Uma vez estava ao telefone do lado contrário da sala àquele em que tinha deixado a carteira -- e vou já avisando que, quando me refiro a carteira, quero dizer aquele recipiente a que outras pessoas chamam mala.
Então, precisando de um documento, fiz sinal ao colega que estava lá perto e pedi-lhe que me desse a bolsinha de documentos que estava dentro da dita carteira. Fez-me sinal que não. Não percebi. Pedi um minuto ao meu interlocutor telefónico e insisti com o meu colega, pensando que ele não tinha percebido: 'Desculpe. Faz-me um favor? Pode abrir a carteira e tirar de lá a bolsinha dos documentos?'. E ele: 'Não, desculpe mas não vou fazer isso'. E eu, sem perceber: 'O quê? Não pode fazer-me esse favor?'. E ele: 'Não. Desculpe. Não vou fazer isso. Tenho medo.'. E eu, sem perceber: 'Medo? Medo de quê?'. E ele: 'Tenho medo de enfiar a mão na carteira das senhoras'.
Os outros deram-lhe razão. Todos disseram que também tinham medo.
Tive que interromper mesmo a chamada e dizer que voltaria depois, com o documento.
Não queria acreditar. Estavam no gozo, claro. Dizia um: 'Não se pode arriscar. Quando se mete a mão na carteira de uma senhora, nunca se sabe o que se vai encontrar'. Todos concordaram. Um risco, diziam.
E eu, de repente, caí em mim e dei graças a todos os santinhos por ele não ter acedido ao meu pedido. Bolas... que sorte.
A quantidade de coisas que sempre tive nas carteiras é indescritível. Carradas de coisas. Resmas. Paletes.
A coisa começa sempre bem, só o indispensável, tudo muito racional. Mas depois é a embalagem dos lencinhos, depois o baton. Depois outro baton. Depois um gloss. Depois outro, noutro tom. Depois o perfume de bolso. O pente, claro. O eyeliner. Pastilhas elásticas. Uns ganchinhos. Travessão para apanhar o cabelo. Bolsa das moedas. Porta-documentos. Uma caneta. Outra caneta. Um lápis. Uma fita métrica velha do ikea. Um bocado de papel. Uma talão de uma loja de que já não se consegue ler uma única letra ou número. E mais tudo o que se lá for juntando.
Antes da menopausa podia também haver uma bolsinha com um penso ou um tampão. E foi nisso que pensei naquele dia ao imaginar o desastre que poderia ter acontecido se ele lá tem enfiado a mão e agarrado um tampão.
De cada vez que mudo de carteira, mudo para lá os essenciais e fica na outra o que carece de escolha para, mais tarde, ver o que deve ser deitado fora e o que deve ser resgatado. Até que me esqueço. Ficam carteiras com toda a espécie de coisas lá dentro. Não sei se lixo, se relíquias.
Contudo, com o corona, tudo mudou: até o conteúdo da minha carteira. Agora a própria carteira é mínima, pequenina, fininha, nada a ver com as que transportavam toneladas. Agora é uma bolsinha espalmadinha com uma correntezinha para usar. Pouco saindo de casa, a minha carteira agora tem apenas o porta-chaves com as minha muitas chaves, a bolsa dos documentos*, uma factura**, uma caneta e uma máscara de reserva. Levezinha de dar gosto.
Explico os asteriscos.
* Sobre a bolsa dos documentos tenho a dizer que, depois de ter experimentado toda a espécie de bolsas -- porta-moedas, porta-documentos, grandes, gigantes, com mil divisórias, pequenas também com divisórias, multifunções -- encontrei a ideal. Antes todas acabavam bojudas, deformadas, mal fechando, pesando quilos. Agora é um descanso. Comprei uma bolsinha mínima, simples, apenas com uma pequena divisória lateral. Salvo erro, custou doze euros. Parece de pele mas não deve ser. Comprei-a numa lojinha chinesa. Os cartões ficam na bolsinha principal, mesmo à medida. Abdiquei de usar parte dos cartões que raramente uso. Na bolsinha lateral tenho uma nota e duas ou três moedas. Levezinha, prática, pouco espaço ocupando e com tudo à vista e à mão de semear.
** A cena da factura tem a ver com isto do confinamento. Pode ser preciso mostrar onde moro. Nunca foi preciso mas também não pesa nem chateia.
Nestes dias de total imersão em teletrabalho, não tenho de que falar. Só saio de casa para fazer uma rápida caminhada à hora de almoço e não tenho paciência para notícias.
