quarta-feira, setembro 19, 2012

Lídia, a mulher triste, começa a ser falada


Um pouco de música, por favor


Bernardo Sassetti - Alice

*

O homem perguntou à mãe de Lídia como estava e ela pareceu despertar da sua ausência e respondeu-lhe que estava a entrar muita luz pelo buraco que estava no tecto. Ele tranquilizou-a, já vou tratar disso

Depois disse a Lídia que talvez fosse melhor ela e a mãe comerem qualquer coisa porque já passava da duas da tarde. E acompanhou-a até à cozinha. Lá, viram um papel escrito pela D. Fátima no qual ela mostrava estranheza mas dizia que tinha tratado da higiene da mãe e que já lhe tinha dado o almoço e os medicamentos.  

Ele lembrou-a, então, de que talvez fosse melhor ela tomar banho, que aquilo no hospital nunca se sabe, os vírus, as bactérias. Depois perguntou-lhe onde estava um pijama ou um roupão para ela vestir a seguir, foi buscá-los e colocou-os na casa de banho. Passado um bocado, uma vez que ouvia correr a água há muito tempo, foi à porta perguntar se estava tudo bem. Como ela não respondesse, entreabriu a porta e, do lado de fora, voltou a perguntar. Lídia não se assustou nem estranhou e respondeu-lhe que sim, que estava tudo bem. Quando saíu, cabelo molhado, sentou-se pesadamente numa cadeira da cozinha. O homem amornou leite e preparou-lhe um pão com queijo. Ela aceitou sem uma palavra que ele mexesse nas gavetas, espreitasse os armários, abrisse o frigorífico.

Depois, quando ela estava a comer, ele tirou-lhe a receita médica da carteira, viu que estava lá uma outra receita, ah, é a da minha mãe, já não me lembrava, disse ela, distante, indiferente, e ele disse que ia à rua comprar os medicamentos para ambas. Quando ia a sair, disse-lhe que ia levar a chave. Lídia não disse nada.

Passado um bocado ele regressou, deu-lhe um comprimido, perguntou se ela não queria ligar para o emprego e, como Lídia não soubesse do telemóvel nem se lembrasse do número fixo, ele perguntou-lhe o nome da empresa, ligou para as informações e depois perguntou-lhe o nome do chefe e falou ele.

A seguir disse-lhe, agora tenho que me ir embora, está quase na hora de entrar ao serviço. Vou ver se consigo passar por cá ainda hoje mas não deve ser fácil. Senão venho amanhã. Acho que devia falar à senhora que vem tratar da sua mãe para ficar cá consigo durante um dia ou dois. Agora acho que devia ir dormir. A sua mãe está bem, já lhe pus uma manta por cima. Está aqui um papel com o meu número de telefone, se precisar ligue-me. Separei-lhe os comprimidos para tomar ao jantar e amanhã de manhã. Estão ali naquele prato, com um papel a explicar. Quer ir deitar-se enquanto eu estou cá? Ela não respondeu mas, passado um bocado, abanou a cabeça. Ele disse, está bem, mas a seguir vá descansar e depois não se esqueça de comer. Lídia estava muito cansada, não respondeu.

Quando ia a passar pousou, por um instante, a mão sobre o ombro de Lídia e depois saíu. 

Mais tarde, depois de ele ter saído, Lídia, ainda sentada na mesma cadeira da cozinha, reparou que ainda sentia o calor da mão de Paulo no ombro. Colocou então uma mão nesse sítio e, sem dar por isso, ali ficou, como se quisesse preservar esse calor.

O homem não apareceu nessa noite mas Lídia nem se deu bem conta disso. Tratou da mãe com muita dificuldade, mecanicamente, sem dizer nada, não tinha força para falar. Depois tomou os comprimidos e adormeceu.

No dia seguinte de manhã Paulo voltou a aparecer e trazia pão fresco, fruta, fiambre.

Tratou da idosa, tratou de Lídia, conversou com elas apesar de nenhuma lhe responder.




Com a mãe falava do tempo, das árvores, dos pássaros, e ela nada. Mas depois lembrou-se de lhe perguntar pela meninice. E, aos poucos, a senhora foi prestando atenção e começou a falar de quando era pequena, falou das amigas de infância, uma conversa desconexa, mas Paulo prosseguia como se tudo fizesse sentido. Depois ela falava do buraco no tecto e ele dizia que já ia tapar e ela descansava, depois dizia que tinham estado uns homens a roubar o ouro e ele dizia que ia apresentar queixa na polícia e ela ficava descansada. Mais tarde voltava à mesma conversa e ele respondia da mesma forma. Depois já era ela que lhe perguntava se ele já tinha tapado o buraco ou apresentado queixa e ele dizia que sim. E ela sorria, agradecida, ainda bem que hoje chegaste mais cedo do trabalho, a minha mãe não trata de nada.

