sexta-feira, maio 17, 2024

Ao ouvir João Oliveira a rabear em volta do tema da invasão da Ucrânia por parte da Rússia só me ocorre a dúvida: como é que as pessoas inteligentes do PCP não se demarcam da absurda e hipócrita posição oficial do partido?

 

Coloco esta questão pois admito que haja pessoas inteligentes no PCP. É que, se admitisse que não, então estaria explicado. Mas sei que há pessoas com boa cabeça. Mas, se têm boa cabeça, como é possível que se prestem ao papelinho, ou melhor, ao papelão de andarem às voltas do próprio rabo, a dizer coisas que não vêm a propósito, a desconversarem, a atirarem poeira para os olhos, a ver se conseguem passar entre os pingos da chuva, mas, na prática, incapazes de criticarem Putin, incapazes de dizerem que, para a guerra acabar, a Rússia deve tirar as patas ensanguentadas do país soberano que invadiu e que, barbaramente, estupidamente, quer anexar.

quinta-feira, maio 16, 2024

Calma aí... Sei de um maluco, mas maluco encartado mesmo, que agora se filiou no Chega e não me admiro nada que ele adore o Tânger...

 

  • Vi o debate e até dói ver como candidato a deputado europeu uma pessoa como o Tânger Corrêa. Não se percebe qual a ideia do Ventura. O senhor é daqueles em que não se aproveita uma. Daqueles que, se eu encontrasse num recinto a dizer disparates daqueles, se estivesse com vontade de me rir e de perceber o que é o ground zero da estupidez humana até era capaz de ir até lá. Mas, em condições normais, nunca me aproximaria. A criatura não dá uma para a caixa.

Quanto aos demais:

  • A Catarina foi a Catarina. Competente na comunicação mas, a meu ver, não acrescenta. Será sempre boa oradora, será sempre fiel aos seus princípios. Mas não vejo nela rasgo nem apetência pela descoberta e pela modernidade. E o Parlamento Europeu precisa disso.
  • O jovem fofinho do PAN, de que não fixei o nome, também não me parece que risque.
  • De quem gostei outra vez bastante foi do Francisco Paupério, do Livre: sabe do que fala, tem boas ideias, tem boa atitude. Acrescenta.

Não dou votos, não pontuo. Só digo que, a ter que votar em alguém de entre os que hoje debateram, votaria no candidato do Livre. 

No dia das eleições é outra coisa e, para falar muito sinceramente, é decisão ainda em aberto.

E uma coisa me parece, mas sem dúvida alguma: é que, se os jovens que hoje não veem televisão, não leem, não se informam, e andam a votar com os pés (leia-se: no Chega ou, mesmo, na AD), tivessem contacto com a conversa arejada, equilibrada, temperada com os ingredientes do futuro do Francisco Paupério votariam, muito provavelmente, no Livre.

Volto ao parágrafo do início e ao que escrevi em epígrafe. Conheço, embora sem proximidade, um ex militar, pessoa que, em meu entender, deve ter alguns traumas. 

[No entender dele, se soubesse que eu acho isto, tenho a certeza que diria que maluca sou eu por achar que ele pode ter algum trauma]. 

Adiante. Este meu conhecido acha-se um machão, é todo militarista, mas militarista 'à antiga', acha que o país -- porque, segundo ele, anda entretido com os gays, com as mariquicices LGBT e com outras larilices do género --, não dá o devido valor aos verdadeiros cidadãos que, se necessário, darão o peito às balas. Quando fala, a conversa é um misto de revanchismo, marialvismo, nacionalismo exacerbado, conservadorismo bacoco. Pois bem, desiludido com o frouxo do Montenegro (palavras dele), anunciou há dias que se fartou de esperar que isto vá lá com conversinhas da treta e, vai daí, filiou-se no Chega. E eu tenho cá para mim que se identifica bastante com a conversa do Tânger. 

E, do que se vê e ouve por aí, não são só os malucos com vontade de acertar contas e que, volta e meia, até se mostram saudosistas da velha ordem salazarista... O que não falta é gente que não sabe nada de nada, que tanto acredita numa coisa como no seu contrato, que fala sem fazer a mínima do que está a dizer. Para gente assim, um Tânger marcha que nem ginjas.

Portanto, a ver vamos se nas Europeias não vamos assistir a um deslizar de votos da AD para o Chega...

(E será que não do PS para o Livre...?)

quarta-feira, maio 15, 2024

Novo aeroporto, nova ponte, TGV e mais uma série de coisas do tempo de Sócrates. Tudo a médio e longo prazo.
A curto prazo, ao que parece, só o divórcio entre Betty Grafstein e José Castelo Branco

 

Na realidade não deu para perceber porque é que António Costa não deu, ele, o pontapé de saída. É certo que se meteu a pandemia e que rebentou a guerra da Ucrânia e que rebentou também a inflação... mas, caraças, aquilo que Sócrates, anos antes, tinha, e bem, em mente, eram boas ideias, estavam estudadas, validadas... Porque é que o PS não arranjou o respectivo financiamento e não arranjou maneira de andar com elas?

Não sei. 

Ele teve, certamente, as suas razões, e, tenho ideia que, ao que parece, até o Montenegro lhe roeu a corda. Mas que é chato que António Costa não tenha feito, lá isso é.

Mas agora já não não interessa. É passado.

O certo é que, por isto, por aquilo e pelo outro, as obras públicas estruturantes que Sócrates tinha elencado como necessárias foram ficando na gaveta.

E, agora, seguindo os conselhos do Marques Mendes que já tinha decretado que ou Montenegro chutava à baliza ou a coisa ia correr mal para o lado dele, ao que parece, Montenegro abriu mesmo a gaveta, olhou lá para dentro e resolveu ir estudar -- estudar -- para ver como e quando avança. De concreto, do que percebi, para já o que vai avançar é mesmo só a expansão de capacidade da Portela. E, também de concreto, parece que escolheram o nome para o aeroporto. A seguir há de sair à cena o respectivo logotipo.

Pelo lado que me toca, acho muito bem que tudo avance, avance rapidamente, que o País se modernize, se dinamize, que o mundo pule e avance como bola colorida entre as mãos de uma criança.