Há bocado, num zapping, apareceu-me aquele mangas de alpaca que pode ter algum jeito para contabilidade mas zero para política. Sempre com ar de mestre-escola maldisposto, é criatura que não apenas é de má catadura como de maus fígados. O que ele está a fazer é abrir a porta aos laranjas, empurrando-os para os braços do chega. Pode dizer-se que são laranjas podres, gente vendida que não interessa nem ao menino-jesus, gentalha que se vende por dez réis de mel coado e um lugar numa autarquia, numa junta, numa empresa municipal, no que for. Antevendo que o alpacas não vai longe, devem estar todos a bandear-se para quem se está nas tintas para ideologias e quer é pôr as patas nas máquinas do poder. Por isso, se vejo gente destas ou do género, o que logo faço é fugir a sete pés.
Conclusão: não tenho temas frescos nem nada que interesse para aqui dizer. Não que nos outros dias tenha mas, pelo menos, sempre posso tentar. Assim nem isso.
Então, reduzo-me à minha insignificância e ponho-me a ver vídeos. Podia ver instagrames, feicebuques ou quejandos mas também nem isso. Sou muito rudimentar: só iutubes e blogues, coisas datadas, pouco féchanes.
E, hoje, o que o meu amigo algoritmo teve para me propor foi coisa inusitada. Uma senhora com idade para ser minha mãe -- e que eu não via desde o tempo em que ela já era assim, como é hoje, muito artilhadinha, e que era eu, então, uma jovem -- mostra o que tem na sua carteira. E o mais curioso de tudo é que o tempo passou, eu tornei-me uma anciã qualquer dia centenária e ela... ela, caraças, ela continua igualzinha ao que era nos tempos da Dinastia.
E não estou a ironizar. É ver para crer. Ainda por cima, vejam a graça: anda com um santinho na carteira, o Sto António, imagine-se. Eu que gosto tanto de Stos Antónios.
Joan Collins: In The Bag
E, a seguir, uma outra senhora também entrada na idade mas igualmente com tudo em cima, jovem, linda, elegante, simpática e, ainda por cima, bem open minded
Passo, então, a dar uma breve nota deste meu dia de despedida de umas tão preciosas três semanas de férias.
Para começo, a parte mais chata: arrumações e compras no supermercado, incluindo legumes para a sopa -- coisa que, a não ser para as crianças, já não fazia vai para cima de um mês.
Depois, caminhada à beira-rio. Estranhando tanta gente, aproximámo-nos do ajuntamento. Camiões gigantes todos iguais. Muita gente com tshirt U2. Claro: é o hoje o concerto no pavilhão Atlântico (ainda me horroriza dizer Altice Arena). De facto, tínhamos vistos uma reportagem com a Ana Moura, que ia cantar com eles. Muito bem. U2 em Portugal e nós, noutro planeta, sem darmos por isso. Não sei se o Bono já tem voz. Deve ter senão não mantinha o concerto.
Gosto dos U2 mas devo dizer que aquele Bono já me parece um franchising dele próprio. E desde aquilo da evasão fiscal fiquei a olhá-lo de lado. Bem prega Frei Tomás -- e parece que é sempre isto, quanto mais pregam mais se desenfiam. Bem pode andar a fazer merchandising de causas mediáticas que para peditórios desses não contam comigo: fico-me apenas pelo lado musical da coisa.
Fizemos a nossa caminhada na mesma. O rio estava chão, um espelho. No entanto, não cheirava muito bem. A maré vaza hoje não estava especialmente perfumada. Fotografei na mesma.
A seguir fomos aos nossos petiscos cantoneses, incluindo crepes vietnamitas que, para o efeito, não querem saber de geografias e são deliciosos.
Depois de uns afazeres intermédios, ala para o cinema. O meu marido é quezilento quanto a filmes chatos e mais ainda em relação a salas com mastigantes pipoquentos -- coisa que a mim também me maça mas não tão radicalmente quanto a ele -- mas, tendo visto na televisão o anúncio a este filme, não se opôs.
'Do jeito que elas querem' que, no original, se chama 'Book Club' com Diane Keaton, Jane Fonda, Candice Bergen e Mary Steenburgen nos papéis principais foi uma boa escolha. Na verdade, não podíamos ter fechado as férias com melhor chave de ouro. Claro que é daquelas comédias ligeiras mas o que nos rimos valeu bem a pena. O tema é a sexualidade (e a vitalidade e o gosto pela vida) na idade madura, a amizade entre mulheres, o amor que só aparece quando se está disponível para ele. Etc. O meu marido que não é de riso fácil, fartou-se de rir. Portanto, já podem ver.
Só encontro trailer legendado em brasileiro o que é um bocadinho enervante porque há expressões que não são bem as nossas mas, ainda assim, prefiro ao não legendado para ser perceptível por quem não se entende bem com a língua inglesa.
Queria mostrar um bocadinho das cenas com Andy Garcia que faz um papel simpatiquíssimo na contracena com a Diane Keaton, muito contido mas muito sólido e interessante e aqui, sim, tem que ser mesmo em inglês pois não encontro com legendas.
