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segunda-feira, outubro 28, 2019

Um dia bom que começou junto ao mar e acabou entre afectos, baladas e cambalhotas




Não sei se é jet leg pela mudança de hora mas a verdade é que estou um bocado off. Tenho estado para aqui a cirandar, com preguiça, sem iniciativa, como se me apetecesse apenas ler, ouvir música e, mais logo, quando os dedos quisessem, então, fosse isso a que horas fosse, logo pegava no computador. Só que a semana de trabalho já aí está à beira e eu, pensando no que me espera, quase me sinto cansada por antecipação e isso estraga-me um bocado o prazer em estar para aqui neste dolce abandono.


O pessoalzinho saíu faz tempo, primeiro os que madrugam nesta segunda-feira e, mais tarde, os que se levantam a horas normais. Estivemos todos juntos. Primeiro chegaram uns. Calminhos, bem comportadinhos, tranquilos. E estou a referir-me a todos, grandes e pequenos. Os pequenos sempre a perguntarem: 'quando é que os primos chegam?'. De minuto a minuto. Encontro familiar sem estarmos todos é incompleto e, para os mais pequenos, estou mesmo em crer que falho de graça. Mas, enfim, chegaram os que faltavam. E então sucedeu o que sempre acontece quando se encontram. Dá ideia que a maneira de manifestarem a alegria que sentem é deixarem soltar toda a energia que têm dentro deles: correm, brincam às maiores maluquices, cantam, dançam. E isto já para não falar no meu filho que, vá lá também eu saber porquê, desata a ensinar golpes de não sei quê aos rapazes (não sei o quê porque não sei qual delas é mas que é coisa de artes marciais, isso eu sei) e depois já são eles que fazem entre eles. E é preciso ter em atenção que são quatro rapazes pequenos mais um grandão.


E houve também guitarradas, baladas, cantorias alto e bom som, ginásticas, cambalhotas no sofá, sei lá que mais. O costume. O bebé, enturmado, canta, salta. Depois ficam com calor e, claro, às tantas põem-se à fresca e até o bebé apareceu em tronco nu.

Como houve presentes de Halloween, vi que a menina andou de roda da tia e que depois apareceu com um laçarote todo giro no cabelo, mas isso não tem a ver com o dia das bruxas, deve ter sido apenas por ser um laço bonito. Mas vi que apareceram uns óculos malucos e andavam a pregar sustos uns aos outros e também ouvi cair uma coisa no chão e ouvi falar em descobrirem para onde tinha caído o olho. Mas isso foi numa altura em que estava a tentar que se mantivessem sossegados à mesa, que comessem fruta e, depois, a arrumar a cozinha. Por isso, não sei onde é que o olho estava agarrado antes de cair.
E isto fez-me lembrar uma vez há uns anos, muitos, estávamos a ver um torneio de futebol de salão, coisa de amigos, e, às tantas o jogo parou e nós, nas bancadas, víamos que os jogadores andavam todos a olhar para o chão. Até que nos chegou a informação: tinha caído um olho de vidro a um jogador. Não soube a qual pois nunca tinha dado que alguém tivesse um olho de vidro. Ao fim de algum tempo o jogo recomeçou e chegou-nos a notícia de que tinham achado o olho. Na altura aquilo fez-me uma impressão dos diabos até porque nunca percebi como é que a coisa funciona mas, pelos vistos, é apenas como se fosse um berlinde enfiado num buraco, e tudo tranquilo, sem dramas.

Mas, enfim, toda a gente comeu bem, com apetite, e se há coisa de que gosto mesmo é de ter toda a família feliz, à volta da mesa. Olho para eles e estão ali todos os que me enchem o coração de alegria e afecto. Não estão os meus pais e isso dá-me pena mas já me vou habituando. Para estarmos todos juntos tem que ser em casa deles pois, como o meu pai não sai da cama, a minha mãe não quer sair para encontros familiares deixando-o em casa. Só em dias de festejos e tem que ser rápido. 

Mas isto foi ao fim da tarde e à noite.

De manhã fomos caminhar para a beira da praia. São caminhadas pouco produtivas em termos de ritmo e, certamente, de queima de calorias pois disperso-me desses bons propósitos e perco-me a ver o mar, a tentar captar os surfistas a cavalgarem as ondas, as gaivotas a dançarem pelos ares, as pessoas a olharem a rebentação. Ponho-me a fotografar e é um dos bons prazeres da minha vida: adoro fotografar.

