Só pergunto uma coisa: porque é que não há um Ascot dos pobrezinhos aqui em Portugal?
Está certo que não temos o hábito de corridas de cavalos. Mas e daí? A criatividade não serve para dar a volta às situações insolúveis?
Ora bem. Neste caso nem sequer é insolúvel: não era de cavalos era de outra coisa qualquer.
Podiam ser corridas de palermas, de presidiários, de corruptos, de ex-espiões e de espiões no activo, de cagarras, de josé gomes ferreiras, de outros papagaios, de banqueiros que levam os bancos à falência, de segurinhos que fazem biquinho, de vice-irrevogáveis, de láparos, de outros palhaços, de lombinhas, de inconseguidas mentais, de cátias palhinhas mais conhecidas por cátias passarinhas, de gis, de fannys, de jotas, de presidentes da junta fiéis ao seguro ou ao cão com pulgas... o que fosse preciso. Arranjavam-se uma série de categorias. Havia uma para cada semana do ano. Corredores para cada uma é coisa que também há com fartura. E, se soubessem que ia haver reportagens de televisão de manhã à noite, buffet à descrição e fotografias na Caras, VIP e Flash, notas do Prof. Marcelo e posts pseudo-engraçados dos Henriques do Expresso (o Monteiro e o Raposo), então, não haveria cão nem gato que não quisesse participar na corrida. Tinha era que se pôr os bilhetes a um preço exorbitante porque, senão, a malta que hoje vai aos programas de espectáculos que as televisões organizam aos fins de semana estava toda lá caída. Ora não queremos nada disso. Povo é coisa que não dá dinheiro. Só quereríamos gente com muito papel, em especial angolanas, chinesas, russas e brasileiras. E, claro, professoras. Ou outras funcionárias públicas. E, sobretudo, reformadas. Ou seja, gente dessa que nada em dinheiro (aliás, não têm feito outra coisa senão afundar o país com os ordenados milionários que auferem; a elas a gente deve o ter tido que se chamar a troika).
Podiam ser corridas de palermas, de presidiários, de corruptos, de ex-espiões e de espiões no activo, de cagarras, de josé gomes ferreiras, de outros papagaios, de banqueiros que levam os bancos à falência, de segurinhos que fazem biquinho, de vice-irrevogáveis, de láparos, de outros palhaços, de lombinhas, de inconseguidas mentais, de cátias palhinhas mais conhecidas por cátias passarinhas, de gis, de fannys, de jotas, de presidentes da junta fiéis ao seguro ou ao cão com pulgas... o que fosse preciso. Arranjavam-se uma série de categorias. Havia uma para cada semana do ano. Corredores para cada uma é coisa que também há com fartura. E, se soubessem que ia haver reportagens de televisão de manhã à noite, buffet à descrição e fotografias na Caras, VIP e Flash, notas do Prof. Marcelo e posts pseudo-engraçados dos Henriques do Expresso (o Monteiro e o Raposo), então, não haveria cão nem gato que não quisesse participar na corrida. Tinha era que se pôr os bilhetes a um preço exorbitante porque, senão, a malta que hoje vai aos programas de espectáculos que as televisões organizam aos fins de semana estava toda lá caída. Ora não queremos nada disso. Povo é coisa que não dá dinheiro. Só quereríamos gente com muito papel, em especial angolanas, chinesas, russas e brasileiras. E, claro, professoras. Ou outras funcionárias públicas. E, sobretudo, reformadas. Ou seja, gente dessa que nada em dinheiro (aliás, não têm feito outra coisa senão afundar o país com os ordenados milionários que auferem; a elas a gente deve o ter tido que se chamar a troika).
E música, se faz favor: Burn
Pensando bem, isto parece ter pernas para andar, ou seja, cá está outra ideia de negócio: organizar corridas temáticas. Claro, não nos podemos esquecer, o objectivo era ser um sítio onde poder usar chapéus espectaculares.
Ou seja, só seriam admitidos convidados (convidados pagantes, claro) que fossem de chapéu, mas chapéus originais, cada qual mais original que o outro. Por isso, gente banal, daquela com chapelinhos muito déjà-vu seria barrada à entrada.
Adiante e voltando à cold cow.