Com Lídia, Paulo dizia há cada vez mais mendigos e mais sem-abrigo, à noite as filas de pessoas junto às carrinhas da sopa dos pobres são cada vez maiores e aparece cada vez mais gente com bom aspecto, esta crise está a estilhaçar a classe média, são vidas desgraçadas, só quem vê, ou falava dos turistas que gostam muito do País ou falava da insensibilidade deste governo, que não sabe o que é a vida das pessoas mas acrescentava isto vai mudar, que isto assim não se aguenta, há nova miséria a nascer todos os dias, a gente que tem trabalho nem sabe a sorte que tem. Outras vezes falava com ela da casa dos pais no campo, às portas de Lisboa, e da horta que lá tinha mas que com o preço da gasolina e das portagens cada vez era mais difícil lá ir, só continuava com aquilo pelo gosto, não era pelo rendimento. Lídia ouvia-o e não dizia nada, tudo lhe era muito distante. Talvez fossem os comprimidos, talvez fosse do esgotamento. 

Depois ele disse, não há nada que se coma para o almoço. Eu tenho que ir fazer umas coisas, demoro um bocado mas depois passo pelo supermercado. Lídia pensou vagamente que ele estava a gastar do dinheiro dele, que lhe devia dizer que tinham que fazer contas mas ficou-se pelo pensamento, perdida dentro de si própria.

Levo a chave, acrescentou. Lídia foi deitar-se.




À hora de almoço, antes de Paulo chegar, estava Lídia deitada, sentindo-se triste, com sede, cansada, confusa, sem conseguir dormir, apareceu a D. Fátima, preocupada, mas afinal o que é que está a acontecer? Ali no café dizem que a senhora ontem passou a noite fora e que chegou de manhã com um homem que se meteu cá em casa e que continua cá metido, que já o viram a entrar e sair. Lídia encolheu os ombros e, com indiferença, disse é um polícia. A outra arregalou os olhos, um polícia? Mas o que é que aconteceu para meter polícia? Lídia demorou a responder, muito cansada, não sei bem explicar, não me lembro bem, estive no hospital. A outra quase saltou, quase em transe, no hospital? mas o que foi que aconteceu? Fizeram-lhe mal? Assaltaram-na? Mas Lídia apenas respondeu, estou muito cansada, não sei se é também dos comprimidos. Depois lembrou-se e perguntou-lhe, pode vir à noite tratar da minha mãe? E pode vir mais tempo agora durante uns dias? deve haver aí roupa para lavar, outra para apanhar, nem sei bem. A mulher estava decepcionada, não percebia nada do que se passava e Lídia parecia não ser capaz de a esclarecer. Depois pensou na pergunta e respondeu, eu não posso, já tenho outras pessoas, não posso, se pudesse vinha, mas sei de uma pequena que anda à procura de trabalho, vou falar com ela, se ela ainda tiver horas, trago-a cá. Mas logo voltou ao assunto que a interessava, mas será que ele é mesmo polícia? Um polícia mete-se assim na casa das pessoas? A senhora veja lá, tenha cuidado, sabe lá se é algum meliante, ponha-o mas é fora de casa, e o que vão as pessoas pensar de si? Fica falada, já viu? Tenha cuidado, diga-lhe que não precisa dele, não lhe abra sequer a porta, ponha-o a andar.

Lídia pensou ele tem a chave, não precisa que eu lhe abra a porta mas, tão exaurida estava que nem conseguia ter energia para se preocupar com isso, quanto mais para responder. Depois pensou, não o conhece e já está desconfiada, de facto é mais fácil desconfiar do que confiar. E fechou os olhos, esgotada.

A outra continuava, não deve ser polícia coisa nenhuma, onde é que se viu um polícia meter-se numa casa onde vivem duas mulheres sozinhas?, quer é aproveitar-se de si, tenha cuidado; e dizem que não tem boa cara, que nem o querem na vizinhança, e não lhe abra mais a porta, e da fama já não se livra, sabe? já viu o que vão dizer de si? a sua mãe sem tino e a senhora sozinha aqui com um homem que ninguém conhece, valha-me Deus, ouça o que eu lhe digo.

