terça-feira, janeiro 21, 2025

Na tomada de posse de Trump quem esteve melhor foi Michelle Obama

 

Sobre Trump digo aquilo que agora é moda dizer dos malucos: foi Trump a ser Trump. Fez e disse de tudo. Mostrou que não sabe o que são conceitos, certamente para ele abstractos, como decência, respeito, decoro, bom senso, normalidade, noção. Mas não me apetece aprofundar. Os comentadores que escavem no que aí vem. Drill, baby, drill

Sobre Melania Trump digo a mesma coisa: foi Melania a ser Melania. Para não andarem a ver se o sorriso era forçado ou se mal conseguia o ar de vómito, desta vez resolveu quebrar o protocolo e mandar às malvas as etiquetas e, num espaço fechado, apresentou-se de chapéu, ainda por cima um que lhe tapava a cara. E, quando o marido quis beijá-la, fez o número do costume e não apenas fugiu com a cara como lhe colocou a aba do chapéu na rota da aproximação dele.

Sobre a corte high tech, com os verdadeiros donos do mundo a mostrarem-se como uma corte unida, um anel de segurança em torno de Trump, custa-me a falar. Assusta-me demais.

Sobre o novo penteado de Zuckerberg tenho alguma dificuldade em encontrar-lhe o racional

Sobre Sundar Pichai, o CEO da Google, ocorreu-me a questão de sempre: não põe aparelho nos dentes porque não está para gastar dinheiro ou porque gosta de se ver assim?

Sobre Lauren Sanchez, a companheira de Bezos: não falo da boca. devidamente uniformizada, mas da toilette. 

Refiro apenas que optou por vestir o casaco directamente sobre o soutien. E não digo que sim nem que não, apenas que vale tudo. Até as patilhas do Milei, completamente descabidas, ali tiveram cabimento.

Sobre as rezas durante a cerimónia não digo que é de loucos, não digo nada: esteve ao nível de toda a pirosice daquilo tudo, uma coisa mais de igreja evangélica do que cerimónia pública do mundo desenvolvido. E, se não de igreja evangélica, então filme cómico, paródia de quinta categoria.

Sobre as filhas e as noras de Trump e outras senhoras da mesma idade: estão todas a trabalhar para ficarem iguais umas às outras com maçãs de rosto redondas e elevadas, bocas enxertadas, pele esticada. para além disso, a Ivanka foi mascarada de dama de início do século passado com uma boina lateral.

De resto, muito haveria a dizer como, por exemplo, sobre aquela senhora bem fornecida de carnes que se apresentou de fato justo e saia repuxada pelo meio da coxa ou sobre várias outras desconformidades, de todo o género, e que rezaram, aplaudiram, fizeram ar embevecido ou riram como tontas -- e que pareciam estar ali apenas para fazer ver ao mundo como é que Trump foi eleito. Mas não me apetece.

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As fotografias provêm do Madame le Figaro

1 comentário:

Moraislex disse...

Não tive tempo nem vontade de ver a entronização de Trump, nem os ademanes da corte que o rodeia. Do que vi depois, das primeiras decisões e das que se anunciam, tudo me fez lembrar as últimas palavras de Alexandre Herculano em 1887: "Isto dá vontade de a gente morrer". Isto, para Herculano, era o país, e pode agora ser o mundo em que vamos viver a curto prazo. Alexandre morreu, mas o país, isto, continuou, por vezes melhor, por vezes pior. O mundo vai também continuar, apesar de Trump, e sobreviver-lhe, espero.
De qualquer modo vão ser tempos interessantes, mas ver o presidente da nação (?) mais poderosa (?) do mundo a bambolear-se ao som dos Village People, só isso, vale o preço de um bilhete de primeira fila para assistir ao espectáculo.