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segunda-feira, outubro 02, 2017

Passos Coelho é apeado do PSD nas Autárquicas de 2017.
[E eu só estou para ver se ainda não é desta que o Láparo percebe que o melhor é sair da política portuguesa pelo seu próprio pé]
-- Post em actualização permanente --
(Cristas a cantar de galo, Rui Moreira a mostrar que tem maus fígados, Isaltino a provar que os portugueses são exemplarmente inclusivos, Jerónimo de Sousa a achar que os eleitores se enganaram, Passos Coelho a ameaçar que não se vai embora nem por mais uma, António Costa naturalmente feliz, Fernando Medina, radiante, motivado e com vontade de fazer mais. E a estrondosa queda de Almada.)



Enquanto vejo a hecatombe dos resultados do PSD nas grandes autarquias -- um valente pontapé nos autarcas laranjas e um humilhante rombo no seu já escasso orgulho partidário -- e começo a ouvir os comentadores, alguns do próprio PSD (Manuela Ferreira Leite, por exemplo), a indicar o caminho da porta ao incompetente Passos Coelho, interrogo-me: será possível que a lápara criatura continue alapada à presidência do partido ou terá a hombridade de nos aparecer de corda ao pescoço a anunciar que finalmente percebeu que os portugueses não o querem ver nem pintado?



Estou para ver. Eu, se fosse às televisões, arranjava uma daquelas apps que junta adereços às imagens e, quando o nefasto líder do PSD aparecesse nas imagens, juntava-lhe umas orelhas de burro e um rabo a sair-lhe das calças.

Uma aberração destas, que durante anos deu cabo do País e prejudicou a vida de grande parte dos portugueses, tem que sair do palco político debaixo de pateada geral, debaixo de uma saraivada de apupos -- para que perceba de vez que queremos que nunca mais nos apareça pela frente. Imagino que os sociais-democratas lhe estejam com um pó muito superior ao do resto da população mas, seja como for, o que tenho a dizer em relação ao láparo, na prática já um ex-líder, é: Vade retro satana.

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madame cristas gif

Claro que a Madama Cristas canta de galo. Como não? Uma bigodaça das valentes no PSD lisboeta... Claro que até o rato Mickey ganharia à Leal ao Coelho mas é um facto: a Sãozinha andou a bater perna por aí, com peixeirada populista e pouco mais (nada do que diz, espremido, deita sumo) -- mas, reconheça-se, esforçou-se, saíu-lhe do pêlo e, o eleitorado de direita, não tendo melhor alternativa, entregou-lhe o voto. Está de parabéns, claro, tanto quanto o PSD está de luto.


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Entretanto, vejo o senhor do PSD Porto, Álvaro Almeida (acho eu), a assumir a banhada, outra banhada das antigas, e, no meio do desastre, a congratular-se por ter ganho a Junta de Freguesia de Paranhos. E todos os que lá tinha com ele bateram palmas. E eu, que tenho bom coração, até me senti condoída. Ao que o PSD chegou para ficar contente por ter ganho Paranhos.


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Fotografia pequenina a condizer com a pequenez do discurso de vitória

O discurso de Rui Moreira foi uma vergonha, uma coisa ao estilo Cavaco: ressabiado, a ajustar contas. Nem se percebeu aquela conversa. Quem não sabe ganhar, revela que não é de fiar. Ganhou hoje mas não vai longe. Gente com maus fígados acaba corroída pelo seu próprio fel. 

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Estou a ouvir Isaltino e estou intrigada com um senhor com um corte de cabelo muito curioso e meia barba que está atrás dele, com uns olhos muito abertos, e que não pára de abanar a cabeça, para cima e para baixo, com um ar vagamente vingativo. Bate palmas como se estivesse a ajustar contas. Medo...


De resto, dizer o quê? Os Oeirenses quiseram de volta aquele que os tribunais provaram que se abotoou; mas desculpam-no, dizem que, pelo menos, fez obra. Os Oeirenses são assim, gente inclusiva, que acolhe de coração aberto os ex-presidiários Um exemplo para a sociedade, os Oeirenses (e, claro, as minhas mãos tentam encobrir a ironia -- e a mal digerida perplexidade -- que me vai na alma). Quando se quiser perceber bem como são os portugueses, este caso deverá ser tido em consideração.

