quarta-feira, agosto 30, 2023

Um heaven quase civilizado, uma caldeirada de cabeça de safio e, como quem não quer a coisa, conversa/conselhos de escritores

 

Nunca antes tínhamos procedido a tamanha devastação. Décadas a lutar contra isto. Dei o peito às balas por cada pé de alecrim, de rosmaninho, de orégãos. E agora cedi.

Os caminhos quase tinham desaparecido sob a espessa camada de caruma e folhagem seca que já tinha fixado terra. Os arbustos, com esta seca, estavam ressequidos, quase sem vida. E, embora o meu marido já tivesse subido muitas copas, com as árvores a desenvolverem-se, já se tornavam baixas e compactas demais.

Acresce que este homem que ele desencantou e que vem com mais dois é gente que vive de limpar terrenos. Têm máquinas e experiência. E zero contemplações perante as minhas fantasias. Avançam a direito, deixando atrás de si uma camada de resíduos triturados, que mal se notam.

E depois, como já referi, ao ver, não desgostei de todo. 

Este lugar é agora outra coisa. Nunca tinha visto a terra assim. Antes era só mato rasteiro e pedras. Depois árvores pequenas. Depois árvores maiorzinhas e os arbustos autóctones a desenvolverem-se. Agora, depois desta operação (ainda em curso), é diferente: árvores grandes e quase zero arbustos. Vão rebentar com força na Primavera, asseguram-me. Espero bem que sim.

Hoje um pinheiro que estava seco já foi abaixo. Amanhã deve ir um gigante e dois cedros mortos. Uma tristeza. Mas tão ou mais triste é ver as árvores mortas e de pé.

E vários pinheiros já têm a copa lá em cima. E vários caminhos reapareceram.

A entrada da gruta foi limpa. Parece maior.

Já não ando, aflita, atrás deles. Coração ao largo.

Enquanto este trabalho decorria no exterior, trabalhei de sol a sol, na minha labuta. Hoje o meu marido sugeriu-me uma outra colectânea. Nunca nisso tinha pensado e é capaz de ser boa ideia.

Hoje para o almoço fiz uma caldeirada que ficou muito saborosa. Não deveria chamar-se caldeirada pois só tinha um peixe mas, como fiz da mesma maneira, chamo-a assim à mesma. Andava a apetecer-me caldeirada mas, no outro dia, só conseguimos ir ao supermercado por volta das oito da noite. Por isso, já apanhámos pouca coisa a nível de peixe. Tinham peixe para caldeirada mas não gostei, pareceu-me uma indigência, umas postazinhas com aspecto vintage, mal encaradas. Mas tinham lá cabeça de safio. Trouxe duas e pedi para as abrirem ao meio. O sabor do safio é muito bom e a cabeça tem as espinhas próprias das cabeças de peixe mas não misturadas como é o caso das postas do rabo. Ou seja, para quem goste de dissecar cabeças de peixe (como é o meu caso), é muito bom.

Fiz assim:

Num tacho largo coloquei cebolas grandes em rodelas grossas. Depois tomate maduro aos bocados, uma boa camada dele. Depois bocados de pimento e um bom ramo de salsa aos bocados. Por cima, batatas às rodelas grossas. Por cima as quatro metades das cabeças de safio. Por cima um pouco de sal. Depois mais uma camada de tomate aos bocados, outra cebola gigante às rodelas, o resto da salsa, um pouco mais de pimento. Depois uns dentes de alho, umas folhas de louro e um pouco de alecrim. Reguei com azeite. 

Foi ao lume, no máximo, com o tacho tapado. Quando ferveu, coloquei no mínimo e deixei cozinhar, sempre tapado, até que as batatas ficaram macias.

Ficou bem saboroso. E deu para o almoço e para o jantar. 

O meu marido torrou umas fatias de pão e pusemo-las no fundo do prato.

Sobrou caldo e com ele poderia ter feito uma massinha. Não fiz porque me deu preguiça.

Entretanto, ao espreitar o youtube, alguns vídeos que vi de gosto. Interessantes. Não sei se para vocês também terá interesse mas, se encarar que isto aqui é também, de algum modo, uma espécie de diário, vou aqui colocá-los.

Salman Rushdie: The One Thing You Can't Teach about Writing

"Every exceptional writer has some very personal relationship with the English language." Salman Rushdie talks to Charlie Rose about what can -- and can't -- be taught about writing.


Salman Rushdie on Writing as a Process of Discovery

University Distinguished Professor Salman Rushdie participated in a class discussion of "The Moor's Last Sigh" led by Associate Professor of English Deepika Bahri with undergraduate students at Emory University on March 7, 2012. Here he discusses writing as partly a process of learning about the characters and allowing the book to shift and take on a life of its own.

Advice for aspiring writers | Ian McEwan

Ian McEwan gives three pieces of advice for developing writers


Desejo-vos um dia feliz
Saúde. Alegria. Paz.

Sem comentários: