De novo cheguei tarde a casa e já a noite ia avançada quando consegui começar a responder aos comentários coisa que, como sabem, é grande parte do meu prazer ao escrever aqui. Por isso, passa já das 3 da manhã agora. Já não vou conseguir escrever nada, estou mesmo cansada e com sono.
No entanto, um leitor, a quem muito agradeço, enviou-me por mail o link para um vídeo fantástico. Gostei muito de o ouvir. O que ali é dito é muito do que eu acho que devem ser os propósitos da política, da grande política, da verdadeira, da que é feita para as pessoas.
Assim, convido-vos a ver e ouvir. É o fantástico discurso do Presidente do Uruguai, José Pepe Mujica na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, é uma outra linguagem.
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[O poema de José Bento, encontra-se no livro Sítios e refere-se à visita que fez a Eugénio de Andrade em 19 de Janeiro de 2003.
Caso desejem saber mais sobre a vida do Presidente José (Pepe) Mujica poderão encontrar alguma informação mais detalhada na wikipedia em língua inglesa, aqui.]
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E tenham, Caros Leitores, uma sábado luminoso!
9 comentários:
Amiga:
O sábado amanheceu fosco, mas as palavras de José Mujica, animaram-me.
Ainda há pessoas que pensam como eu.
Pena que na maioria, sejam idosos. Todos os valores de que ele fala, estão a desaparecer.
A vontade de ter tudo, destrói vidas.
Nunca fui ambiciosa. Troquei sempre, uma hora de felicidade, por mais posses.
O que hoje possuo, foi conseguido com trabalho, sem tudo desejar.
Tenho uma vida razoável, sem grandes luxos, mas cómoda. Só o amor me dá felicidade.
Obrigada por nos ter dado a oportunidade de ouvir este sábio Homem.
Vou lembrar sempre as suas palavras.
Abraço
Mary
Este discurso vem um bocadinho na sequência do diálogo do seu último post. A seguir vou ver as suas respostas aos comentários , que já li ontem.
Acredito que são muito mais felizes as pessoas que têm o suficiente e desfrutam do que têm, do que aquelas que têm muito e nunca lhes chega.
Posso colocar este video no meu blogue? (se conseguir ir buscá-lo à net.)
Um beijinho e bom sábado
Olá Mary!
Parece, sim, que os valores mais nobres da política estão a rarear. Já não há muita gente a estar na política e a defender sobretudo o bem mais genuíno das pessoas.
A ganância do lucro fácil, rápido, para além das necessidades, tem dado cabo deste mundo.
Gostei muito de ouvir este discurso pois não o conhecia, foi um Leitor que fez o favor de me enviar.
Gostei muito desta sua visita, Mary e gostei muito do que escreveu. Já cá faziam falta as suas palavras sempre tão especiais.
Um beijinho, Mary e um grande domingo!
Olá Isabel,
De facto. Se o mais importante de todas as lutas não for procurar a felicidade humana, então para quê lutar? O que há de mais importante para além disso?
Se o mais importante não for o verdadeiro progresso da população, o seu bem estar, a melhoria das suas condições, então é o quê: baixar o défice nem que para isso se atire com meio mundo para o desemprego e para a miséria?
Claro que pode usar o vídeo, quanto mais se divulgarem mensagens deste género melhor.
O vídeo é este: http://www.youtube.com/watch?v=zsOGZKRVqHQ
Um beijinho, Isabel, e um belo domingo!
Querida jeitinho,
Tive uma formação católica.
Contudo chegada à idade das contestações, houve muitas coisas que, porque não me eram esclarecidas sob o lema "Politica e Religião não se discutem,aceitam-se," deixei de ser uma catolica praticante, mas fé e muito do que aprendi ficaram como principios básicos.
Oa pecados mortais deveriam ser ensinados a toda a gente, talvez com a mesma carga de antigamente.
Dos sete, apenas tres considerei desde sempre condenáveis. A Avaresa, a Soberba e a Preguiça.
Os restantes não os considero tão prejudiciais, desde que usados com peso conta e medida.
Se ainda me lembro são o Orgulho, a Gula, a Luxuria e falta-me um que não me lembro, penso que não seja muito importante para o que lhe quero dizer.
Concordo que devemos procurar a felicidade e que ela não se baseia no luxo, na preguiça ou na soberba.
É nas coisas simples e naturais que reside a alegria, termos algo feito com a nossa força de trabalho e a nossa generosidade,é das sensações mais gratificantes.