Adoro chapéus mas não tenho oportunidade de ousar. Uma ousadia em grupo é moda, mas uma ousadia a solo é maluquice. Imaginem se amanhã apareço no edifício asséptico onde trabalho - cheia de executivos bem cheirosos e todos parecidos uns com os outros e de executivas bronzeadas e bem torneadas - e vou com um chapéu artístico, de deixar qualquer um de cara à banda, vasos com passarinhos a sair-me da cabeça, penas de pavão, ovos estrelados, rabos de gato... Havia de ter graça. Aliás, algum dos que sobem comigo no elevador haveria de chamar o segurança para me pôr no olho da rua.
Não dá mesmo. Só mesmo com um Ascot à la portugaise.
Reparem: já viram, para além do negócio das corridas temáticas em si, a quantidade de negócios adjacentes que se desenvolveriam?
Quais...? O dos chapéus, justamente, e isto apenas como exemplo.
Já sabem: ainda não atinei bem com o processo de publicar fotografias arrumadinhas aqui no blogue. Vai uma para cada lado e eu por aqui ando à bulha com elas - até que desisto e vai como for. No computador talvez nem saiam desarrumadas de todo mas no smartphone deve ser uma bagunça. Não sei, amanhã logo vejo.
Ou seja, só seriam admitidos convidados (convidados pagantes, claro) que fossem de chapéu, mas chapéus originais, cada qual mais original que o outro. Por isso, gente banal, daquela com chapelinhos muito déjà-vu seria barrada à entrada.
Exemplificando: estaria vedada a entrada à Joana Vasconcelos porque o chapéu seria demasiado previsível, ou feito com pegas ou com tachos, à Leal ao Láparo porque iria enrolada em trapos, desde a cabeça ao pescoço, à Judite porque iria de mini-saia, botas de d'artacão e chapéu de cowboy, à Joana Amaral Dias porque iria com um garfo a sair-lhe das costas a fazer de chapéu, à Ana Gomes porque iria com um chapéu em forma de submarino, à D. Laurinha porque iria com uma farófia mal parida na cabeça, à D. Cavaca porque iria com um roteiro aberto no prefácio em cima do penteado, etc. Eu faria uma lista de personas non gratas. No portão de acesso ao recinto, colocaríamos dois calmeirões munidos da dita lista de indesejáveis. Assim de repente estou a lembrar-me do Marques Mendes e do Liberato que seriam revezados pelo Maçães e pela Poiazita. Com feras destas à entrada a ver se havia algum penetra que se arriscasse... é o arriscas.Quanto mais me alongo, mais a ideia me entusiasma. Quando me reformar (daqui por 70 anos - já que acredito que, com a reforma do sistemas de pensões levada a cabo pelo magricelas da mota e sob os altos auspícios do grupo de burros que validará os resultados do estudo, a idade da reforma deve passar para lá dos 100 anos, e isto para se receber um trocadinho mal aviado), terei que me moderar senão desato a investir em negócios atrás de negócios e vai-se-me o pé de meia num ápice. Tenho tantas ideias e todas tão boas que a economia do País disparava num abrir e esfregar de olhos - só não adianto aqui mais algumas (para que vejam que são mesmo boas) porque o segredo é a alma do negócio.
Adiante e voltando à cold cow.
Adoro chapéus mas não tenho oportunidade de ousar. Uma ousadia em grupo é moda, mas uma ousadia a solo é maluquice. Imaginem se amanhã apareço no edifício asséptico onde trabalho - cheia de executivos bem cheirosos e todos parecidos uns com os outros e de executivas bronzeadas e bem torneadas - e vou com um chapéu artístico, de deixar qualquer um de cara à banda, vasos com passarinhos a sair-me da cabeça, penas de pavão, ovos estrelados, rabos de gato... Havia de ter graça. Aliás, algum dos que sobem comigo no elevador haveria de chamar o segurança para me pôr no olho da rua.
Não dá mesmo. Só mesmo com um Ascot à la portugaise.
Reparem: já viram, para além do negócio das corridas temáticas em si, a quantidade de negócios adjacentes que se desenvolveriam?
Quais...? O dos chapéus, justamente, e isto apenas como exemplo.
Entretanto, cá vai uma compilação de alguns chapéus de Ascot 2014 à laia de cardápio para as minhas Leitoras que precisem de um empurrãozinho para se aventurarem. Apenas os das duas primeiras fotografias não são tanto o meu género. Poderia ter escolhido dos extravagantes, cómicos ou disparatados, que por lá os há em todas as cambiantes, mas optei por escolher alguns chapelitos que eu não me importaria nada de usar.