Bem, agora que que se ouvem tantas meninas a gritarem que vem aí o lobo e que eu já disse o que tinha a dizer sobre o assunto -- deixando umas sugestões para os senhores que nos governam -- vou intervalar.
De qualquer maneira, a quem não aguentar a espera e quiser já ouvir-me a dar conselhos ao Costa, ao Centeno (que, coitado, tão estafado parece estar, dá ideia de já mal poder com uma gata pelo rabo) e ao Mister Foreign Affair e, tagarela como sou, também a falar do orçamento, de caniches que não largam, de incontornáveis popotas e de galinhas bronzeadas e sei lá que mais, pois que salte já daqui até lá para baixo.
É que, aqui, agora, vou falar de mulheres. Da beleza das mulheres quando deixam de ir para novas. (Hélas, como é o meu caso).
Jennifer Lawrence, 25 anos, e Jane Fonda, 78 anos - por Annie Leibovitz para a Vanity Fair, 2016
Silêncio e tanta gente - Maria Guinot
Hoje fui ao supermercado à hora de almoço. Todas as semanas levamos as compras mais pesadas para que a terceira idade não tenha que o fazer. Quando me atraso, o meu marido despacha tudo num ápice: as compras cingem-se ao estritamente necessário. Quando eu vou, dou-lhe cabo do sistema nervoso porque o tempo é limitado e eu, sem querer, perco-me.
Jane Fonda, 1978
Geralmente, mal o apanho de costas, pisgo-me a ver se há promoções na zona dos cremes. Vejo para que idades são eles recomendados para ver se são mesmo os que eu deveria usar, se apagam as rugas, se eliminam a flacidez, e mais qualquer coisa de que agora não me lembro. Vejo se são de dia, de noite, se são tratamentos reafirmantes, se são daqueles que simulam preenchimento, etc. (O que será a outra coisa de que não me lembro?) Adiante. Depois vou ver os mais caros, para ver as novidades. Um balúrdio. Arrepio caminho e, se estou a precisar, fico-me pelos mais básicos.
Volta e meia encontro na casa de banho do escritório algumas colegas retocando as maquilhagens. Só vejo coisas de marca. Eu não. Abasteço-me na fancaria e, de preferência, no que estiver em promoção. Perdulária só sou com livros (ou coisas para a descendência, claro).
Pois bem, hoje havia promoções das boas, 35% de desconto. Abasteci-me, claro está. Agora já apliquei um creme de noite, dos novos. Com um descontão destes, trouxe um daqueles que, só pela embalagem, a gente já vê que é coisa técnica, certamente mais eficaz do que um lifting.
(Só espero amanhã, quando me vir ao espelho, poder constatar que estou com a cara que tinha aos 15 anos, sem uma ruguinha, pele quase de bebé.)
Helen Mirren, 2016
Tenho na parede do meu quarto, umas fotografias de quando me casei, banhada de sol, eu de calças brancas, justinhas, túnica Augustus branca, quase transparente, com uns bordadinhos brancos, cabelo curtinho, risonha, completamente in love e abraçadinha a um moreno sóbrio parecido com um sírio cabeludo e barbudo.
Helen Mirren por Lord Snowdon, 1995
Por baixo dessas fotografias coloquei uma minha e uma dele quando tínhamos eu um ano (quase careca, apenas uma penugem clarinha, e toda risonha) e ele com dois (cabelo escuro, muito penteadinho e muito sério).
Volta e meia páro a olhar: eu com 1 ano, eu com 20 anos e, depois, se me olhar ao espelho, eu agora. E tento perceber quantas das minhas células actuais sobreviveram desses meus verdes anos. Penso que já devem ter ido todas à vida e, no entanto, sou eu, a mesma.
Mas os traços da idade estão cá e mais virão. Melhor: tomaram que venham que será sinal que estou viva. E, de resto, com cremes milagrosos, quem sabe se não parecerá que cristalizei no tempo, sempre com carinha de vinte anos.
(Estou a brincar, bolas, não quero parecer um fóssil, senão, às tantas, ainda me confundiam com a Senhora Dona Lady).
Diane Keaton por Annie Leibovitz, 2016
Diane Keaton, 1985
Dantes eu pensava que as mulheres eram bonitas quando eram novas e que, depois, eram o que tinha sobrado. Agora já não penso assim. Agora já acho que há beleza em todas as idades. Além disso, quando me distraio, logo penso: olha, de qualquer maneira uma mulher aos 70 ainda é capaz de parecer toda gira aos olhos de um homem de 80. Mas é um pensamento parvo, claro, até porque o que não faltam são mulheres que despertam paixões em homens bem mais novos.
