Depois de abaixo ter relatado o making of do meu período pascal, venho agora aqui para protestar: mas que raio de país é este ou que raio de televisões é que temos, para serem directos e mais directos e haver uma festa nas ruas como se estivessem a chover barras de ouro? O Benfica ganhou o campeonato, é certo. Mas... e daí?
E o que é que eu tenho a ver com isso? Em que é que tal feito contribui para a minha felicidade, alguém me explica? E que raio é isso do 33 que vejo por todo o lado? Foi a 33ª vez que o Benfica ganhou? É que nem explicam, só gritam 33. E isso é bom? Nunca nenhum clube à superfície da terra ganhou tantas vezes? Não faço ideia nem considero relevante. Fogo...!
Como vos conto no final do post a seguir a este, hoje de tarde, antes de nos irmos dedicar à terceira idade e levar-lhes os deliciosos Pães de Deus da Padaria Portuguesa (aquele José Diogo Quintela está mesmo a sair-se bem com isto: que belos produtos, que belas lojas!), fomos dar um passeio a pé pela Baixa.
Pois não vos digo nem vos conto. Benfiquistas e mais benfiquistas, aquela raça de gente que anda de blusão encarnado, cachecol encarnado, que falam muito alto, que gritam e cantam, e outros em motos à abrir e a gritar, cachecol ao vento, palavrão de criar bicho, uma euforia tresloucada. E isto ainda antes do jogo começar.
Agora na televisão outra maluquice: entrevistam o zé dos anzóis, o zé maria pincel, o zé da gatinha, e o primo, o tio, o cunhado, o vizinho, e os apresentadores e comentadores como se fosse tivesse vindo aí o fim do mundo e uns quantos tivessem sobrevivido, uns eleitos, uns heróicos protagonistas de uma fantástica epopeia. Poupem-me.
E, em Lisboa, no Marquês de Pombal, são homens, mulheres, novos e velhos, tudo aos gritos, aos saltos, uma multidão ululante, um mar de gente de braços levantados, a saltar, a cantar, ou melhor, a berrar.
E por ali andam os repórteres feitos baratas tontas, e toda a gente parece ter alguma coisa importante a dizer e, quando abrem a boca, ou sai parvoíce da grossa ou gritos roucos, um comportamento quase selvático, tudo numa bebedeira emocional que só visto.
E há assombrosas vistas aéreas, dá ideia que foram mobilizados todos os meios aéreos para confirmar que parece que Lisboa parece ter sido tomada de assalto, não por verdadeiros heróis mas por figurantes de um filme de gente doida em que a doidice lhes dá para se vestirem todos de encarnado, andarem aos saltos e aos berros.
Será isto normal? Num país de milhões de desempregados, em que uma quantidade enorme da população vive sem rendimentos, em que grande parte dos jovens qualificados do País emigrou ou está em vias disso, em que os pensionistas nem sabem quanto recebem ao fim do mês tantos os cortes e ameaças de cortes que recebem, em que uma população inteira viu o seu rendimento cortado por via de um brutal aumento de impostos para serem canalizados para o pagamento de juros agiotas... há um clube que vence o campeonato (como todos os anos há) e parece que todos os males desapareceram e que o que há é todas as razões possíveis e imaginárias para uma colossal alegria, para uma festa de arromba, para um espectáculo de euforia colectiva. Fico banzada com isto, palavra que fico.
E há assombrosas vistas aéreas, dá ideia que foram mobilizados todos os meios aéreos para confirmar que parece que Lisboa parece ter sido tomada de assalto, não por verdadeiros heróis mas por figurantes de um filme de gente doida em que a doidice lhes dá para se vestirem todos de encarnado, andarem aos saltos e aos berros.
Será isto normal? Num país de milhões de desempregados, em que uma quantidade enorme da população vive sem rendimentos, em que grande parte dos jovens qualificados do País emigrou ou está em vias disso, em que os pensionistas nem sabem quanto recebem ao fim do mês tantos os cortes e ameaças de cortes que recebem, em que uma população inteira viu o seu rendimento cortado por via de um brutal aumento de impostos para serem canalizados para o pagamento de juros agiotas... há um clube que vence o campeonato (como todos os anos há) e parece que todos os males desapareceram e que o que há é todas as razões possíveis e imaginárias para uma colossal alegria, para uma festa de arromba, para um espectáculo de euforia colectiva. Fico banzada com isto, palavra que fico.