Já sabem: ainda não atinei bem com o processo de publicar fotografias arrumadinhas aqui no blogue. Vai uma para cada lado e eu por aqui ando à bulha com elas - até que desisto e vai como for. No computador talvez nem saiam desarrumadas de todo mas no smartphone deve ser uma bagunça. Não sei, amanhã logo vejo.
As manas Beatriz e Eugénia, as princesas magalonas, filhas de Sarah Ferguson, só não seriam barradas à porta porque são podres de matrafonas, dão sempre vontade de rir |
Esta seria admitida. A Ana Loureço, que gosta tanto de cavalos, era moça para se apresentar assim. |
Simples mas com muita pinta. Amarelo e preto é uma mistura sempre garantida. Um chapéu fácil de fazer em casa e, certamente, muito económico. |
O género de chapéus que me tenta: fáceis de fazer em casa, imprevistos, joviais, provocantes (e ficam bem com cabelo despenteado, o que, para mim, é uma grande vantagem) |
Uma bela borboleta azul que fica a matar com uns olhos azuis A senhora ao lado, com uma rosa na cabeça, quase passa despercebida de tão discreta |
Um dos meus preferidos: ficaria lindamente com o cabelo solto; mas assim, com o cabelo meio apanhado, despenteado, também fica bem irreverente |
E eu e vós, minhas Caras Amigas Leitoras, requintadas, indecorosas, com belos e inusitados chapéus, a vermos o lombinha dos briefings e outros que tais a correrem na pista e nós a batermos discretas palminhas a incentivar aquele em quem teríamos apostado... Não seria uma delícia?
Depois, entre conversetas e intrigas gostosas, deslocar-nos-íamos até às mesas onde frescas bebidas e apetitosos amuse-bouches interromperiam, por breves instantes, as fofoquinhas inocentes.
Uma vez refrescadas e de novo completamente maliciosas, deslizaríamos até à beira da pista, onde outros lombinhas desta vida iniciariam nova corrida. Vai Pedrocas, gritaria uma, mostra o garanhão que és!, enquanto outras puxariam por um qualquer outro da mesma categoria.
[À falta de melhor, qualquer lombinha faria na perfeição o papel de cavalo de corrida. E, quem diz lombinhas, repito, diz salgados dos milhões esquecidos, isaltinos bem comportados, arrependidos e prontos a tornarem-se escritores, jotas já deputados apesar de não saberem ler nem escrever, avillezes abelharudas de balsemão ao peito, etc, etc, etc. Sky is the limit. Tudo serve de cavalo de corrida.]
[À falta de melhor, qualquer lombinha faria na perfeição o papel de cavalo de corrida. E, quem diz lombinhas, repito, diz salgados dos milhões esquecidos, isaltinos bem comportados, arrependidos e prontos a tornarem-se escritores, jotas já deputados apesar de não saberem ler nem escrever, avillezes abelharudas de balsemão ao peito, etc, etc, etc. Sky is the limit. Tudo serve de cavalo de corrida.]
(Cavalos de Corrida)
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Para o caso de se sentirem relutantes, receando não saberem como se apresentarem à altura, aqui deixo o vídeo com o dress code, que é como quem diz o Royal Ascot 2014 - Official Style Guide.
Com esta lição, não terão desculpa, dizendo que sei lá se aquela saínha é adequada ou será que o chapéu com medinas nas abas condiz com o vestido com carreiras nos bolsos, ou os cavalheiros sem saberem se é suposto ir de gravata ou esgargalados, de pêlos do peito à vista, à Paulo Portas e, nesse último caso, se deverão ir de boné ou chapéu de aba larga.
Vejam, por favor, qual o modelo com que mais se identificam e depois adaptem-no ao vosso gosto - mas, please, não fujam muito do estilo porque, quando este meu projecto estiver no terreno, só quero lá gente estilosa.
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Bem. Isto hoje não saíu coisa para intelectuais. Galo. E agora o que pensarão os meus Caros Leitores que procuram aqui erudição da grossa...?
Como tentar compensá-los, limpar a minha barra...?
Já sei. Um poema. Um poema dá sempre jeito. Ora, então, cá vai.
Outra maneira de ser: um homem
de facto, às riscas. Um vulto
com sintomas às costas,
no lodo da fala, uma pausa
turva, de homem
conforme o ódio. Moribundo
que escolha, o início a nada,
o cio a perdas e danos,
uma vida negada, repleta
de segundas intenções.