Portanto, a partir de agora, vou é estar com atenção para ver quando é que as obras para a nova ponte, para o TGV, para o novo aeroporto avançam. Mas as obras a sério. Não são os estudos. São as obras. Quero obras. 

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Tirando isso, parece que na triste saga do 'boneco' José Castelo Branco -- personagem que forçosamente um dia vai dar um filme, uma série, um musical, e etc. -- em concreto o que há é que a senhora já avançou com o pedido de divórcio. Admiro a resistência física e anímica da senhora que, com 95 anos e sempre sujeita a provações diabólicas (vide as imagens da Betty Grafstein, já quase sem conseguir andar, toda torta, sem forças, a ter que andar toda maquilhada, montada em sapatos altos, e, ao que se diz, também sujeita a violência física para além da atrás referida), consegue coragem para se queixar e para andar para a frente com o divórcio. 

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terça-feira, maio 14, 2024

Quem esteve melhor no 1º debate, na SIC?
A Marta Temido, o Sebastião Bugalho, o Cotrim de Figueiredo ou o Francisco Paupério?

 

Ora bem, não quero fugir à questão e já lá vou.

Mas, para sermos rigorosos, temos que ser francos. Uma resposta correcta depende da perspectiva de análise e toda a gente concordará com isso.

Ora bem.

Se for quem teve a melhor presença:

  • Tenho que dar a vitória ao Cotrim. Tem muita pinta.É bonito, veste-se bem, penteia-se bem, fala bem, tem um sorriso insinuante.
  • Marta Temido nem por isso, este corte cabelo não a favorece mesmo nada.
  • O Bugalho péssimo, parece um menino velho, um puto mascarado com a roupa do pai ou do avô.
  • O Paupério, fofo.

Se for quem teve a atitude mais inteligente:

  • O Paupério. Percebeu que o Bugalho estava ali para mostrar que é o maior, o mais maduro, o melhor preparado e que o melhor era tirá-lo do sério para ele sair daquele registo e mostrar os seus maus íntimos. Bastou um risinho lateral. Bastou isso para o Bugalho mostrar que à mínima desce do tacão e tira a faca da liga. Virou-se para o Paupério e só por pouco não lhe deu logo ali uma cabeçada. 
  • Os demais, ao mesmo nível. 

Se for quem conseguiu tornar o debate mais interessante:

  • Nenhum. Um debate meio chato, por pouco não adormeci. Preferi o modelo de debate de 'Isto é gozar com quem trabalha'.

Não sei se haverá outras perspectivas de análise, creio que não, mas, se houver, podem dizer, sou toda ouvidos.


segunda-feira, maio 13, 2024

Cidades-esponja

 

As imagens que nos chegam do Brasil, Rio Grande do Sul, um mundo devorado pela água, são impressionantes demais. À data de hoje, mais de cem mortos, mais de cem desaparecidos, centenas de milhares desalojados. Casas destruídas, as águas a inundarem os primeiros andares das casas que resistem, as estradas desaparecidas. Um pouco por todo o lado (Afeganistão, Indonésia, China, etc) tempestades, inundações ou, no verão, o reverso, temperaturas insuportáveis, incêndios que não se conseguem apagar.

O cenário apocalítico que em tempos pensámos que seria algo a ameaçar apenas as gerações futuras já aí está, a bater-nos à porta.

O tema das cidades esponja, que não é remédio santo mas, ao que parece, uma boa ajuda, é algo de que provavelmente ouviremos falar com cada vez mais frequência. Pelo menos, assim o espero.

Retiro do DN, um artigo interessante de 2022:

Cidades-esponja. O que são e como podem ser resposta às cheias e secas em meio urbano

Mais do que resolver os desafios dos fenómenos extremos, peritos apontam soluções de adaptação que as zonas urbanas devem adotar para melhor gerir chuvas intensas e ondas de calor. Alterações climáticas intensificam os fenómenos, mas não devem servir como justificação para a falta de ordenamento.

"(...) o cenário de catástrofe provocado por fenómenos climáticos extremos vai repetir-se. E, apontam os especialistas, com uma intensidade e frequência cada vez maiores. Importa, por isso, alterar o comportamento reativo para uma atitude progressivamente mais preventiva. "  José Carlos Ferreira, doutorado em Ambiente e Sustentabilidade.

Ultrapassadas as dificuldades do momento, o professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (FCT-Nova) afirma que facilmente "nos esquecemos que estes fenómenos existem e que se estão a intensificar".

(...) O coordenador do mestrado em Urbanismo Sustentável e Ordenamento do Território da FCT-Novaacredita que a resposta está na alteração do modelo de desenvolvimento das cidades e na concretização de soluções que "transformem o território, ocupando-o de forma ecológica". Este caminho passa, sobretudo, pela alteração dos planos diretores municipais (PDM), para que evitem a construção em zonas de perigo, como em leito de cheias, mas também que integrem estratégias relacionadas com o conceito de cidade-esponja.

O termo foi cunhado pelo arquiteto paisagista e urbanista chinês Kongjian Yu e refere-se, essencialmente, a cidades ambientalmente adaptáveis que apostam em planos de gestão integrada da água. As soluções adotadas variam consoante a realidade hidrográfica das zonas urbanas e a sua configuração, mas podem incluir pavimentos permeáveis, jardins biodiversos e edifícios com coberturas verdes. É uma forma de "incorporar, de forma plena e holística, o ciclo da água no ordenamento dos espaços urbanos", explica Rafael Marques Santos.

O professor e investigador da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa detalha que o urbanismo sustentável permite "intervenções cirúrgicas" em áreas com "grandes erros estruturais", sempre com o objetivo de reduzir os impactos, por exemplo, em cheias. Umas são mais fáceis, outras mais complexas e dispendiosas, como demolições pontuais em zonas particularmente perigosas.

"Não vamos conseguir retirar toda a urbanização de Alcântara ou de Algés", aponta. Mas a criação de elementos de contenção é uma opção, desde logo com bacias de retenção nos pontos mais altos das cidades que "atrasem" a chegada da água, a grande velocidade, às partes baixas. O essencial, esclarece, é "olhar de forma muito atenta para a água numa perspetiva de todo o ciclo" e implementar medidas que cumpram dois objetivos de uma só vez - prevenir os riscos de momentos em que existe água em excesso, assim como atenuar situações de seca.