E o que se passa com mulheres, passa-se com homens. Contudo, a pele dos homens parece que resiste melhor ao passar do tempo. Ou, então, sou eu que sou mais benevolente com eles. Mas que os homens ficam mais interessantes, mais inteligentes, melhores companhias, isso é inquestionável -- isto, claro, se não ficarem velhos babacas, taralhoucos.
Mas volto às mulheres para referir aquilo que verdadeiramente penso a propósito disto: interessantes são as mulheres que não têm medo de parecer velhas, feias, sem graça. Interessantes são as mulheres que amam a vida e a querem viver, toda, tenham a idade que tiverem. Interessantes são as mulheres que ousam, que desafiam, que seduzem. Interessantes são as mulheres que gostam do seu corpo, que querem amar e ser amadas. Interessantes são as mulheres que têm prazer em despertar interesse e que estão disponíveis para se interessar pelos imprevisíveis instantes de felicidade que a vida tem para oferecer. Tenham 20, 40, 60 ou 80 ou mais anos.
Charlotte Rampling por Helmut Newton, 1974
Charlotte Rampling, Annie Leibovitz, 2016
Mulheres brancas e pretas, sempre belas em qualquer idade
As mulheres que dão cartas em Hollywood - por Annie Leibovitz para a Vanity Fair 2016
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Hoje, quando cheguei aqui à sala vinha numa de falar de um certo lobo com um filósofo à mistura. Mas, depois de umas boas charutadas (vide post abaixo), nada como dar uma espairecida e, por isso, desviei-me para isto das mulheres. A ver se amanhã venho, então, de lobo pela mão que agora, com o sono com que estou, vou mas é pregar para outras pradarias.
Caso estejam fartos de tanta mulherada, aceitem o meu convite e venham dar vivas a Portugal, enquanto as maria-amélias suspiram de saudades pelos algozes. É já aqui abaixo.
No post abaixo já vos mostrei como é fácil deslocar um edifício enormérrimo e pesado para burro e já lancei um apelo aos engenheiros civis do meu país, a ver se aplicam a mesma técnica para mover um certo edifício e depois mais outro e outro e outro: tudo de carrinho para longe da nossa vista. Xô!
Mas isso é a seguir. Aqui, agora, vou dar largas ao meu lado de gaja, de pipoca (doce ou salgada), de palmier (encoberto ou descoberto), de uva (passa ou passada), de princesa (a dias ou a termo), de mãe de quatro (com ou sem cocó na fralda), de tirititi, de linda porcalhota. Oscares: vestidos, toilettes, maquilhagens, looks, whatever. Também sou filha de deus, ora essa.
Podia escolher mais uns quantos outfits mas isto ficaria um lençol comprido até mais não e, portanto, vou comedir-me.
Cate Blanchett, sempre requintada. Vestido preto liso (John Galliano para a Maison Margiela) com colar de turquesas. Também gosto de me vestir assim embora as minhas vestimentas não sejam Margiela e os meus colares sejam da Parfois
Mr Moustafa: da banda sonora de The Grand Budapest Hotel
Marion Cotillard, elegante em branco. Dior. O vestido era invulgar e perfeito de tão inesperado. Não necessita de se descascar para ser uma mulher sexy Maquilhagem perfeita (ou não fosse ela um rosto Dior).
Meryl Streep, sempre com muito style. Não precisa de inventar vestidos com cauda, sem cauda, com transparência sou de gola alta: veste qualquer coisinha e fica sempre bem. Ia de Lanvin.
Jennifer Lopez no vestido after-oscar, a verdadeira sexy girl (com 45 anos). Transparente e sem nada na manga. Se eu um dia reencarnar, quero ter um corpinho e um descaramento que me permitam vestir uma transparência destas (Zuhair Murad Couture)
Gigi Hadid, que não sei quem seja, num vestido com muita pinta mas, claro, é do tipo de vestido que é para quem pode (com ou sem h, à escolha).
Irina Shayk, ex-Aveiro, apesar de não ser artista de cinema não perde uma festa destas. Não sei se será pelos croquetes, se é porque faz presenças. O que sei é que o vestido não devia proteger muito do frio e parece que ali em baixo, no pé, já tem uma malha. E na coxa parece que também já fez um pegão. Um problema. Não percebo é que habilidades terá ela que fazer quando precisar de fazer chi-chi: terá que se despir de alto a baixo? A D. Dolores, ao ver estas fotografias, até deve deitar as mãos ao alto: de perdições destas já o seu Ronaldo se livrou.
Duas charmosas num momento de ternura: Jennifer Aniston, toda maternal, a ver se pode com a Emma Stone
Amy Adams, Kylie Minogue e Sofia Vergara - as fabulosas mulheres de azul
Jane Fonda, elegantésima como sempre. 77 anos cheios de estilo e carisma
Bem...! E esta...? 81 anos e com um look de alface acabada de colher. Toda fresca e bem conservada. Nem dá para acreditar. Deve estar esticadinha por dentro e por fora, já nem deve conseguir abrir a boca. Mas não interessa, está giraça, essa é que é essa.
