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segunda-feira, fevereiro 13, 2023

Há uma virtude sem a qual todas as outras são inúteis: essa virtude é o encanto.

 



Tenho dormido bastante. Depois de dias algo incómodos e noites mal dormidas com o joelho inflamado e dorido (só com cortisona é que foi ao sítio), eis que, no rescaldo, o corpo se tem desforrado. Durmo de noite e, a seguir ao almoço, é só encostar-me que logo adormeço.

De manhã fomos passear com a minha mãe. Deu-me uma joelheira elástica que era do meu pai. Coloquei-a e senti-me mais confortável. Parece que andava a sentir os ossos e as cartilagens como se estivessem à solta, agora que o inchaço passou e o quisto de Baker se esvaziou. 

Tínhamos pensado ir comprar comida chinesa para o almoço mas, afinal, o restaurante estava fechado. Já era tarde. Fui ao supermercado ver como resolvia a emergência e, como contra factos não há argumentos, trouxe frango assado. Devíamos estar com fome pois soube-nos lindamente.

A seguir, foi um sono tão profundo que até sonhei. Sonhei que o meu marido tinha lá chegado e, na brincadeira comigo, como se eu fosse uma menina de quatro anos, tinha pegado em mim ao colo e me tinha sentado na parte de cima de uma estante. E eu a protestar, que não gostava de estar nas alturas, e ele a troçar. Depois tinha ido buscar lenha para a lareira e tinha-me deixado ali. Eu a protestar, que me tirasse dali, e ele sem aparecer. Eu olhava para baixo para avaliar se tinha alguma hipótese de sair por mim. Não: muito alto para saltar e sem possibilidade de descer pela estante como se fosse uma escada pois esta poderia virar-se. Então, tinha resolvido que mais valia deixar-me ficar, aproveitar para dormir. 

Quando já passava das cinco, acordei e olhei à volta, convencida que ainda estava sentada lá em cima.

Levantei-me do cadeirão. O cão levantou-se também, tinha estado a dormir no chão, ao meu lado.

Se há prazer de que tenho desfrutado é vir para aqui à tarde. Afasto o cortinado para entrar a luz, pelo sim pelo não ligo o candeeiro de pé, cubro-me com uma mantinha leve e aveludada, ponho-me a ler... e deixo-me ir. Maravilha.

Quando me vê a dirigir-me para as escadas o ursinho cabeludo aparece logo, parece que pressente. Subo, ele também. Eu sento-me e ele também. Eu adormeço e, creio, ele também. 

Valiosos momentos de tranquilidade.

Hoje estava a ler a Biblioteca Pessoal de Jorge Luis Borges. Outro prazer. 

Ao fim da tarde fomos dar um passeio por aqui. O céu estrelado, a noite fria mas agradável. Só nós na rua. As casas com as luzes acesas, algumas com o interior à vista. Sempre gostei de passear à noite vendo o que, de fora, parece sempre aconchego e intimidade. Em algumas casas, a escadaria entre os pisos é acompanhada por um enorme painel de vidro que dá para a rua. Vê-se tudo, em especial à noite, quando têm a luz acesa. Pergunto-me sempre: não lhes acontece andarem meio despidos? Não se importam se alguém, na rua, os vir?

Há uma casa nova em que a cozinha dá para a rua, com uma janela de vidro de parede a parede. Quando estão a cozinhar ou a lavar a louça estão à janela, virados para quem passa. Fico sempre na dúvida sobre o que devo fazer: fazer-lhes adeus para os cumprimentar ou fazer de conta que não vejo. 

Na casa grande cujas traseiras dão para um caminho a partir do qual não há mais casas e em que tudo era envidraçado, sem estores ou cortinas, incluindo o grande quarto de dormir, há agora, justamente aí, um estore de lâminas verticais de madeira. Sinceramente, quando o vi até me senti aliviada pois temia o dia em que visse o que não queria ver.

Tirando isso: quase não temos visto televisão. E isso é muito bom.

Ligo o computador à noite e vou espreitar os vídeos. Gosto em particular de ver casas. Esta que aqui partilho é fantástica. Não que eu gostasse de morar numa casa assim. Mas gostaria de visitar o seu dono, andar a espreitar isto e aquilo, apreciar a elegância das escolhas. 
Claro que, como sempre, custa-me perceber como se limpa o pó a uma casa assim. E penso também noutra coisa: uma casa assim é uma casa para ser eterna. Ora, como ninguém é imortal, o que acontece a uma casa como esta, tão pessoal, tão especial, tão indissociável do seu dono, quando este se desprender da existência? 
Mas, enfim, ideias peregrinas à parte, é um gosto ver casas bem desenhadas e bem decoradas

Refúgio francês cheio de tesouros do designer John Galliano (com 7 objetos exclusivos) | Vogue


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Lá em cima, a música é de Handel: "Eternal Source of Light Divine", com Thomas Dunford, Jupiter, Lea Desandre, Iestyn Davies

O título do post são palavras de Stevenson citadas por Borges.