Claro que aqui em casa o ambiente era negro (e ponho no passado porque agora só eu é que estou acordada e, portanto, o negrume já aliviou). O meu marido, sportinguista de nascença, nem queria a televisão ligada, que era o que lhe faltava era correr o risco de ainda ter que gramar com o Jorge Jesus (e claro que precedia o nome da figura por adjectivos que aqui não poderei reproduzir) e com todos esses gajos que nem falar sabem.
Mas nem é preciso ser-se sportinguista de gema para desaderir desta alucinação colectiva. Acho que basta uma pessoa não ser completamente passada da cabeça.
Ainda agora, arredada que tenho andado das notícias, passei pelos canais das notícias para ver se descubro se o Paulo Portas já apresentou o Guião da Reforma de Estado, se afinal a Poiazita Madura já orquestrou os ministros sobre o que hão-de dizer quando lhes perguntarem acerca do putativo imposto sobre o sal das batatas fritas, para ver se já há alguma pista que leve a perceber se a saída do protectorado (assim lhe chamou o irrevogável vice) vai ser limpa ou suja, se houve mais algum avistamento da pequena Maddie, se o Passos Coelho já inventou mais alguma expressão para a novilíngua que tem vindo a criar, se a tal senhora de quem o Henrique Neto diz que não é lá muito sã da cabeça teve mais algum descabelamento frustracional, ou para ver, ao menos isso, se a Judite de Sousa hoje, ao entrevistar o Professor Marcelo terá aparecido de mini-saia e com a sua bela perna ao léu ou se veio de capuchinho e de botas de D'Artacão.
Pois bem: inconsegui. Como disse, os canais de notícias só com multidões vermelhas, encarnadas, rubras, fumegantes. Não sei de onde veio toda aquela gente e que rifa lhes saíu na sorte para tanta esfuziante alegria. Milhares de pessoas, milhares. Nem nas maiores manifestações contra o desemprego, a fome, os roubos de todas as formas e feitios, se consegue um fenómeno destes. E, portanto, todos os canais, todos, mobilizados para cobrir o tsunami vermelho que varreu as ruas. Um exagero, um exagero.
E eu eu interrogo-me: mas que gente é esta, senhores? O que é que têm na cabeça? Alguém me explica? Há por aí algum benfiquista que seja normal e saiba explicar-me por a mais b como é possível uma coisa destas?
Seriam capazes de vir assim para a rua defender Portugal se este estivesse a ser espoliado por um bando perigoso? Sim...? Então porque é que nunca os vimos? Ou são assim só quando a luta é de brincadeirinha, coisa de meninos que andam a correr atrás de uma bolazita e o adversário é outro grupo que também não faz mais do que isso?
Não percebo a natureza humana, é o que é. Deve ser por isso que gosto tanto de pássaros, de flores, de pedras.
Enfim. Bolas para isto. Vou-me deitar que é o que faço de melhor.
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E estou a escrever e a ver as minhas mãozitas com uma série de pequenos arranhões. Tantas reuniões que vou ter esta semana e com as mãos neste estado. Se me habituasse a fazer a lida doméstica de luvas... Mas não consigo. Só que desta vez até tenho vergonha. Enfim, dona de casa é assim. Mas, sobre isso, falo no post a seguir.
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A estas lindas horas e traumatizada com o que vejo em todas as televisões, claro que já não tenho tempo nem para a reportagem fotográfica da arte xávega nem do passeio por Lisboa. A ver se consigo amanhã.
Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela semana a começar por esta segunda feira.
E, por favor, não se esqueçam: é Abril, tempo de renascer.
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9 comentários:
"Défoulement!" que (nos) vai salvando. A cada um, de acordo com as suas possibilidades. Os media, oportunistas, exploram. Exacerbam. Mas isso seria conversa longa. Mesmo compreendendo as motivações para estas euforias, com o som ruidoso de buzinas, apitos,gritos nas ruas, desligámos a televisão, metemos mais uma amêndoa na boca para tentar adoçar a nossa imensa, descomunal, insanável, tristura.