Lídia pensou é mais fácil censurar do que ajudar. Mas não disse nada, deixou-se ficar sentada, caída. Só lhe apetecia dormir.

Um pouco depois da mulher sair, Paulo chegou.




Trazia pizzas, sumos, um gelado, uma caixa de ovos, um frango. Pizzas para o almoço e vou fazer uma canja para vocês comerem ao jantar. E, olhe lá, não tem que tratar da sua baixa...? Lídia pareceu acordar, o estômago revolveu-se, e o medo anterior pareceu voltar. Baixa…? Ah, pois é, que horror, estou a faltar ao trabalho. E agora…? No hospital não deram um papel? Nunca estive de baixa... o que será que tenho que fazer? ai... Ele disse amanhã vou consigo ao Centro aqui da zona para tratarmos disso, não se preocupe

Depois acrescentou, enquanto se virava para o fogão, vou ter que sair daqui a nada, logo a seguir a comer aqui uma bucha tenho que ir com a minha filha tratar de um assunto. Lídia ficou imóvel mas, aos poucos, foi sentindo um tremor, um frio, uma aflição. Casado. Um homem casado aqui metido dentro de casa. Em que sarilhos é que me meti? Quem é ele? O que é que quer de mim? Estou desgraçada... Ai, quando souberem que ele é casado o que é que vão dizer? Ai... O pânico voltou, as mãos transpiradas. Olhou para a janela e sentiu uma vertigem, tudo branco, tudo à sua volta a rodar. Apoiou a cabeça nas mãos, parecia que ia cair, que estava a ser sugada, e toda ela tremia. 

**

As imagens continuam a corresponder a pinturas e gravuras de Lucian Freud, o inclemente pintor.

Caso pretendam ler esta história desde o início, poderão procurar aí do lado direito, lá mais para baixo, a etiqueta 'Lídia - uma mulher muito triste'. Aparecer-vos-ão todos os capítulos, do último para o primeiro.

E, uma vez mais, tenho que vos pedir desculpa. Comecei a escrever com a firme vontade de levar a história para o lado bom da vida. Infelizmente, desta vez as palavras seguem um rumo diferente do que me é habitual. Desta vez os caminhos são os da pequena solidão, os das tristezas silenciadas, a dos medos.

**

Mas vocês, Caros Leitores, não se deixem contagiar com nada disto. 

Tenham uma bela quarta-feira, neste Setembro que vai tão doce e tão animado!

15 comentários:

Olinda Melo disse...


Excelente, querida UJM!

Já fiz como disse cliquei em 'Lídia....' tenho aqui os capítulos todos.Já li o penúltimo e este. Voltarei para ler os outros.

Da fama ninguém lhe livra, pobre mulher. Doente e com a mãe também doente precisa mesmo que Paulo seja uma pessoa de bom fundo.

Aguardo o desenvolvimento desta história que foca um problema real, de pessoas sem recursos, que não têm a quem recorrer.

Beijinhos e boa noite.

Olinda

Maria disse...

Amiga:
A história de Lídia, pode ser considerada uma homenagem a Teresa Horta. Ela sempre defendeu as mulheres. Continua a fazê-lo, apesar da idade.
Leu as "Novas cartas Portuguesas"?
A ela e às outras duas Marias se deve o despertar de muitas mulheres.
Esse livro e certas atitudes que tomaram, num tempo cheio de tabus, foram a pedrada no charco da ignorância de algumas mulheres.
Talvez ela se senti-se mais homenageada com a história de Lídia, do que com todos os elogios que lhe pudesse fazer.
Estou a gostar do seguimento da história. Siga a sua intuição. Não creio que o fim de Lídia seja cor de rosa.
Abraço graaaande
Mary

Maria disse...

Amiga:
A emoção atraiçoou-me.
Não é senti-se, é sentisse. Ando baralhada de todo.
Mary

MCP disse...

Amiga,
Estou a gostar do seguimento da história, não sei que rumo lhe irá dar, eu gostaria que o final fosse feliz...mas se não for, estará mais próximo da realidade da vida de muitas mulheres.
Deixe-me que lhe diga, identifico-me um pouco com esta "sua" Lídia, também eu tive a minha mãe em minha casa, durante três anos, com bastantes limitações, não mentais mas motoras.
Deixava-a sozinha todo o dia enquanto ía trabalhar e vinha sempre ansiosa por não saber como iria encontá-la.
Hoje, e já lá vão oito anos (ela com 90 anos e cada vez mais debilitada)está num lar.
Não é o ideal, apesar de bem pago,nem era o que eu queria, mas as circunstâncias da vida a isso nos levam.
Desculpe este desabafo.
Olhe Amiga, por tudo isto, gostava de um final feliz para a sua história.
Desculpe-me o desabafo, tenho saudades dos seus posts cheios de humor e fotos maravilhosas do mar, do campo, de flores, de animais...
Um abraço grande
MCP

jrd disse...