O Poeta Rui Baião que não me leve a mal por o colocar aqui no meio de cavalos de corrida, lombinhas e outras maluquices. Não é por mal. É mesmo só uma maneira de descansar a cabeça. Uns deitam-na na almofada, eu penso em chapéus e escrevo coisas assim.
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A música lá em cima é Burns -Vintage '60s Girl Group Ellie Goulding Cover with Flame-O-Phone - Postmodern Jukebox
Os Cavalos de Corrida são interpretados pelos UHF
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E por hoje é isto.
(E agradeço o vosso cuidado mas, a sério, não fiquem preocupados. Amanhã já devo estar normal.)
Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela quinta feira!
6 comentários:
Magnífica " anormalidade", estimada UJM !
Muito Bem !
Melhores Cumprimentos
Vitor
Ao olhar para os belos chapéus que aqui nos mostra, vieram-me à memória aquelas famosas “Cocotes” que em tempos lhe mencionei. Uma delas, Gertrude Mahon, ficou célebre (na Inglaterra do Séc. XVIII) precisamente pelos seus extravagantes chapéus. Quase sempre emplumados, ao que consta. De tal forma, que acabou por ser conhecida como “The Bird of Paradise”. Em dois livros que possuo em casa, comprados já há algum tempo em Londres, um sobre as ditas “Cocotes” em França, Inglaterra e Itália, as histórias sobre essas deliciosas mulheres daquelas épocas são fascinantes. Gertrude, a par dos seus extravagantes chapéus, era igualmente uma mulher bonita. Uma mulher usar um belo chapéu já é um hábito, ou moda, de há séculos atrás, embora com variantes. As “Cocotes”, e não só, da época Renascentista, já faziam uso deles. Uma das mais famosas "Cócotes", Verónica Franco (só um Bj dela era caríssimo, imaginemos o resto!), que chegou a ser pintada por Tintoretto e que associava a sua beleza a uma sólida cultura e sofisticação, também não os dispensava, quando a oportunidade se impunha. Mas eram diferentes.
Nem a todas as mulheres assenta bem um chapéu. Cá no nosso burgo, pergunto-me que tipo de chapéu se aconselharia, por exemplo, a Assunção Esteves? Talvez aquele de cavaleira ribatejana, se calhar!
P.Rufino
isso, isso, umas corridinhas ...como animariam a malta dos desaires da selecção, da taxa de desemprego, das querelas infantilóides do ps, do fabuloso -des-governo sem rédeas...
'chic a valer' exclamariam, em uníssono êxtase, os hodiernos Dâmasos Salcedo!
haja, depois, um Eça para no-las descrever/narrar!
cumprimentos pelo excelente blogue, a começar pelo magnífico visual.
Caro Vítor,
Muito obrigada. Comecei a escrever sobre os chapéus e foi-me saindo o texto. Quando dei por mim, estava escrito e eu estava divertida à brava.
Um bom fim de semana!
Olá P. Rufino,
Ah as suas maravilhosas mulheres maliciosas, que saudade eu tinha delas. Que belos tempos esses, cheios de humor, cultura, vidas plenas de aventuras e segredos.
Sim, claro que deveriam usar irreverentes ou sofisticados chapéus.
E logo se foi lembrar da antítese, a Inconseguida Esteves. Chapéu para ela...? Talvez um chapéu daqueles do Robin Hood, uma coisa do género:
http://www.cappelsinc.com/product_images/catalog19950/28422.jpg
Um bom fim de semana!
Caro Anónimo das 'corridinhas',
Gostei do que escreveu. Eu diverti-me a escrever e, quando acabei, pensei que tomara que as minhas palavras soubessem exprimir a diversão que eu estava a sentir.
Volta e meia dá-me para a ironia, e dou por mim a rir enquanto escrevo. A nossa realidade é tão fértil em figurinhas deprimentes que eu às vezes sinto que era capaz de inventar todos os dias um episódio de uma série humorística.
Mas a questão é que depois me lembro que a coisa não é apenas rocambolescamente cómica: é também dramática para os tantos que estão sem trabalho, sem dinheiro, numa aflição. E então passa-me a vontade de me divertir.
Espero que volte sempre e que nunca sinta que veio em vão.
Obrigada!
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