"Os edifícios podem ter espaços de cisterna para acumulação de água que podem ser úteis", afiança. Se em tempo de chuva intensa os edifícios conseguem guardar alguma dessa água e evitar que seja escoada para a rua, noutros momentos esse recurso pode ser usado para regas, lavagens e outros fins.

O mesmo poderá ser feito em estruturas municipais e há bons exemplos de como isso pode ser feito. Em Roterdão, nos Países Baixos, a Waterplein Benthemplein é uma praça de betão usada durante todo o ano para atividades de lazer dos habitantes, mas é pensada para que em época de chuva intensa possa inundar e evitar a sobrecarga dos sistemas de escoamento da cidade.

Outra ferramenta complementar é a criação de jardins alagáveis, biodiversos e compostos por plantas com capacidade de absorção da água. Estes locais podem inundar e continuar a servir como espaço de recreio, bem como ajudar a refrescar as cidades durante o verão - exemplo disso são cidades como Taizhou, na China, ou Nova Iorque, nos EUA.

Em Setúbal, refere João Carlos Ferreira, o Parque Urbano da Várzea foi "muito eficaz nestas cheias", apesar de aquela cidade piscatória ter tido 30% mais chuva do que Lisboa. "Foi todo redesenhado para ser uma grande bacia de retenção e não inundar a Baixa de Setúbal. Esteve no limite, mas está a funcionar e a cumprir o seu propósito", atesta.

Ambientalistas, arquitetos e urbanistas concordam ser preciso agir, revendo os planos de ordenamento, criando estruturas verdes e multiusos nas cidades, mas, acima de tudo, implementando estratégias de longo prazo diversas e adaptadas à realidade de cada local. "Estes momentos de crise também servem para as adaptações necessárias", remata Rafael Marques Santos.

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How China is designing flood-resistant cities

These "sponge city" designs resist floods and increase biodiversity to help us adapt to a changing climate.

From rising sea levels in Mumbai to unbearable heat in Houston, cities around the world are feeling the effects of climate change. Unfortunately, they don’t always have the right infrastructure to handle its impacts — which is one reason why cities are beginning to reimagine urban design. One of these designs is a “sponge city.”

Although one city design certainly won’t save us from the effects of climate change, “sponge cities” can help with how we live with it. 


Votos de uma boa semana

domingo, maio 12, 2024

Pode uma octogenária seduzir um jovem?
E essa coisa do beijo técnico... existe mesmo ou é cascata?

 

Dias tranquilos, bons. Podei árvores, reguei, dispus umas suculentas num canteiros onde nada medra, apanhei nêsperas, arrumei coisas, cozinhei (inclusivamente entrecosto guisado com favas e temperado com coentros), andei a caminhar de biquini para apanhar sol, li, escrevi.

Podia abrir um parêntesis para dizer como faço o entrecosto com favas, de que gostamos bastante, mas vou antes dizer que estou a livro a que resisti mas de que estou a gozar muito. Muito. Por muitos motivos e até pelos emotivos. Mas também porque já aprendi várias palavras que desconhecia. E fico na dúvida: terá sido o Gabo, quando a mente já começava a dar sinais de que estava a ir para um caminho sem retorno, a rebuscar palavras pouco usuais ou terá sido o tradutor que resolveu caprichar? Por acaso gostava mesmo de saber. Gosto de livros assim. Vemo-nos em Agosto. Um livro belo, povoado por garças azuis.

E agora ao ir espreitar o youtube dei com o fantástico Bial a entrevistar a fantástica Susana Vieira. Só a forma como se cumprimentam já é uma graça. Mas tudo o que ela diz é uma graça. Olho para ela e não consigo acreditar que já tem 81 anos. De facto, os tempos já não são o que eram. Pensava-se numa mulher com mais de oitenta anos e imaginava-se uma velhinha. Pois, no caso dela e de cada vez mais mulheres acima dos oitenta, velhinha uma ova. 

Susana Vieira fala sobre sua parceria com José Wilker e mais | Conversa com Bial | GNT


sábado, maio 11, 2024

O que se diz nessas alturas...?

 

Gosto muito do Anderson Cooper. Entre outras virtuosas características que, a meu ver, o colocam como um dos grandes jornalistas e repórteres da actualidade, tem a de ser uma pessoa que exerce a empatia com bom senso e sensibilidade.

Nascido numa família milionaríssima, com algumas tragédias na família, ele é fruto de um caldo familiar, cultural e social que poderiam tê-lo feito bem diferente do que é. 

Whoopi Goldberg, nova-iorquina tal como Anderson mas os seus antecedentes são bem diferentes.

Contudo, ao falarem da perda da mãe e do irmão, estão irmanados na saudade e no desgosto que sentem. 

A dor pela perda dos que amamos, de uma forma ou de outra, deve ser sempre muito parecida. Mesmo que a estranhemos, mesmo que não a saibamos interpretar, mesmo que tenhamos dificuldade em descrevê-la, é sempre qualquer coisa que nos marca de uma forma profunda. 

Uma das questões abordadas por eles tem a ver com o que deve dizer-se a alguém que perdeu um ente querido. Tenho a mesma dificuldade, nunca sei o que dizer. Geralmente, não digo nada. 

Contudo, vejo (e ainda recentemente o testemunhei) que há pessoas que se esforçam por dizer coisas muito elaboradas e, em momentos em que agradecemos silêncio e pouco mais, nos empatam a paciência com discursos intermináveis sobre a lei da vida e outras pérolas.

Whoopi lançou um livro em que também fala sobre isso e Anderson entrevistou-a. E emocionou-se.

Watch Whoopi Goldberg's emotional conversation with Anderson Cooper about death

CNN's Anderson Cooper sits down with Whoopi Goldberg to discuss her new book "Bits and Pieces", which discusses coping with the death of her mother and brother


sexta-feira, maio 10, 2024

Savant

 

Ao aparecer-me um dos vídeos que partilho abaixo lembrei-me daquele meu extraordinário colega a quem estou em dívida quanto a um telefonema. É das pessoas mais desconcertantes que já conheci.