As pinturas são da autoria de Fujishima Takeji

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Desejo-vos uma boa semana a começar já nesta segunda-feira
Saúde. Serenidade. Paz.

quinta-feira, fevereiro 27, 2014

Vestidos notáveis na passadeira vermelha. Grace Kelly, Elizabeth Taylor, Cate Blanchett, Renée Zellweger, Kate Hudson usaram-nos.


Entre dos aguas, Paco de Lucia





Depois de abaixo ter falado da beleza das gordas (corrijo: das voluptuosas) quando em confronto com a quase ditadura da magreza e depois de ter falado do perfume Miss Dior que, para Misses, só se forem solteironas velhas e chatas, aqui, agora, continuo no mesmo registo e, agora que se aproxima a época da caça ao óscar, falo de vestidos que são uma obra de arte, uma peça ao serviço da elegância e da beleza, daqueles que marcaram a passadeira vermelha.

(Como sempre que tento pôr fotografias ao lado umas das outras, é para aqui uma ginástica que não imaginam. E nunca ficam direitinhas. Mas eu não tenho tempo para andar muito tempo às voltas disto e ficam mesmo assim, desarrumadas. Paciência)


Grace Kelly in Edith Head


Elizabeth Taylor in Christian Dior



Cate Blanchett in John Galliano 1999


Renée Zellweger
in Carolina Herrera 2003




Kate Hudson in Valentino 2003


E, se eu fosse agora desfilar e não me importasse de repetir um modelito já usado por outras, qual acham que eu escolhia?

Eu digo-vos: o da Grace Kelly é lindo mas é como ela era: excessivamente perfeitos (o vestido e a beleza dela) e eu, já aqui o confessei, pendo mais para o lado da imperfeição. O da Elizabeth Taylor tem pinta mas requer uma mulher excessiva dentro dele, com uns olhos fora de normal e eu não sou assim. O da Cate Blanchett é um espectáculo e, tivesse eu menos uns quantos anos e menos uns quantos quilos, seria neste que eu talvez apostasse. Agora contudo, sentindo-me nua como aquele vestido deve deixar quem o vista, de cada vez que alguém olhasse para mim com mais atenção ficava preocupada não fosse estarem a focar-se nalgum pneuzito, numa maminha menos empinada, sei lá, inseguranças dessas que tiram a espontaneidade e a alegria.

Ou seja, supondo que cabia dentro deles, escolheria o da Renée ou o da Kate Hudson, embora me incline para este último. Se usasse o da Renée, que seria uma boa hipótese, iria, no entanto, com o cabelo despenteado como o da Kate Hudson. Quando me penteio de forma mais formal não me reconheço.

Acho que o vestido e o cabelo da Kate Hudson, com uma brisa a darem neles, deve fazer um efeito esvoaçante muito bonito, daria umas belas fotografias. E eu gosto de cor e de tecidos leves como o ar.

*

Relembro: Sobre perfumes, mulheres com curvas e contra curvas e stripteases é favor irem descerem até dois posts abaixo (esta de descer e dos dois posts serem mais abaixo é capaz mesmo de ser uma redundância como um Leitor no outro dia assinalou. Mas parece que a frase fica frouxa se lhe tiro o abaixo).

Muito gostaria ainda de vos convidar a irem espreitar o meu outro blogue, o Ginjal e Lisboa, onde hoje tenho Carlos Drummond de Andrade que, pela boca de Sandra Corveloni, se interroga sobre o que é um homem. Eu, que sou mais limitada, interrogo-me sobre o que sou eu própria.

*

Eu sei que hoje era para ter falado de livros e até tinha seleccionado umas passagens fantásticas mas o que se passa é que estou outra vez com dores de garganta e continuo perdida de sono e, para além do mais, ando cheia de trabalho e com coisas bem maçadoras. Ora, quando estou como me estou a sentir neste momento, a meio gás, só me dá para a ligeireza. Vocês desculpem lá.

*

E, face a este quadro, a única coisa que me resta fazer é ir enfiar-me na cama. 
Mas antes, meus Caros Leitores, quero desejar-vos um belo dia. 
Com ou sem passadeira vermelha, o que importa é que nos sintamos bem, não é?