Em contrapartida, a Melanie Griffith, aos 57, parece mais velha que a outra, a Collins, que tem mais do que idade para ser mãe dela. Tanto se implantou (as poitrines, então, estão um exagero), tanto se enxertou e injectou de botox que acabou toda artificial. E, coitada, não se livrou das rugas. tanta mão de obra para isto. Aqui com a sua filha Dakota Johnson, a menina que gosta de apanhar tau-tau nas 50 Sombras de Grey. A maquilhagem da Dakota foi considerada, muito justamente, a melhor dos Oscares 2015
.....
Dos homens não tenho grande coisa a dizer, não vi nenhum com toilette que me desse no olho.
O outro pôs-se de cuecas mas, enfim, joga noutro campeonato e, de resto, não faz o meu género. Mas pronto, para não dizerem que, só a pôr aqui mulheres, às tantas também eu jogo noutro campeonato, cá vai elezinho.
Neil Patrick Harris, o apresentador dos Oscares 2015 - que falta de imaginação! De cuecas? De cuecas... e meias? E sapatos...? Bahhhh!
....
E o Oscar para melhor interpretação feminina foi para Julianne Moore, como seria de esperar.
Julianne Moore, 54 anos, dentro de uma obra prima - Chanel, claro
O meu nome é Alice
E um tema que temo.
....
E, já agora, uma mesa redonda com os nomeados masculinos, na qual Eddie Redmayne, o vencedor da melhor interpretação masculina, relata o seu encontro com Stephen Hawkins
Eddie Redmayne (The Theory of Everything) descreve o seu encontro com Stephen Hawking e o facto de ambos serem Capricórnios
Também Ethan Hawke (Boyhood), Timothy Spall (Mr. Turner), Benedict Cumberbatch (The Imitation Game), Channing Tatum (Foxcatcher) e Michael Keaton (Birdman)
....
Depois das artes, a ciência e a técnica: um extraordinário feito de engenharia civil vem já a seguir.
...
E hoje, com as vossas desculpas, fico-me por aqui porque tenho que me levantar com as galinhas e temo bem que tenha à minha espera um verdadeiro dia de cão.
Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma boa terça-feira.
Boa sorte para todos (e para mim também, se faz favor).
A ver se acabamos todos o dia a rir, na boa. Ok?
Se eu não fosse preguiçosa ia agora à procura das fotografias que fiz há uns três anos, salvo erro, quando passei por Cannes. Quem vê as imagens que passam na televisão ou as fotografias da passadeira vermelha, talvez imagine um aparato que, de facto, não existe. A escadaria não tem a extensão que parece e nada daquilo é monumental. É mais a graça de um festival de cinema numa terra do sul de França. Mais piada talvez pudesse ter o Festival de Cinema do Estoril se Portugal apostasse estrategicamente na vertente turística/cultural/cinéfila/etc.
Como praia, Cannes não é nada por aí além e, como terriola, é relativamente pequena. O mar é azul, há uma fauna algo bizarra e há boas casas, bons barcos, boas lojas. Estou agora a lembrar-me de um jantar num pátio interior muito agradável ou do pequeno almoço no jardim de um pequeno hotel.
Tirando isso, Cannes não tem grande história.
Mas o que eu acho não é relevante para aqui porque vou falar de moda.
Cate Blanchett é daquelas artistas de que gosto muito: versátil, com muito charme, aquele charme que vem da inteligência, com uma modernidade intrínseca. Annie Leibovitz que a fotografou diz que é uma mulher com uma plasticidade excepcional.
Poderia escolher para colocar aqui o belíssimo vestido Valentino que Cate Blanchett usou na passadeira vermelha, mas prefiro escolher o visual cidade. É o estilo de vestuário de que gosto bastante. Usa um conjunto Delpozo.
Não percebo bem o feitio da parte de cima mas gosto na mesma. Tem pinta.
Pessoalmente, prefiro as calças mais justas em baixo. Estas são um pouco mais largas do que eu gosto mas, enfim, suportam-se. E o conjunto fica lindamente com os sapatos encarnados. Também gosto imenso de sapatos altos encarnados e justamente deste mesmo feitio: fechados atrás e quase fechados à frente.
E gosto do cabelo natural, despenteado, e dos grandes óculos escuros. Muito bem, como sempre.
A seguir uma mulher que me intriga e fascina: Jane Fonda.
Aos 76 anos Jane Fonda mantém uma beleza notável. Elegante, esbelta mesmo, muito feminina, Jane Fonda parece intemporal. O vestido é Elie Saab Couture e Angelina Jolie já vestiu um igual noutra cor. Mas o vestido ganha outros contornos, outra força, no corpo e na elegância desta mulher.