Boa semana, ujm.
A.S.
Querida Jeitinho,
É revoltante. Não houve outras noticias.Nada de importante se passou no País.
Da maneira como Portugal está e este povo reage assim a uma vitoria futebolistica? Não tenho cultura desportiva que me permita entender/aceitar isto.
Não me identifico com um povo que continua a querer só fado, fatima e futebol.(fiquei irritada, e depois queixam-se de apanhar com o 4º. f)
Desculpe o desabafo.
No fundo, isto é a imagem do país que somos.
Subscrevo este seu Post. Tenho, sempre tive, um profundo desprezo por este tipo de “ajuntamentos populares futebilísticos”. Um povo que sofre, que é espoliado, que é espezinhado e que – se quisesse – até tinha capacidade de se unir para acabar com a injustiça, o que faz? Vai festejar um qualquer campeonato de futebol, como se fosse a coisa mais importante do mundo! Patético e ridículo. Faz bem o governo em tratar esta gentinha como ela merece. Mais aumentos, mais cortes, mais auteridade, mais sofrimento, etc. Bem vistas as coisas, deiam-lhe futebol e ficam satisfeitos. E ainda festejam por cima! Chega-lhes.
Aquilo pelo Marquês meteu pena. Cá por mim, evitei igualmente as TVs.
Por norma, independentemente daquele meu anterior comentário, nunca vejo um jogo de futebol e nem me passa pela cabeça ir asssitir a um num estádio. Quanto a campeões, como diz, todos os anos há um. E depois? De facto, como pergunta, no que é que isso contribui para a minha ou nossa felicidade?
Como é que de 1 dia por semana de futebol (aos Domingos) em tempos idos, se passa para 6 é coisa que não concebo! Mas, enfim, a povilheu quer é bola, o resto é com o...governo!
P.Rufino
PS: por mim, ou por nós, cá por casa, passámos um dia descansado, gozando uma Páscoa familiar. Que bem nos soube!
Olá, UJM,
Não tenho feito outra coisa que não avançar com o trabalho que tenho de fazer para a faculdade. Por isso, não tenho podido vir aqui dar uma olhadela nos novos posts, mas agora que arranjei um bocadinho, não pude resistir a comentar este seu post, UJM.
Normalmente, concordo com o que escreve no seu blog, mas não podia discordar mais deste post. É claro que sou uma adepta ferranha do Benfica, mas ainda que não fosse, não veria qual é o mal de as televisões mostrarem as imagens (absolutamente overwhelming!) da gesta de milhares de benfiquistas em todo o país.
Diz-se muito que as televisões dão demasiada importância ao futebol, que as pessoas perdem muito tempo a discutir a bola, quando há tanta coisa importante em que pensar, que isto é típico do zé povinho português...
Todos os dias vemos os mesmos tipos a dizer as mesmas coisas na televisão; quando saem dezenas de milhares de pessoas à rua, independentemente da razão que as leva a fazerem-no, não se deve dar cobertura a essa notícia? Saíram à rua para festejar a conquista de um campeonato de futebol, coisinha parva... e então? A fantochada do processo eleitoral na América com aglomerações de centenas de milhares é mais importante, se calhar? E a Super Bowl? É tudo igual. É festa. É cá em Portugal, festa é o Benfica ganhar o campeonato.
Confesso, até, que não estive no Marquês, assim como não vou a manifestações anti-governo, porque não é o meu género, sou mais de ficar em casa, mas não deixo de ter uma certa sensação de pequenez perante o espetáculo de uma multidão assim em festa. Como teria, se estivesse perante uma manifestação enfurecida que tomasse o poder.
E o Benfica é algo de verdadeiramente especial, não é só um clube, por muito estranho que isto possa parecer a alguém que não goste de futebol. É um clube que nasceu nas traseiras de uma farmácia, que cresceu durante as primeiras décadas com muitas dificuldades, que não tinha estádio próprio... As pessoas mandaram sacas de cimento de todo o país para a construção do estádio velho, pagavam um certo valor, não sei quanto, para terem direito a dar uma ajuda nas obras, faziam-se leilões de coisas que as pessoas doavam ao Benfica para financiar a construção, e depois de comprarem as coisas, as pessoas voltavam a dá-las para se venderem de novo!...