Continuando a ler e a gostar.
Abraço

Um Jeito Manso disse...

Olá Olinda,

A solidão, a falta de recursos, a falta de saúde unem-se muitas vezes. São casos de que vamos sabendo e que sempre nos fazem apertar o coração. Ainda hoje, ao telefone com familiares meus nesta situação, revivi a situação que me vem fazendo escrever esta história. São sentimentos contraditórios os que tomam conta de quem se ocupa de pessoas com este tipo de doenças (Alzheimer, sequelas de AVC, demência de qualquer tipo, etc). Quem toma conta de um doente assim fá-lo com dedicação e abnegação totais mas, tantas vezes, há uma saturação, um cansaço extremo, um esgotamento (que não se vê possibilidade de ultrapassar. Para estas situações há muito pouco apoios (e não falo de apoios estatais), falo mesmo de não haver soluções muito estruturadas para fazer face a estes problemas tão grandes.

Escrever isto deixa-me um bocado esgotada, também. Não o faço de forma superficial, envolvo-me muito no que escrevo. Se escrevo coisas bem dispostas, isso põe-me também bem disposta. Escrever isto deixa-me triste.

Mas, enfim, é o que é, não se escolhe aquilo que nos vem à cabeça.

Um beijinho, Olinda.

Um Jeito Manso disse...

Olá, Mary, quarta Maria,

Claro que li as Novas Cartas Portuguesas, livro de culto e também já o ofereci às jovens mulheres da família. Nunca se tinha escrito nada assim, as mulheres tão expostas, mulheres de verdade. E que coragem a daquelas três Marias que, à data, enfrentaram destemidamente o peso do obscurantismo.

E grande Teresa Horta, excelente poeta, que agora mostrou, de novo, a força que as palavras têm e a verticalidade de quem honra as palavras que escreve e diz. Fiquei feliz com a reacção dela. Grande mulher!

Fico contente que pense que a Maria Teresa Horta fala e escreve em nome de todas as mulheres, em especial daquelas que, de outra forma, não teriam voz e fico contente que esteja a sentir que a voz de Lídia se está a fazer ouvir também através das minhas palavras.

Não sei que rumo a vida daquela mulher vai tomar. Se se mantiver assim, tão longe dos romances cor de rosa, seguirá assim, cheia de medos, dobrada de cansaço, encolhida de tristeza. vamos ver se me aparece alguma hipótese de levar alguma luz aquelas vidas mas, neste momento, não estou a ver.

Quanto ao lapso de escrita, reparei mas, quando se escreve à pressa, sai como sai e, por vezes, nem se dá por isso. A mim, por exemplo, quando escrevo dentro da caixinha dos comentários, como me esqueço de voltar lá acima para reler, acontece-me, se releio depois de publicado, dar com imensas gralhas. Até evito reler depois de publicado, para não me ficar chateada. Espero que quem dê pelos lpasos, perdoe.

Um beijinho, Mary!

Um Jeito Manso disse...

Olá MCP,

Diz que já sente falta de coisas alegres, fotografias,flores e eu, para dizer a verdade, também. Ando um bocado atormentada com a vida desta mulher que entrou na minha vida, por isso me dá sempre vontade de atalhar e partir para outra. Mas é como se esta história se impusesse à minha vontade.

A ver se hoje tenho tempo para fazer dois posts, um que tenha mais vida e alegria e o outro que me está a apetecer escrever, sobre a Lídia. Ainda não sei. Agora que estou a escrever isto, estou a ouvir o Alberto João e também me há-de apetecer dar uma ou outra bicadita. Vamos ver o que vai sair. Para já, daqui a pouco vou ter que interromper aqui as actividades no computador e só lhe voltarei a pegar um bocado mais tarde.

Quanto à sua experiência pessoal, imagino como foi esgotante do ponto de vista físico e psicológico para si, tanto mais que trabalhava.

