Nas eleições, seja para a escolha de Deputados, de um Primeiro-Ministro (que, nas Legislativas, é um dos factores determinantes), de um Presidente da República, da Direcção da Associação de Estudantes ou do Delegado de Turma, só há uma regra válida: escolhe-se a que nos parece a melhor opção.
Podemos não nos identificar a 100% mas devemos escolher o que achamos mais competente, mais confiável, que tomará melhor conta do recado, que melhor nos representará, que mais provavelmente agirá de forma a merecer o nosso apoio.
Portanto, toda esta conversa da maioria absoluta que assola a comunicação social e a campanha eleitoral é puro nonsense, é conversa de gente desfocada ou desocupada, treta saída da cabeça de jornalistas, de comentadores e gente fútil dos partidos que gostam é de armar confusão e inventar caso.
Obviamente não tenho pitada de perfil político para me meter em partidos ou a fazer qualquer tipo de campanha. Mas, se um dia sofresse uma valente pancada na cabeça e me metesse nisso e se me visse com um bando de jornalistas à perna a moer-me a paciência sobre se eu queria a maioria absoluta, acho que não me conteria: 'Não chateiem, pá. Desgrudem. Vão dar banho ao cão! Xô! Melgas...'
Se a maioria das pessoas votar na Lista A e a Lista A obtiver a maioria absoluta tudo bem, será o que a maioria das pessoas mostrou querer. O absurdo seria as pessoas quererem maioritariamente a Lista A e, ao votarem, votarem na B e, no fim, ainda haver o risco de ganhar a Lista B. Só se as pessoas forem parvas é que votam assim.
Pois eu, pela parte que me toca, tanto se me dá. Gostava que ganhasse o PS e gostava que não fizesse acordo com as sonsas, hipócritas e desleais do Bloco nem com os fracos do PCP que, entre servirem o País e servirem a ala reaccionário do partido, optam por fazer o que os fundamentalistas da velha guarda querem.
Se o PS tiver que fazer algum acordo, que seja com gente de bem, gente confiável, democrata, madura, leal. Mas se conseguirem governar com o seu programa e sem terem que andar à babugem de agradar a uns e outros que usem isso para chantagear o Governo, também tudo bem.
E por isso mesmo, porque não há pachorra para tanta parvoíce, não vi televisão. Não sei por onde andaram os candidatos, o que fizeram, o que disseram nem, muito menos, o que andou por aí a dizer essa praga dos comentadores.
Entre trabalhar, cozinhar, caminhar (debaixo de um frio de rachar), brincar com o urso felpudo, telefonar, ler e sei lá mais o quê não sobrou disponibilidade para me maçar. Só se fosse masoquista... -- e eu posso ser muita coisa, muita maluca, mas masoquista não sou.
Ou melhor, geralmente não sou. É que, de vez em quando, para confirmar que as modas não saem do mesmo sítio, cedo à tentação de ver. Não me aguento muito mas, por pouco que seja, acabo sempre por confirmar que, se a maioria dos partidos parece andar à deriva sem saber a que porto aportar, pior ainda é o que a comunicação social faz deles.
E, assim sendo, mal dormida e perdida de sono, ao sentar-me hoje aqui à noite, foi com agradável surpresa que vi que o meu amigo algoritmo me tinha presenteado com vídeos com macacos. Gente boa os macacos. Chimpanzés, orangotangos, tudo gente inteligente e com sentido de humor. Melhores que Catarinas, Rios, Venturas e por aí vai. Estes aqui são uma ternura, uma graça. Que bom vê-los.
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Pinturas de André Derain na companhia de Cat Power a interpretar These Days
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E, para si que está aqui ao pé de mim, um belo dia
Uma boa onda. Uma boa notícia. Uma boa saúde.
5 comentários:
Também não gosto que a malta da imprensa privelegie os patrões do “Rato” e da “São Caetano” em relação aos outros candidatos a deputados. Dar-lhes o triplo de tempo é uma sacanice de todo o tamanho -uma sacanice de lesa democracia. (Não fui eu que escrevi mas dá que pensar). Também há uma coisa intrigante que circula por aí, é o cheque de 10 mil euros que o Rendeiro passou em nome do PS. Depois vê-se o Ventura a falar de Mercedes quando segundo a insuspeita Cofina
há dias (3 anos) os comunistas adquiriram 103.619.340 ações da Daimler Benz AG, a fábrica dos célebres Mercedes, por mais de 7,4 mil milhões de euros, já depois de terem adquirido a Volvo sueca e as fábricas Proton da Malásia e dos London Táxi...Quem mandou vender tudo e dar tudo aos pobres foi Cristo, não foi Marx. Isto está cá uma confusão, digo eu.
Olá Monteiro,
Traçando a bissectriz aos seus argumentos chega-se a que conclusão...? Que isto está cá uma confusão...?
E, face a isso, vai fazer o quê: refugiar-se numa gruta onde não lhe cheguem ecos dessa confusão?
Conte-me coisas.
Dias felizes para si, Monteiro.
O que lhe posso contar é que sou um apaixonado pelas causas que considero nobres tais como lutar pela justiça social e pela ciência e acho que isto abarca tudo. Choro a ver a ler a estudar a vida de intrépidos heróis que lutam por um mundo melhor. Esta é a conclusão a que chego depois de ter traçado a minha bissectriz que, coisa engraçada, nunca antes tinha pensado nisso de forma tão crua e nua. Obrigado.
Monteiro,
Heróis mortos? De quem apenas se contam as coisas boas, os actos nobres? Ou heróis vivos, com as suas contradições e imperfeições?
Não haverá uma maneira de lutarmos pela justiça e pela ciência e, ao mesmo tempo, escolhermos, para governar o nosso país, os melhores (ou, até, apenas os menos maus) e desculpar-lhes os pequenos erros?
Sejamos exigentes no que é essencial e indulgentes no que é acessório, passageiro, irrelevante.
Sr Monteiro:
Nos anos sessenta, "if you go to S.Francico" o óbvio era,"keep out the grass"...
Mantém-se actual........
A.Vieira
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