Olha-se o seu rosto e, claro, não é o de uma mulher com 45 anos, como Cate Blanchett.
E já deve ter feito mil plásticas e faz dietas e ginásticas.
Não interessa. O que quer que tenha feito, fez bem feito. Ainda conserva a s suas feições, os traços do rosto são os mesmos.
E tem ainda brilho no ollhar, alegria e tem, bolas que quase sinto inveja..., um corpo invejável.
Por contraste, mostro Nicole Kidman que aqui quase parece a Branca de Neve rodeada de anões. É certo que é menina para 1,80 m e, com saltos, ainda fica mais calmeirona (bem que o Tom Cruise penou por causa disso). Na fotografia aqui ao lado, em que veste Armani Privé, toda a gente à sua volta parece que encolheu.
Além disso, a australiana Nicole Kidman - que afinal não é australiana nem se chama Nicole (de facto nasceu no Havai e foi registada como Hokulani) - tantas tem feito que já parece uma boneca.
Olha-se para ela e já me parece aquelas actrizes de Hollywood que se recusam a envelhecer e se vão recauchutando até ao limite do razoável, acabando por ficar artificias e sem glamour.
Estou com uma certa curiosidade para ver o filme Grace Kelly que pôs a principesca família monegasca numa pilha de nervos.
Coloco-a aqui, na galeria dos destaques, não pelos melhores motivos, mas porque está no centro da polémica por protagonizar um filme que está no centro da polémica.
Já sabem: se estou cansada, adoentada, chateada, furiosa, preocupada, e por aí vai, o que me ocorre não é carpir, invectivar, ou outras coisas acabadas em ir ou ar, quiçá até acabadas em er. Nada disso. Só me apetece falar de ligeirezas, parvoíces e outras irrelevâncias.
Por isso, para que não digam que vieram ao engano, vou já avisando: por aqui, hoje, não vai sair nada que tenha muito sumo.
Enfim. Pode ser que alguns cavalheiros achem que, bem espremidas as coisas, alguma suculência encontrariam. E vou esforçar-me por que as senhoras tenham também motivo para encontrarem alguma substância.
Vamos ver.
No post abaixo já vos mostrei os 4 melhores vestidos da Noite dos Oscares 2014. Aqui, agora, prossigo com a festa.
Música, que festas a seco não dá: que entre outra das canções nomeadas
Do filme Her - Karen O and Spike Jonze interpretam "The Moon Song"
*
A verdadeira festa acontece depois da cerimónia. São célebres as festas organizadas pela Vanity Fair. Não são para qualquer um e todos sabem que é lá que se encontram os felizes e os que disfarçam as suas frustrações, mais os bem dispostos e os que já não precisam de fazer à foto em revistinhas de tipo Ana ou Maria.
Na Vanity Fair encontram-se os que têm alguma patine, algum chic, os que têm alguma coisa de especial.
Gosto de espreitar a Vanity Fair. Há ali um bom gosto que me agrada, uma ligação à arte, uma irreverência desempoeirada que traz uma certa modernidade. Vendo bem as coisas o que eu escrevi está cheio de redundâncias mas não me apetece coar a escrita.
As fotografias dos que compareceram são muitas mas não vos ia maçar para além da conta, não é?
Por isso, escolhi aqueles que acho giros, que têm pinta, de quem gosto, aqueles com quem me sentaria à mesa ou quem talvez conseguisse conversar sem esforço - bem, estou a exagerar. Com os três últimos talvez me limitasse a trocar uns leros sobre trapinhos e assim
A chamada ménage à trois mas esta é das inofensivas:
Bono e o casal Portia de Rossi e a mulher, a apresentadora, Ellen Degeneres
De propósito para a leitora JV
a intemporal e bela Jane Fonda e o viril Jon Hamm
Um casal com muita pinta:
O destemido Harrison Ford e a elegantésima e extraordinaireCalista Flockhart
O soma e segue e que, pelos vistos, por onde passa
vai fazendo filhos: Bruce Willis aqui com Emma Heming
Quando eu for grande quero ser como ela, giraça, classuda, bem humorada:
Candice Bergen com Marshall Rose
Bela e elegante, a quase intimidadora
Evan Rachel Wood
Tivesse eu a idade dela
e tivesse sido convidada para a festa
a ver se eu não ia assim vestida:
Karlie Kloss, a menina marota
Não faz o meu género
que sou mais dada a morenos com ar mal comportado
mas, enfim, reconheço que tem um certo charme:
Simon Baker com uma companhia bem gira mas de quem não sei o nome
****
Judite, a cougar,
que se viu livre, em boa hora, do Seara
Pois é: acabo de ler por aí que outra que soma e segue é a colunável, diabolizada (ela assim se disse) e putativa Pipi das Botas Altas, a Judite Dartacão de Sousa.