Isaltino de novo à frente de Oeiras -- ou a prova provada do bom coração dos Oeirenses
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E agora foi Jerónimo de Sousa.  Pela primeira vez a conversa não foi de vitória. Acho que foi a primeira vez. Antes, apesar da linha ser descendente, arranjavam sempre maneira de se comparar com qualquer coisa que fosse mais abaixo para poder cantar vitória. Desta vez não. 

Jerónimo reconheceu que perdeu. Só que, ó céus, veio dizer que os eleitores se enganaram e que, daqui por 4 anos, reconhecerão que se enganaram e voltarão a dar-lhes o voto. Surreal. Há qualquer coisa de trágico no destino do PCP. De facto, em tempos o PCP foi importante. De facto, ainda é um partido a que se associa uma matriz de honestidade e defesa pelos interesses dos trabalhadores. Só que, em muito da sua actuação, anquilosou. Sei do que falo. Há nas pessoas do PCP a sensação que adquiriram direitos. De certa forma, há neles atitudes caciquistas, de donos do pedaço. Movimentam-se em função de interesses partidários. Todos os partidos são assim mas no PCP isso é mais visível (talvez porque sendo mais disciplinados, levam isso mais a sério). Mas os tempos mudam. O passado vai ficando ara trás e, ao votar, os eleitores não estão a atribuir medalhas de mérito pelo feito mas a passar um aval para os próximos anos. E o PCP está, de forma geral, pouco aberto ao futuro. Claro que há excepções. Há autarquias em que o PCP é ainda uma lufada de ar fresco. Mas não são a generalidade e os resultados mostram-no. Jerónimo de Sousa deveria perceber que não foram os eleitores que se enganaram.


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E pronto, Passos Coelho falou. 


E, como acabou de comentar Manuela Ferreira Leite, o pior cego é o que não quer ver. Bem falante como sempre, o Láparo assumiu a derrota mas quanto ao que se esperava, está bem, está: disse que não se demite hoje, não se demite amanhã nem depois de amanhã. Diz que vai reflectir (e assumiu que não é veloz a raciocinar) e que, na melhor das hipóteses, vai pensar na sua recandidatura nas próximas eleições internas. 


Portanto, é o Láparo no seu melhor. Alapado ao partido, pior do que estivesse com ventosas nos pés. O PSD furioso com ele, desejoso de ajustar contas com o passado recente e não vendo a hora de começar a limpar-se do sarro sarnento dele -- e ele sem se ir embora. Faço ideia a raiva que a malta do partido está, a esta hora, a sentir. Um pesadelo para as hostes laranjas. Quase me sinto solidária com eles... ninguém merece... Mas, ao mesmo tempo, é bem feito: puseram-no onde ele está e aplaudiram as sacanices que fez e tornou a fazer. Portanto, agora não se queixem.


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Falou António Costa e agora fala Fernando Medina. Estão felizes. Compreende-se. São ambos pessoas boa onda, gente de bem, olham de frente, sorriem, falam de cor, mostrando conhecimento do que falam e mostram prezar o trabalho de equipa. Falam de futuro, apontam caminhos, estendem a mão. Espero que assim se mantenham, motivados, confiantes, com sentido de dever e com alguma humildade. E que nunca deixem de ser transparentes e probos.


Foi uma grande vitória do PS. Os eleitores mostraram que estão a acreditar nos programas e nas pessoas do PS. É, no fundo, uma responsabilidade grande para o PS.


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Acabo de saber o resultado de Almada, velho bastião do PCP, um forte até agora inexpugnável por parte de qualquer outra força política. As votações estiveram muito tremidas e acabaram por traduzir-se na sua conquista por parte do Partido Socialista. O PCP vai abanar. Para o PCP, a queda de Almada é marcante, é pesada, pois Almada é, para os comunistas, um símbolo. E, para os socialistas, a conquista de Almada, mais do que uma inesperada vitória, é uma responsabilidade de monta. Tomara que Inês de Medeiros tenha unhas para tocar esta extraordinária viola que lhe caíu no colo. Daqui lhe desejo muito boa sorte.


Vejo também que Beja caíu. Outro desgosto para as hostes vermelhas. 

Pode ser que o PCP acorde e veja que os eleitores quando votam não o fazem com um sentido de recompensa por feitos passados mas como uma aposta numa estratégia de futuro. E não tem nada a ver com a Geringonça nem com nada disso, tem apenas a ver com a atitude e os valores do PCP que se encontram frequentemente desfasados da realidade.

