visto é que as pessoas quando estão assim, esmagadas pelas circunstâncias, nem pedem ajuda porque acham que não há ajuda possível. Penso que o alívio que se pode ter nessas situações virá sempre depois de se ter pedido ajuda. Quem trabalhar, deve falar na empresa. Não deve ter medo de ser prejudicada pois mais prejudicada do que suportar sem apoio a situação, não pode haver. As empresas ou instituições maiores que tenham assistentes sociais ou medicina no trabalho ou outros meios nos departamentos de pessoal, certamente irão tentar ajudar. Nas empresas mais pequenas, em que não existem essas estruturas, pelo menos haverá compreensão.
Fico contente que tenha colaborado no apoio a situações dramáticas. Penso que isso é muito reconfortante e muito motivador. Eu, no meu trabalho, embora não trabalhe nessas áreas, quando sei de casos difíceis, tudo faço para que as pessoas se sintam apoiadas. Por vezes, penso que ajudo apenas por ouvir os seus desabafos pois há muita solidão nestes casos.
Fico contente que tenha falado nisto pois pode ser que alguns dos meus leitores, encontrem nestas palavras um incentivo a que procurem também ajuda.
Um beijinho, Maria Eduardo!
Olá, UJM
Como vê estou a ler esta história de vida, comovente e dramática, de trás para a frente mas mesmo assim já lhe apanhei a sequência.
Infelizmente, é uma situação muito comum, esta de pessoas com familiares com doenças incapacitantes, degenerativas, e em que elas próprias acabam por adoecer e chegar ao limite.
Agora compreendo por que a Lídia foi parar ao hospital com um esgotamento, completamente desorientada.
Tenho um tio que está nesta situação, com Alzheimer, está acamado, deixou de falar, olha com os olhos muito abertos para as pessoas... É muito triste tudo.
Obrigada por trazer este relato que ajudará, de certeza, muita gente a perceber as circunstâncias de se revestem estas doenças, e as dificuldades daqueles que os tratam dia e noite.
Beijinhos
Olinda
Ah, Olinda, assim não vale...! Assim é batota...!
Eu, quando escrevo, não sei mesmo o que vai sair a seguir. Ora, ao ler do último para o primeiro, já não tem graça...
(Mas, enfim, esta história também não é para ter graça)
Mas nem imagino se, lendo assim, as coisas ainda fazem sentido. E espero que não detecte contradições... Que batoteira, Olinda...
(Estou a brincar :) - queria fazer aqui um smilezinho e não sei como se faz; fico-me pelo parêntesis)
Mas digo de novo o que já disse noutros coemntários: eu que gosto de escrever sobre mulheres desafiadoras, afirmativas, sedutoras, desta vez fui tomada por uma mulher insegura, perdida, esgotada, infeliz - e isso deixa-me também arrasada. Acabo de escrever a história de Lídia a sentir-me angustiada, imagine...
Um beijinho, Olinda.
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