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sábado, fevereiro 25, 2017

Quando a brigada da limpeza prova que Natal é sempre que um homem quer
- ou como isto da embrulhada do Marquês é para esquecer
(Agora até o Zeinal Bava e o Granadeiro estão ensarilhados no processo do Sócrates? Oh la la)





A minha sexta-feira foi chata e comprida: começou cedo, acabou tarde e, nem à hora de almoço, consegui intervalar. De notar, contudo, que nem o almoço foi chato (deverei até confessar que, bem pelo contrário, foi superlativo: lugar fantástico, a melhor vista possível, comida excelente, um serviço de primeiríssima e uma companhia irrepreensível: eu e quatro homens simpatiquíssimos), nem a reunião da tarde foi desagradável (deverei até dizer que foi das melhores dos últimos tempos) nem a manhã foi das piores. Simplesmente não consegui alhear-me nem por um instante da persona que me habita quando estou a trabalhar. E também não é que eu antipatize com a dita persona, é mais que preciso de, volta e meia, deixar vaguear a mente, olhar pela janela, esticar as pernas, pensar que me estou a marimbar. Ou seja, necessito de, de vez em quando, intervalar. Fazer silêncio. Ouvir os sons íntimos do silêncio. E não consegui. 


Seguiu-se que saí pouco depois das sete da tarde a pensar que ia chegar a cedo a casa, que poderia ainda ir fazer uma breve caminhada -- e apanhei um trânsito tramado. Cerca de uma hora. Não foi dos piores dias mas, caraças, apetecia-me não apanhar nem um carro pela frente e foi o que foi. E, para fim de festa, tendo resolvido ir jantar fora, decidimos não ir à praia mas ficar por perto. O restaurante foi um dos nossos preferidos, a comida é boa, o serviço de grande cordialidade. Só que estava cheio e demorou, demorou. 

Por isso, cheguei a casa tarde, farta de estar de saltos altos, farta do colar, dos brincos, do relógio, farta de estar com camisa de seda, farta de estar de meias de lycra, farta, farta, fartinha.


Agora, já confortável, instalei-me com vontade de ver coisas boas. E, por acaso, tive sorte: dei uma volta pela net, vi as fotografias maravilhosas que mostrei abaixo e que fizeram com recordasse o nascimento dos meus filhos. 


Só que, agora, ao prestar atenção à televisão, vejo que Henrique Granadeiro e o oustanding Zeinal Bava são arguidos no Caso Marquês, suspeitos, ao que parece, de receberem dinheiro do Grupo Espírito Santo. E fico espantada. Já lá vão mais de vinte arguidos neste processo. Num país pequeno como este, parece que não há processo que não se transforme num mega-processo. Seja porque se oferecem robalos, seja porque se opina sobre o revestimento do chão do apartamento do amigo, seja por que for, é tudo metido ao barulho e um processo, em vez de durar meses, arrasta-se durante longos anos, massacrando a vida de todos aqueles que caíram nas malhas das suspeitas.


Fico admirada com isto. Não que ponha as mãos no fogo seja por quem for e muito menos o faria pelo Zeinal -- e até admito que seja do sono e do estado de saturação em que me encontro -- mas o caso Marquês não tinha a ver com o Sócrates? O que é que o Zeinal e o Granadeiro e de quem recebiam ou deixavam de receber dinheiro tem a ver com o Sócrates?


O Rosarinho, com o beneplácito do Super-Judge Alex, estão para ali a armar um enredo, um enleio que não se percebe como é que, em vida dos visados, isto tudo se vai desensarilhar tal a diversidade de suspeitas, tal o leque de visados, tal a barafunda que já está para ali armada.

Agora fiz zapping e fui parar a um programa onde andam todos nus numa praia mas onde os seios das mulheres e os genitais de todos aparecem desfocados. Se é para tapar, que lógica tem pô-los nus?

É a gota de água. Parece não haver limite para a parvoíce.


Ou seja, e para atalhar razões: não há pachorra. Ou, admitindo que o mal seja meu: não tenho pachorra.

Conto, pois, com a vossa compreensão para permitirem que intervale. Fiquemos, pois, com um momento à maneira. Prestem atenção à letra das canções. 

Cleaning Crew


(com a partipação de Cecily Strong, Emma Stone, Leslie Jones)


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A música lá em cima é The sounds of Silence, de Simon & Garfunkel, numa interpretação de Nouela.

Os desenhos com flores são da autoria de Georgie St Clair

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Pensava que ainda escrever mais um episódio da Dindinha mas é-me impossível.
Vou pregar para outra freguesia.

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E não deixem, por favor, de ver as fotografias maravilhosas do post que se segue.

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domingo, setembro 27, 2015

O homem irracional - ou como pode ser perturbante não se conseguir identificar com exactidão o ponto em que se atravessa a fronteira entre o bem e o mal


Estava in the mood para ver um filme romântico, até podia ser uma coisa na base da comédia soft-depressive. 


Fui, pois, ver o Homem Irracional. Um Woody Allen que se preze terá sempre alguma pancada a polvilhar o charme discreto da burguesia, bons ambientes, decorações agradáveis, um romancezinho bem gramaticado.


Mas este filme não foi bem isso. Nadinha. Sim, tem romance, sim tem bons ambientes, tem academia, boas casas (e casas com livros), gente com aquele desequilíbrio que tem os seus laivos de sedução - mas depois tem aquele elemento de casualidade (e aqui a palavra casualidade derrapa perigosamente para o sentido da palavra quase homónima em língua inglesa) que, aos poucos, vai introduzindo ansiedade no argumento.

Claro que não vou falar na história mas, para mim, mais perturbador talvez que tudo tenha sido a ideia que me passou pela cabeça quando saí de lá. Comecei por calá-la. Mas depois verbalizei-a, mas verbalizei-a com má consciência - até porque me estava a referir a uma pessoa muito conhecida e muito na ordem do dia cá no burgo. Quem me ouviu, acenou que sim.
E quase parecia que sim, que há casos em que parece plausível que a alguém ocorra fazer uma coisa assim com um pretexto moral. 
Temas em que é difícil pensar, estes.

O personagem principal, desempenhado por Joaquin Phoenix (uma vez mais uma interpretação low profile mas, como sempre, também a pisar o limiar da inquietação), é um professor de filosofia e, portanto, há referências filosóficas ao longo de todo o filme. Hannah Arendt, claro, vem à baila. Mas nem é bem a banalidade do mal: é mais a indefinição moral do mal que pode levar a que, por um bom motivo, se enverede pelos movediços caminhos do mal. 

O bem e o mal, o crime e o castigo, o amor e o dever, a felicidade e a angústia - tudo isto anda de mãos dadas e a questão está em saber discernir onde se encontra a linha ténue (e móvel) que separa os opostos.

Perturbante.




Mais informação aqui.

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