Começa-se a falar com ele e, de início, não se percebe que há ali qualquer coisa de especial. Ou melhor, perceber até se percebe, não se percebe é o quê. Aliás, eu própria comecei por dizer que achava que havia ali qualquer coisa que não batia certo. Não sabia definir o quê mas intuía que qualquer peça, naquela cabeça, parecia estar um bocado fora do sítio. 

Mas, por acaso, no bom sentido.

Muito inteligente, de uma inteligência rápida e bastante holística. Mas, mais do que a nível profissional, era nas conversas sobre outros temas que se percebia que estávamos em presença de uma pessoa incomum.

Sobre história, sabia tudo. Mas, quando digo tudo, quero dizer tudo, mesmo tudo. Com nomes, com datas, com locais. Sobre qualquer assunto, o conhecimento dele era infinito e relacional. 

Mas a nível de literatura, no que lhe interessava, também nunca conheci ninguém, assim. Ele sabe os títulos, as editoras, as datas das edições e, mais que isso, ele sabia partes inteiras de cor. Não sei, porque nunca ousei testar, se não saberia os livros inteiros de cor. Dos livros não portugueses que lhe agradam, ele conhece as várias traduções, compara-as, tem preferências.

Em poesia, do que gosta, sabe não sei quantos poemas de cor e, por exemplo, no caso de Borges, não apenas os sabe em português como os sabe no original.

A nível político, falar com ele é quase diabólico pois lembra-se de cada peripécia que envolva um e outro, acordos, derrapagens, passos em falso, notícias que saíram, resultados das eleições, ano a ano. Nem sei. Tudo.

Contudo, a nível profissional, sendo um trabalhador incansável, não é, contudo, apreciado. O problema é que se torna compulsivo. É capaz de refazer dezenas de vezes um relatório ou uma apresentação pois descobre sempre qualquer coisa a melhorar. É frequente, no meio disso, perder-se nas versões e já não saber a quantas anda. Acontecia, em reuniões, em vez de ter enviado a apresentação de véspera como era habitual, só a enviar de madrugada, por vezes de manhã muito cedo, evidenciando que tinha estado toda a noite de volta daquilo e, no fim, por vezes acontecia enganar-se e enviar a versão errada.

Os subordinados impacientavam-se com ele. Uma arranjou uma depressão e saiu da empresa em total estado de desespero. Já não conseguia aguentá-lo pois ele exigia-lhe a perfeição mas uma perfeição tão exagerada que chegava a ser irracional.

Sendo pessoa com saberes enciclopédicos, era, no entanto, incapaz de fixar os nomes de algumas pessoas com quem lidava mais de perto e que, por algum motivo, ele achava que eram pessoas sem valor acrescentado. Causava embaraço ver como ignorava o nome de pessoas com quem trabalhava todos os dias desde há que tempos. Mas não era só o nome, eram as próprias funções. Não conseguia fixar o que faziam nem como se chamavam e, por ele, podiam sair da empresa que nem daria pela diferença. As pessoas só não se sentiam lixo pois conheciam as suas  particularidades, alguém cuja 'normalidade' era muito discutível.

Acontecia também, quando contrariado, ter fúrias, atitudes despropositadamente agressivas que deixavam toda a gente perplexa. Sendo uma pessoa educadíssima, gentilíssima, de repente, por  coisas de nada, ficava possesso, inconveniente, gritava e, no meio de reacções explosivas, na prática mandava as pessoas embora. 'Saia da minha frente!', 'Vá para casa e não volte a aparecer!'. 

Depois caía nele, aceitava bem as críticas, e acabava arrependido e a pedir desculpa. Mas eu percebia que era qualquer coisa que fugia ao controlo dele.

Do que lhe conheci, não tinha vida afectiva apesar de ser uma simpatia. Mas tudo nele era tão excessivo, tão obsessivo e tão desconcertante que dificilmente arranjaria alguém que conseguisse viver uma vida partilhada com ele.

Depois de muito termos especulado entre nós que raio de pancada ele teria, acabámos por acordar que, muito provavelmente, será um savant. 

Tive divergências profissionais com ele resultantes da sua forma obsessiva e compulsiva de lidar com as situações. Mas sempre as superei pois os seus lados positivos superavam os negativos. Pessoalmente sempre me dei muito bem com ele, éramos amigos, sempre houve do meu lado muita empatia pois conseguia perceber como, sendo ele como era, vivia as situações.

E o que posso dizer é que pessoas assim são fascinantes... e um desafio para os outros.

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Autistic savant Daniel Tammet on ‘the language of numbers’ - BBC Newsnight

Am I capable of being loved? - Daniel Tammet 

Diferenças entre o Autista e Savant | ANA BEATRIZ


quinta-feira, maio 09, 2024

O grande silêncio.

[Ou: onde param os aliens?]

 

Gosto da expressão 'o grande silêncio'. E gosto do grande mistério: se há vida noutros planetas, por onde viajam eles que não os vemos?

Ou será que há civilizações que são como as orquídeas raras que florescem e depois morrem? E que, devido à distância no tempo e no espaço, não tenha havido sobreposição? Será que algumas ruínas que por vezes se encontram têm a ver com isso?

E como serão essas formas de vida? Terão também tentação para se destruírem como nós, por vezes, parece que nos sentimos tentados a fazê-lo?

O vídeo abaixo é interessante. Tem legendas em português. Brian Cox conduz-nos pelos labirintos do universo.

Why haven’t we found aliens? A physicist shares the most popular theories. | Brian Cox

Chances are, we’re not alone in the universe. But if that’s true — why can’t we seem to find our neighbors? 

This question is known as the Fermi paradox, and it continues to go unsolved. However, some theories could offer potential solutions. 

Physicist Brian Cox explains the paradox and walks us through our best guesses as to the reason for our quasi-isolation. 


quarta-feira, maio 08, 2024

Os homens estão a desaparecer....?
(Refiro-me aos do sexo masculino, os de tipo 'manuel germano', não aos homens=género humano)


Vejo em muitos homens hetero, ou supostamente hetero, uma certa tendência para recearem que a aparição pública de muitos homens homossexuais venha a beliscar a sua virilidade. Muitas vezes, quiçá por temerem ficar em minoria,  dizem que qualquer dia serão obrigados a converter-se ou deixarão de ter lugar no mercado de trabalho ou de ser socialmente aceites. 

Ouço-os e não percebo o exagero nem o receio. Não vejo isto nas mulheres. 