Também fiz muitas fotografias cá em casa, aos meninos, àquela interacção feliz entre eles. Também fiz mais uma das fotografias ao menino a que em tempos aqui tratei por ex-bebé. É doido por roer um belo osso. Hoje foi um costeletão de vitela. Pela-se. Tem oito anos, está enorme, é um desportista de gema, sempre foi todo virado para a actividade física. Só não gosta de doces. Mas vê-lo a despachar uma pratada é um regalo. Come de gosto. A pediatra diz que podia ter mais um quilo. De facto, está alto e esguio. 
Aliás, todos comem bem, de gosto. Quando alguém se zanga com eles é para não comerem mais. Penso que isto advém de ninguém os forçar a comer quando não querem mais. 

Mas voltando à primeira parte do dia. Depois de virmos da praia e de ter posto a roupa a lavar, ter feito a sopa, ter posto o jantar a andar, etc, vim ler. Tão bom estar assim num domingo à tarde, tranquilamente, ter tempo para ler, saber que daí a pouco a casa se encherá de risos e conversas e brincadeiras.

E isto para dizer que, com isto e com a mudança de hora ou com a perspectiva de se aproximar uma semana daquelas que me cansa ainda antes de começar, estou para aqui um bocado sem energia, sem saber bem sobre o que escrever.


Sei é que, de manhã, ao estar a admirar a beleza extraordinária do mar, pensei que, à noite, poderia mostrar fotografias que estava a fazer, estas que aqui vêem, e falar daquele livro, um dos primeiros que tive, menina pequenina, um que era sobre o mar. Via-o sem me cansar, aquele livro cheio de preciosidades: a estrela do mar, o peixe-balão, os corais. Sabia tudo sobre eles, adorava aquelas cores, aquele mundo que me parecia mágico. Mais tarde, foi outro que me encantou, creio que o Planeta Azul. Adorava. A maravilha caleidoscópica, infinita, milagrosa da natureza.


E agora estive a ver o vídeo abaixo e também gostei muito de ver. Não vem agora a propósito do texto mas o texto também não tem propósito. Aliás, nem vou reler pois acho que ficaria com vontade de apagar tudo para começar de novo, com as ideias mais organizadas.

Portanto.

Aliás, a minha ideia quando abri o youtube era arranjar um poema bonito sobre o mar. Mas distraí-me e fui parar a este que aqui partilho convosco.

Agora que aqui o estou a colocar é que dei por isso, que não era esta a ideia, mas, a esta hora, já não sei se faz sentido ir em demanda de poemas com sabor a sal.



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Afinal não resisti. Estava com León de Greiff em mente porque tinha também em mente falar das pessoas que não vivem junto do mar e que, provavelmente, gostariam de poder vê-lo mais vezes. Balada del mar no visto na voz de Tomás Galindo.


E, por ora, é só isto.

Desejo-vos uma bela semana a começar já nesta segunda-feira.

segunda-feira, dezembro 28, 2015

Casinhas às cores, delicados mirós, corpos flutuando ao vento, muita beleza em azul


O mar descansa-me. Uma manhã de inverno ameno, andando junto à água, é um privilégio de que, sempre que posso, usufruo. Com mau tempo também gosto mas o passeio não poderia ser tão longo como este que vos vou contar.

Quase ninguém. Uma paz imensa, uma largueza de horizontes, uma frescura branca, a música das ondas e do vento ao de leve, roçando a areia.

As gaivotas adultas deviam andar ao largo. Por aqui, apenas gaivotinhos brincando tranquilamente na água, uns afoitando-se junto à rebentação, outros, talvez outras, vendo-se ao espelho no pano de água que se estende pelo areal. Quando me aproximo, esta jovem levanta ao de leve a cabeça, confere que não vou perturbar e depois continua.




Ao longo da praia vou vendo as casinhas coloridas, quase casinhas de brincar. Alguém as imaginou, escolheu os materiais, as cores. Algumas simulam moradias de veraneio, sóbrias, janelas dando para um varandim onde deve ser bom ver o sol fazer de conta que mergulha num mar em chamas. Ou ver a neblina branca por onde se escondem os barcos, os pássaros, as ausências, os dolentes silêncios.