Com 53 anos e saída de um divórcio que a arrasou, eis que leio que Judite de Sousa está de novo apaixonada, agora por um consultor informático de 36 anos, Nuno Albuquerque de seu nome. Nada de mais uma mulher apaixonar-se por um homem quase 20 anos mais novo. Tem alma de cougar e faz ela muito bem. Um homem com 36 anos já tem alguma sabedoria e ainda deve ter pedalada que se veja pelo que é bem capaz de estar quase no ponto. Faz bem a Judite.
Aliás, percebo-a bem. Depois de aturar o catavento mediático que já cansa de tanta fungadela inconsequente e, ainda pior, o Mas-ó-Dr. Medina (Carreira), essa bolorenta múmia que lhe atenta o juízo, só lhe deve apetecer sacudir o sarro e a baba que eles deitam e, foge!, respirar ar puro.
Daqui lhe desejo as maiores felicidades. Uma mulher apaixonada fica mais bonita e tem mais motivação e os espectadores agradecer-lhe-ão essa atenção. E, de resto, toda a gente merece a felicidade e eu, verdade seja dita, até nutro por ela um bocadinho de simpatia.
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Como é bom de ver não é hoje que tenho disposição para escrever sobre ressuscitadas criaturas que são patetas todos os dias e que atribuem aos outros patetices que são apenas suas, ó patéticas e relvosas criaturas.
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Relembro: Para os quatro melhores vestidos da Cerimónia dos Oscares é favor descerem até o post seguinte.
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E, por hoje, por aqui me despeço. Amanhã tenho cá os meus meninos mais cedo ainda do que quando vou trabalhar. Eu não trabalho mas os pais das crianças sim. Por isso, amanhã é outra vez dia de festa cá em casa.
E com o mau tempo que está, nem deve dar para irmos com eles para o jardim. A ver vamos. Já aqui tenho uns livros de actividades que eles adoram. E têm, claro, os brinquedos. Mas, vá lá perceber-se porquê, só querem brincar comigo.
Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela terça feira!
Diz Jane Fonda (e aconselho francamente que a ouçam) que o mais condiciona a vida de uma pessoa
não é tanto o que lhe acontece mas a forma como reage ao que lhe acontece. Eu
não podia estar mais de acordo.
Há pessoas a quem surgem oportunidades fantásticas e que,
por uma série de indecisões ou más decisões, acabam por passar ao lado do que
poderia ser uma vida feliz e realizada.
Há outras a quem acontecem insignificantes contratempos e
arrelias e que se deixam enredar de tal forma em equívocos, mal entendidos, reacções
extemporâneas, que acabam submersas em coisas que poderiam e deveriam ser coisa
de nada.
Em contrapartida há pessoas que seguem em frente,
dispostas a não desgastar energias com o efémero que pulula no dia a dia, nem a
comprometer o rumo do seu caminho a troco de coisa nenhuma.
Diz Jane Fonda, com a autoridade de quem está nos 74 com
um aspecto fantástico e uma vida preenchida e realizada, que a vida é melhor, que a
longevidade pode ser usufruída com muito maior qualidade se soubermos manter o
propósito de sermos felizes.
Digo eu que a vida faz mais sentido se não nos
desviarmos dos nossos propósitos à primeira contrariedade. Tantos exemplos que
conheço de pessoas que, por dá cá aquela palha, viram as costas ao destino.
Depois, mais tarde, reconhecem que erraram, que exageraram na reacção mas já é
tarde demais, o mundo já seguiu a sua trajectória.
...
Discute-se agora nos meios ligados à gestão se para um
progresso (ou sucesso) sustentado, é preferível a inovação e a criatividade ou
a boa gestão.
Depois de muitos anos a divulgar-se e a incentivar-se a
criatividade como o motor de sucesso de tudo, eis que começam a levantar-se
vozes em defesa da qualidade da gestão.
E são dados exemplos de ideias de grande criatividade que
por lhes faltar as bases mínimas em termos de gestão acabam por soçobrar e, em
contrapartida, ideias que apesar de nada terem de inovador, se tornam sucessos
fantásticos.
Defende-se e demonstra-se que a criatividade será sempre
uma coisa de nichos, uma coisa de pequenos grupos, não massificada; pelo
contrário a qualidade da gestão pode advir de se pegar numa dessas ideias,
inovadora ou não e implementá-la de forma sustentada, com bons processos
internos, com uma boa ligação ao cliente.
Que cada um de nós, na nossa vida quotidiana, não se exaspere se não descobrir aquela fantástica ideia luminosa que acontece uma vez na vida de uns quantos iluminados - a vida pode ser boa na mesma se nos limitarmos a fazer aquilo de que gostamos, com a competência possível, com os meios ao nosso alcance.