Tudo isto porque me lembrei de um gesto lindo de PAULO PAIVA SANTOS, empresário da industria farmaceutica, numa noticia, POUQUISSIMO DIVULGADA, não percebo porquê, visto que o próprio tornou publico a doação 100 mil euros para a Colónioa Balnear o Seculo, "porque há muita gente que pode ajudar e não o faz.
Estamos a falar de meia duzia de tostoes para quem está na lista dos 25 mais ricos de Portugal, para quem tem 300 ou 400 milhões. Talvez assim percebam que uma quantia insignificante para eles pode ter um enorme efeito. Em tempo de crise quem tem dinheiro tem o dever de ajudar. Foi assim que os meus pais me ensinaram."
A alegria que este homem sentirá no Verão de 2013 quando passar na Marginal e ver os pátios da Col.Bal. O Seculo cheios de crianças brincando felizes, será do dever cumprido e nós pensamos que pena o presidente da fundação da Colónia não ter denunciado antes e bem alto que este desgoverno privou este ano centenas de crianças dessa alegria e de um banho de mar.
Um grande discurso - para reflectirmos. Pena que neste nosso pobre e definhado país, não tenhamos políticos desta estirpe. Nem mesmo na Europa de hoje.
A mediocridade do que temos seria incapaz de uma análise lúcida como aquela que aqui ouvimos.
Hoje, nas nossas sociedades, deixámos de ser pessoas, para passarmos a ser números. Fala-se em percentagem do desemprego, não se fala em pessoas desempregadas. Na saúde somos utentes, não somos doentes. E por aí fora. Os governantes falam do “combate á crise”, em vez da resolução do problemas sociais e por aí.
São pessoas como José Pepe Mujica que ainda nos vão dando aguma esperança para uma Sociedade melhor, mais justa, equilibrada e menos materialista.
P.Rufino
Olá Pôr do Sol,
Eu também tive formação católica mas, quando tive que fazer opções (casar ou não por igreja, baptizar ou não os meus filhos) optei por não o fazer. Para mim religiosidade é uma coisa e outra é seguir práticas de uma igreja que, por vezes, tem coisas que não encaixam na minha maneira de ser. E, sobretudo, para mim o sentido da religiosidade é uma coisa pessoal, íntima, não é coisa de rituais públicos e obediência a preceitos que pouco ou nada me dizem.
Além do mais, crescer com o sentimento da culpa não me parece uma boa coisa. A culpa é um sentimento que se agarra à pessoa e que, supostamente, se 'limpa' com a confissão e a comunhão. Ora para mim o que deve haver é a responsabilização pelo que se faz, o assumir de erros e a sua reparação, se for caso disso.
Dito isto, avanço também para o caso que referiu e que é um belo e inesperado exemplo de cidadania. Disse ele que resolveu na hora, ligou para lá . Mas era fim de semana, não havia quem o atendesse. Por isso, ligaram-lhe de volta na 2ª feira e ele confirmou o seu generoso e fantástico acto de generosidade. Assim houvesse mais.
A generosidade é das virtudes mais dignas que conheço. Dar sem esperar retribuição, dar pelo gosto de dar.
Mas só é capaz disso quem também não quer ter mais do que deve, sabendo que, para uns terem mais do que devem, forçosamente outros têm menos.
Acho que fez muito bem em trazer aqui esse caso. São exemplos assim que são precisos e é o reconhecimento da sociedade perante gestos destes que talvez faça que, um dia, as consciências comecem a mudar.
Um abraço, Sol Nascente, e obrigada!
Obrigada.
Vou colocá-lo.
Olá P. Rufino.
Muito obrigada.
Na Europa, vá lá perceber-se porquê, parece que tudo o que é gente mais qualificada foi desaparecendo e deixando o lugar livre para gente fraquíssima, sem um discurso coerente, de longo prazo, sem um pensamento virado para políticas humanistas.
Curiosamente, em quem ultimamente vejo um certo bater de pé e uma conversa mais virada para pessoas que para números, ainda é o Monti (que, curiosamente, também é ex-Goldman Sachs e nem foi eleito). Ando a olhar para ele com curiosidade porque ainda não percebi se é um dissidente ou se aquilo é só para baralhar.
Cá em Portugal, então, atingimos o nível mais baixo, com um primeiro-ministro que parece limitar-se a ser a voz do dono (sendo que o dono será a Merkel ou a gente da Goldman Sachs ou sei lá quem).
Por isso, ouvir este discurso do José Mujica foi um prazer.
Vamos esperar que um dia destes comecem a surgir mais como ele e que alguns estejam aqui na Europa e, em particular, em Portugal.
Tenha um bom dia, P. Rufino!
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