Nem vejo as mulheres a sentirem que têm que afirmar a sua feminilidade para que não as tomem por lésbicas. Ou seja, as mulheres hetero parecem ser mais confiantes do que os homens hetero.

Também, por vezes, se vê alguns homens -- fingindo que estão a brincar -- gozarem com a ascensão das mulheres no mundo do trabalho e na vida social. Embora as mulheres ainda estejam em minoria nos lugares de poder, é verdade que são mais do que eram quando eles eram pequeninos e pensavam que o mundo era dos homens. Portanto, embora disfarcem como se fosse uma brincadeira dita com ar displicente, revelam a sua preocupação. Parece que ainda não interiorizaram que as mulheres têm os mesmos direitos e, de forma genérica, idênticas capacidades às dos homens e que mais vale que o percebam e interiorizem.

E depois há os que não sabem o que fazer para agradar mais às mulheres: devem ser mais musculados, mais fit...? Ou, pelo contrário, devem ser mais fofinhos...? Há muitos que não sabem e que andam à nora a fazer ginástica a torto e a direito, a fazer cortes de cabelo com um cuidado que antes não se lhes via, a arranjar roupas ou perfumes que pensam ser boas armas de sedução.

E depois há os que atiram a toalha ao chão e se isolam, se ficam pela net, pelo gaming, pela realidade paralela do mundo que não requer interacção humana. 

De certa forma, percebo as suas dificuldades pois parece que há cada vez mais mulheres que acham que conhecer um homem é sinónimo de troca de mensagens ou de chats nas redes sociais. E há as que confundem um saudável piropo com assédio e os olhem com uma desconfiança que os deixe tolhidos.

Portanto, ao que parece os homens andam meio perdidos, meio desaparecidos, meio sem graça. Eu, não sendo entendida mas sendo apreciadora do género, a ter que dar um conselho dir-lhes-ia que sejam naturais, espontâneos, despreocupados, genuínos. E sem medo.

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 The disappearance of men | Christine Emba

“Masculinidade” tornou-se sinónimo de “tóxico”. A jornalista Christine Emba explica como isso aconteceu e como pode mudar

Os jovens estão cada vez mais solteiros e lutando para atingir as expectativas tradicionais. A jornalista Christine Emba analisa a crise da masculinidade e o que pode ser feito para resolvê-la.

A ascensão de “manfluencers” como Jordan Peterson e Joe Rogan reflete um novo tipo de masculinidade que desafia e redefine o que significa ser homem hoje. Embora esses influenciadores muitas vezes ofereçam empatia e conselhos de vida simples, os seus pontos de vista tendem a transformar-se em misoginia, resultando em ainda mais isolamento social para os homens no futuro.

O conselho de Emba é que os homens avaliem o que a masculinidade significa para eles – é força? Apoio de uma família? Liderança através do conflito? Ela sublinha que estas características não precisam de existir em oposição às características das mulheres e, em vez disso, podem complementá-las, levando a uma sociedade mais produtiva, coesa e, em última análise, mais feliz. 


terça-feira, maio 07, 2024

Portas & Bugalho, Companhia Lda.
- A palavra ao meu marido -

 

A nova aquisição da AD enquadra-se que nem uma luva na forma como esta malta faz politica. O Bagulho afirma uma coisa exatamente com a mesma convicção com que diz o seu contrário (tal como fazem o Montenegro e o Nuno Melo), é malcriado e não respeita os interlocutores (tal como faz o Hugo Soares) e nunca se lhe viu uma opinião válida nem um pensamento estruturado sobre  a União Europeia (tal como acontece com a maioria dos atuais ministros sobre os assuntos relacionados com as pastas que tutelam). Parece que está próximo ou supera o Ventura nas redes sociais destinadas a quem não pensa nem quer pensar e até tem encontros casuais com o Marcelo talvez para o professor Marcelo lhe explicar detalhadamente qual é o número de quinas que existem na bandeira portuguesa. Ou será que este encontro está em linha com os encontros do Marcelo com  a Teresa Leal Coelho, com o Moedas e do putativo encontro com o Montenegro durante  as campanhas eleitorais? Julgam que somos parvos.

Dizem que, quando for grande, o Bagulho quer ser como o Portas que foi o primeiro populista que se impôs na politica portuguesa. O "Paulinho das feiras" continua a catequisar os telespectadores da TVI no seu "comentário" semanal. É mesmo preciso a estação de televisão ter uma grande lata e o próprio um descaramento sem limites para que se considere que as análises que são feitas pelo Portas são um comentário. Comentário é analisar de forma isenta a realidade. O que é feito nesta rubrica, com o beneplácito da apresentadora, é um ataque cerrado à esquerda  e uma defesa intransigente da direita utilizando argumentos enviesados, quando não embustes. O "Paulinho das feiras" pode defender quem quer. O que não tem sentido é que o faça num espaço teoricamente de comentário e a estação o apelide de comentador. O Paulo Portas tem uma agenda que segue na TVI e a estação de televisão dá-lhe o espaço necessário para a transmitir, escondendo-a dentro de uma rubrica que é supostamente de comentário. Qual a razão para as televisões chamarem comentadores como se fossem minimamente isentos a tantas e tantas personagens de direita que pululam nos vários canais e mais tarde ou mais cedo saem do armário e se percebe que militam ou apoiam partidos de direita ou de extrema direita? Não é certamente por acaso.

O Paulo Portas e o Bugalho não são confiáveis. Este tipo de fazer televisão também não é.

Porque é que há cada vez mais casos de cancro entre os mais jovens?
-- As prováveis explicações e como reverter esta recente e preocupante tendência---

 

O caso de Kate Middleton é apenas mais um de muitos casos de cancro que antes apareciam na população mais idosa e que, para espanto da comunidade médica, estão a aparecer entre os mais jovens.

A investigação está a dirigir-se para o estudo deste fenómeno: em que países isto acontece, que tipo de vida os jovens tinham, que dieta seguiam, tinham uma vida sedentária ou não...?

O vídeo abaixo tenta dar resposta a estas questões. Pode ver-se com legendas em português e, por acaso, até me pareceram mais ou menos razoáveis. Recomendo-o.

