Penso que não é propriamente caso para se ter orgulho. Nem ter nem deixar de ter. É o que é e ponto final. Não sinto orgulho por não ser gay. Não sinto nem deixo de sentir. Nasci assim. Fazer o quê? Se tentasse mudar acho que não conseguia. Cada um é como é.
Já o disse aqui muitas vezes: não concebo qualquer tipo de discriminação em função da orientação sexual. Quem a pratica revela ser bronco, retrógrado, preconceituoso, grunho, cavernícola.
O que também me faz muita impressão é ser gay e, por vergonha ou qualquer tipo de condicionamento a que se sinta sujeito, não o assumir, vivendo uma vida de ocultação, de disfarce, de negação. Conheço um caso assim no masculino e outro no feminino. Parecem pessoas felizes mas imagino as barreiras internas a que quotidianamente se submetem e as frustrações que vivem na sua íntima solidão. E se calhar conheço outras pessoas de que nem desconfio.
Que receiam essas pessoas? Serem alvo de chacota? De rejeição? Incapacidade em viver a pleno a sua sexualidade?
Não sei mas, se me puser no seu lugar, imagino que se eu, toda a vida, tivesse forjado uma sexualidade que não era a minha, talvez sentisse receio de assumi-lo perante o meu marido, os meus filhos, os meus netos, os meus amigos e conhecidos. Se calhar recearia o seu olhar, temeria confundir com troça qualquer inofensivo sorriso. É preciso alguma coragem, sim. Por isso é bom que se assuma com naturalidade a sua condição o mais cedo possível.
Por haver ainda tantos tabus penso que é importante que aqueles que já os romperam exibam publicamente a sua condição. E que usem o humor. Talvez a sua alegria e o tom de brincadeira com que se referem à sua condição de gay incentive os que se sentem receosos.
Vi uma selecção de cartazes engraçados usados em manifestações gay e apeteceu-me trazer aqui alguns.