Qual é o mal de as pessoas que não gostam do futebol terem de levar com notícias sobre o Benfica, se há tanta notícia que não nos diz nada e que ignoramos?
JV
PS: P. Rufino, não lhe pude responder há uns dias, mas ri-me quando li o que escreveu. O FCP é o clube a abater nos últimos 30 anos? Então porque é que quando ganham cantam "o Benfica é uma m..."? Sabem bem que, nem que ganhasse 100 campeonatos seguidos, seriam os maiores. É isso dá cabo deles. O Benfica é, como será sempre, o clube a abater.
Obrigada a todos pelas palavras que aqui deixaram.
A euforia do futebol é bem o tal défoulement que talvez até seja uma boa válvula de escape para as tensões acumuladas ou talvez seja mesmo uma religiosidade que transcende a mera visão racionalista.
Uma palavra em particular para a JV, benfiquista dos quatro costados: aprecio sempre o que escreve e no outro dia não tive tempo de lhe dizer que tomara que arranje tempo e inspiração para o tal grande artigo que quer escrever.
Espero que, nessa altura, arranje lugar à altura para o publicar mas, se o não encontrar, saiba que aqui terá sempre um espaço para o acolher.
Um abraço a todos, benfiquistas ou não!
Oh, UJM, as suas palavras até me comoveram! Se parte do que disse foi para que eu não pensasse que tinha ficado aborrecida comigo por causa do que escrevi, é porque é verdadeiramente uma pessoa boa e delicada. É aquela minha expressão "não podia discordar mais" é feia e pode cair mal (a mim cair-me-ia de certeza, dou muita importância a essas coisas). Comigo é sempre assim: digo o que me apetece para ver até onde posso ir, e depois, sinto uma vontade enorme de garantir que as pessoas não pensem que faço por mal (tenho esta mania de que quando assumimos aquilo que fazemos, os outros perdem o direito de nos criticar): é que não faço mesmo por mal, mas se uma pessoa não vai experimentando até onde pode ir, nunca deixará de ser um bróculo amorfo e sem coragem. E há até uma certa premeditação nesta minha maneira de ser: suponho que agora, enquanto sou nova, é a altura de fazer experiências e analisar a reação das pessoas e quando for mais velha saberei estar à vontade para atuar com o tato adequado.
Se calhar, isto é tudo uma grande parvoíce.
Quanto ao trabalho, vai avançando a bom ritmo, mas com algum excesso de páginas: quando enviar ao professor digo que sei que me excedi, mas que espero que isso não seja motivo para tornar uma maçada ainda mais maçadora. Parece bem, não parece?
Não sei como é que este seu espaço iria "acolher" um trabalho sobre um tema jurídico! No entanto, se tiver curiosidade, posso enviar-lho lá para julho, quando o tiver defendido perante o regente da cadeira na prova oral. Mas só se for considerado digno de publicação! Senão é um nado-morto que deverá ser completamente eliminado!
JV
Olá JV,
Sabe o que é? Revejo-me um bocado nesse seu jeito destemperado, de ir sempre em frente e depois logo se vê, logo se corrige a rota. Pessoas assim não têm a vida fácil mas têm uma coisa: a consciência tranquila. O que fazemos, não é por mal, é porque somos assim e, se virmos que fomos mal, pedimos desculpa, tentamos corrigir.
Um conselho: não faça trabalhos muito longos. O poder de síntese é uma arte que deve ser perseguida. Escreva de forma 'apetecível', que não seja amorfa, mas não se alongue para além do razoável.
Quando me ofereci para publicar aqui caso não encontre um outro lugar à altura do que escrever, pensava que era um artigo com dimensão de artigo e interesse para o público em geral. Se estava a falar de um trabalho académico, então peço desculpa por ter percebido mal. A menos que queira depois fazer uma síntese. Mas agora não pense nisso, atire-se aos seus trabalhos para rebentar com a escala. Deve ser boa aluna, com certeza com essa garra toda. E deve ser boa pessoa, muito genuína.
Um abraço!