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Para acompanhar a evolução das contagens, clicar aqui:

Resultados oficiais das Autárquicas 2017

(Resultados Nacionais - Distrito - Concelho)

Resultados Finais

PS
37,82%
1.956.703 votos
PPD/PSD
16,07%
831.551 votos
PCP-PEV
9,46%
489.189 votos
PPD/PSD.CDS-PP
8,78%
454.290 votos
GRUPO CIDADÃOS
6,79%
351.327 votos
B.E.
3,29%
170.027 votos
CDS-PP
2,60%
134.311 votos


 Votantes
54,97%

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Imagens provenientes, uma vez mais, da arca do tesouro: We have kaos in the garden excepto a primeira que é do Bordoada, a galinha que não sei de que capoeira saíu e a do putativo baronete do Norte.

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sábado, maio 06, 2017

Rui Moreira, uma Casta Diva à moda do Porto


Não sei se o facto de gostar muito do Porto é condição suficiente para me pôr para aqui a opinar sobre candidatos e candidaturas autárquicas daquelas bandas.

Mas, se não for, os portuenses que me desculpem. Não pretendo saber interpretar a alma de quem por lá vive. Na volta são todos uns vidrinhos e, à mínima palavra escrita fora da linha ou dita sem consentimento prévio do rei do pedaço, dá logo azo a um chilique por parte do dito rei, a ameaças de rompimento e o escambau. Não sei. Pensei que era o oposto, que fosse tudo gente de nobr'alma, de superior inteligência, bem acima da carne seca.


Mas agora, porque Ana Catarina Mendes disse o óbvio -- que seria para o PS uma vitória se os seus militantes ou os independentes por si apoiados ganhassem as eleições autárquicas -- ouço dizer que Rui Moreira fez birra, que diz que a bola é só dele e, de bola debaixo do braço, diz que assim não brinca, não quer brincar mais com os meninos da equipa amiga, nem com aqueles que lhe passam a bola. E que não quer mais o apoio do PS.


Devo dizer que, por altura das últimas eleições, antes dele ganhar, estando eu a jantar num belo restaurante no Porto, um num larguinho com uma capela, creio que não muito longe do mar, tive um bate-papo com alguns autóctones e com um outro que, não tendo nascido lá, por lá viveu bastos anos. Gente alinhada à direita, não defendiam nem queriam que ganhasse o Rui Moreira. Eu dizia que ele ia ganhar nas calmas, que é pessoa com ar civilizado, boa onda, capaz, que sabia fazer pontes, que a coisa ia ser na base da canja de galinha. O que lá tinha morado dizia conhecê-lo bem de mais e contou-me umas quantas histórias. Fiquei com a sensação que eram rivalidades familiares antigas e, portanto, dei o devido desconto.

Contudo, agora, ao saber desta reacção chiliquenta, de menina virgem que não quer ser vista na companhia do vizinho não vão as outras vizinhas supor algum amancebamento clandestino -- ou melhor, mostrando ser um misto de virgem ofendida e de starlette peniquenta -- Rui Moreira desceu uns quantos pontos na minha consideração.

O que é que a Ana Catarina Mendes disse de especial ou de errado? Então se ela apostar num cavalo e o cavalo ganhar, ela não pode dizer que ganhou? Que a sua aposta foi ganhadora?... Homessa...!


Então o PS apoia o Rui Moreira, um apoio tão genuíno, e o Rui Moreira faz questão de fazer de conta que o apoio do PS é, para ele, um sacrifício...? Ou, se ele ganhar, o PS não pode mostrar contentamento...? E que passa bem sem o apoio do PS...? Ridículo!


Eu, se fosse ao PS chegava-me ao pé dele e dizia-lhe: olha lá, oh minha casta diva, ou bem que gostas de ser apoiada pelo PS e gostas que o PS te apoie às claras e convictamente ou, se é para fazeres o número da virgem sonsa ou da diva niquenta e petulante, então fica na tua que há mais quem goste e a gente vai mas é partir para outra. Xô.

Claro que, inteligente como ele é, há-de de cair na real mas, depois deste fricote, acho mesmo que a excelência está a pedir um abre olhos. Um sustozinho, por assim dizer. A kind of lição de humildade, por exemplo, para ver se a prima-dona aprende a não desdenhar de quem, de bom gosto, lhe tem dado a mão.

