Há pessoas que dizem coisas. Como conseguem pôr um ar compenetrado e como conseguem manter uma certa consistência nesse 'ar', há quem os leve a sério e se convença de que eles têm coisas a dizer. E, de facto, têm. Têm sempre coisas a dizer.
As frases geralmente são bem construídas, não têm pontas soltas, e sobretudo são sempre elaboradas e expostas com o ar de quem sabe o que diz, de quem reflectiu maduramente no assunto e de quem, obviamente, fala com propriedade e conhecimento de causa.
Efectivamente, as suas frases não têm pontas soltas. De facto, começam e acabam no mesmo sítio, são frequentemente redondas. E têm a característica de que, bem vistas as coisas, espremem-se e não deitam sumo. Melhor dizendo: não deitam nada. Melhor dizendo: não se aproveita nada.
Quando acabam de falar, se quisermos resumir o que disseram, dificilmente encontraremos algo digno de realce a não ser que disseram coisas, coisas bem explanadas. Mas coisas inúteis. Se quisermos ser sinceros diremos até que falaram apenas para não ficarem calados. Ou, se quisermos ser inteiramente justos, diremos que falaram porque gostam de dizer coisas e gostam delirantemente de se ouvir.
Em todo o lado há gente assim. Não se lhes conhece obra, pensamento disruptivo ou, pelo menos, criativo. Nada. Apenas falam. Geralmente falam bem. Sabem até colocar bem a voz. Estão treinados.
Não vou falar de ex-colegas pois não são para aqui chamados. Vou apenas falar dos que estão na vida pública pois põem-se a jeito para a gente poder falar deles.
E vou ser sectária: vou falar apenas dos que são ligados ao PS pois deles se falou ou fala para putativo candidato presidencial ou sobre o assunto têm opinado.
Assim de repente, lembro-me de alguns. António José Seguro, Francisco Assis.
E António Vitorino. E, lamento dizê-lo, António Guterres (que não faz parte da lista dos presidenciáveis mas que fica bem aqui nesta grupeta).
Tenho dito.
Até amanhã.
PS1: Espero bem que o Pedro Nuno Santos, que tem revelado uma certa falta de jeito a escolher pessoas e, lamento, uma certa falta de tino, fique um bocado mais calado, reflicta melhor no que o País quer em vez de andar às voltas dentro do seu círculo, e não ponha o PS a apoiar nenhum destes
PS 2: Agradeço todos os comentários e o meu marido também. Agradecemos e gostamos muito de aqui ter os vossos contributos e testemunhos. Vou tentar que, a partir desta semana, volte à saudável prática de agradecer individualmente.
4 comentários:
Por exclusão de partes sobra SS.
É uma excelente ideia. Com sorte e o empenho do PS consegue 10%.
É outro que fala bem, acutilante. Sobretudo, é uma referência ética. Usou a AR como rampa de candidatura e o Chega como escudo e lança do combate pela democracia. No final o Chega deu conta dele despachando-o do lugar de deputado pelo círculo fora da Europa que ele só conhecia pela TAP e voucher do hotel.
Anonimo, quem é (SS)? Não é ironia, não estou a ver quem, na realidade, só isso.
Quem tem essa percentagem no seu entendimento, ou melhor como agora está na moda, a sua perceção?!
Cara Um Jeito Manso,
A primeira coisa que ouvi hoje na radio foi, que era o dia mais triste do ano. Se não procurarmos bem, tristes andam todos eles.
Olhei pela janela e julguei perceber. Dia escuro, chuvoso e o nevoeiro denso não deixava ver a serra.
Ao longo do dia atribuí a tristeza do dia à tomada de posse de Trump. Criatura sem qualificação. Perigoso, ridiculo mentiroso inconsequente, nada chega para o classificar. Eles que nada sabem fazer, promete, ameaça, repatriar todos os imigrantes na America como se não necessitassem deles.
Este nem fala bem. Apenas fala fala não diz coisas, só diz disparates. Até o beijo à mulher foi ridiculo, assim como o chapeu da mesma, que insistiu em tapar os olhos.
Por cá temos o pó branco na correspondencia para ministerios. Cheira a bluf. Lembra-me as bombas que no tempo da outra senhora, se punham no Rossio, culpando os comunistas e a uma criança ferida o reporter perguntava se doía muito. Tudo uma tristeza.
Aguardemos por dias melhores.
percepção
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