Falo por mim: durante muito tempo, evitei ler artigos sobre estes assuntos, achava quase mórbido andar a ler sobre temas que me pareciam assustadores, receava ficar preocupada à toa. Agora não penso assim. Agora penso que a informação é importantíssima, quero saber quais as vertentes a respeitar para uma vida saudável, fazer os rastreios aconselháveis, saber também o que devo recomendar aos meus filhos. 

Why More Young People Are Getting Cancer | Business Insider Explains | Insider News

More people, from their teens to young adults, are getting cancer than ever before, leaving researchers scrambling for clues. Here's what we know, and how you can protect yourself. 


Aretha is back...?

 

Há coisas do além. Há vozes do além. Por entre a banalidade e mediania por vezes erguem-se coisas ou pessoas que parecem ser de um outro mundo.

GOLDEN BUZZER for Taryn Charles' SENSATIONAL Aretha Franklin cover | Auditions | BGT 2024


segunda-feira, maio 06, 2024

Campeões!

 



Dois dos meus netos já estão no Marquês, com o pai, a festejar. Aqui em casa, há pelo menos um coração verde que bate de alegria. E digo 'pelo menos' pois, não sendo entendida em futebol ou fanática do que quer que seja, não posso deixar de me sentir feliz pois isto é coisa que faz vibrar, e de que maneira, os ânimos aqui em casa.

Hoje de tarde, todos cá em casa, dia de afecto, churrascada e alegria, os sportinguistas já antecipavam os festejos.

E agora que vejo as imagens do Marquês, à pinha, uma imensa festa verde, pasmo com tantos jovens, tantas crianças, tanta miúdas. Isto é o que garante a vitalidade das organizações. Muito bem está um Clube que tem esta capacidade de mobilização, de festejo, de rejuvenescimento. Fantástico.

Os benfiquistas, bons desportistas, têm pena de não ser eles mas respeitam a alegria dos adversários e amigos.

A todos os meus Leitores em cujo peito também bate um coração verde dou os Parabéns! 

E viva o Sporting!



domingo, maio 05, 2024

Que falta de atavio militar...!
-- A palavra ao meu marido --

 

O Governo atual revela uma falta de competência e de ética assustadoras. 

Quando comparamos com o Governo anterior, de que tantos diziam mal, este fica a muitas milhas de distância. Em todos os capítulos: da competência, da ética, do "savoir -faire" e da natureza dos objetivos e, sobretudo, da capacidade de os atingir. 

O António Costa e a maioria dos ministros do anterior governo dão, no mínimo, dez a zero ao Luís e aos atuais ministros. O PM não fala porque não sabe o que dizer, a única ideia que deve ter é "vamos a eles" -- ou seja, na sua óptica, é preciso é ser belicoso porque "a malta vai gostar". 

Cumprir as promessas eleitorais não deve ser coisa que passe pela cabeça do Luís. Antes pelo contrário, tenta é encontrar subterfúgios para não fazer o que prometeu. No caso das pessoas, mentiu descaradamente no caso do IRS. Conseguir diminuir o IRC para aumentar os lucros das grandes empresas parece ser a única promessa eleitoral da qual ainda não desistiu. 

O Ministro da Defesa, acompanhado pela MAI, pretende fazer das Forças Armadas um estabelecimento correcional para onde vão os jovens delinquentes. E, no intervalo, fala do Tratado do "Atlético" Norte. Como dizia ontem Pedro Vieira no final de 'O último apaga a luz', é surpreendente como um pequeno clube da zona de Alcântara é responsável por defender a Europa. 

A Ministra da Justiça, quando lhe perguntam sobre o documento para a Reforma da Justiça subscrito por 50 personalidades, responde com "a chuva que entra nos tribunais" e outras costumeiras trivialidades completamente irrelevantes para o caso. No entretanto, a primeira reunião que fez foi sobre a corrupção, para fazer  a vontade ao Chega e como se esse fosse este o principal problema da Justiça em Portugal. 

A Ministra do Trabalho exonera de de forma absolutamente inqualificável -- mas que revela  bem o carácter de quem praticou este saneamento -- a Provedora da Santa Casa e esqueceu-se que deveria ter alguém para a substituir. Agora vem com ameaças de processos se Ana Jorge não continuar a gerir a Santa Casa. Seria cómico senão fosse absolutamente trágico. 

A Ministra da Saúde, antecipando os procedimentos da Ministra do Trabalho, fez os possíveis para que o diretor executivo do SNS se fosse embora e quando ele se demitiu ficou surpreendia por ele não continuar a trabalhar. Afinal, depois de todo o estardalhaço que fez, parece que a responsabilidade pelo plano é da DGS e, por acaso, até já estava feito e publicado. É de gargalhada!

A cereja no topo do bolo é o Sarmento. Veio, com aquele ar de menino bem comportado apanhado em falta, dizer um conjunto de mentiras sobre o estado do orçamento português baralhando tesouraria com orçamento. Não pode ser apenas desconhecimento técnico, enquadra-se no padrão do governo. Para o governo vale tudo para tentarem atingir os fins em cada momento. Neste caso o Fernando Medina deu-lhe cinquenta a zero. Quando se compara o Sarmento com o Medina, qualquer pessoa sensata -- como deve ser um bom pai de família --, deve arrancar os cabelos e pensar que pior é impossível.

Não admira que os tradicionais apoiantes da AD, nomeadamente os comentadores que andaram os últimos anos a denegrir o trabalho do Governo Socialista, a empolar cada pequeno problema, a fazer crer que o país estava no caos, e, ao mesmo tempo, a preparar o caminho ao PSD, agora não consigam esconder a desilusão e a estupefacção perante a incompetência do Governo AD. 

Quanto ao Hugo Soares, talvez até pudesse ser um bom chefe de claque de uma equipa de futebol. Líder parlamentar é que não. Mais que isso, não estou a ver. Qualquer dia, ainda o veremos a atirar tochas na AR.

O descaramento do PSD alastra a todas as áreas. Até o Moedas perdeu a vergonha e vem agora acusar o PS dos maus resultados da Câmara de Lisboa, a Câmara da qual é presidente. Como é isto possível? O despudor é total. 

No meio disto, navega o Marcelo da forma mais irrefletida  e desajustada de que há memória. O José Miguel Júdice afirmou, e bem, que o Marcelo é o pior Presidente da história da Democracia mas uma coisa é certa: este Governo não lhe fica atrás.