Deve ser bom estar lá dentro destas casinhas ouvindo o mar. Deve ser ainda melhor em noites de vendaval como o que agora se levantou, que bem o ouço, de rugidos do mar, de gritos de gaivotas. Deve ser bom ler um livro dentro de uma casa destas, ouvindo música, a música dos homens, e, ao fundo, a música do mar, do vento inquietando o mar, das sereias inquietando os pescadores. Deve ser bom.


Como será uma casa destas por dentro? Gostava de ver. Terá confortos? Ou será quase nada, um colchão, uma mesa e cadeiras, um armário? Tanto faz. Quem faz o ambiente são as pessoas, o que faz a magia é o espaço que nos envolve.

Sempre desejei ter uma casa junto do mar. Uma vez andámos à procura de uma casa rente ao mar. Mas as casas que víamos eram casas impreparadas, e um alertava para as humidades, outros para os salitres, outros para a pesada manutenção. E os miúdos não queriam, estavam habituados a estar no centro, à mão de semear para qualquer amigo. A custo desisti. Conformei-me com a cidade mas o apelo do mar é sempre muito forte.


Nos dias de marés vivas deve ser assustador, terror de que uma onda vadia arraste a casa para o mar alto, a despedace sem clemência, destrua memórias, apague os gemidos de amor que se inscrevem nas suas paredes.

Mas elas sobrevivem. Pintadas, arranjadas, as cores alegres de quem está habituado a conviver com os prazeres primários: o prazer do sol sobre a pele, o prazer da água sobre o corpo, o prazer do amor no meio de nada. O prazer de viver.


Vou caminhando. Não tenho pressa, tenho uma vasta extensão de areal à minha frente, tenho um mar muito belo ao meu lado. De vez em quando tenho que correr: uma onda mais forte traz a água até mais longe, quase me molho.

Quando se recolhe, observo os pequenos despojos. E o que vejo são composições graciosas, a aleatoriedade feita arte, o outono longínquo trazido pelas águas até aqui, até junto aos caminhos que os meus passos desenham.


Tal como há tempos, penso em Miró. Sinais, signos, estrelinhas, pontos de luz, conchinhas, pedrinhas, restos de vida que o mar afeiçoou. Não mexo em nada. Limito-me a ver a harmonia das composições: uma pena quase azul, uma pena maior -- e eu penso que, talvez, com ela eu conseguisse escrever, inventar um abecedário invisível, escrever palavras cá minhas que o vento levaria, que o mar guardaria, que as ondas levariam até alguém que as soubesse decifrar -- e uma outra mais escura, e uma folha trazida de longe, bolinhas brancas, um pauzinho. E eu em volta, maravilhada, fotografando, soletrando sóis, árvores, amores intemporais, alegrias, saudades, poemas cheios de luz.


Mais à frente, outra imagem que me deixa fascinada. Fascino-me com coisas assim. Há muita beleza não declarada, invisível. Há muita beleza que se constrói por quem pousa, ao de leve, o olhar. Há beleza que é só nossa, secreta, misteriosa. O tempo acrescenta nuances -- uma sombra que prolonga o movimento, um desenho que se adivinha como se tivesse saído da nossa imaginação, talvez a dolorosa e bela tatuagem no coração de um amante inexistente --, o mar lava o supérfluo, deixa os ramos nus, a pele macia, e tudo é quase branco, quase novo, um ramo que é quase imaterial, talvez o bouquet que alguém, lá longe, quis atirar ao mar para que eu, aqui, o olhasse embevecida. Mas pode ter sido apenas o vento, ou talvez a mão de alguém sem corpo, sem nome, talvez alguém de um outro tempo, de um outro mundo, alguém que sonha os meus sonhos e adivinha as minhas palavras.


E eu deixo para trás o belo ramo que se espraia na areia, e sigo. Sei que, um outro dia, o terei de novo; talvez um dia pegue nele e o guarde comigo, num lugar especial. Talvez nesse dia ele esteja ainda mais requintado na sua essência branca, mais depurado, mais pronto para ser meu.