(Mas nada de dramalhões à Assis, for goodness' sake, mais uma afirmação da autonomia e competência socialista, nomeadamente na pessoa do íntegro e bacano Manuel Pizarro.)


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Seja como for, daqui vai um presentinho da Sta UJM para Rui Moreira -- e, em troca a santa UJM pede-lhe que se porte como um homem e não como uma casta diva.


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E até já que eu vou ver se acordo para vir conversar convosco sobre a Doris.

(Mas aviso que isto, esta noite, está do piorio, só adormeço, credo, acho que tenho que ir dormir a sério. Mas, se não esta noite ainda, amanhã durante o dia talvez seja. Ou a Doris ou a minha ida à nutricionista)

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quarta-feira, janeiro 15, 2014

'GALERIA DE HOMENS BELOS E INTELIGENTES em 2013' e 'A CORJA' - duas obras artísticas enviadas por uma Leitora a quem agradeço. E, porque hoje o dia é dedicado aos homens, aqui deixo (também enviada por um leitor a quem igualmente agradeço) a explicação científica de porque é que a depressão dá menos nos homens do que nas mulheres.


Depois de, no post abaixo, ter falado sobre a revolta dos leitões da Mealhada contra os congressistas do CDS e ter lançado um repto a todos os outros petiscos regionais, agora aqui dou a palavra aos Leitores.

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Da leitora Lídia Sousa - que me parece ser, tal como eu, danada para a brincadeira - recebi duas colagens. Com mais alguma prática ainda faz concorrência à Paula Rêgo do período das ditas.

À primeira montagem chamou 'A Corja' e aí vejo alguns velhos conhecidos: Desde logo o putativo barítono Passos Coelho, Cavaco Silva claro, o púbico Catroga, o Vai-estudar-ó-Relvas, o saudoso Gaspar, a cassandra Medina, o inteligente José Gomes Ferreira, o arquitecto Saraiva, o Cantiga Esteves, o catavento Duque, o pequeno porta moedas, o merceeiro-mor, o cherne - e tantos outros apoiantes e construtores do regime passista.




À segunda montagem chamou a autora GALERIA DE HOMENS BELOS E INTELIGENTES e aqui vejo alguns que eu também contemplaria. Faço notar que o Ticiano figura aqui por, segundo me contou a autora, não ter encontrado nenhuma foto decente do Víctor Moura Pinto e por achar que o Ticiano faz o género (e eu até estou capaz de lhe dar razão)

Eu, se me cingisse a Portugal, nos mais giros punha também o Bruno Alves (ex-FCP), o João Galamba (PS), o João Ferreira (PCP). Nos mais inteligentes punha uns quantos mais mas nem vou aqui dizer porque me ia esquecer de alguns e isso era chato para os que ficassem de fora.


Luís Nazaré, Zeinal Bava, Pedro Mexia, Ricardo Araújo Pereira, 

José Sócrates, Rui Moreira, Luís Figo, Víctor Moura Pinto


- Os eleitos para a Galeria de Homens Belos e Inteligentes segundo a Caríssima Lídia Sousa -


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E agora, enviada por um leitor, um artigo científico: Porque é que depressão masculina é raridade.


Segundo um relatório que esta semana foi entregue no Conselho de Altos Estudos Científicos da Universidade do Michigan (U.S.A.), o resultado duma pesquisa liderada pelo famoso Prof. Dr. Morris A. Benson, apresenta o seguinte parecer final:

Porque é rara a depressão masculina?


•         Não engravidam.

•         Os mecânicos não lhes mentem...

•         Nunca precisam procurar outra área de Serviços para encontrar uma casa-de-banho limpa.

•         Rugas são traços de carácter...

•         Barriga é prosperidade!

•         Cabelos brancos são charmosos...

•         Os sapatos não lhes apertam nos pés.

•         Conseguem ir sozinhos à casa-de-banho

•         As conversas pelo telefone só duram 30 segundos.

•         Para férias de 5 dias, apenas levam uma mochila.

•         Se na mesma festa aparecer outro com uma roupa igual, não há problema.

•         Cera quente nem cheiro.

•         Ficam a assistir a um programa de televisão com um amigo, em total silêncio, durante várias horas, sem ter que pensar: "Ele já deve estar cansado da minha companhia"

•         Se alguém se esquece de os convidar para alguma festa, continua a ser seu amigo.