O plano de verão que a ministra da Saúde pediu a Fernando Araújo é, afinal, da competência da DGS — que já o fez — e do ministério...?

[É o que o Expresso diz]

 

Mas isto é para a gente se rir ou quê? 

Que gente mais desqualificada e impreparada e doida-varrida é esta...?

Transcrevo:AD, 

A ministra da Saúde disse que o CEO do SNS se recusou a elaborar o Plano de Contingência de verão do Serviço Nacional de Saúde e mostrou-se surpreendida pelo facto de o documento ainda não existir. Porém, segundo um despacho de 2023, não compete à Direção-Executiva elaborar o plano. A Direção-Geral da Saúde já publicou o referencial orientador a 30 de abril e agora as unidades de saúde têm um mês para se pronunciarem (...)

sábado, maio 04, 2024

Se estes aparecessem numa entrevista para se candidatarem a um emprego, dava-lhes uma valente corrida em osso

 

Confundem tesouraria com contabilidade. Confundem o andamento mensal da caixa com a execução contabilística orçamental. Se falarmos em distinguirmos geral de analítica, disso, então, nem nunca devem ter ouvido falar.

Que o líder parlamentar não faça ideia do que diz não me admira: sempre foi mais trauliteiro do que inteligente. É que não é por ser de Direito pois há-os que percebem alguma coisa, ou até muito, de números e de contas. Mas este não. Ou é isso, isto é, não faz ideia do que diz, ou é um arruaceiro e atira para o ar tudo o que lhe parece que lança confusão.

Mas já me admira que o próprio ministro da área se troque todo, misture alhos com bugalhos, revele uma ignorância que até dói. Há quem diga que, se ele não sabe, peça ajuda à equipa. Ora a julgar por um ou outro que lá estão e que sabem menos do assunto que o meu neto com sete anos feitos há pouco, também não seria por aí que lá ia. 

Uma cambada de anhucas. Não sabem nada de nada. É que nem sequer sabem disfarçar que não sabem, nem sequer são capazes de ser ou de parecer responsáveis, não sabem minimamente portar-se à altura dos cargos que ocupam.

Lançam confusão, dão cabo da imagem do País nas mais diversas instâncias nacionais e internacionais. Não são fiáveis, não são confiáveis, não são críveis. Não é gente capaz.

Provavelmente a única coisa de que são capazes é de fazerem baderna, dizerem disparates, vitimizarem-se e fazerem figuras tristes.

O que pode esperar-se disto?

Dramático, no entanto, é os jornalistas, igualmente ignorantes e, pelo que se vê, também sem vontade ou capacidade para aprender, apresentarem as asneiras do ministro e a explicação técnica do anterior como se fosse uma guerra de palavras. Santa paciência. Um diz asneiras como se não houvesse amanhã, outro tenta explicar as coisas como se estivesse a explicar a uma criança de 4 anos. E os jornalistas põem tudo em pé de igualdade. E chamam toda a espécie de gente abstrusa para se pronunciar como se houvesse o que comentar.

Imagine-se que um dos muitos broncos do governo aparecia, todo espavorido, a dizer que o resultado de sete vezes nove era trinta e cinco. E aparecia alguém, idóneo, com muita paciência, a dizer que não, não senhor, o valor correcto era sessenta e três. E, a seguir, jornalistas e comentadores, cheirando-lhes a divergência, desatavam a especular sobre quem é que tinha razão, incapazes de perceberem que o primeiro era um cábula ignorante e o outro era uma pessoa conhecedora e competente.

E é a isto que estamos reduzidos.

Como é que se sai disto? Alguém me diz?

Diz que não está caquético

 

Pode ser, não digo que não. Mas, se estivesse, perceberia que estava? Pergunto.

Tenho ideia que, nestas coisas, a opinião que conta costuma ser a dos médicos. Não é?

sexta-feira, maio 03, 2024

Quais as semelhanças entre o Governo e o MP? Respondo: não têm ética nem competência
-- A palavra ao meu marido --

 

O Ministro das Finanças (industriado pelo PM? ou em roda livre?), com o objetivo de não cumprirem o que a AD prometeu na campanha eleitoral sobre os aumentos das condições de vários sectores da administração pública e, provavelmente também, por ainda não ter percebido quais são as diferenças entre tesouraria e orçamento veio, com as habituais rudeza, arrogância e má fé que têm sido apanágio da AD, dizer cobras e lagartos do anterior equipa da finanças omitindo os factos e utilizando mais um dos subterfúgios que têm sido típicos nas chico-espertices desta malta que está no poder. 

O Fernando Medina respondeu-lhe de forma clara e concisa. De facto, só podemos estar perante uma mentira, má fé ou uma manifesta impreparação técnica da equipa das finanças da AD. 

Dia sim, dia sim o Governo e quem o suporta dão mostras de uma impreparação e de uma má fé a que os portugueses deveriam ser poupados. 

Ainda estávamos perplexos com a forma absolutamente deselegante como foi feito o saneamento político da Provedora da Santa Casa e vem o Sarmento arranjar mais lenha para se queimarem. 

Vamos ver como corre a ida da Provedora da Sta Casa ao Parlamento mas será que o descarrilamento da Misericórdia de Lisboa não começou no tempo do Santana Lopes? Veremos.

Mas qual a semelhança entre o Governo e o MP? Na minha opinião têm o mesmo padrão de comportamento. Falta de ética. Não olham  a meios para atingirem os fins e, em tudo, são incompetentes. 

Pasmo ao ver que, ao fim de todos estes anos, o Moita Flores foi ilibado e o próprio MP confirme que não tem provas de que tenha havido um saco azul no caso Luís Filipe Vieira. Mas como, neste último caso, o MP tem a "convicção" que existia um saco azul, pugna para que o caso seja julgado. 

Fiquei perplexo. Então, afinal, para julgarmos e eventualmente condenarmos pessoas, não são precisas provas? Bastam as convicções de um Procurador do MP? 

Pensava que já tínhamos batido no fundo, mas receio, para mal da Justiça em Portugal, que tal ainda não tenha acontecido. 

O que mais iremos saber? Veremos se, no final do caso Sócrates, não confirmaremos que  as motivações do MP são outras que não as de se fazer Justiça.