Mais à frente, uma menina dança, salta, contorce-se: parece uma flor oscilando ao vento. Junto a ela um cão que, certamente habituado à graciosidade da dona, já nem a olha. Brinca à sua volta, inocente e livre como ela. E a menina bailarina brilha como um raio de luz pousando no areal, e as suas pernas curvam-se no ar e toda ela é graça, ausência de gravidade, suave leveza. A vida inteira pela frente e ela ainda sem saber que são loucos os caminhos que se lhe hão-de desenhar ao longo dos tempos (assim ela os saiba perceber), que são imprevisíveis os jardins, os labirintos, os atraentes abismos, as perigosas escarpas de onde se alcança a melhor vista, que é bela a vida, tantas as sombras, tantos os esconderijos, tantos os miradouros, as grutas, os píncaros, o infinito fundo do mar, os bosques acolhedores, o amor dos homens, a ternura dos abraços. E que raras são as palavras capazes de dizer o que vai no mais fundo de nós, e que férteis são os ventos que transportam as gotas do mar e o perfume das flores de carne e paixão, e que amáveis são as mãos que escrevem, que afagam, que amam, e que doces são os olhares que se escondem lá longe, lá longe.


E eu continuo. Na volta, mais calor, o mar mais tranquilo. Nada e ninguém perturba a paz que o ondular suave do mar nos traz.

E, então, mais à frente, um outro corpo oscila. Olho-o. Durante muito tempo assim está este homem, parece um caule elegante balouçando ao vento. E um outro cão. Este descansa, talvez medite, talvez pense na graça das coloridas casinhas ou se admire com a força dos braços do seu jovem dono. Amor fiel e incondicional o de um cão pelo seu dono: o dono demora-se e ele, paciente, aguarda.

Talvez o jovem aspire o perfume que sobe da areia molhada, talvez goste de tocar o céu com a pele nua dos pés, talvez imagine que caminha sobre o azul intangível do imenso espaço.


Caminho para regressar, sem tempo, com vagar. 

Um corpo reluzente em negro sai do mar transportando uma esguia concha branca. Do outro lado, as serras desenham sombras azuis sobre o céu azul, elevando-se sobre as águas também azuis. Olhando bem, vê-se que, naquilo que talvez sejam cidades, os pontinhos brancos são casinhas, talvez casinhas de brincar habitadas por pessoazinhas de brincar, iguais a mim e a si, Leitor, pequenos seres, irrelevantes na nossa pequenez face à imensidão da beleza azul desta natureza generosa, tolerante, abençoada. Podia esta paisagem ter sido imaginada, um sonho, um deslizar do pensamento sobre o vago ondular da espuma do mar. Mas é verdadeira. Aqui, só eu sou inventada.

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Muitos dos que me lêem são de longe. Todos os dias, muito mais de cem pessoas chegam do Brasil e quase outras tantas dos Estados Unidos e outras de vários outros países. Todos os dias, desde há muito tempo. Talvez sejam leitores regulares, talvez já sintam que me conhecem, talvez gostem de estar perto das minhas palavras. Penso que, a esses em especial, tenho o dever se mostrar os lugares que me trazem esta felicidade simples e boa. E, mesmo de entre os que são de Portugal, talvez haja quem não tenha a sorte de sentir o bem-estar feito de passeios dados na areia molhada, num tranquilo dia de maresia branca evolando-se de águas azuis. É dezembro, já foi o natal, e em vez de andar sobre a neve, os meus pés procuram a água do mar, esta água bravia, cheia de vida. É dezembro, o ano está a acabar, e eu sinto-me cheia de sorte por saber que, aí desse lado, está alguém que gosta de estar aqui comigo. 

Sorrio enquanto escrevo e só tenho pena de não saber depositar o meu sorriso nas vossas mãos, no vosso olhar. E de não poder levar-vos o perfume molhado das águas do mar.
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Balada del mar no visto

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As fotografias foram feitas neste domingo de manhã no vasto areal da Caparica, um lugar de sumptuosa e tranquila beleza.

A música, The heart asks pleasure first, da autoria de Michael Nyman, pertence ao filme O piano

Para os que nunca viram este mar -- o poema Balada del mar no visto é de León de Greiff cuja voz se ouve no vídeo.

Mis ojos vagabundos,
mis ojos infecundos...:
no han visto el mar mis ojos,
no he visto el mar!
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E, embora depois de ter escrito isto e de ter escolhido estas fotografias para vos mostrar, não me apeteça, digo-o na mesa: a seguir encontrarão um texto escrito num outro comprimento de onda. Aí falo sobre a entrevista concedida a Judite Sousa pelo incontornável Jorge Jesus e, ainda pior... falo também sobre o golden boy Marques Mendes, um que também já podia ir pregar para o deserto (é que já não se aguenta tanta conversa maltrapilha, com casacos tão apressadamente virados do avesso e sempre com aquele sorrisinho lampeiro de vizinha linguaruda que já cansa).

