Na minha família, nos últimos dias, duas pessoas com covid. Há umas duas ou três semanas, outras duas. Li agora que, na realidade, a bicheza anda outra vez em força, por aí, e provavelmente em maior quantidade do que se pensa. É que, não havendo a obrigação de comunicar, pelo menos do que sei, a maior parte das pessoas não comunica a ninguém. Anti-piréticos ou analgésicos, anti-histamínicos, muitos líquidos e descanso. E, assim, grande parte da malta vai-se orientando sem precisar de ir ao médico. Portanto, os números de que se fala devem ser apenas os dos casos mais graves. Só espero não apanhar pois se me dá outra vez para o sono, não estando eu ainda restabelecida do anterior, não sei como vai ser.
Quando digo que ainda não me restabeleci é porque, na altura em que tive covid, dormia horas a fio e, um ou dois ou três meses depois, ainda tinha um sono incomum. E agora, um ano depois, tenho ainda mais sono do que me parece normal. Se, depois de almoço ou depois de jantar, me sentar comodamente, sem estar a fazer alguma coisa, é certo e sabido que, daí a pouco, estou a dormir. Mas isto acontece comigo e acontece com o meu marido. Por exemplo, ainda hoje, estava à minha espera para irmos fazer uma caminhada antes de almoço. Sentou-se e, como me atrasei, passado um bocado estava a dormir.
Não sei se é por isso mas também parece que estou mais preguiçosa.
Nos últimos dias, trabalhei bastante. Andei a varrer, a toda a volta da casa, os caminhos que circundam a casa. Numas zonas, há folhinhas secas de azinheira e bolotas que não acabam; noutras, há caruma, há pinhas secas e roídas; e, por todo o lado, há outras folhas. E há outra coisa que complica imenso a varredura: a folhagem agrega poeiras e terras e, às tantas, já começam a despontar aí ervas ou, mesmo, pequenos pés de azinheiras.
Portanto, arranquei ervas e pontas de coisas que nascem por todo o lado, e varri e varri e carreguei não sei quantos contentores, pesados. Claro que, em primeiro lugar, temo sempre que o esforço continuado perturbe as minhas articulações dos joelhos. Por isso, tentei ser comedida no seu transporte e, sobretudo, airosa no acto de pegar neles, pesadões, e os despejar em zonas em que mais matéria orgânica dará jeito.
E, se por aí, até ver (e deixa cá bater três vezes na madeira), ainda me parece que estou bem, a verdade é que desde ontem ao fim do dia e até hoje, só tenho vontade de dormir. Esforcei-me por não adormecer de tarde não fosse de noite ter alguma insónia. Mas, caraças, que soneira.
Por isso, não vou comentar o espectáculo que são as comissões parlamentares com as pessoas a serem espremidas em directo, com as televisões em cima, nem vou comentar as expulsões da Sónia Tavares e da Bárbara Guimarães por terem sido apanhadas a comer num local destinado a quem pagou bilhete (ou o recebeu de presente) para isso e não a pessoas que ali estão a trabalhar. E não o faço não apenas porque tenho mais que fazer mas porque estou cheia, cheia de sono.
Há bocado, depois de ter acabado o jogo de futebol, o meu marido resolveu ir dar uma volta com o dog mas eu não fui, já tinha dado para esse peditório. O dog também não queria ir, achava que já estava mas é na hora de se encostar para descansar. Regressaram algum tempo depois e o pobrezinho vinha feito um pinto (e refiro-me ao dog pois não trato o meu marido por pobrezinho). Há um lado bom nisto: a terra fica regada. Por isso, apesar de ficar um bocado desconfortável com este tempo, não consigo insurgir-me. O que me vale é que lavei a roupa hoje de manhã. Estava vento, secou bem.
E agora, antes de desligar o computador, só me lembro de vos dizer que nestes dias em que andei a varrer e a deixar que a minha pele assimilasse vitamina D ao máximo, fui acompanhada por uma maravilhosa borboleta amarela. Não sei se alguma vez tinha visto uma borboleta tão linda. Vários tons de amarelo, quase reluzente. Como andava mais do que à paisana, desprovida de quaisquer equipamentos que não a vassoura, uma pá metálica e um contentor, não tive como registar tamanha beleza. A fotografia lá em cima foi obtida na internet e não tem nada a ver com a formosura da que esvoaçava à minha volta. Não sei, de resto, se era sempre a mesma ou se, tal como há esquilos, agora também há borboletas que, se calhar, são fadinhas douradas.
Ah, é verdade, já me esquecia de dizer que, para além da vida ser uma coisa fantástica, há ainda outra: é que a linha mais curta entre dois pontos é uma linha entre nós (isto é, eu e vocês aí desse lado).
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Dias felizes para si que está aí desse lado