Há lares que são bastante razoáveis e muitas vezes é a única ou a melhor solução. Mas também são sempre caros e pessoas que ganhem ordenados fraquitos, nem a isso podem recorrer. Claro que há alguns que são em função dos rendimentos, mas para esses quase não há vagas e acho que também não são grande coisa. Olhe-se por que lado se olhe, é um problema que nunca tem soluções fáceis ou agradáveis.

Um beijinho, MCP, e obrigada pelas suas palavras.

Um Jeito Manso disse...

Olá jrd,

Sabê-lo aí desse lado e receber depois o seu feedback, motiva-me, tanto mais que o sei um espírito bastante crítico.

Muito obrigada.

Um abraço, jrd.

Isabel disse...

Abri o seu blogue para ler e pus-me a ler os comentários e as suas respostas e como já é tardito e estou dois post atrasada na história, vou esperar pelo próximo e ler de enfiada. Como não podia deixar de ser, fico muito curiosa de ver como vai acabar. Acabar bem, era simpático, mas se calhar menos realista...ou talvez não...
Vamos esperar...

Um beijinho e uma boa noite inspiradora!

Olinda Melo disse...


Estou a 'torcer' para que o Paulo seja uma tábua de salvação para a Lídia.

Vá lá...

Beijos

Olinda

Um Jeito Manso disse...

Olá Isabel,

Hoje tive que me pronunciar sobre os arrufos entre o Passos e o Portas. Estava a escrever aquilo e a pensar na Lídia, a querer despachar o Gaspar e aquele grupinho mas acabei por me demorar mais do que queria e agora ainda quero responder a alguns comentários e, por isso, com muita pena minha, hoje já não consigo fazer companhia àquela mulher triste que entrou na minha vida.

A ver se amanhã não há mais crises matrimoniais entre aqueles artistas, para eu ter cabeça para coisas mais sérias.

Um beijinho, Isabel!

Um Jeito Manso disse...

Olá Olinda,

Já me conhece, já sabe que eu sou toda dada aos amores, adoro um belo romance. Mas, sei lá eu dizer porquê, desta vez os caminhos que as minhas palavras estão a procurar são outros.

Ando com a Lídia dentro de mim, penso como ela pensaria mas a história em si, só a sei à medida que vou escrevendo.

Agora vejo-a sacrificando a vida para fazer sempre o que 'deve' ser feito, mesmo que, com isso, vá envelhecendo sem conseguir desfrutar nem um pouco da sua própria vida.

Mas vou pensar no seu pedido...

Um beijinho, Olinda!

Maria Eduardo disse...

Olá,
Estou a acompanhar o desenrolar da história da Lídia, com muito interesse, esperando que o Paulo continue a demonstrar ser o bom amigo, que ela tanto precisa.
Pelos capítulos já publicados e por todos os outros que virão a seguir, podemos desde já afirmar, que estamos perante um bom livro on-line... "Lídia, a mulher triste", pois é um grande exemplo de vida de uma mulher sofredora, que vive em solidão, sem apoios, sem âncoras onde se agarrar, infelizmente igual à de tantas Lídias, espalhadas por esse mundo fora. Homenagem lhe seja feita.
Editores para quê, já é um facto consumado...
Continuação de bons capítulos.
Um beijinho

Um Jeito Manso disse...

Olá Maria Eduardo,

Fico toda contente por perceber que o que escrevo 'prende' quem me lê. Mas nisto não consigo fazer promessas porque escrevo sem rede. Ou seja, ponho-me aqui e começo a escrever. Nunca sei o que vai sair nem se vai ter seguimento. Quando acabo nunca sei o que se vai seguir ou se a coisa acaba já ali.

A história que escrevi antes e que era sobre uma Ana, que afinal era Eva, e que foi passear a Trás-os-Montes com um homem chamado Tomás, também me 'agarrou' de tal forma que fiquei durante imenso tempo com vontade de andar para trás na vida de Tomás e fazer uma história à volta dele.

Quando aqui me sentava a escrever, só me apetecia fazer isso e tive que me esforçar para o deixar em paz.

Isto de escrever histórias (e escrever como eu faço, sem pensar e lançando-me nisto sem saber se vai haver seguimento) comporta um certo risco pois pode acontecer chegar a um ponto em que não sei que volta dar à coisa. Neste caso é isso e é também o que isto me afecta do ponto de vista emocional, quando estou a escrever.

Vamos vendo. Hoje já estou com vontade de escrever. Acho que nem vou prestar atenção à televisão para não mudar de ideias.

Muito obrigada pelo incentivo.

Um beijinho, Maria Eduardo!