JV,
Siga o conselho de UJM, sintetise. A capacidade de síntese, de se conseguir dizer muito em poucas linhas é muito apreciado no mundo laboral/empresarial/Estado/consultadorias, etc.
Muitas vezes, no plano profissional, muita gente não consegue transmitir o essencial da mensagem, ou seja, do que quer dizer, transmitir, mas é importante, se considerarmos que há um curto tempo para conseguirmos captar, ou melhor, manter, a atenção oral de quem nos ouve e outro tanto para captarmos a atenção de um texto (quanto mais longo pior), para quem nos lê.
Você é tesa! Assim continue. Tem “alma”, ou seja, "chama". Mantenha-se assim.
Quanto ao texto jurídico (quem é o regente da cadeira, só por curiosidade?), se um dia o publicar, diga-me onde, para ir lá ler, ok?
Quanto à sua atitude, na vida, há os que seguem os trilhos da conformidade e os outros. Para aqueles, o triunfo é mais fácil, teoricamente, para os outros, é mais difícil muitas vezes, mas mais saboroso. Tem o sabor da (nossa) dignidade. Com peso e medida e muita coragem á mistura, ousadia q.b, pode ir-se tão longe, ou muito mais, quanto os outros (talvez a maioria, infelizmente), para quem os fins justificam os meios.
Avance pois com determinação, ponderação, coragem e muita força de vontade. E nunca deixe de acreditar em si, embora seja importante, de quando em quando, ouvir terceiros, que mereçam o seu respeito.
P.Rufino
(PS: divirto-me com esse seu ultra-benfiquismo. Boa sorte para amanhã...com o Juventus. Um pequenino conselho futebolistico...nunca menosprezar o FCP, para o ano. E boa sorte. E parabéns benfiquistas/portista...por este ano!)
Cordialidade!
Olá, UJM,
Obrigada pelo conselho. E também ao P. Rufino.
Hmmm, artigo com interesse para o público em geral... Não sei se tem por hábito ler monografias sobre temas jurídicos, mas estes não têm muito interesse para o público em geral. Qualquer pessoa compra um Blyth, um Hayek, um Louçã, mas alguém sequer conhece um Larenz, um Canaris ou um Menezes Cordeiro?
Ainda se fosse um tema do género: "os poderes do Presidente da Republica"; mas eu sou toda civil, civil, civil!
E o tema é particularmente técnico: a gestão de negócios (não sei quais são os seus conhecimentos jurídicos, mas gestão de negócios, não significa bem gestão de negócios, pelo que já verá que não é muito acessível).
No entanto, o que quero é fazer, precisamente, um trabalho que qualquer pessoa possa compreender, ainda que não possa contra-argumentar por não estar dentro do assunto. Que um leigo possa perceber o que é que está em causa. E acho que estou a conseguir: dei-o a ler às pessoas cá de casa, nenhuma da área do Direito, e disseram-me que não estava confuso , mas simples e claro. Escreve sempre da mesma forma, clean e rigorosa (pelo menos tento), não ando cá a trocar as voltas ao leitor com mariquices estrangeiradas que só servem para desviar a atenção das falhas lógicas ou técnicas do texto(há imensos assim!). Se o texto tem falhas elas estão bem à vista!
E acho que ele está sintético: o problema do excesso de páginas é que o trabalho é um estudo de Direito Comparado e é suposto ter 15-20 páginas, tanto para os que se limitam a 2 sistemas jurídicos, como para os que escolheram 4, como eu! Vou fazer entre 20 e 25 págs. Não consigo sistematizar mais! É que os problemas têm de ser minimamente esmiuçados, não pode ser só disparar argumentos sim, argumentos não, e dar a "opinião pessoal". Há normas. Normas que uns interpretam de uma maneira e outros de outra, mas não pode haver opiniões pessoais, exceto quando nos colocamos num plano do "direito a constituir" (que diz respeito à solução que achamos que a lei devia dar a um problema, por oposição àquela que ele estatui de facto).
E a escolha dos 4 sistemas é absolutamente fundamental, parece-me, para poder defender as conclusões a que cheguei relativamente ao direito português.
Isto sou mais eu a justificar-me perante mim própria, a ver se fico de consciência tranquila. ;)
JV
PS: P. Rufino, o Professor é o Dário Moura Vicente.
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