•         A roupa íntima que usa pode custar no máximo 20 euros (em pacotes de 3).

•         Três pares de sapatos chegam e sobram.

•         São incapazes de perceber que a roupa está amarrotada.

•         Usam o mesmo corte de cabelo durante anos, aliás décadas, sem problemas.

•         Meia dúzia de cervejas geladas e um jogo de futebol na televisão são o suficiente para passarem horas divertidos.

•         Os Shoppings Centers não lhes fazem falta nenhuma.

•         Podem deixar crescer o bigode.

•         Se um amigo lhes chamar gordo, careca, velhadas, etc, isso não lhes abala em nada a amizade. Aliás, é prova de uma grande amizade.

•         São capazes de comprar os presentes de Natal para 25 pessoas, no dia 24 de Dezembro em, no máximo, 25 minutos!

•         Para um churrasco, só precisam de carvão, carne, sal grosso, uma faca e uma tábua e, no máximo umas calças, para limpar os dedos sujos de gordura.


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The Pretty Young Things

(Homens)

JONAH HILL, PAUL RUDD, SETH ROGEN, and JASON SEGEL, The Pretty Young Things
by Annie Leibovitz para a Vanity Fair
(esta fui eu que me lembrei de pôr aqui, achei que ficava a condizer com o estudo)


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Relembro: se procuram Leitões da Bairrada a preço justo é descerem, por favor, até ao post seguinte.

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Muito gostaria ainda de vos convidar a irem até ao meu outro blogue, o Ginjal e Lisboa. Hoje por lá está uma festa: Alice Ruiz em poesia dita e cantada com a ajuda da Zélia Duncan. 

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Hoje vinha com ideia de falar de coisas sérias, vejam vocês bem. 
No fim, deu nisto (foi de pensar na pele estaladiça dos leitões, só pode). 

Desejo-vos, meus Caros Leitores, um dia cheio de alegria. 
Há lá coisa melhor do que a gente sentir-se bem, com vontade de rir...?

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segunda-feira, novembro 04, 2013

A EDP apresentou neste terceiro trimestre resultados que superaram as expectativas. Até Setembro os resultados líquidos quase atingiram os 800 milhões de euros. Enquanto isso, talvez para assinalar os seus bons resultados e deixar bem claro ao que andam, sem sequer avisar previamente a Câmara, a EDP deixou os bairros sociais do Porto às escuras. O Lagarteiro e Contumil já estão. Seguem-se outros. No céu cinzento sob o astro mudo, batendo as asas pela noite calada, vêm em bandos com pés veludo chupar o sangue fresco da manada.


No post a seguir a este, falo de alguém que deixou de sofrer da forma mais triste possível e que apenas foi notícia no momento em que isso aconteceu. Antes, os jornais não noticiaram a sua dor, entretidos que andam com um outro caso muito deprimente e mediático. Para quase todas as pessoas, a sua dor não sai nos jornais. Nem tem que sair. No entanto, se me permitem, deixem que partilhe convosco a preocupação de que não nos esqueçamos de dedicar atenção aos que, perto de nós, anónimos, também precisam de ajuda. 

Mas isso é mais abaixo. Aqui, agora, a conversa é outra.

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A EDP apresentou resultados relativos ao 3º trimestre de 2013 que superaram as estimativas dos analistas, o que ajudou à subida das acções. 


A EDP alcançou nos primeiros nove meses deste ano um resultado líquido de 792 milhões de euros.

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Em Portugal há cada vez mais pessoas que vivem sem rendimentos. 

(Não sei como vivem.) 

Ou que vivem no limiar da sobrevivência, com o subsídio de inserção ou com outros trocos. Não sei como se alimentam, como se vestem, como conseguem mandar os filhos à escola ou tratar dos velhos. Se calhar pagam quase nada de renda ou também não pagam. Não sei.


Não têm dinheiro para pagar a luz. Fazem puxadas ilegais ou não pagam. Não têm como.

Nisto há sempre excepções e não vale a pena vir alguém dizer que há quem não pague, podendo fazê-lo. São excepções e as medidas não se fazem para as excepções.


Gente que não tem como pagar a electricidade, nos bairros sociais do Porto (e noutros bairros), desvia a electricidade para as suas pobres habitações. Não sei qual o rombo que isso causa nas contas da EDP mas admito que seja uma gota de água.