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Prosseguindo na senda dos assuntos de interesse geral, faço agora questão de aqui dar conta de um inquérito levado a cabo junto das leitoras da revista Hola relativamente a qual o treinador que consideravam o mais sexy.
Pois
venceu Pep Guardiola (3.360 votos), seguido de longe por José Mourinho (apenas
1.226).
Tenho alguma dificuldade em perceber pois, à vista
desarmada, o nosso special one é bem mais giro, tem mais malandrice.
Mas,
talvez, no momento de votar, as leitoras tenham avaliado de outra forma.
Defensores que são do que é deles, a primeira motivação das leitoras
(espanholas na sua maioria) pode muito bem ter sido dessa ordem, ou seja, com
algum chauvinismo à mistura elegeram um espanhol.
Depois, talvez tenham pensado
que o José Mourinho tem um bocado de mau feitio, tem talvez alguma malandrice a
mais e, daí, talvez tenham preferido o Pep que tem ar de bom rapaz, malandreco
mas um malandreco inocente. Nestas
coisas, nenhuma mulher quer um santinho mas um indivíduo um bocado arrogante e quezilento
pode ser uma carga de trabalhos. Por isso, por via das dúvidas, devem ter
votado no Pep.
Uma outra razão – mas, claro, tudo isto é mera
especulação - pode ter a ver com o cabelo. Dizem que é dos carecas que elas gostam e
isto tem uma razão de ser e, como sempre, radica no lado mais animal do ser
humano em que, como qualquer animal, a fêmea procura o macho que mais garantias
dá de ser um bom procriador. Ora deve ter ficado gravado no DNA da espécie que
os carecas são melhores reprodutores. Isto deve-se a que a testosterona é uma
das principais causas de calvície. Claro que há outras causas para a calvície e
claro que o que não falta são homens que desmentem a teoria, cabeludos e viris,
mas enfim, são coisas que vêm dos primórdios, nada a fazer.
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E por treinadores. Há pouco estava a ver, na TVI 24, a Constança Cunha e Sá e, nisto, passou para o noticiário e quem é que eu vejo? De repente quase me parecia a própria Constança com uma voz mole mas, depois, vi com atenção - e, imaginem, era o magnífico treinador do Benfica ou melhor, o treinador da magnífica cabeleira.
Esta fotografia não lhe faz juz. Agora o cabelo está maior, mais escadeado, uma beleza.
Estava tal e qualzinho o cabelo da Constança. Ia para o jantar de anos do Eusébio. Quanto ao que ele disse não dá para transcrever nem é relevante - estive o tempo todo estarrecida a olhar para a extraordinária cabeleira. Só visto, mesmo.
Mas, nessa reportagem vi outra coisa igualmente perturbante.
João Malheiro, aquele cavalheiro que tem uma voz estranha, acho que era o relações públicas do Benfica (mas porque será que no Benfica os homens parece que são assim para o estranho...?), dizia que, para ele, o Eusébio era melhor que o Natal, e enfatizava 'Eu há bocado dizia: ó Maior (porque é assim que eu trato o Eusébio), ó Maior tu para mim és mais melhor que o Natal'. E eu fiquei à espera de uma explicação para metáfora tão profunda mas a explicação não veio e eu ainda aqui estou a pensar que aquele João Malheiro deve ter uma grande confusão naquela cabeça ou então sou eu que não entendo a metafísica da coisa.
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E por coisas delirantes: sobre a notícia que dá como certa que Portugal necessita de um segundo programa de resgate, Passos Coelho falou aos jornalistas. Que não, que não precisamos nem de mais dinheiro, nem de dilatação de prazo. Mas que, se por condições externas, acontecer alguma coisa, a Europa não vai deixar de nos valer.
Reacção dos mercados: juros batem record. A conversa titubeante de Passos foi entendida como o reconhecimento de que alguém vai ter que valer a Portugal. Os juros atingem valores assustadores e eu nem os vou escrever aqui para não ter pesadelos porque, saindo daqui, quero ir dormir descansada. Mas podem ver aqui.
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E agora, para isto não acabar excessivamente mal:
Yesterday is history,
tomorrow a mistery
but today is a gift.
That is why they call it
'the present'
Jirí Kylián (um dos meus coreógrafos preferidos)
Jiri Kílián, Petite Mort-Africa guzman, Joeri de Korte NETHERLAND DANS THEATER
por Helmut Newton
Reuni uma companhia de actores, um carnaval delirante. Simulo que poderei escapar a essa negra matemática. A essa deposição de flores sinistras.
Sob mantos de musgo, nada resta. Sob líquenes e séculos uma rupestre lua, um pêndulo cristalino. Uma manhã submersa.