De facto, a AD não está preparada nem sabe ser Governo. De facto, o único bom serviço que  a PGR faria ao País seria demitir-se. Estão bem uns para os outros.

quinta-feira, maio 02, 2024

Um cravo é um cravo é um cravo

 

No outro dia vieram cá umas amigas. Estando nós a atravessar o cinquentenário do 25 de Abril, acordei nesse dia a pensar que queria oferecer-lhes um pregador (não sei porquê mas não me dá jeito dizer broche) com o formato de cravo.

Pensei, na minha ingenuidade, que era coisa que deveria haver a pontapé. Portanto, nesse dia, antes que elas chegassem, resolvi ir, num instante, a um centro comercial, daqueles em que há todas as lojas, pois poderia comparar os diferentes formatos e trazer o ou os mais indicados. Uma das minhas amigas tem uma personalidade algo boémia e outra é a serenidade e equilíbrio em forma de gente. Portanto, ou era um cravo adaptado a cada uma ou era um que fosse ambivalente.

Pois, pasme-se: nem um. Corri todas as lojas de bijuteria que se possa imaginar, t-o-d-a-s, nada, depois passei para as lojas de vestuário que também vendem adereços, nada, segui para as lojas que vendem pedras preciosas ou semi-preciosas, nada, e, por fim, já estava a espreitar ourivesarias. Nada. N-a-d-a. 

Não houve uma alma, uma, que se tivesse lembrado de fazer um pregador em forma de cravo, seja ele gráfico, realista, seja metafórico, metafísico, intemporal, abstracto. Nada. Zero.

Acabei por escolher umas florzinhas meio desmaiadas, levemente encarnadas, mais para as margaridas coradas do que para os rubros carnations. Tinha metido aquela na cabeça, não poderia recebê-las sem um flor para porem ao peito.

E, pensando no assunto, pasmo. Não sei como não se transformou já o cravo em símbolo, quiçá a par do Galo de Barcelos ou outros como o das Caldas. Deveria haver peças alusivas ao cravo sejam Bordalo Pinheiro ou Vista Alegre, sejam peças em prata, ouro, plástico, qualquer coisa,  sejam ímans, sejam bugigangas para todos os gostos. E, que eu saiba, nem a grandiosa Joana Vasconcelos se inspirou para produzir uma hiper-mega peça em forma de cravo libertário.

Fiquei com vontade de comprar papel plastificado encarnado, tule encarnado, coisas com que eu própria faça peças para oferecer a quem venha visitar-me e para eu própria ter aqui em lugar de destaque.

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O vídeo abaixo tem legendagem em inglês mas também se pode escolher a tradução automática para português. 

Portugal - Cravos contra a Ditadura

Portugal: Carnations against Dictatorship | ARTE.tv Documentary

In April 1974, left-wing factions in the Portuguese military staged a coup against the authoritarian regime which had been in power for half a century. The uprising was largely peaceful and went down in history as the Carnation Revolution. But the path to a democratic Portugal was not easy and not without obstacles.


quarta-feira, maio 01, 2024

Estes gajos não têm jeito para serem ministros
-- A palavra ao meu marido --

 

Manifestamente os tipos que estão a governar-nos não sabem o que é ser ministros. Comecemos pelo Luís. Para além de desdizer o que afirmou e reafirmou sobre os impostos na campanha eleitoral ouvi-o dizer, com a maior ruralidade, na sessão de apresentação do júnior Bugalho “que está mesmo  a gostar de governar” como se governar fosse uma espécie de play station que se joga quando dá gozo e se põe para o lado quando já não temos paciência. E quando o Luís deixar de gostar de governar, pira-se? Se assim for, espero que se farte depressa. Mas, entretanto, vai fazendo umas diabruras e contradizendo-se em cada frase. Então não é que para  justificar o saneamento da Provedora da Santa Casa, após dizer que não estávamos perante um caso de saneamento, referiu. para justificar a exoneração, “que é normal que quem não está politicamente alinhado com a política do governo seja exonerado”...?  Não restarão dúvidas que as palavras ditas pelo Luís são a definição de saneamento. E nem falo na deselegância da forma. É até quase inédita a forma abrutalhada e pouco civilizada como estão a agir. 

E já vão dois: primeiro, o diretor executivo do SNS, que não foi corrido directamente mas, inequivocamente, levado a isso, e, agora a Provedora da Santa Casa. 

O Nuno Melo, apoiado pela MAI, veio dizer que o castigo a aplicar aos jovens delinquentes era “metê-los” na tropa. Esta “tirada” é uma falta de respeito e um desprestigio para a instituição militar e nem consigo entender como pode ser dita pelo Ministro da Defesa. Espero que os militares mostrem o seu desagrado como, aliás, já começaram a fazer. 

Mas existem outras duas dimensões que vale a pena relevar: 

  • Primeiro, esta ideia, completamente reprovável, é estupidamente próxima do que aconteceu na Rússia para recrutarem soldados para a guerra da Ucrânia, o que naturalmente nenhum País civilizado gostaria de  copiar.  

  • Em segundo lugar, é bafienta e recorda o que acontecia no Estado Novo. Muitos jovens estudantes portugueses que andavam nas faculdades antes do 25 de Abril, porque protestavam contra o regime. eram incorporados compulsivamente e mandados combater nas colónias e, assim, eram castigados. E estes Ministros conseguiram ter esta ideia na semana em que se comemorou o 25 de Abril e centenas e centenas de milhares de pessoas vieram para a rua festejar a Liberdade, a Democracia e gritar “fascismo nunca mais”. Lastimável!

Finalmente, vamos ao inqualificável Hugo Soares que, apesar de não ser ministro, merece, pelos piores motivos, uma referência. Não sei se o PR pensa que ele também é rural mas eu penso é que ele mal educado e arruaceiro. Tem sentido e é razoável um líder parlamentar que, “para inglês ver”, de vez em quando fala em diálogo, chamar “histéricos” aos deputados do PS? É este o clima que o PSD quer criar ou estão a “trabalhar” para serem corridos porque pensam que em novas eleições conquistam mais votos? Não sei, mas acho que acima de tudo esta direita não é educada, na verdadeira acepção do termo, não sabe estar, é arrogante e arruaceira.