Mas para os chineses que pagam o ordenado a António Mexia todas as gotas contam e, sem aviso, cortaram a electricidade a numerosas famílias nos bairros sociais do Porto. Lagarteiro, Contumil. A zona da Campanhã sob ataque cerrado. Outros se vão seguir. E não apenas no Porto.


Leio no Público:

Conceição Lencastre e o marido, Albano Lencastre, lamentava ao início da noite não terem energia para carregar a bateria da cadeira de rodas eléctrica do filho de 23 anos, deficiente motor. “Vou ter de pedir aos vizinhos para me deixarem carregar a bateria da cadeira ou que me mandem uma extensão”, dizia Conceição, beneficiária do rendimento social. “Já não recebemos uma conta de luz há cinco anos. Não sei quanto devemos. Ou pagamos a luz, ou comemos. Fomos uma vez à EDP para pagarmos em prestações, mas a primeira tinha de ser de 500 euros. Não temos.”

Já Teresa Monteiro, de 54 anos, admitia que esta madrugada seria passada “à luz das velas”. “Tenho oito pessoas em casa. Com 254 euros por mês como é que pago a luz?”, questionava sentada à porta do bloco 7, à luz dos candeeiros públicos. “Fui operada há pouco tempo. Não consigo andar e agora nem luz tenho”, lamentava-se, admitindo ter uma “dívida muito grande de luz, água e renda”.

Ao lado, Maria Arminda voltava das compras preocupada com a mãe de 85 anos que estava em casa “à luz da vela”. “Está sem luz, sem frigorífico e não pode cozinhar. Como se faz vida assim? Sei que temos dívidas, mas não temos como pagar.”


Rui Moreira queixa-se que a Câmara não foi avisada. Para quê? Os chineses que pagam o ordenado a Mexia e a Catroga não são especialmente conhecidos por respeitarem os direitos humanos - quanto mais etiquetas.


A EDP não é uma instituição de caridade e admito que não possa, de olhos fechados, permitir situações abusivas. Mas há o lado humano das empresas. Pode, em conjunto com as instituições públicas que têm por obrigação representar e defender as pessoas, estudar-se uma forma digna de resolver os problemas sem atentar contra o direito à sobrevivência e ao respeito que toda a gente deve merecer, ricos ou pobres.

O capitalismo, em si, em abstracto, não é forçosamente mau. O que é mau é o que acontece quando a selvajaria, a desregulação, a prepotência, a desumanização, andam à solta. O que é mau é ter poderes políticos que, em vez de se mobilizarem para melhorar as condições de vida de todas as pessoas, se mobilizam para defender o dinheiro e quem o tem em grandes quantidades. O que é mau é a cegueira de quem elege políticos que mais defendem quem se permite deslocar as suas sedes sociais para não pagar impostos nos países de origem, do que os pobres que mal conseguem sobreviver.

*


Não consigo dizer mais nada sobre isto porque me sinto ferida com situações como estas. O meu País está a atingir níveis de pobreza que assustam. Acresce que quem governa o meu País revela insensibilidade política e social a todos os níveis e está a pôr nas mãos de estrangeiros sem rosto os recursos e os serviços estratégicos de Portugal.

Sem recursos, sem direitos, os portugueses são fáceis, dóceis. Por receio, por cansaço, por vergonha, talvez até por delicadeza, estão a deixar-se matar.



Não pode ser. Isto não pode continuar. Temos que nos levantar e lutar. Todos.

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Os Vampiros, José Afonso e amigos

(...)
São os mordomos Do universo todo
Senhores à força Mandadores sem lei
Enchem as tulhas Bebem vinho novo
Dançam a ronda No pinhal do rei

Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada
(...)

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Relembro que sobre a dor da gente que não sai nos jornais, é descer um pouco mais.

As imagens são, uma vez mais, a arte de rua de Banksy.


Gostaria ainda de vos convidar a visitarem-me também no meu outro blogue, o Ginjal e Lisboa. Aí o meu corpo mostra-se aos pássaros brancos que voam como cavalos alados junto às palavras do Poeta Abel Neves. A música que se lhes segue é a de Mayra Andrade com Traz outro Amigo.


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E por aqui me fico hoje. 
Desejo-vos, meus Caros leitores, uma boa semana a começar já por esta segunda feira.