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quinta-feira, agosto 06, 2015

A minha profissão é disparar para o ar. Ainda não terei descido a primeira nuvem. Mas a delícia está em curvar o arco e em supor a seta aonde a crava o olho.





Eu, senhor, sou frecheiro.
A minha profissão é disparar para o ar.
Ainda não terei descido a primeira nuvem.
Mas a delícia está em curvar o arco
e em supor a seta aonde a crava o olho.

Eu, senhor, sou frecheiro.

Açores e nebris, gerifaltes, tagarotes, sacres, ógeas, falcões,
acudi à voz do frecheiro!

E dirijamos nossas garras à conquista
das nuvens, volúveis como os corações...
e -- tal como os corações -- imutáveis.

Eu, senhor, sou frecheiro.
(...)
Yo, señor, soy acontista. 
Mi profesión es hacer disparos al aire. 
Todavía no habré descendido la primera nube. 
Mas, la delicia está en curvar el arco 
y en suponer la flecha donde la clava el ojo. 
  
                    Yo, señor, soy acontista. 
  
¡Azores y neblíes, gerifaltes, tagres, sacres, alcotanes, halcones 
acudid a la voz del acontista! 
  
y enderecemos nuestras garras a la conquista 
de las nubes, volubles como los corazones... 
y —cual los corazones— inmutables. 
  
                     Yo, señor, soy acontista. 
(...)





Eu, senhor, sou frecheiro.

Nada mais. Nada menos.

E tenho sono e tenho sede, senhor. Saúde! E adeus! Senhor, adeus! E até à vista.


Netupiroma, 20 de Setembro
Outubro 1931
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De León de Greiff - Relato de Guillaume de Lorges

O poema em português pertence a Troco a minha vida por candeeiros velhos, de León de Grieff numa tradução de Gastão Cruz

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sexta-feira, março 27, 2015

Das 150 pessoas a bordo, apenas Andreas Lubitz soube que iam morrer





Eu desejo estar só. Não busco companhia.
Quero só o silêncio. Não me agrada murmúrio
nenhum à minha beira.





Jogo a minha vida, troco a minha vida.
De qualquer maneira
ela está perdida...





Tragédia nos Alpes. Passageiros só se aperceberam do desastre no último momento



É apenas nos últimos segundos da gravação retirada da caixa negra que se ouvem gritos dos passageiros que iam a bordo do Airbus A320 da companhia de baixo custo Germanwings. Este facto leva o procurador-geral de Marselha, Brice Robin, a concluir que os tripulantes apenas se aperceberam que o avião ia colidir no último momento.    


"A morte foi imediata, o avião explodiu ao colidir com a montanha" a uma velocidade de 700 km/h, acrescentou esta quinta-feira Brice Robin, em conferência de imprensa com os familiares das vítimas. O avião perdeu progressivamente altitude ao longo de oito minutos, antes de se despenhar - nesse período, e segundo os investigadores, o copiloto não deixou o piloto entrar na cabine. O comandante tinha-se ausentado momentaneamente.

Além dos gritos dos passageiros, a gravação revela ainda que, momentos antes da colisão, a respiração do copiloto, o alemão Andreas Güenter Lubitz, se mantinha calma, o que mostrava que o copiloto estava vivo e consciente - invalidando a tese de um problema de saúde repentino.   


Brice Robin anunciou esta quinta-feira que o copiloto alemão, de 28 anos, destruiu o avião intencionalmente, bloqueando a porta da cabine de pilotagem após o comandante Patrick Sonderheimer ter saído momentaneamente.   

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Apesar de se falar numa anterior depressão penso que ainda será prematuro adiantar explicações para um drama tão impressionante.

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  • O bailado é Falling Angels, coreografia de Jiří Kylián, pelo Bałtycki Teatr Tańca
  • A primeira imagem é parte de L'ange déchu e a segunda é um estudo para a mesma obra de Alexandre Cabanel.
  • Os pequenos excertos fazem parte respectivamente de Admonição aos impertinentes e Relato de Sergio Stepansky de León de Greiff.