terça-feira, novembro 01, 2016

Clara e Isabel


Para quem a conhece de ginjeira, para quem não é dado a passeios ou embirre com temas que não há meio de acabarem, imagino que já não haja grande paciência para continuar a ouvir-me falar de Coimbra.

No entanto, se eu tenho facilidade em conhecer o País quem me garante que todos os meus Leitores o têm também? Quero acreditar que haverá aí desse lado Leitores que gostariam de poder passear e conhecer e, não o podendo, encontram algum prazer nestas minhas pobres reportagens.

Acresce que o meu dia não me deu temas para deles aqui falar: trabalhei de sol a sol, não ouvi notícias e um amigo meu, no final da semana passada, partiu desta vida sem se despedir, sem que nada o fizesse supor e, por motivos que aqui não vêm ao caso, apenas no dia de todos os santos será enterrado; e eu ainda não consigo assimilar o que aconteceu. Pode uma pessoa achar que está bem de saúde, feliz da vida, e, nuns estuporados minutos, deixar de ser uma pessoa e passar a ser um mero corpo

Isto entristeceu-me muito e trouxe-me inquietação. Mas não gosto muito de falar de coisas assim.

Por isso, vão desculpar-me mas continuo, antes, a mostrar alguns dos lugares que visitei no domingo.

Subindo da margem do rio, passando à porta do Portugal dos Marques Mendes e quejanditos, parando no Convento de S. Francisco e continuando até ao Mosteiro de Santa Clara (a nova) -- e fotografando. Aqui vou eu.

Em primeiro plano, construção do Portugal dos Pequenitos;
atrás o Convento de S. Francisco e, em fundo, o Convento de Sta Clara

Coimbra vista do despojado e elegante terraço do Convento de S. Francisco


Depois, já no Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, ao percorrermos os Claustros, belíssimos, tranquilíssimos, uma música vinda dos céus.

Uma paz. Uma paz.

 


Claustros do Mosteiro de Sta Clara-a-Nova ou Convento da Rainha Sta Isabel

A Rainha Sta Isabel nos claustros

A estátua da Rainha Santa Isabel (na entrada do Mosteiro), 1950, da autoria de Álvaro de Brée

Quando entrei na Igreja não ia preparada para o que iria ver. Há quem prepare as visitas de modo a saber tudo antes de lá chegar. Eu sou o oposto. Quero ir em branco para ser surpreendida.

E se o fui...

O meu marido não costuma entrar nas igrejas, fica cá fora à minha espera. Desta vez convenci-o, que não era só a igreja, que havia também os claustros. Lá entrou. Entrou atrás de mim (claro). Quando transpus a pesda porta e vi aquela riqueza exuberante, soltou-se-me baixinho 'com um cacete...!'. Pois bem. Ele, que nunca põe os pés em qualquer igreja e que usa o vernáculo como se tivesse sido a sua língua mãe, como se eu tivesse dito grosso palavrão, admoestou-me 'então...!? schiiiu...! isso é coisa que se diga aqui?'. Vejam bem.

A  sumptuosa igreja do Mosteiro, uma riqueza dourada quase esmagadora

Há coisas que só vistas.
Uma pessoa nem sabe como fotografar pois faça o que fizer vai desvalorizar a grandiosidade do que se vê

E cá em baixo, junto a Santa Clara-a-Velha,  uma serralharia onde também se fazem milagres, a Serralharia do Convento.

E porque não?


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E como, sempre que posso, gosto de trazer uma lembrancinha, mostro-vos o que trouxe.

Imagens da Rainha Santa Isabel, uma em madeira, outra em azulejo.
Têm ímans por trás e são pequeninas.
Coloquei-as numa das paredes laterais do frigorífico, ao pé de dois Stos Antónios, uma Pietá,  uma pedrinha com reprodução de uma gravura de Foz Côa e mais não sei o quê.
A Rainha Santa Isabel ao vivo e a cores.
Trouxe uma igual para a minha mãe
(em termos de devoção não conseguirá destronar o Sto Padre Cruz que tanto a tem protegido mas sei que gosta de receber estas imagens - e esta é tão bonita, com as rosinhas)
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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma boa terça-feira.

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1 comentário:

Pôr do Sol disse...

Agradeço as suas carinhosas palavras e retribuo o abraço. Há fases na vida em que sentirmos que alguem "ouve" os nossos desabafos, sabe bem, sabe a colo de mãe.

Quem parte de repente, sem sofrer, embora nos deixe sem preparação, sem chão,obriga-nos a ter a força para o recordarmos nos seus melhores momentos e seguir em frente.

Continue a trazer-nos os seus passeios pelo nosso belo País. É um prazer segui-la. Há de facto muita gente que não pode passear por razoes de saude, economicas e as suas reportagens são muito completas.

Um beijinho e bom regreço